Josué 2 — Explicação das Escrituras

Em Josué 2, enquanto os israelitas se preparam para entrar em Canaã, Josué envia dois espias a Jericó. Eles são abrigados e assistidos por Raabe, uma prostituta, que reconhece o poder do Deus israelita e busca proteção para si e sua família. A cooperação de Raabe demonstra a providência de Deus em lugares inesperados e prepara o terreno para a próxima conquista de Jericó.

O capítulo destaca a importância da fé e as maneiras inesperadas pelas quais Deus trabalha para realizar Seus planos. As ações de Raabe ilustram que a misericórdia de Deus transcende as normas sociais, e sua inclusão na linhagem de Jesus ressalta o tema da graça e redenção de Deus mesmo entre indivíduos improváveis.

Os Espiões em Jericó (Cap. 2)
2:1a
Em preparação para a invasão, Josué, filho de Nun, enviou dois espias de Acacia Grove para Jericó. Isso não era uma indicação de falta de fé de sua parte; ao contrário, era uma questão de estratégia militar. Eles não deveriam espionar toda a terra, como havia sido feito anos antes, mas apenas olhar para frente um passo de cada vez.

2:1b–24 Os espias encontraram abrigo na casa de uma prostituta chamada Raabe. Como Keil e Delitzsch apontam, “A entrada deles na casa de tal pessoa não despertaria tanta suspeita.” (8–11). Ela concluiu que o Deus deles deveria ser o verdadeiro Deus, e assim ela confiou Nele, tornando-se uma verdadeira convertida. Ela provou a realidade de sua fé protegendo os espiões, mesmo que isso significasse trair seu país.

Os espias prometeram poupar Raabe e sua família se ela pendurasse um cordão escarlate na janela de sua casa e se a família permanecesse dentro de casa durante o ataque contra Jericó (vv. 6–21). O cordão escarlate nos faz pensar em uma casa protegida pelo sangue, como na Páscoa original (Ex. 12).

Quando os mensageiros do rei de Jericó perguntaram a Raabe onde estavam os espias, ela disse que eles já haviam deixado a cidade (v. 5). Enquanto os homens de Jericó os procuravam na estrada para o Jordão, Raabe enviou os espias para o oeste, para a montanha. Depois de se esconderem ali por três dias, os espias escaparam pelo Jordão, levando um relatório confiável a Josué (vv. 22–24).

As “obras” de Raabe e não suas “palavras” a justificaram (Tiago 2:25). A Bíblia não elogia seu engano (vv. 4, 5), mas elogia sua fé (Heb. 11:31). Tiago também chama o ato dela de obra de fé (Tiago 2:25). Ela arriscou sua vida para salvar a vida dos espias porque acreditava no poder e na soberania de seu Deus. Assim, nos dias de nosso Senhor, alguns fora da comunidade de Israel mostraram mais fé do que aqueles que foram testemunhas oculares de Sua glória (Lucas 7:2–9). Grande fé, onde quer que seja encontrada, é sempre recompensada (ver cap. 6), pois é agradável a Deus (Heb. 11:6).

Notas Adicionais

2.2
O rei de Jericó é um exemplo de um chefe de cidade real, entre as várias que dominavam Canaã, antes da conquista de Josué. Uma cidade como Jericó, com seus muros altos e grossos, dava proteção, em caso de ataque, não somente aos habitantes da cidade, mas também a todos que moravam na circunvizinhança. Somente quando atacados por forças poderosas é que aquelas cidades se aliavam para defesa mútua (e.g., Js 10.1-5).

2.10 Seom e Ogue. Os dois reis amorreus (9.10) que tinham sido vencidos quando não deram licença para Israel atravessar suas terras (Nm 21.21-35).

2.9-11 Raabe encontrada na dos heróis da fé (Hb 11.31), a despeito de sua vida repreensível (talvez tivesse sido sacerdotisa da religião pagã, e, assim, uma prostituta sagrada). Sua fé, sem dúvida despertada pelo testemunho dos espias, resultou na sua justificação, e frutificou em obras. Ela arriscou a sua vida para salvar as dos representantes do Povo de Deus (Tg 2.25). Quando Jericó foi tomada, Josué poupou sua vida e a de seus parentes (6.25). Ela casou-se depois com um israelita chamado Salmon (Mt 1.5), possivelmente filho de Calebe (cf. 1 Cr 2.51) e tornou-se ancestral de Davi e Jesus Cristo (Mt 1.5-16).

2.11 Como gentia, Raabe necessitava juntar-se como prosélita ao Povo da Aliança, para chamar ao Senhor de “seu Deus”, e por isso, a essa altura, ainda diz “vosso Deus”. É notável sua confissão acerca de Deus neste versículo, já que o politeísmo e a idolatria predominavam entre os cananeus.

2.12 Jurai-me... pelo Senhor - uma forma de juramento usada naquele tempo.

2.15 Uma corda. As cordas eram feitas de elementos tais como linho, fibras de palmeiras, pêlos de camelos, etc. Por ser de fio de escarlata (18) e garantir a salvação de todos dentro da casa é semelhante ao sangue do cordeiro que guardou as casas dos israelitas da praga destruidora, na noite da primeira Páscoa (Êx 12.1-13). Igualmente nos volve ao futuro, quando Cristo viria a verter seu sangue na cruz para salvar a todos que se abrigassem nele pela fé.

2.16 Ide-vos ao monte. É o mesmo monte que a tradição nos diz ser o lugar onde Jesus jejuou por quarenta dias (Mt 4.1) e, por isso, chamado hoje o “Quarentano”.

2.22 Não os acharam. Provavelmente; os espias, se esconderam numa das cavernas daquela região.

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