Levítico 26 — Explicação das Escrituras

Levítico 27 fornece diretrizes para dedicar pessoas, animais e propriedades ao Senhor por meio de votos ou promessas. O capítulo descreve o valor das dedicatórias e fornece um sistema de resgate se alguém desejar resgatar seu item dedicado. Também explica o conceito de “coisa devotada”, que é um item que não pode ser resgatado e é totalmente dado ao Senhor.

O valor das dedicatórias é determinado pela idade, condição e outros fatores. O capítulo também destaca a importância de consagrar os primogênitos dos animais e enfatiza que os dízimos devem ser dados ao Senhor. Levítico 27 enfatiza o princípio de dedicar o melhor a Deus e cumprir os votos feitos a Ele.

XI. BÊNÇÃOS E MALDIÇÕES (Cap. 26)
As Bênçãos da Obediência a Deus (26:1–13)


Duas vezes mais espaço é dedicado à advertência quanto à bênção neste capítulo. A adversidade, o fruto prometido da desobediência, é uma ferramenta que Deus usa, não para infligir vingança, mas para levar Seu povo ao arrependimento (vv. 40-42). O castigo nacional seria cada vez mais severo até que o povo confessasse sua iniquidade. Observe a progressão nos versículos 14, 18, 21, 24 e 28.

Depois de advertir contra a idolatria (v. 1), quebra do sábado e irreverência (v. 2), o Senhor prometeu as seguintes bênçãos à nação se ela guardasse Seus mandamentos: chuva, fertilidade (v. 4), produtividade, segurança (v. 5), paz, segurança (v. 6), vitória sobre os inimigos (vv. 7, 8), frutificação e a presença do Senhor (vv. 9–13). A versão de Knox do versículo 13 é especialmente gráfica: “Não fui eu que tirei as correntes de seus pescoços e dei a você a postura ereta de homens livres?”

As maldições pela desobediência a Deus (26:14–39)
26:14–33 A desobediência resultaria em terror, doença, conquista por inimigos, seca, esterilidade, feras, pestilência, invasão e cativeiro.

O versículo 26 descreve as condições de fome. O pão seria tão escasso que dez mulheres seriam capazes de assar seu suprimento em um forno, geralmente grande o suficiente para uso de apenas uma família. Uma fome ainda mais severa é retratada no versículo 29, onde o canibalismo prevalece (veja 2 Reis 6:29 e Lamentações 4:10 para o cumprimento histórico desta advertência).

26:34–39 A desobediência persistente da parte de Israel resultaria em seu cativeiro por uma potência estrangeira. A terra de Israel desfrutaria de um período de descanso igual ao número de anos sabáticos que o povo desconsiderou. Foi o que aconteceu no cativeiro babilônico. Durante os anos desde Saul até o cativeiro, o povo falhou em guardar os anos sabáticos. Assim eles passaram setenta anos no exílio, e a terra desfrutou de seu descanso (2 Crônicas 36:20, 21).

Restauração por meio da Confissão e Arrependimento (26:40–46)
A seção final do capítulo 26 forneceu um meio de recuperação por meio da confissão e arrependimento para a nação desobediente. Deus não abandonaria completamente Seu povo, mas se lembraria das promessas de Sua aliança com seus ancestrais.

Notas Adicionais

26.1-46
Na sua maioria, este capítulo é profético em relação à história de Israel: 1) Introdução, 1-2; 2) Obediência e bênção, 3-13; 3) Desobediência e castigo, 14-39; 4) Arrependimento e restauração, 40-45; 5) Conclusão. Este capítulo deve ser comparado com Dt 28, 29, 30.

26.1 Quatro abominações ao Senhor: 1) Ídolos, Heb 'elilim, “coisas de nada”, deuses de barro ou de terra-cota; 2) Imagem de escultura, heb pesel, um ídolo esculpido na pedra; 3) Coluna, heb maççebhâh lit. “alguma coisa de pé”, no caso uma pedra memorial ou coluna, usada para propósitos idolátricos, 4) Pedra com figuras, heb maskith, uma pedra esculpida ou pintada com uma figura ou imagem. Inclinardes. Perante a imagem, curvando-se na sua direção; isto era um ato de culto; reservado unicamente a Jeová, Êx 20.4, 8.

26.3 As bênçãos da aliança de Deus com Israel eram baseadas na obediência de Israel às leis de Deus. As promessas de Deus nunca falhavam mas a nação de Israel frequentemente desobedecia às leis de Deus, e fazia sobre si mesmo Seus julgamentos severos. Todas as leis religiosas, morais e econômicas fazem parte de uma única Ordem Divina, feita para o próprio bem do homem, Dt 28. As bênçãos eram: 1) Abundância de chuva, 4; 2) Grandes colheitas na terra, 4-5; 3) Paz na terra (6), inclusive a libertação de animais nocivos e da espada; 4) Vitória sobre as inimigos (7), mesmo sobre os de grande superioridade; 5) O multiplicar-se grandemente, 9; 6) A presença de Deus habitando no meio do povo, 11-12.

26.4 Na Palestina, nos tempos antigos, costumava, haver chuvas copiosas na primavera. Todavia, depois de uma época de vários séculos, durante a qual a seca se tornou o estado normal da Palestina, começa a haver sinais de que estas chuvas regulares estão voltando àquela normalidade.

26.9 Minha aliança. Cf. Gn 12.2; 13.16; 15.5; 17.5-6; 18.18; 22.17-18.

26.12 Especialmente na nuvem da glória chamada Shehkrnãh, que ficava entre os querubins, sobre o “trono de misericórdia”, ou seja, o propiciatório no Santo dos Santos.

26.13 Quando escravos no Egito, suas costas tinham sido curvadas; como bois na canga tinham carregado e puxado vários fardos. Deus os libertou da escravidão do Egito, fazendo-os tornar a andar eretos.

26.14, 15 O povo fora prevenido contra cinco pecados: 1) De não escutar a Jeová; 2) De não cumprir Seus mandamentos; 3) De rejeitar os estatutos de Jeová; 4) De aborrecer aos juízos de Jeová; 5) De violar a aliança com Deus.

26.16 Esta ameaça se tornou uma realidade em várias ocasiões, Jz 6.4; 1 Sm 12.19.

26.18 O propósito em disciplinar a nação era para levá-la a se arrepender dos seus maus caminhos e voltar para seguir ao Senhor. O desejo de Jeová era perdoar e abençoar, mas isto dependia de Israel se arrepender do mal, para seguir e obedecer ao Senhor.

26.19 e 26.26 Ambos os versículos falam de uma seca extremamente severa que resultaria em fome nacional. A nação, orgulhosa, precisava ser humilhada várias vezes, e de várias maneiras.

26.25 Aliança. Para haver uma aliança, mais de uma pessoa é envolvida. Nessa aliança Jeová e Israel tinham feito votos de fidelidade e de lealdade, um para com o outro.

26.26 Pão. Usualmente a palavra “pão” referia-se a qualquer alimento, mas aqui se refere especialmente à farinha de trigo cozida no forno. A expressão “quebrar o cajado do pão” significava retirar o esteio, suporte ou arrimo, que era o pão de cada dia, cancelar o sustento e reduzir à pobreza grave, à penúria. Entregarão por peso. Descreve uma escassez que determinaria o racionamento, Jr 14.18; Ez 5.12.

26.29 Isto aconteceu no cerco de Samaria (2 Rs 6.28), e também no ano de Jerusalém, no ano 70 d.C., quando o povo estava morrendo de fome. Flávio Josefo nos traz um relatório terrível sobre um soldado que descobriu uma mulher, chamada Maria, comendo a seu próprio filho, depois de havê-lo assado; cf. Dt 28.53-57; Jr 19.9; Lm 2.20; 4.10; Ez 5.10; Mt 24.19; Lc 23.29.

26.32 Deus aqui apresenta a punição que seria dada ao seu povo por causa da sua persistente desobediência e descuido com a Aliança. A admoestação é ampliada em Dt 28.58-67. A punição foi o cativeiro na Babilônia, em 587 a.C.

26.33 Até hoje, o povo judeu está espalhado entre as nações. Tudo isto foi cumprido quando as tribos do norte foram conquistadas e levadas cativas entre os territórios conquistados pelos assírios, e, quanto às tribos do sul, quando os babilônios levaram o povo para o cativeiro em 587 a.C., 2 Rs 17.

26.34 O cumprimento destas palavras se vê no cativeiro babilônico. Do rei Saul ao cativeiro foram aproximadamente 490 anos, um período durante o qual 70 anos sabáticos tinham sido negligenciados pelos hebreus. Sendo que o cativeiro durou 70 anos, a terra recebeu o repouso prescrito pela Lei de Deus.

26.39 Já no período dos juízes, as punições divinas vieram sobre os hebreus. Nas épocas de punição o povo se arrependia, sendo então perdoado e libertado; então a geração seguinte abandonava ao Senhor.

26.40-46 A Aliança com Abraão não deveria ser anulada pela futura desobediência de Israel, mas continuaria a existir dentro das condições que a governavam. Se em qualquer momento Israel se arrependesse dos seus pecados, voltando-se para Jeová, então a terra seria devolvida àquela nação. Assim aconteceu depois da queda da Babilônia em 539 a.C., quando o restante do povo recebeu licença de voltar à Palestina sob a direção de Zorobabel.

26.41 Coração incircunciso. Um coração não purificado, não dedicado a Deus, endurecido e impassível à vontade divina. Tomarem eles por bem. A expressão que ocorre também no v. 43, e nos vv. 34 e 43, se traduz “folgará”. Vem do verbo hebraico rãçâh, que significa “desejar”, “ter prazer”, Pv. 31.13n. O castigo seria para o bem porque produziria o resultado almejado: o verdadeiro arrependimento e a consequente volta às bênçãos de Jeová, com que Ele tão ansiosamente desejava agraciar a Israel. • N. Hom. Esperança para Israel (vv. 40-46). Se confessarem: 1) Os seus próprios pecados, 40; 2) As iniquidades dos seus pais, 40; Dn 9.3-19, entendendo: a) que tinham provocado ficar Deus contra eles, 41; b) que Deus esperava que Israel se humilhasse, 41; c) que Deus esperava que Israel aceitasse bem os Seus castigos, 41. Então Deus se lembraria: 1) Da Sua Aliança com os patriarcas, 42, 2) Da Sua promessa para com Israel, ainda quando espalhado entre seus inimigos: a) “Não os rejeitarei”, 44; b) “Não invalidarei a minha aliança”, 44-45; c) “Não os aborrecerei para os consumir”, 44.

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