Como se Achegar a Deus: 6 Passos segundo a Bíblia

Chegai-vos a Deus!

Quem se aproxima das páginas Provérbios 3 não encontra um Deus frio, sentado num trono distante, mas um Deus que chama, quase em sussurro e em trombeta ao mesmo tempo: “Chegai-vos a Deus, e ele se chegará a vós outros. Purificai as mãos, pecadores; e vós que sois de ânimo dobre, limpai o coração” (Tiago 4:8). E o salmista, como que respondendo a esse chamado, canta que “a intimidade do Senhor é para os que o temem, aos quais ele dará a conhecer a sua aliança” (Salmo 25:14). Logo na soleira do estudo, a Escritura coloca diante de nós não um conceito abstrato de divindade, mas um convite relacional: aproximar-se, entrar, viver numa comunhão em que Deus se dá a conhecer, abre o segredo da sua aliança e se deixa encontrar por aqueles que o buscam com santo temor.

Entretanto, quem caminha pelas veredas da fé há mais tempo sabe que muitos crentes obedecem, frequentam, servem, e ainda assim carregam no íntimo a sensação amarga de distância: fazem o que é certo, mas não se sentem achegados; conhecem doutrinas, mas não descansam no coração de Deus; dobram os joelhos, mas não percebem que o rosto do Pai se inclina sobre eles. A pergunta que se ergue, então, é inevitável: se a Palavra promete essa intimidade, por que tantos vivem como estrangeiros no próprio reino do Pai? A introdução deste estudo se deixa conduzir exatamente por essa tensão: de um lado, o convite claro de Tiago e de Davi; de outro, a experiência fragmentada de tantos santos cansados. Entre o chamado e a carência, abre-se o espaço para uma caminhada em que o coração é reeducado a confiar, a ouvir, a responder, até que a proximidade com o Senhor deixe de ser apenas linguagem devocional e se torne respiração diária.

É aqui que a tese se firma, como rio que encontra seu leito: é possível e desejável ter uma relação profundamente achegada com Deus, e Provérbios 3 funciona como um roteiro concreto de como essa intimidade é cultivada na vida real. Não se trata de um mapa etéreo, reservado a místicos raros, mas de um capítulo que desce às coisas miúdas da existência: lembrança obediente dos mandamentos, benevolência e veracidade gravadas “ao pescoço” e “na tábua do coração”; confiança radical que abandona a autossuficiência e reconhece o Senhor em todos os caminhos; entrega das primícias, que traduz em tempo, dons e recursos a primazia de Deus; aceitação humilde da disciplina paternal; apego à sabedoria que guarda os passos; prática do bem que transforma proximidade com Deus em misericórdia concreta para com o próximo. Cada versículo, quando relido à luz da graça, deixa de ser mero conselho moral e passa a ser degrau numa escada de comunhão: um modo prático de ensinar o coração a morar perto.

John Owen, ao meditar sobre a comunhão com o Pai, ajuda a enxergar o que está em jogo nessa aproximação. Ao falar do amor paternal como centro da relação, ele escreve:

“Até que o amor do Pai seja recebido, não temos comunhão com ele nisso. Como, então, esse amor do Pai deve ser recebido, a fim de manter comunhão com ele? Eu respondo: pela fé. Receber é acreditar nisso. Deus revelou seu amor de maneira tão plena e eminente, que pode ser recebido pela fé. ‘Você acredita em Deus’ (João 14:1); isto é, o Pai. E o que é acreditar nele? Seu amor; pois ele é ‘amor’ (1 João 4:8). Isto é verdade, não há um ato imediato de fé no Pai, mas pelo Filho. ‘Ele é o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai senão por ele’ (João 14:6). Ele é o misericordioso sumo sacerdote da casa de Deus, por meio do qual temos acesso ao trono da graça (Efésios 2:18); por ele está a nossa comunhão com o Pai; por ele acreditamos em Deus (1 Pedro 1:21)”
(OWEN, Comunhão com o Deus Trino, 2007, p. 134).

A luz que nasce dessas linhas ilumina a própria chave de leitura de Provérbios 3: a relação achegada não começa em nosso esforço de subir, mas no amor do Pai que se revelou em Cristo e que é recebido pela fé. As veredas descritas pelo sábio não são um moralismo árido; são o desenho concreto de como esse amor, já derramado, vai ordenando desejos, escolhas, afetos, rotinas, até que a alma aprenda a olhar para Deus como Pai benigno, terno, imutavelmente disposto a aproximar-se daqueles que se chegam a ele.

Há um Deus que convida, há uma aliança cujo segredo é partilhado com os que o temem, há um capítulo da Escritura que se oferece como mapa para essa convivência achegada, e há um evangelho em que o amor do Pai já se aproximou em Cristo. O que Provérbios 3 fará, passo a passo, é ensinar-nos a responder a esse chamado com mente esclarecida, coração aquecido e pés obedientes, até que a distância ceda lugar à intimidade, e a fé se descubra vivendo, não à margem, mas no colo do Senhor.

I. Manifeste benevolência e veracidade

Quando o coração começa a levar a sério o convite de viver achegado ao Senhor, a primeira resposta que o livro de Provérbios coloca diante de nós não é um êxtase místico, mas um par de atitudes concretas, quase domésticas: amor leal e verdade de vida. Em Provérbios 3:3–4, a NVI diz: “Que o amor e a fidelidade jamais o abandonem; prenda-os ao redor do seu pescoço, escreva-os na tábua do seu coração. Então, você terá o favor e a aprovação aos olhos de Deus e dos homens.” O texto não fala de sentimentos passageiros, mas de qualidades que se tornam colar e inscrição: algo que se vê por fora e que está gravado por dentro. No hebraico, a palavra para “amor” é ḥesed (“amor leal, benevolência que mantém aliança”) e a palavra para “fidelidade” é ʾemet (“verdade, firmeza, confiabilidade”). São termos de pacto, de compromisso, de alguém que não abandona o outro à primeira ventania. É como se o sábio dissesse: se queres andar perto de Deus, começa por aqui – deixa que o teu caráter se torne reflexo do amor que não desiste e da verdade que não se mascara.

Essa insistência em pendurar o amor leal e a veracidade “ao redor do pescoço” sugere algo visível, quase sacramental: aquilo que está gravado no coração transborda em gestos, escolhas, palavras. Não é por acaso que, mais adiante, a mulher exemplar de Provérbios abre a boca de uma forma muito específica: “Fala com sabedoria e ensina com amor.” (Provérbios 31:6 NVI) A benevolência não é só uma disposição interna, mas uma lei que passa pela língua, pela forma como se aconselha, corrige, consola. O colar da ḥesed e da ʾemet não é ornamento oco; é a moldura de uma vida em que a verdade não fere por vaidade, mas cura por amor. Quando Provérbios 3 promete graça e boa reputação “aos olhos de Deus e dos homens”, está dizendo que o Senhor se agrada desse tipo de beleza moral, e que os próprios relacionamentos humanos acabam sendo iluminados pela mesma luz.

Por trás desse chamado à benevolência está o próprio rosto de Deus. O salmista confessa: “Tu és bondoso e perdoador, Senhor, rico em graça para com todos os que te invocam.” (Salmos 86:5) A fonte da ḥesed não é o temperamento do justo, mas o coração do Senhor, que se apresenta como bom e pronto a perdoar. É por isso que a benevolência bíblica nunca é conivência com o pecado nem mera simpatia superficial; ela nasce do Deus que perdoa, mas também chama ao arrependimento: “Arrependam-se, pois, e voltem-se para Deus, para que os seus pecados sejam cancelados” (Atos 3:19). Quando um crente cultiva essa benevolência, ele não está apenas sendo “gentil”; está encenando, na sua pequena esfera, a grande misericórdia do Pai, tornando-se argumento vivo de que a graça que o alcançou agora se derrama por meio dele.

Em direção oposta, a Escritura pinta um quadro sombrio daqueles que rejeitam essa via de amor leal. Provérbios 1:24–31 descreve os que desprezaram o chamado da sabedoria, riram da repreensão, recusaram o conselho, até que colhem “o fruto da sua conduta” e se fartam dos próprios intentos. Provérbios 2:21–22 mostra que, ao final, permanecerão na terra os retos, enquanto os infiéis serão dela eliminados. Não se trata de um moralismo austero, mas da simples revelação de que uma vida sem ḥesed e sem ʾemet se torna, mais cedo ou mais tarde, insustentável – diante de Deus e diante dos homens. Quem se nega a amar lealmente e a viver na verdade cava lentamente o próprio abismo relacional; quem abraça essas virtudes descobre que elas são, ao mesmo tempo, resposta à graça e preservação de caminhos.

Há ainda um aspecto decisivo: a veracidade. O Deus achegado que nos convida à intimidade é também o “Deus da verdade”. O salmista pode dizer: “Em tuas mãos entrego o meu espírito; tu me remiste, Senhor, Deus da verdade” (Salmo 31:5), e, ao mesmo tempo, declarar: “Não me assento com os falsos, nem ando com hipócritas” (Salmo 26:4). Aproximar-se de um Deus que é luz implica renunciar à vida dupla, às zonas de sombra cultivadas em segredo. Hebreus 4:13 lembra que não há criatura encoberta diante dele; tudo está nu e patente aos olhos daquele a quem devemos prestar contas. A veracidade pedida em Provérbios 3:3 não é apenas falar a verdade para os outros, mas tornar o interior transparente diante do Senhor, deixar que Ele veja, nomeie e cure aquilo que preferiríamos esconder. A relação achegada exige essa coragem de viver sob o olhar que tudo conhece e, ainda assim, ama.

Nesse ponto, a reflexão de J. I. Packer ajuda a afinar o foco. Ao meditar sobre o Salmo 119, ele observa que o salmista não busca conhecimento de Deus como curiosidade intelectual, mas como caminho de transformação real: “Se você se reportar ao Salmo 119 verá que o interesse do salmista em obter conhecimento de Deus não era teórico, mas prático. Seu desejo supremo era conhecer e comprazer-se no próprio Deus, e considerava esse conhecimento de Deus um simples meio para alcançar um fim. Ele queria entender a verdade divina a fim de que seu coração pudesse corresponder a essa verdade e viver de acordo com ela.” (PACKER, O Conhecimento de Deus, 1996, p. 16). O que Packer descreve é precisamente o que Provérbios 3 exige: não basta entender que Deus é amoroso e verdadeiro; é preciso que o coração corresponda a essa verdade, manifestando benevolência e veracidade nas relações concretas. Saber que Deus é ḥesed e ʾemet sem que isso se traduza em amor leal e vida sincera é trair o próprio propósito do conhecimento.

A proximidade com o Senhor, portanto, não se mede apenas pelo calor das emoções em um culto, mas pela textura das relações diárias. Um pai que decide perdoar com generosidade, em vez de guardar ofensas contra os filhos; uma mãe que corrige com firmeza e ternura, sem humilhar; um pastor que fala com sabedoria e “ensina com amor” (Provérbios 31:26), evitando tanto a dureza fria quanto a lisonja vazia; um funcionário que recusa a mentira conveniente e prefere a transparência, mesmo que isso lhe custe vantagens – todos esses gestos são formas de pendurar no pescoço o colar da benevolência e de escrever no coração a verdade. Eles não são apenas “boas práticas éticas”, mas evidências de uma alma que está aprendendo a se comprazar no próprio Deus e a espelhar, em pequena escala, o amor e a fidelidade do seu Senhor.

Assim, o primeiro passo do caminho traçado por Provérbios 3 é esse: deixar que o amor leal e a veracidade se tornem marcas permanentes do caráter. Quem deseja viver achegado ao Senhor precisa aceitar que não existe intimidade com o Deus da aliança sem ḥesed que perdoa e sustenta, e sem ʾemet que abandona a duplicidade. A comunhão que o Pai oferece em Cristo vai lavrando a tábua do coração até que, pouco a pouco, a pessoa se torne aquilo que confessa: alguém em cuja vida o amor não desiste e a verdade não mente, alguém cuja presença, como a da mulher de Provérbios e como a do próprio Cristo, fala com sabedoria e ensina com amor.

II. Confiança radical: entregar o coração inteiro ao Senhor

Quando o sábio diz: “Confie no Senhor de todo o seu coração e não se apóie em seu próprio entendimento; reconheça o Senhor em todos os seus caminhos, e ele endireitará as suas veredas. Não seja sábio aos seus próprios olhos; tema ao Senhor e evite o mal. Isso lhe dará saúde ao corpo e vigor aos ossos.” (Provérbios 3:5–8) ele está desenhando a geografia íntima da alma devota. O coração deixa de ser um labirinto de cálculos e autoconfiança e se torna altar, onde o entendimento se ajoelha e o caminho se abre sob os pés, não porque o crente domina o mapa, mas porque o Senhor mesmo endireita as veredas. Confiar “de todo o coração” é mais do que admiração teórica: é colocar o peso da existência inteira sobre a promessa de um Deus que se compromete a guiar e a curar, até o nível do corpo e dos ossos.

Essa confiança não nasce do vazio. Ela se ancora, antes de tudo, em quem Deus é. Quando o profeta ergue os olhos e clama: “Ergam os olhos e olhem para as alturas. Quem criou tudo isso? Aquele que põe em marcha cada estrela do seu exército celestial, e a todas chama pelo nome.” (Isaías 40:26) ele está dizendo que a fé não é salto no escuro, mas resposta ao brilho de um Deus que conhece, sustenta e convoca cada estrela por nome. E logo adiante o mesmo capítulo consola o povo cansado, mostrando que esse Deus eterno não se esquece de nenhum dos que lhe pertencem, mas renova as forças dos que nele esperam (Isaías 40:29–31). O coração aprende a confiar quando contempla essa soberania paciente: Aquele que não perde uma estrela não perde um filho, nem um suspiro, nem uma lágrima.

Como se Achegar a Deus: 6 Passos de Sabedoria

O autor de Hebreus toma essa linha e finca um prego na madeira da nossa insegurança: “por meio de duas coisas imutáveis nas quais é impossível que Deus minta, sejamos firmemente encorajados, nós, que nos refugiamos nele para tomar posse da esperança a nós proposta.” (Hebreus 6:18) Confiar é refugiar-se; e refugiar-se é entrar num lugar onde a palavra nunca falha e o juramento nunca desmente o caráter de quem prometeu. Se Deus não pode mentir e se a promessa é selada por juramento, a incredulidade deixa de ser uma forma de prudência e se revela cisão dentro da alma, como se o coração tentasse declarar suspeito o Deus que a Escritura chama para o banco de testemunhas.

Mas esse Deus que não mente não é uma força fria e distante: “Quem não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor.” (1 João 4:8) O amor não é apenas algo que Deus faz; é aquilo que Ele é. E o salmista acrescenta outro traço desse rosto: “O Senhor é justo em todos os seus caminhos e é bondoso em tudo o que faz.” (Salmos 145:17) Justiça absoluta e bondade absoluta se encontram na mesma fonte. Quando o coração compreende que Aquele em quem deve confiar é simultaneamente imutável na veracidade, infinito na justiça e inesgotável na bondade, a desconfiança vai se desnudando como uma calúnia silenciosa contra o caráter de Deus. É por isso que outro salmo nos convida: “Provem, e vejam como o Senhor é bom. Como é feliz o homem que nele se refugia!” (Salmos 34:8) Provar e ver não é um exercício laboratorial neutro; é um ato de refúgio. O homem que se esconde em Deus descobre, na própria experiência, a doçura da fidelidade divina.

Nesse ponto, a cultura de intimidade se encontra com a teologia da confiança. Jerry Bridges lembra que não se trata de acumular dados sobre Deus, mas de conhecer o próprio Deus numa relação viva: ele observa que confiar exige um conhecimento “íntimo e pessoal” do Senhor, mais profundo do que saber fatos a seu respeito, e que esse conhecimento cresce quando o crente busca a Deus em meio à própria dor e o descobre digno de confiança em cada prova (BRIDGES, Trusting God, 2008, p. 17). Ele retoma a promessa do salmista em Salmos 9:10, mostrando que “os que conhecem o teu nome confiam em ti”, porque justamente ali, no encontro pessoal com Deus, a confiança deixa de ser teoria e se torna respiração da alma. A tese de Provérbios 3 e a ênfase de Bridges convergem: a confiança radical nasce de um encontro repetido e crescente com o caráter de Deus, visto na confisssão de seus nomes e experimentado na hora escura.

Essa confiança é cultivada num terreno muito concreto: meditação e oração constantes. O salmista declara: “Meditarei em todas as tuas obras e considerarei todos os teus feitos.” (Salmos 77:12) A fé não floresce em solo distraído: ela rumina as obras de Deus, revisita as intervenções passadas, contempla a história como tapeçaria de graça. Mais adiante, outro salmo descreve a noite como tempo de lembrança amorosa: “Quando me deito lembro-me de ti; penso em ti durante as vigílias da noite. Porque és a minha ajuda, canto de alegria à sombra das tuas asas.” (Salmos 63:6–7) Aqui a confiança não é entusiasmo momentâneo; é hábito da memória. O coração que passa a noite lembrando-se de Deus desperta de manhã menos refém dos humores e mais firmado na fidelidade que atravessa insônia, medo e fadiga. E no salmo 86, o mesmo movimento aparece em forma de súplica: o salmista clama o dia inteiro, pedindo compaixão. A confiança persevera em pedir, mesmo antes de ver; o clamor contínuo é a confissão de que não há outro lugar para onde fugir.

Essa vida de confiança é inseparável de uma vida de oração abrangente. Quando Paulo exorta: “Orem no Espírito em todas as ocasiões, com toda oração e súplica; tendo isso em mente, estejam atentos e perseverem na oração por todos os santos.” (Efésios 6:18) ele descreve o ar que a confiança respira: oração em todas as ocasiões, vigilância constante, perseverança intercessora. Confiar no Senhor de todo o coração significa, na prática, consultar o Senhor a cada encruzilhada, despejar diante dele as aflições que o orgulho gostaria de resolver sozinho, carregar para o trono da graça os fardos próprios e os alheios. A alma que ora sem cessar, não no sentido de palavras ininterruptas, mas de dependência contínua, vai sendo curada da ilusão da autossuficiência.

Por isso Provérbios retoma o tema com um aviso incisivo: “Não seja sábio aos seus próprios olhos; tema ao Senhor e evite o mal. Isso lhe dará saúde ao corpo e vigor aos ossos.” (Provérbios 3:7–8) Aqui a Escritura revela o coração do problema: o oposto de confiar em Deus não é apenas ter medo, é ser “sábio aos próprios olhos”. A autoconfiança inflada é uma idolatria intelectual, um culto secreto ao próprio entendimento. Temer ao Senhor, pelo contrário, é reconhecer o limite da própria visão e deixar que a santidade de Deus reprograme as escolhas mais básicas. E o texto vai além, ligando essa postura a consequências físicas: saúde ao corpo, vigor aos ossos. A confiança não é uma fuga mística da realidade; ela transforma a maneira de lidar com o estresse, com a culpa, com a ansiedade, com o corpo que carrega as marcas de um coração tenso ou descansado.

Tudo isso converge na tese central desta etapa do estudo: cultivar um relacionamento achegado com Deus passa por aprender a confiar de maneira radical no caráter, nas promessas e nos caminhos do Senhor. Provérbios 3:5–8 nos chama a entregar o coração inteiro; Isaías 40 nos lembra que esse coração é recebido por um Criador soberano que não se esquece sequer de uma estrela; Hebreus 6:18 garante que as promessas desse Deus são inquebráveis; 1 João 4:8 e Salmos 145:17 revelam que esse Deus é amor e bondade em todos os seus caminhos; Salmos 34:8 convida a provar essa bondade; Salmos 77, 63 e 86 mostram a confiança sendo cultivada em meditação e clamor contínuos; Efésios 6:18 descreve a oração como respiração da alma dependente; e Provérbios 3:7–8 desmascara a autossuficiência como doença que seca os ossos. Quando todas essas vozes se unem, elas proclamam um único chamado: abandonar a ilusão do controle, lançar o peso da existência sobre o Deus trino e permitir que essa confiança se torne o eixo de uma comunhão diária, concreta, perseverante.

III. Dê seu melhor ao Senhor

Quando o Espírito toma Provérbios pela mão e o faz falar de recursos, não começa pelo rodapé, mas pelo topo da página da vida: “Honre ao SENHOR com os seus recursos e com as primícias de todas as suas colheitas; os seus celeiros ficarão plenamente cheios, e os seus lagares transbordarão de vinho.” Aqui, o sábio não está pedindo esmolas a um Deus carente, mas chamando o povo a tratar o Senhor como Senhor Soberano, e não como credor ocasional. “Recursos” abarcam tudo o que passa por nossas mãos; “primícias” são o primeiro e o melhor, não o resto e o vencido. Na imagem antiga dos celeiros e lagares, escondem-se perguntas de hoje: o que ocupa as primeiras horas da mente quando desperta, os primeiros impulsos do coração, os primeiros planos do calendário, o destino prioritário dos talentos, dos afetos, do salário? Honrar com primícias é confessar, na prática, que Deus não é rodapé espiritual de uma agenda cheia, mas o título principal sob o qual o restante do texto da vida se organiza.

O próprio Cristo interpreta essa ordem de prioridades quando diz: “Busquem, pois, em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas lhes serão acrescentadas.” (Mateus 6:33) A frase é como uma chave que abre o sentido de Provérbios 3: não se trata de um truque para encher celeiros, mas de uma reordenação radical da economia da existência. “Em primeiro lugar” não é apenas um número de fila; é trono. O Reino ocupa o lugar que antes era ocupado pela ansiedade, pelo acúmulo, pelo projeto pessoal absoluto. Quando o Reino vem primeiro, o trabalho deixa de ser ídolo e passa a ser altar; o tempo deixa de ser moeda para o próprio ego e passa a ser semente lançada na lavoura de Deus; o dinheiro deixa de ser senhor e passa a ser servo. A promessa de “todas essas coisas” acrescentadas é a assinatura graciosa de um Pai que sabe do que os filhos precisam, mas não aceita ser rebaixado à condição de despensa automática.

E o Senhor Jesus empurra a metáfora ainda mais fundo, até o nível da fome da alma: “Disse Jesus: ‘A minha comida é fazer a vontade daquele que me enviou e concluir a sua obra.’” (João 4:34) Quando a vontade do Pai se torna alimento, as primícias deixam de ser apenas porcentagens e se tornam apetite. Não se oferta o melhor a Deus apenas porque é mandamento, mas porque o coração, transformado, descobre que não vive só de pão, mas da delícia de agradar ao Pai. A obediência passa da contabilidade para o paladar: fazer a vontade de Deus sacia mais do que qualquer banquete de autocentramento. Assim, honrar o Senhor com os recursos passa a ser uma forma concreta de dizer: “a minha comida também é fazer a vontade daquele que me alcançou; meu descanso está em concluir a obra que Ele me confiou nesta pequena seara em que me plantou”.

No entanto, quem entrega primícias poderia temer: se o melhor vai para o altar, não faltarão migalhas à mesa? É por isso que a mesma boca que manda buscar primeiro o Reino ensina a orar: “Dá-nos hoje o pão nosso de cada dia.” (Mateus 6:11-13) A vida achegada a Deus vive com uma mão aberta e outra estendida: aberta, para dar ao Senhor o que é primeiro e melhor; estendida, para pedir do Senhor o pão de hoje. Não se guarda para si o melhor com medo de escassez; confia-se que o Pai do Reino é também o Pai do pão. Essa petição diária nos livra tanto da arrogância de quem julga garantir o próprio sustento quanto da avareza de quem usa o medo como justificativa para nunca ofertar. Cada manhã, o discípulo que honra o Senhor com as primícias pode se ajoelhar e dizer: “Senhor, aqui estão o meu tempo, os meus dons, os meus recursos; e aqui estou eu, outra vez mendigo do pão de hoje”. Esta é a liturgia simples de uma economia convertida.

Sob esse gesto está uma convicção que humilha toda vanglória: “Pois, quem torna você diferente de qualquer outra pessoa? O que você tem que não tenha recebido? E se o recebeu, por que se orgulha, como se assim não fosse?” (1 Coríntios 4:7, 8) As perguntas de Paulo partem como flechas contra o peito da ilusão de propriedade absoluta. Talento, saúde, oportunidades, relações, salário, fôlego: tudo vem como dom, não como direito conquistado à força. Quando essa consciência desce da teoria para o sangue, a dinâmica das primícias se esclarece: não se está devolvendo a Deus uma parte do que “é meu”, mas reconhecendo, na prática, que tudo sempre foi dele. As primeiras colheitas, entregues, são uma confissão visível: “Nada do que tenho é originário em mim; tudo recebi, e por isso não posso me comportar como dono absoluto, mas como administrador fiel.”

É nesse horizonte que a voz de Randy Alcorn se torna aliada na catequese do coração. Ao falar de mordomia, ele escreve:

“Deus espera que usemos todos os recursos que Ele nos dá para cumprir da melhor forma possível as responsabilidades que nos confiou na promoção do seu Reino. Isso inclui o cuidado da família, dos lares e negócios, do mundo criado e de tudo mais que Ele nos coloca nas mãos. O alvo principal de um mordomo é ser achado fiel por seu Senhor; ele demonstra fidelidade usando com sabedoria os recursos do Senhor para realizar as tarefas delegadas (1 Coríntios 4:2). Esses recursos incluem não apenas dinheiro, mas tempo, dons, relacionamentos, trabalho e oportunidades de vida. Vistos assim, mordomia não é um pequeno setor da vida cristã; pelo contrário, mordomia é a própria vida cristã. O fato de que Deus é dono não só do nosso dinheiro e bens, mas também do nosso tempo, das nossas capacidades e de tudo o mais, deveria estar no centro do nosso modo de pensar.”
(ALCORN, Managing God’s Money, p. 25).

Essa perspectiva amplia Provérbios 3:9–10 para além do dízimo e da oferta: o texto passa a abarcar agenda, vocação, vínculos, corpo, sonhos, tudo submetido ao senhorio de Cristo. Quem vai se achegando ao Senhor, portanto, deixa de viver de sobras espirituais e materiais. As horas cansadas, o dinheiro que “sobrou”, a energia que “ainda resta” depois de servir a si mesmo deixam de ser padrão; pelo contrário, o Reino invade a primeira linha do orçamento, a primeira coluna da agenda, o primeiro lugar no planejamento da vida. A primazia de Deus torna-se visível na forma como se escolhe um emprego, como se descansa, como se gasta, como se doa, como se atende à família, como se serve à igreja. E, no meio desse rearranjo, algo silencioso acontece: o crente descobre que, quanto mais entrega o melhor ao Senhor, mais se vê alimentado pela vontade de Deus, mais nota os celeiros da alma sendo cheios e os lagares do coração transbordando em alegria. Nessa reorientação da economia da vida, a comunhão com Deus deixa de ser apenas afeição íntima e se torna também decisão prática — um amor que afeta o bolso, o relógio e o corpo, e que faz da própria existência um campo onde o Senhor é honrado com as primícias de tudo.

IV. Aceite a disciplina do Senhor

Quando a sabedoria se aproxima do filho, ela não vem apenas com promessas de celeiros cheios; vem também com a vara amorosa do Pai. “Meu filho, não despreze a disciplina do Senhor nem se magoe com a sua repreensão, pois o Senhor disciplina a quem ama, assim como o pai faz ao filho de quem deseja o bem.” (Provérbios 3:11, 12) O versículo abre com uma ternura que corta as nossas defesas: “Meu filho”. Antes de falar em disciplina, Deus acende o candeeiro da filiação. A advertência é dupla: não desprezar, não se magoar. Desprezar é tratar a disciplina como algo irrelevante, uma pedra no caminho que se chuta com impaciência; magoar-se é recolhê-la como ofensa, como se a correção fosse prova de rejeição. Mas o texto inverte a lógica natural do coração: se o Senhor disciplina, é porque ama; se repreende, é porque tem prazer no filho. O que aos olhos carnais parece castigo, nas mãos do Pai é artesanato de amor, cinzel que faz emergir do bloco bruto a forma de Cristo.

A carta aos Hebreus, séculos depois, toma essa palavra e a coloca sob a luz do Calvário, mostrando o processo por dentro: “Nenhuma disciplina parece ser motivo de alegria no momento, mas sim de tristeza. Mais tarde, porém, produz fruto de justiça e paz para aqueles que por ela foram exercitados.” (Hebreus 12:11) A sinceridade do texto consola: não se exige sorriso artificial enquanto o ferro da provação encosta na carne. A disciplina, “no momento”, dói, perturba, desnuda; é lida pelo coração como perda, humilhação, atraso. Mas a Palavra nos arranca do presente curto e nos faz enxergar “mais tarde”: na linguagem do Pai, disciplina não é mero corretivo, é treino; não é apenas freio, é escola. O alvo não é sofrimento pela dor em si, mas “fruto de justiça e paz” naqueles que se deixam exercitar. É como se o Espírito dissesse: “Suporta o hoje com fé, porque o amanhã da disciplina é colheita de caráter e sossego da alma”. O chão da tristeza torna-se, pela mão de Deus, lavoura de paz.

Jerry Bridges ajuda a costurar esse caminho entre amor, graça e correção, lembrando que é um erro imaginar disciplina como algo oposto à graça. Ele escreve que tal pensamento “reflete um mal-entendido tanto da graça quanto da disciplina. A mesma graça que nos traz salvação também nos disciplina como crentes. Essa disciplina inclui toda instrução, toda repreensão e correção, e todas as dificuldades providencialmente dirigidas em nossa vida, com o objetivo de cultivar crescimento espiritual e caráter piedoso. E embora, no plano físico, os filhos alcancem a idade adulta e deixem de ficar sob a disciplina dos pais, no plano espiritual permanecemos sob a disciplina paternal de Deus enquanto vivermos.” (BRIDGES, The Discipline of Grace, 1994, p. 48). A cena muda: já não é um juiz aplicando pena, é um Pai cuidado de filho; já não é uma lei cega distribuindo golpes, é graça sábia organizando instruções, repreensões e provações para aproximar o coração do trono.

E essa graça que disciplina não deixa o filho sozinho no banco dos réus. O mesmo autor pergunta o que significa dizer que Deus disciplina “no âmbito da graça, não da lei”, e responde que isso quer dizer que “todo o ensino, todo o treinamento e toda a disciplina de Deus são administrados em amor e para o nosso bem espiritual. Deus nunca está irado conosco, embora muitas vezes se entristeça com os nossos pecados. Assim, onde a lei condena, a graça perdoa por meio do Senhor Jesus Cristo. Onde a lei ordena mas não dá poder, a graça ordena e ao mesmo tempo concede poder, por meio do Espírito Santo que vive e opera em nós.” (BRIDGES, ibid., p. 51). A disciplina, vista assim, deixa de ser anúncio de rejeição e passa a ser sacramento pedagógico: sinal de que Deus não abandonou o filho à própria sorte, nem o entregou às consequências soltas dos seus erros, mas entrou na história dele para ensinar, corrigir e fortalecer, sempre dentro de um pacto de perdão e de presença.

Assim, aceitar a disciplina do Senhor é um gesto de fé em duas direções: fé no amor que corrige e fé no fruto que virá. Quando o Pai toca em áreas sensíveis, impede caminhos, expõe pecados, desmonta ídolos, a tentação é ler esses movimentos como desamor, como se Deus estivesse cansado de nós. Mas Provérbios 3:11–12 garante o contrário: se há disciplina, há amor; se há repreensão, há prazer paternal. E Hebreus 12:11 sussurra ao ouvido ferido que a tristeza do momento não é a última palavra, que há um “mais tarde” de justiça e paz reservado àqueles que se deixam exercitar por esse trato. Receber a disciplina humildemente, então, é recusar a narrativa da rejeição e abraçar a verdade de que o Pai está investindo em nós, não desistindo de nós. É dobrar os joelhos, confessar, aprender, ajustar rota, e, nesse processo, experimentar uma comunhão mais profunda com Aquele que nos ama o suficiente para não nos deixar como estamos.

Numa relação achegada com Deus, portanto, correção não é intrusa; é visita constante do mesmo amor que consola. Quem é filho conhece tanto o colo quanto o cajado; conhece as lágrimas que caem enquanto o Pai corta o que mata, e conhece a paz que floresce depois, quando a ferida se torna cicatriz de maturidade. A resposta sábia à disciplina — aceitação, arrependimento, aprendizado — não é adendo opcional à vida devocional; é parte do próprio caminho de intimidade. Cada vez que o coração, em vez de endurecer, se rende sob a mão que corrige, um laço novo se amarra entre o filho e o Pai. E assim, no labor invisível da disciplina, Deus vai aproximando, limpando, firmando, até que o filho, treinado pelo amor severo e doce, possa dizer: “Doeu, mas foi o teu cuidado; feriu, mas foi o teu abraço. A disciplina não me expulsou da tua presença; foi o caminho pelo qual me trouxeste para mais perto de ti.”

V. Apegue-se à sabedoria e ao discernimento

Antes de falar de prata, ouro e rubis, Provérbios 3 nos obriga a encarar o chão em que pisamos. Não se trata de um mundo neutro, mas de uma história atravessada por engano, onde promessas são feitas com a mesma facilidade com que são quebradas, onde palavras perdem peso e alianças são tratadas como contratos descartáveis. Quem tenta caminhar nesse cenário sem sabedoria é como viajante em estrada rachada, guiado por placas falsificadas, cercado por vozes que gritam “paz e segurança” quando a qualquer momento tudo pode ruir. A alma que deseja manter-se achegada ao Senhor não pode fechar os olhos a essa crise; precisa aprender a pensar, sentir e decidir com um coração treinado pela luz de Deus, e não apenas pelos slogans de uma cultura cansada de si mesma.

A crise não é apenas moral; é também de confiança. A cada escândalo, a cada pacto desfeito, cresce a sensação de que nada é estável, de que ninguém é confiável, de que toda instituição – do palácio ao púlpito – pode esconder corrupção por trás de discursos piedosos. Nesse ambiente, a tentação é cínica: desconfiar de tudo e de todos, inclusive de Deus, ou então refugiar-se em uma fé sentimental que não olha de frente a realidade. É precisamente aqui que a sabedoria bíblica se apresenta como necessidade vital: não como enfeite devocional, mas como a única forma de enxergar quem, de fato, merece confiança absoluta, e de caminhar com segurança em meio a um mundo em colapso.

Hernandes Dias Lopes descreve esse cenário com palavras que parecem ter sido tiradas das manchetes de hoje:

“A marca registrada da sociedade é a decepção. Vivemos uma aguda crise de integridade. Há uma desconfiança cada vez maior com as instituições. Alianças são quebradas. Pactos são desfeitos. Acordos firmados solenemente são jogados por terra sem nenhum pudor. A crise de credibilidade está presente em todas as instituições, desde o governo até as igrejas. Porém, em Deus você pode confiar. Ele é luz, e nele não há treva nenhuma. Ele é a verdade, e nele não há mentira. Ele é santo, e nele não há pecado. Ele é fiel, e nele não há engano. Ele é onipotente, e nele não há fraqueza. Deus jamais desampara aqueles que o buscam. Jamais decepciona aqueles que nele esperam. Jamais rejeita aqueles que, de coração quebrantado, se achegam a ele.”
(LOPES, Provérbios – Manual de Sabedoria para a Vida, 2016, p. 63).

Neste chão de promessas quebradas, apegar-se à sabedoria não é luxo; é a maneira concreta de ancorar a confiança naquele que é luz sem treva, verdade sem mentira, fidelidade sem fissura. É nesse solo que floresce o cântico de Provérbios 3: “Como é feliz o homem que acha a sabedoria, o homem que obtém entendimento,” (Provérbios 3:13). A verdadeira felicidade, aqui, não nasce de cenários estáveis, mas de um encontro: achar sabedoria, obter entendimento. Esse achado não é mero incremento intelectual; é um contato com a própria mente de Deus, que passa a iluminar os caminhos do discípulo. Por isso o texto ousa afirmar, contra toda a lógica do mercado: “pois a sabedoria é mais proveitosa do que a prata e rende mais do que o ouro! É mais preciosa do que rubis; nada do que você possa desejar se compara a ela.” (Provérbios 3:14–15). Em um mundo em que tudo é precificado, o Senhor declara que há um bem que não se mede por cotação, e que supera qualquer coisa que o coração possa desejar: a sabedoria que vem do alto.

Comentando esse trecho, Hernandes mostra o tipo de riqueza que se esconde por trás dessa declaração divina:

“Aqueles que querem ficar ricos, caem em tentação e cilada e atormentam a sua alma com muitos flagelos. Porém, aqueles que encontram a sabedoria e a compram, recebem no pacote riquezas incontáveis. Riquezas de graça e amor. Riquezas de paz e consolo. Riquezas materiais e espirituais. Riquezas para o tempo e para a eternidade. Terceiro, honra. A honra é diferente da riqueza. A honra é o reconhecimento de seu valor intrínseco. É a manifestação pública de que você é precioso aos olhos de Deus e aos das outras pessoas. É útil à sua família e à sociedade. É bênção onde está e aonde for. Oh, que frutos benditos a sabedoria produz: longevidade, riquezas e honra!”
(LOPES, Provérbios – Manual de Sabedoria para a Vida, 2016, p. 71).

A sabedoria, portanto, não apenas protege o crente da idolatria do dinheiro; ela o introduz numa economia divina em que as riquezas mais altas se chamam graça, amor, paz, consolo e honra diante de Deus – riquezas que atravessam o tempo e desembocam na eternidade. Daqui em diante, todo o restante do trecho de Provérbios 3:13–26 se organiza como desdobramento desse tesouro. A sabedoria é apresentada como “árvore de vida para quem a abraça; quem a ela se apega será abençoado.” (Provérbios 3:18). O eco do Éden é intencional: na porta fechada do paraíso, a árvore de vida foi vedada; na escola da sabedoria, a mesma imagem retorna como antecipação do que Deus está restaurando em Cristo. Aquele que se agarra à sabedoria – não como conceito abstrato, mas como caminho de obediência e discernimento – experimenta já, neste mundo, algo do frescor e da vitalidade de um jardim em que Deus passeia com o homem.

E essa sabedoria não é apenas dom concedido ao crente; é a assinatura do próprio Deus na criação: “Por sua sabedoria o Senhor lançou os alicerces da terra, por seu entendimento fixou no lugar os céus; por seu conhecimento as fontes profundas se rompem, e as nuvens gotejam o orvalho.” (Provérbios 3:19–20). O discípulo que se apega à sabedoria está, na verdade, alinhando a própria mente com o modo como o universo foi estruturado. Caminhar em sabedoria é caminhar segundo o mapa original da realidade, não segundo as cartografias distorcidas de uma cultura sob o maligno. Por isso o texto apela: “Meu filho, guarde consigo a sensatez e o equilíbrio, nunca os perca de vista; serão vida para você, um enfeite para o seu pescoço.” (Provérbios 3:21–22). Sensatez e equilíbrio aqui não são virtudes geladas; são como um colar que o Pai coloca no pescoço do filho, sinal de honra e proteção.

Dessa guarda nasce uma promessa de segurança concreta: “Então você seguirá o seu caminho em segurança, e não tropeçará. Quando se deitar, não terá medo, e o seu sono será tranquilo.” (Provérbios 3:23–24). Sabedoria e discernimento se tornam, assim, instrumentos pelos quais Deus protege o passo e consola o peito. O crente não é anestesiado para os perigos; ele é conduzido com firmeza em meio a eles. Seu sono não é fruto de ingenuidade, mas de confiança: ele deita sabendo que o mesmo Deus que firmou os céus em entendimento vela sobre sua cama. O coração achegado ao Senhor aprende que repousar é um ato de fé: entrega diária da própria vulnerabilidade ao cuidado daquele que nem dormita nem dorme.

Mas o texto não se limita ao cotidiano; ele abre o horizonte da história. O mesmo capítulo que promete sono tranquilo fala de calamidade: “Não terá medo da calamidade repentina nem da ruína que atinge os ímpios, pois o Senhor será a sua segurança e o impedirá de cair em armadilha.” (Provérbios 3:25–26). A linguagem de “calamidade repentina” e “ruína” se conecta naturalmente ao anúncio apostólico de que “o dia do Senhor virá como ladrão à noite” e de que, “quando disserem: ‘Paz e segurança’, então, de repente, a destruição virá sobre eles” (1 Tessalonicenses 5:2–3). Ao mesmo tempo, João lembra que “o mundo todo está sob o poder do Maligno” (1 João 5:19), e Jesus fala de uma “grande tribulação, como nunca houve desde o princípio do mundo até agora, nem jamais haverá.” (Mateus 24:21). Nesse cenário escatológico, a sabedoria deixa de ser apenas guia para os dias comuns e se torna também preparação para permanecer firme quando o juízo se aproxima.

Apegar-se à sabedoria e ao discernimento, assim, é permitir que Deus molde um olhar capaz de atravessar o caos sem perder o eixo. A relação achegada com o Senhor transforma a forma de enxergar o mundo: quem vive perto de Deus não se ilude com o “equilíbrio” aparente do sistema, sabe que o mundo jaz no maligno, discerne o cheiro de destruição por trás de falsas garantias de paz. Ao mesmo tempo, esse olhar não é cínico; é esperançoso. Ele sabe que, mesmo em meio a calamidades repentinas e tribulação sem precedentes, “o Senhor será a sua segurança” e o guardará das armadilhas últimas. Sabedoria e discernimento, recebidos e guardados, tornam-se, portanto, armas de defesa, sustento e consolo; são o modo pelo qual Deus prepara seu povo para caminhar com segurança num mundo hostil e para permanecer em pé diante do juízo iminente, com o coração ancorado não na voz do mercado, mas na fidelidade eterna daquele que lançou os alicerces da terra e prometeu não abandonar os que nele se abrigam.

VI. A Prática do bem nos achega a Deus

Há um momento em que a comunhão deixa de ser apenas calor no peito e se transforma em mãos estendidas. Quem se achega ao Senhor inevitavelmente se aproxima também do próximo; a intimidade com Deus, quando é real, começa a vazar pelas frestas da vida cotidiana em gestos concretos. É exatamente nesse ponto que a sabedoria de Provérbios nos coloca diante de uma ordem simples e inadiável: “Quando estiver ao seu alcance, não deixe de fazer o bem a quem é devido. Não diga ao seu próximo: ‘Volte depois; amanhã darei isso a você’, se você já o tem hoje.” (Provérbios 3:27–28). O sábio não fica apenas contemplando o céu; ele enxerga o rosto do vizinho, da viúva, da criança, do colega de trabalho, e entende que fazer o bem é parte da própria respiração espiritual de quem anda com Deus.

Essa convocação ganha um brilho ainda mais intenso quando lembramos que vivemos, nas palavras de Daniel, no “tempo do fim”, quando o livro está selado “até o tempo do fim” e “muitos irão ali e acolá para aumentarem o conhecimento” (Daniel 12:4). O cenário é de pressa, de correria, de saber que se multiplica, mas nem sempre de sabedoria que ama. Numa época em que os relógios correm mais do que os corações, a ordem de não adiar o bem é um contragolpe na indiferença: não empurre para amanhã o que a graça colocou ao alcance das suas mãos hoje. Fazer o bem envolve pão, remédio, abrigo, escuta, abraço, mas, acima de tudo, envolve conduzir pessoas à fonte de toda reconciliação: Deus mesmo, que se deixa achar por meio de seu Filho.

Por isso, a sabedoria de Provérbios dialoga naturalmente com a voz do Ressuscitado na grande comissão: “Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a obedecer a tudo o que eu lhes ordenei. E eu estarei sempre com vocês, até o fim dos tempos.” (Mateus 28:19–20). Aqui, fazer o bem alcança sua forma mais profunda: não apenas aliviar dores temporais, mas convidar homens e mulheres para uma relação achegada com o Deus trino, selada na obediência e sustentada pela presença contínua de Cristo. O bem maior que se pode oferecer a alguém é o acesso vivo, pela fé, à comunhão com o próprio Senhor.

É nesse ponto que a reflexão de Timothy Keller ajuda a reorganizar nossas prioridades. Ele recorda que, se o eterno pesa mais do que o temporal, o ministério que lida com o destino eterno do homem é o mais radical de todos:

“A evangelização é o ministério mais básico e radical possível a um ser humano. Isso é verdade não porque o espiritual seja mais importante do que o físico, mas porque o eterno é mais importante do que o temporal. Em 2 Coríntios 4:16–18 Paulo fala sobre a importância de fortalecer o ‘homem interior’ mesmo enquanto a natureza exterior, física, envelhece e se desgasta. Se há um Deus, e se a vida com ele por toda a eternidade se baseia em ter um relacionamento salvífico com ele, então a coisa mais amorosa que qualquer pessoa pode fazer por seu próximo é ajudá-lo a chegar a uma fé salvadora nesse Deus.” (KELLER, Generous Justice, 2010, p. 139).

A imagem é clara como um vitral ao sol: não se trata de desprezar o corpo, a fome, a injustiça. Trata-se de reconhecer que o homem é mais do que pele e ossos, mais do que salário e sintomas; há um “homem interior” que precisa ser fortalecido, pois do contrário todo alívio temporal se torna apenas um breve intervalo entre duas dores. Quando alguém reparte o pão e, ao mesmo tempo, anuncia o Pão da Vida; quando oferece um copo de água e, junto com ele, aponta para a água que se fará nele “fonte a jorrar para a vida eterna” (João 4:14), a caridade deixa de ser somente filantropia e se transforma em sacramento vivo da misericórdia de Deus.

Ao mesmo tempo, Provérbios 3:27–31 mostra que fazer o bem não é apenas uma questão de ações pontuais, mas de postura contínua em relação ao próximo: “Quanto lhe for possível, não deixe de fazer o bem a quem dele precisa, não planeje o mal contra o seu próximo, que confiantemente mora perto de você. Não acuse alguém sem motivo, se ele não lhe fez nenhum mal. Não tenha inveja de quem é violento nem adote nenhum dos seus procedimentos.” (Provérbios 3:27, 29–31). A comunhão com o Senhor se torna visível quando não há tramas nas sombras contra quem habita ao nosso lado, quando não se constrói reputação às custas de acusações vazias, quando a violência deixa de ser admirada como força e passa a ser discernida como caminho da morte.

Aqui a justiça entra em cena não como um apêndice opcional da fé, mas como seu fruto inevitável. Keller insiste que a graça e a justiça não se excluem, mas se entrelaçam:

“Mas, como temos visto, praticar a justiça está inseparavelmente ligado à pregação da graça. Isso é verdade de duas maneiras. De um lado, o evangelho produz uma preocupação pelos pobres. De outro, atos de justiça dão credibilidade à pregação do evangelho. Em outras palavras, a justificação pela fé conduz à prática da justiça, e a prática da justiça pode levar muitos a buscar ser justificados pela fé.” (KELLER, ibid., p. 140).

Quando a fé se reduz a discurso, o mundo olha e descrê; quando a justiça se reduz a ativismo sem evangelho, o mundo é ajudado por um tempo, mas permanece longe da reconciliação eterna. Na economia de Deus, porém, a justificação pela fé gera mãos abertas, e mãos abertas tornam crível a mensagem da cruz. O discípulo que cultiva uma relação achegada com o Senhor não separa evangelismo e justiça: ele fala do Cristo crucificado e ressuscitado enquanto visita o enfermo, intercede pelo injustiçado, compartilha o que tem com quem nada tem.

O próprio livro de Provérbios aprofunda essa lógica ao contrastar, no final do capítulo 3, o caminho dos que fazem o bem com o caminho dos que endurecem o coração. “Pois o Senhor detesta o perverso, mas o justo é seu grande amigo. A maldição do Senhor está sobre a casa dos ímpios, mas ele abençoa o lar dos justos. Ele zomba dos zombadores, mas concede graça aos humildes.” (Provérbios 3:32–34). Aqui, o fazer o bem não é uma moeda para comprar favor divino; é justamente o resultado de ser tratado como “amigo” de Deus, de habitar numa casa onde não repousa maldição e de receber graça em vez de ouvir zombaria do céu. Aquele que vive debaixo dessa bênção não precisa imitar o “homem violento” nem adotar os seus procedimentos (Provérbios 3:31), porque sabe que as estratégias da violência e da esperteza são, aos olhos de Deus, um atalho para a ruína.

Provérbios 6 vai ainda mais fundo ao revelar o que o Senhor odeia e detesta: “Há seis coisas que o Senhor odeia; sete que ele detesta: olhos altivos, língua mentirosa, mãos que derramam sangue inocente, coração que traça planos perversos, pés que se apressam para fazer o mal, a testemunha falsa que espalha mentiras e aquele que provoca discórdia entre irmãos.” (Provérbios 6:16–19). Note como quase todos esses pecados têm um eixo comum: eles machucam o próximo, esgarçam a comunidade, consolidam a injustiça. O Deus com quem buscamos uma relação achegada é o mesmo que abomina olhos soberbos, língua enganosa, planos perversos, passos apressados em direção ao mal. Não há como caminhar de mãos dadas com Ele e, ao mesmo tempo, sustentar práticas que Ele declara detestáveis.

Ao lado dessa radiografia ética, a Escritura pinta também a urgência dos tempos. Daniel 12:4 fala de um “tempo do fim” em que muitos correriam de um lado para outro e o conhecimento se multiplicaria; o Novo Testamento descreve dias em que “destruição repentina” virá “sobre eles, como as dores à mulher grávida; e de modo nenhum escaparão” (1 Tessalonicenses 5:2–3), e nos lembra que “o mundo inteiro está sob o poder do Maligno” (1 João 5:19). Nesse cenário, fazer o bem deixa de ser apenas cortesia: torna-se uma espécie de resistência escatológica, um protesto silencioso contra o reino das trevas, um sinal antecipado da justiça final de Deus.

Por isso, fazer o bem, à luz de Provérbios 3:27–31, não é apenas distribuir esmolas quando sobra, mas alinhar cada esfera da vida — tempo, dons, recursos, relacionamentos — com o mandamento do amor. É perceber, à maneira de Mateus 28:19–20, que a bondade máxima é conduzir alguém à obediência de tudo o que Cristo ordenou, sob a promessa de sua presença constante. É entender, com Keller, que anunciar o evangelho é o gesto mais radical de amor ao próximo, e que praticar a justiça é o desdobramento inevitável de uma fé realmente justificada pela graça. É recusar, com Provérbios 6:16–19, qualquer caminho que fortaleça o que Deus odeia, escolhendo em vez disso ser instrumento do bem que Ele ama.

Assim, “fazer o bem” torna-se a assinatura visível de uma relação achegada com o Senhor. O coração que se aninha no peito de Deus passa a latejar no compasso da misericórdia; os olhos que se habituam à luz da face divina aprendem a enxergar a dor alheia; os lábios que são ensinados pelo evangelho se abrem tanto para anunciar a graça salvadora quanto para defender o oprimido. Na esquina, no trabalho, na casa, na igreja, no cuidado com os pobres e na proclamação do Reino, a intimidade com o Senhor deixa pegadas de justiça, raízes de paz e rastros de misericórdia por onde passa.

VII. Aproxime-se do Senhor!

Deixa, pois, que a alma recolha agora o fio de todos os passos, como quem junta numa só harpa todas as cordas dispersas para fazer brotar um único cântico: aproximar-se de Deus, como ordena Tiago 4:8, não é obra de um instante, mas peregrinação de um coração inteiro. É caminho de quem se despede das sombras para buscar o rosto daquele que nunca se esconde dos que o procuram.

Desde o umbral do capítulo três de Provérbios, ouvimos a primeira convocação: entregar ao Senhor o próprio coração, inclinando-lhe o ouvido e fixando nele a afeição. Quem guarda os seus mandamentos não coleciona regras; abraça caminhos. Quem escreve na tábua interior da alma a misericórdia e a verdade não se mascara de piedade; reveste-se de caráter. A aproximação começa quando o homem deixa de ser espectador de Deus e passa a ser discípulo, filho, amigo.

Depois aprendemos o passo decisivo: confiar, lançar o peso do peito inteiro naquele que não falha. Confiar de todo o coração é desfazer os altares secretos erigidos ao próprio entendimento; é consagrar a Deus o mapa e a rota, o cajado e os passos. Quando o discípulo se apoia na rocha, a rocha torna-se seu chão. Quando abre mão de governar o amanhã, descobre que Deus já o está revestindo de direção e paz. A confiança é o abraço onde o Pai se deixa sentir.

Segue-se a entrega das primícias, que é mais que ato externo: é confissão silenciosa de que tudo é dEle, procede dEle, retorna a Ele. Quem honra o Senhor com o melhor — não com o resto — aprende que o céu se manifesta no cotidiano; que a vontade do Pai é alimento escondido; que o Reino cresce quando o coração desce. A proximidade com Deus não se mede por êxtases, mas por prioridades.

Vem então a pedreira divina em que o Pai lapida os que ama. A disciplina é a oficina onde Deus molda caráter, corrige veredas, amadurece afetos. É o braço amoroso que sustém e corrige, nunca o punho que rejeita. E quem recebe a disciplina com humildade experimenta aquilo que os antigos chamavam de doce severidade: o ferreiro que bate no metal não o odeia, deseja apenas vê-lo forte.

Depois, desdobra-se a grande árvore da sabedoria, cujas raízes mergulham no temor do Senhor e cujos ramos se estendem sobre todos os caminhos da vida. Sabedoria que custodia a mente, acalma o sono, ilumina decisões, defende contra o mal do tempo presente e prepara para o vindouro. Discernimento que enxerga através das máscaras do mundo e não se deixa seduzir pelo tumulto do maligno. Quem abraça a sabedoria encontra a própria vida amando-o de volta.

Por fim, o amor recebido em secreto transborda em obras visíveis: fazer o bem, prontamente, generosamente, evangelicamente. Não adiar o socorro quando se pode estender a mão. Não conspirar contra o vizinho que repousa sob o mesmo teto da humanidade. Não invejar o violento, pois seus cânticos terminam em silêncio. O justo, ao contrário, caminha sem astúcia, oferece misericórdia, semeia justiça, age como quem vive diante do olhar do Altíssimo. O bem não é ornamento, é assinatura do Deus que habita no íntimo.

Assim, todos esses passos — confiança, entrega, disciplina, sabedoria, bondade — não são degraus desconexos, mas respirações de um mesmo coração que se aproxima do Pai. Tiago o diz com a franqueza de profeta: “achegai-vos a Deus, e Ele se achegará a vós”. E Provérbios revela como: caminhando na verdade, repousando na fidelidade, crescendo na sabedoria, servindo no amor.

Aproximar-se de Deus é deixar que Ele mesmo seja a manhã que nos desperta, o sol que nos guia, o pão que nos sustenta, a mão que nos corrige, a luz que nos guarda, o impulso que nos envia ao próximo. É viver tão perto que o coração começa a pulsar no ritmo do Seu. É fazer da própria vida um eco da voz divina que chama: “Filho meu...”

E quem responde a essa voz descobre que a alma, finalmente, encontrou casa.

Bibliografia

ALCORN, Randy C. Managing God’s Money: a biblical guide. Carol Stream, IL: Tyndale House Publishers, 2011.
BRIDGES, Jerry. The Discipline of Grace: God’s Role and Our Role in the Pursuit of Holiness. Colorado Springs, CO: NavPress, 1994.
BRIDGES, Jerry. Trusting God: even when life hurts. Colorado Springs, CO: NavPress, 2008.
KELLER, Timothy. Generous Justice: how God’s grace makes us just. New York: Dutton, 2010.
LOPES, Hernandes Dias. Provérbios: manual de sabedoria para a vida. São Paulo: Hagnos, 2012.
OWEN, John. Comunhão com o Deus Trino: o caminho para um relacionamento vital com o Senhor. São Paulo: Cultura Cristã, 2010.
PACKER, J. I. O conhecimento de Deus. São Paulo: Mundo Cristão, 1996.

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GALVÃO, Eduardo. Como se Achegar a Deus: 6 Passos de Sabedoria. In: Biblioteca Bíblica. [S. l.], dez. 2025. Disponível em: [Cole o link sem colchetes]. Acesso em: [Coloque a data que você acessou este estudo, com dia, mês abreviado, e ano].

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