Levítico 19 — Explicação das Escrituras

Levítico 19 contém uma coleção de leis éticas e morais que orientam os israelitas em suas interações uns com os outros e em seu relacionamento com Deus. O capítulo cobre uma ampla gama de tópicos, incluindo respeitar os pais, observar o sábado, deixar parte da colheita para os pobres, tratar estranhos e estrangeiros com bondade e não buscar vingança ou guardar rancor.

O capítulo enfatiza os princípios de justiça, compaixão e equidade nas interações diárias. Encoraja os israelitas a viver de uma maneira que reflita seu compromisso com os mandamentos de Deus e destaca sua identidade distinta como um povo santo. Levítico 19 ressalta a importância de tratar os outros com dignidade e defender os valores éticos em todos os aspectos da vida.

Explicação

Leis da Vida Cotidiana (Cap. 19)
19:1–25 A base de toda santidade é encontrada nas palavras “Eu, o SENHOR, teu Deus, sou santo” (v. 2). Várias leis para a conduta do povo são aqui estabelecidas, como segue:

Mãe e pai deveriam ser reverenciados (v. 3) - o quinto mandamento.
Os sábados de Deus deveriam ser observados (v. 3) - o quarto mandamento.
A idolatria foi proibida (v. 4) - o segundo mandamento.
Comer da oferta pacífica no terceiro dia era proibido (vv. 5–8).

Ao colher um campo, o proprietário deveria deixar algum grão nos cantos para os pobres e estrangeiros (vv. 9, 10). Culturas de campo e uvas são mencionadas como exemplos, não como uma lista completa.

Roubar, trapacear e mentir eram proibidos (v. 11) — o oitavo mandamento.

Jurar pelo nome de… Deus a uma declaração falsa foi proibido (v. 12) - o terceiro mandamento.

Defraudar, roubar ou reter salários era proibido (v. 13).

Amaldiçoar o surdo e fazer o cego tropeçar foram condenados (v. 14). O povo deveria expressar sua reverência a Jeová pelo respeito mútuo (25:17). Os deficientes (v. 14), os idosos (v. 32) e os pobres (25:26, 43) deveriam ser tratados com bondade por aqueles que temiam ao Senhor.

Mostrar parcialidade no julgamento era proibido (v. 15).

A calúnia e a conspiração contra a vida do próximo eram proibidas (v. 16).

O ódio ao irmão era proibido: “Certamente repreenderás o teu próximo, e não levarás sobre ti pecado por causa dele” (v. 17). Os assuntos devem ser tratados aberta e francamente, para que não se tornem a causa de animosidade interior que leve ao pecado exterior.

Vingança ou guardar rancor era proibido (v. 18). A segunda parte do versículo 18, amando o próximo como a si mesmo, é o resumo de toda a lei (Gálatas 5:14). Jesus disse que era o segundo maior mandamento (Marcos 12:31). O maior comando é encontrado em Deuteronômio 6:4, 5.

O versículo 19 é geralmente entendido como proibindo o cruzamento de animais que resulta em mulas. Pecuária aqui significa bestas em geral.

Além disso, era proibido semear um campo com diferentes tipos de sementes ou usar uma roupa de linho e lã misturados. Deus é um Deus de separação, e nesses exemplos físicos Ele estava ensinando Seu povo a se separar do pecado e da impureza.

Se um homem tivesse relações ilícitas com uma escrava prometida em casamento a outro homem, ambos eram açoitados e ele era obrigado a trazer uma oferta pela culpa (vv. 20–22).

Quando se estabeleceram em Canaã, os israelitas não deveriam colher os frutos de suas árvores por três anos. O fruto do quarto ano deveria ser oferecido ao Senhor, e no quinto ano o fruto poderia ser comido (vv. 23-25). Talvez o fruto do quarto ano fosse para os levitas ou, como sugere um comentarista, fosse comido diante do Senhor como parte do segundo dízimo.

19:26–37 Outras práticas proibidas eram: comer carne da qual o sangue não havia sido drenado (v. 26a); praticar feitiçaria (v. 26b); aparar o cabelo de acordo com práticas idólatras (v. 27); fazer cortes na própria carne como expressão de luto pelos mortos (v. 28a); fazer marcas no corpo como os pagãos faziam (v. 28b); fazer com que a própria filha se prostitua, como era comum no culto pagão (v. 29); violação do sábado (v. 30); consultar médiuns ou espíritos familiares (v. 31). Honra deveria ser mostrada aos idosos (v. 32), e estranhos deveriam ser tratados com bondade e hospitalidade (vv. 33, 34). Práticas comerciais honestas foram impostas (vv. 35-37).

Notas Adicionais
19.1-34
Essas leis eram cerimoniais e éticas; as últimas são baseadas nos Dez Mandamentos.

19.2 A santidade e a perfeição de Deus formam a base para se exigir a justiça da parte de todos aqueles que Lhe pertencem. Jesus disse que deveríamos ser perfeitos, como o é nosso Pai Celestial, Mt 5.48.

19.4 Ídolos. Há várias palavras hebraicas que descrevem os ídolos; aqui temos 'elilim, lit. ”coisas de nada”, “vaidade”. Vem de uma raiz que significa “evaporar-se”. A essência do ídolo realmente é nada, 1 Co 8.4.

19.9, 10 No livro de Rute temos um belo exemplo do cumprimento desta lei, Rt 2.8-16. Ao pobre e ao estrangeiro. Duas classes de pessoas que, juntamente com os órfão não possuíam força carnal para defender seus direitos, sendo desprezados pelos pagãos por não poderem se defender com o dinheiro, nem com um “Vingador”, um parente poderoso que fosse solidário à sua causa. São justamente aqueles que, sendo desprovidos de recursos humanos, são os melhores recipientes do: socorra divino, 2 Co 12.9-10.

19.12 A ideia, aqui, é que ninguém deve ser rápido demais para fazer votos em nome de Deus, e muito menos usar o nome de Deus em juramentos falsos, com o intuito de fazer parecer puros e verídicos os atos mais escabrosos, dando a força da verdade à própria mentira, Êx 20.7n.

19.13 Trata-se de jornaleiros que necessitavam do seu salário dia após dia para o sustento de sua família, Dt 24.14; Jr 22.13; Ml 3.5.

19.16 Mexeriqueiro. Heb rãkhfl, lit. “mercador”. Um tipo de “camelô” que leva mercadorias de pouco valor pelas ruas afora; no caso, são escândalos e mentiras. Cf. 1 Sm 22.9-18; Jr 6.28; 9.4; Ez 22.9.

19.18 A reverência a Jeová não somente produz a santidade no sentido de evitar a contaminação (heb tãme), mas também a prática do amor aos nossos semelhantes. Jesus desenvolveu esta verdade, ao exigir que amássemos aos nossos inimigos, Mt 5.43-44. O amor é o cumprimento da Lei, Mt 22.40.

19.20 moça escrava tinha direitos, mas suas circunstâncias lhe tolhiam sua possibilidade de exercê-los. Era o homem que tinha de procurar a expiação pela sua transgressão, e a moça não podia ser morta; o motivo desta clemência legal é que a escrava, sendo considerada a propriedade particular de outro homem, por ser sua concubina (Êx 21.711), não podia morrer sem causar uma perda injusta ao seu senhor ou dono que a comprara.

19.23 Nos primeiros três anos, as árvores, recém-plantadas raramente davam frutos bem desenvolvidos. Em hebraico eram chamados “frutos incircuncisos”. A colheita do quarto ano pertencia a Jeová, bem como as primícias dos anos seguintes, sendo que Ele era reconhecido como o legítimo proprietário dos bens da terra, 24.

19.26 Não agourareis nem adivinhareis. Os que praticavam a magia, ou que empregavam certas palavras chamadas “mágicas” com o fim de obter o auxílio dos espíritos para produzirem efeitos sobrenaturais nas criaturas, eram condenados. Nem sempre se distingue entre o agoureiro e o adivinhador, mas todas as suas práticas, juntamente com a astrologia, o horóscopo, o espiritismo, a macumba, as sortes e as adivinhações são terminantemente proibidas, na Palavra de Deus, v. 31; 20.6, 27; Dt 18,10.

19.27, 28 Os pagãos cortavam os cabelos da cabeça ou da barba de certas maneiras, para honrar seus ídolos ou para os ritos fúnebres pagãos, Dt 14.1. Cortar o corpo era praticado para mostrar arrependimento extremo ou desespero. Condenam-se aqui estas práticas entre o povo de Deus. Estas proibições eram para guardar o povo de Israel de seguir as práticas supersticiosas e idólatras dos pagãos que viviam ao sem redor.

19.31 Necromantes. Pessoas que se comunicavam com os mortos, ou seja, médiuns, 20.6. Aqui há uma forte condenação das práticas espíritas existentes no dia de hoje. A Bíblia condena taxativamente a invocação dos mortos.

19.33 Oprimireis. Heb yãnãh, “irar-se contra”, “ser violento contra”, “suprimir”, “maltratar”. Exemplos em Êx 22.21; Ez 22.7, 29.

19.35 O culto a Jeová e a desonestidade são incompatíveis, nunca podendo coexistir.

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