Levítico 14 — Explicação das Escrituras
Levítico 14
14.3 O leproso não podia curar a si mesmo, nem se
pronunciar limpo; nem tinha condições de ir procurar o ministro de Deus: o
sacerdote é que tinha de ir ao seu encontro, fora do arraial. O pássaro morto
representava a necessidade de uma vida para recuperá-lo, e pássaro vivo
que se soltava representava sua própria vida que se renovara no ato da
purificação, mas não se soltava antes de ter sido molhado com o sangue
do pássaro sacrificado. O cabelo cortado e raspado sugere o desembaraço
das coisas antigas, para agora passar a uma vida nova, de liberdade. A
unção (17 e 18) simbolizava que a vida do leproso passara a estar aos
cuidados do grande Médico.
14.5 Águas correntes. A frase dá idéia de
uma nascente ou de um córrego, cf. Jo 4.10; 7.38, vd “água viva”.
14.7 O pássaro que se soltava não era um
sacrifício. O mesmo ritual se aplica à purificação de uma casa, 14.53, e
era semelhante ao ritual do bode expiatório que fazia parte das cerimônias
do Dia da Expiação, 16.21. O leproso, ao ver o pássaro voar livremente,
veria uma dramatizarão religiosa da sua própria libertação da doença.
14.10 Três dízimas de um efa. Equivalente a
6,6 litros, o efa sendo de 22 litros. O sextário era uma medida
para líquidos de 0,3 litro.
14.12 Este é o único caso de uma vítima inteira ser
movida perante o Senhor, cf. 7.30, 34; 8.27-29; 9.21; 10.14-15; 14.12, 24;
23.11-20.
14.15-18 O sacerdote tinha que colocar uma parte do
sextário de óleo na palma da sua mão esquerda, uma cerimônia que pertence
somente a está purificação dos leprosos. Não que haja algo de singular no
uso do sangue juntamente com o azeite; isto também consta na cerimônia da
consagração de Arão, 8.30; mas em nenhuma outra passagem consta a aspersão
com óleo sete vezes perante o Senhor. Além disso, os sacerdotes
que recebiam a aspersão do sangue em várias partes do corpo (8.23-24), não
recebiam a segunda aspersão com o óleo, que era o caso dos leprosos. Só
estes recebiam, além do sangue que, especialmente, indica a reconciliação,
o óleo que simboliza o poder tão necessário para ter uma vida de saúde
recuperada.
14.19 As três qualidades de ofertas para os
leprosos eram: 1) a oferta pela culpa, 13; 2) a oferta pelo pecado, 19; 3) o
holocausto, 19, com a oferta de manjares, 20. A oferta pela culpa era
exigida por causa do estado de imundície, pelo qual o leproso passara (5.3) “ Seguia-se
a oferta pelo pecado, e depois, o holocausto com a oferta de manjares.
Com isso o homem era restaurado a seu estado legal de pureza e de comunhão
com Deus e com os homens.
14.21 Azeite. Não era o óleo da santa unção
dos sacerdotes, mas um azeite de oliva que foi consagrado especificamente
para este culto religioso; simbolizava a dedicação a Deus desta vida
renovada.
14.21-32 A concessão à pobreza permitia a substituição
de duas rolas pelos dois cordeiros, exigidos conforme v. 10, e a diminuição do
peso de farinha de três dízimas de um efa (10) para uma (21). Não se
toleravam exceções para a oferta pela culpa (um cordeiro e um sextário de
azeite), cujas cerimônias deveriam ser iguais para os ricos e para os
pobres, sendo elementos essenciais e significativos. • N. Hom. As
cerimônias elaboradas, e os exames cuidadosos, revelam que a pureza é
importantíssima, e que não se obtém só por querer, Rm 9.16. A chave das
cerimônias é o cordeiro da oferta pela culpa: 1) Foi morto para pagar a
culpa; 2) Foi oferecido no lugar da oferta pelo pecado e do holocausto,
vinculando estes três sacrifícios, v. 13; 3) Foi oferecido num lugar
santo (Cristo levou Seu sacrifício até o Santuário Eterno, entrando no
céu, Hb 9.24-25); 4) Esta oferta pertencia ao sacerdote, assim como a
oferta dê Cristo é para alimentar o povo de Deus, o sacerdócio real, 1 Pe
2.9; 5) Esta oferta era santíssima, para um povo santo, do tipo que se
descreve em 1 Pe.
14.25 É claro que só Cristo tem a capacidade para
ser o Cordeiro verdadeiro, profeticamente aludido nestas cerimônias, cf. Êx
12.1-28n e referências.
14.34 Eu enviar a praga. Deste versículo
alguém podia concluir que Deus é fonte imediata de toda a lepra;
precisa-se, porém, ter em mente as seguintes considerações: 1) A
Bíblia descreve aquilo que Deus permite dentro da Sua Providência como “ato
de Deus”, Êx 15.26; Dt 7.15; 1 Sm 2.6; Pv. 3.33; Is 45.7; 2) Há certos
casos onde vê o homem colhendo os resultados daquilo que semeou, Gl 6.7-8;
3) Em outros casos, não há um elo imediato com algum pecado específico, Jo
9.1-3. A alguma casa. Deve ser bolor, mofo, podridão. 14.41 Hoje
sabemos que muitas doenças são devidas a bactérias que se multiplicam rapidamente
sob condições favoráveis de escuridão e de umidade. Antes de os
homens saberem disso, Deus já tinha providenciado leis higiênicas que
preservariam os obedientes destas pragas.
14.44 Maligna. Lit. “irritação”, uma forma
dá raiz mã'ar (traduzida “picar” em Ez 28.24), que só ocorre aqui.
• N. Hom. 14.33-47 A lepra que invade uma casa pode simbolizar o
pecado que, querendo tornar conta de uma igreja, que é comparada a uma
casa em Ef 2.19-22, e cujos membros são as pedras, 1 Pe 2.5. A primeira
coisa a ser feita é remover os móveis, v. 36, que simbolizam todos os
hábitos, costumes, cerimônias, e tradições que não têm fundamento na
Palavra de Deus. Depois, procuram-se os sinais de corrupção e de podridão,
37; estes se reconhecem logo, seja na prática, na doutrina, seja no culto,
pelo contágio que produzem, 39. Procede-se então à remoção das pedras
contaminadas, 40 (a excomunhão individual conforme 1 Co 5.1-5). Se depois
disto não há cura nem arrependimento, só resta a eliminação da casa, 45 (a
rejeição da igreja, Ap 2.5 e 3.16).
• N. Hom. 14.48-53 Aplicando-se o caso da lepra de uma casa a
uma igreja invadida pelo pecado, descreve-se aqui a cura. O sangue da ave
sugere o sangue precioso e purificador de Cristo; sem esta doutrina da
salvação pelo sacrifício de Cristo, uma igreja passa a ser apenas uma
sinagoga de Satanás. As águas correntes lembram o Espírito Santo, cuja
inspiração e poder trazem reavivamento a uma igreja pecadora. A ave viva
é comparável ao pecador libertado, que voa livre e alegre pelo mundo
depois de ser salvo, e o pau de cedro com o Madeiro que torna o crente
capaz de participar da crucificação de Cristo, para que Cristo viva nele,
Gl 2.19-20. O hissopo é aquilo que aplica o sangue purificador e sugere a
fé, despertada pelo Espírito Santo. O carmesim fala de purificação e de
segurança (e.g., Js 2.19-21), que é o caminho diário dos membros de uma
igreja verdadeira.
14.48 Este segundo exame foi feito para verificar a
eficácia da cura.
14.53
Conforme se fazia também com a pessoa leprosa (v. 7), libertava-se no campo o
pombo vivo, para simbolizar assim a libertação de qualquer objeto da praga da
lepra que o assolava.
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