Salmo 76 — Estudo Devocional

Salmo 76 

O Deus vencedor
Salmo de Asafe. Canção. Ao regente do coro — para instrumentos de cordas.

O Salmo 76 é um cântico de louvor e vitória, celebrando o poder e a proteção de Deus. Destaca o triunfo de Deus sobre Seus inimigos. Aqui estão algumas aplicações de vida baseadas nos ensinamentos do Salmo 76:

1. Louve a Deus por Seus feitos poderosos: imite o louvor do salmista pelos feitos poderosos de Deus. Faça do louvor e da adoração uma parte regular da sua vida, celebrando as vitórias e o poder de Deus.

2. Reconheça a Soberania de Deus: Reconheça a soberania e autoridade de Deus sobre todas as coisas. Confie em Seu poder supremo e planeje sua vida.

3. Busque a presença de Deus: Assim como o salmista fala da presença de Deus em Jerusalém, aplique isso buscando ativamente a presença de Deus em sua vida diária. Cultive um relacionamento pessoal com Ele por meio de oração, meditação e adoração.

4. Lembre-se da libertação de Deus: Reflita sobre as maneiras pelas quais Deus o livrou dos desafios e dificuldades em sua vida. Permita que essas lembranças fortaleçam sua fé e confiança Nele.

5. Confiança na proteção de Deus: Confie na proteção e refúgio de Deus em tempos de dificuldade. Tenha certeza de que Ele é um abrigo e uma fortaleza quando você enfrenta as adversidades.

6. Cumpra seus votos a Deus: Se você assumiu compromissos ou votos a Deus, certifique-se de cumpri-los. Honrar suas promessas a Deus reflete sua reverência por Ele.

7. Compartilhe as histórias da vitória de Deus: Compartilhe histórias da vitória e proteção de Deus em sua vida com outras pessoas. Seu testemunho pode inspirar fé e esperança naqueles que os ouvem.

8. Evite a raiva e a ira: Proteja-se contra a raiva e a ira e evite agir de forma impulsiva ou vingativa. Confie na justiça de Deus e permita que Ele seja o juiz final.

9. Pratique a moderação: pratique a moderação em suas palavras e ações, especialmente em momentos de conflito. Busque soluções pacíficas e evite conflitos desnecessários.

10. Promover a paz e a unidade: Esforce-se para promover a paz e a unidade entre as pessoas. Seja um pacificador em seus relacionamentos e interações com os outros.

11. Permaneça Firme na Fé: Permaneça firme na sua fé, confiando na proteção e orientação de Deus mesmo quando enfrentar oposição ou desafios.

12. Alegre-se na salvação de Deus: Alegre-se na salvação e libertação de Deus. Encontre motivos para celebrar Sua fidelidade e bondade.

13. Viva com Gratidão: Cultive uma atitude de gratidão pela proteção e vitórias de Deus em sua vida. Expresse gratidão em palavras e ações.

Em resumo, o Salmo 76 nos encoraja a louvar a Deus por Seus feitos poderosos, reconhecer Sua soberania, buscar Sua presença, lembrar Sua libertação, confiar em Sua proteção, cumprir nossos votos a Ele, compartilhar histórias de Sua vitória, evitar raiva e ira, praticar moderação, promova a paz e a unidade, permaneça firme na fé, regozije-se em Sua salvação e viva com gratidão. Esses aplicativos podem ajudá-lo a viver uma vida que honre e celebre o poder e a proteção de Deus.

Devocional

76.1-12 Deus, aquele que deve ser temido. Este salmo enfatiza a vitória final de Deus sobre todos os poderes humanos, em especial aqueles que praticam o mal e ainda, arrogantemente, se gabam de seus feitos. O temor de Deus é o resultado — extremamente sábio — da ira de Deus (veja o quadro “Raiva humana e ira divina”). O v. 10 é uma promessa, alinhada com Sl 75.10 — o crescimento do poder dos que obedecem a Deus — que pode ser relacionada à promessa de Jesus de que os mansos e humildes, dotados de um poder não violento e não raivoso que provém de Deus, acabarão por herdar a terra.

76.1 o seu nome é famoso em Israel. Deus é famoso! Seu nome é conhecido e respeitado, ele é o maior e mais glorioso. Em cântico o salmista anuncia com clareza que todas as vitórias do povo de Deus aconteceram pela ação poderosa do Senhor.

76.2-3 ali Deus quebrou todas as armas dos inimigos. Mais uma vez o salmista exalta através do louvor o Deus vitorioso que habita e reina em Jerusalém. Foram muitas as vitórias militares que Deus concedeu ao povo de Israel nos tempos do Antigo Testamento.

76.3-12 Todas as pessoas têm medo de ti. O salmista exalta o poder do Senhor Deus entre todas as nações e povos e ressalta o dever de todos os povos se curvarem diante da grandeza e do poder de Deus. quando estás irado. Veja o quadro “Raiva humana e ira divina”.

76.6 os cavalos e os cavaleiros ficaram como mortos. A ira de Deus em ação deixa claro que não se trata de uma luta entre iguais. Quando Deus decide que é hora de pôr limites ao que estamos fazendo, só podemos calar e nos submeter.

76.8-9 Lá do céu. Ele decretou no céu e levantou-se para cumprir a sentença: salvar todos os que são explorados neste mundo. Este é o motivo da justa ira de Deus: o pecado humano, a exploração dos humildes, provocada por líderes orgulhosos que só pensam sem si (v. 12).

76.10 aqueles que não morreram… vão comemorar as tuas festas. A ira divina não é um fim em si mesma, mas um meio para eliminar a resistência e promover a alegria para quem se alegra em Deus.

76.12 Deus humilha os governantes orgulhosos. A ira de Deus mantém-se estritamente nos limites da justiça, atingindo somente a maldade humana — e parece que o orgulho de pessoas em posição de autoridade e liderança é o grande alvo da correção divina. Tiago e Pedro traduziram essa característica divina quando ensinaram que Deus resiste aos orgulhosos, mas dá graça aos humildes (veja 1Pe 5.5 e Tg 4.6, notas).

Raiva humana e ira divina
Nos salmos 75.1 - 80.19, além dos conteúdos e situações tratados em cada um deles, somos também ajudados a entender um pouco mais a dinâmica da ira de Deus, e assim podemos tirar algumas lições para lidar com a indignação e a raiva humana, nossa ou de outros que nos atingem. Assim como a paixão sexual humana em suas formas deturpadas de promiscuidade, pornografia ou prostituição de certa forma refletem deturpações do amor de Deus, a raiva humana e suas explosões refletem deturpações da ira divina contra o pecado.

A constatação do Sl 76.10, “Até a ira humana aumenta o louvor que é dado a ti”, serve de orientação para aprendermos a lidar com nossa raiva. Segundo Sl 75.10, a ira divina é utilizada “para quebrar o poder dos maus”, a fim de que o poder dos que obedecem a Deus possa crescer. Ela faz parte do processo de julgamento que Deus promove (75.2,6-8), como justo juiz que é, para condenar e castigar os que são culpados e proteger e livrar os inocentes. É a indignação de Deus em ação, como descrito em Rm 1, “contra todos os pecados e todas as maldades das pessoas que, por meio das suas más ações não deixam que os outros conheçam a verdade a respeito de Deus” (Rm 1.18). Portanto, há na ira divina uma dupla intervenção a serviço da verdade: a condenação e a salvação. Condenação ao deixar claro o que está certo e o que está errado, aplicando o devido castigo (como uma sentença de um juiz); e salvação, ao abrir caminho para “a verdade a respeito de Deus” que protege e promove a vida (esta havia acabado de ser descrita no verso anterior, Rm 1.17: “Pois o evangelho mostra como é que Deus nos aceita: é por meio da fé, do começo ao fim. Como dizem as escrituras Sagradas: ‘Viverá aquele que, por meio da fé, é aceito por Deus’”). Aqui nestes salmos escritos pelo grupo de Asafe vemos como Deus é de fato o único juiz perfeitamente justo, que valorizará o certo e punirá o errado, e assim abrirá caminho para a misericórdia (Sl 79 ; 80), que é o que nos salva, por meio da fé.

A raiva humana também brota de uma indignação para com a maldade, de um sentimento de que “isso está errado”. O problema — a deturpação de que falamos — é a enorme diferença entre Deus e nós. Nossos juízos não são justos, nem verdadeiros, e também não costumam abrir caminho para a misericórdia e a salvação. Ao explodirmos em raiva e provocarmos temor nos que nos estão próximos, somos tomados pelo exercício de um “poder divino” — algo talvez parecido com uma criança pegar nas mãos uma arma de fogo carregada: a chance de consequências indesejadas e ferimentos sérios nos outros (e em si próprio) é muito grande.

Busquemos, então, uma atitude pró-maturidade: nos salmos 77 e 78 aprendemos que podemos lidar com a raiva trazendo nossa perspectiva para mais perto da verdade. Em 77.11-20 o salmista, após sentir como se a ira divina nunca mais tivesse fim, decide, em oração ao próprio Deus, relembrar as muitas ajudas que ele e seu povo já receberam do Senhor. Nossa raiva nos faz focar a visão totalmente no erro do outro, na sua maldade. Esse comportamento errado que desencadeou a raiva é real, mas provavelmente não é tão “onipotente” e radical quanto o sentimos. A raiva nos faz senti-lo como se o outro fosse “a encarnação do erro”, o mal em pessoa, e portanto mereceria até ser morto. Podemos corrigir essa perspectiva se ativamente nos dedicarmos a lembrar que essa pessoa que agora nos provoca raiva, por várias vezes já mostrou também seu lado bom, humilde, amoroso, para conosco ou para com outras pessoas. A raiva considera o outro como 100% ruim, e isso não é verdade. Uma avaliação mais correta provavelmente seria de 50% ruim, 50% bom (por sinal, uma descrição de todos nós). Então cabe a nós agirmos como um advogado de defesa, e mostrar — para nós mesmos — que existe um outro lado dessa pessoa, para o qual a raiva está nos cegando. O Salmo 78 inteiro é um memorial que lembra e ensina ao povo quantas vezes nós falhamos, e como Deus foi misericordioso e nos ajudou.

Para ilustrar esse “outro lado” ajudará bastante se nós também mantivermos um registro das coisas boas que os outros nos têm feito, e das amostras da bondade de seu caráter. Pessoas raivosas têm tendência a guardar na memória o registro dos erros e injustiças que sofreram dos outros no passado; isso não precisa ser negado, mas somos convidados a melhorar essa percepção unilateral da vida, e cultivar, com esforço, um “cadastro positivo” da história das pessoas que costumam acender nossa raiva: isso estará mais próximo da verdade, e nós nos aproximaremos da realidade de que todos — começando por nós mesmos — somos uma mistura de bem e de mal, exatamente como o fruto comido no Jardim do Éden. Esse exercício nos ajudará a aprender uma lição extremamente difícil para os raivosos: a de aceitar que as coisas nunca são “como deveriam ser”, e portanto aprendermos a exercitar a tolerância e a mansidão; é possível ser firme sem ser raivoso. E se você está na posição de vítima de um ataque de raiva, pode ser útil fazer como o salmista: lembrar a pessoa raivosa de outras ocasiões em que o relacionamento foi muito agradável (mas não o faça no calor da explosão — é melhor aguardar os ânimos esfriarem…).

Outra atitude pró-maturidade: seguirmos o caminho de ação do nosso Pai do Céu com o evangelho, como disse Jesus: “Deus mandou o seu Filho para salvar o mundo e não para julgá-lo” (Jo 3.17). Com a vinda de Jesus e sua morte pelos pecadores, o caminho da salvação — da reconciliação com Deus — foi aberto, e a justa ira de Deus contra o pecado humano foi satisfeita na cruz do Calvário, exatamente para não mais ser descarregada nos frágeis humanos.. Agora podemos nos achegar e ver melhor a natureza amorosa de Deus, que faz o sol e a chuva abençoarem tanto os justos quanto os injustos. Veja o quadro “Aprendendo a perfeição do Pai” (Mt 5).

Um provável exemplo de como Jesus transformou uma pessoa que se enraivecia facilmente está narrado no evangelho de João, falando de sua amiga Marta. Se compararmos a atitude dela em seu primeiro encontro com Jesus (Lc 10.38-42), em que tinha raiva de sua irmã que não a ajudava, e no último, veremos uma profunda diferença e um importante aprendizado (veja Jo 12.2-3, nota).

Mais uma atitude que pode nos ajudar: os Salmos 79; 80 são uma espécie de “relatório da destruição” causada pela ira divina, através dos ataques dos inimigos que Deus deixou prosperarem, relatando a situação miserável e vergonhosa em que a nação se encontra, e que essa vergonha também atinge o próprio nome de Deus. A comunicação com Deus se apresenta de duas formas: com uma pergunta “conscientizadora” para que Ele mude sua atitude (“ó Senhor Deus, até quando ficarás irado conosco?” Sl 79.5 ; 80.4), e com o pedido, repetido 3 vezes no Salmo 80, para que Deus restaure a sorte de seu povo, mostrando-lhe misericórdia. Nos relacionamentos humanos, também ajudará a nos aproximarmos da verdade o fazer um relatório das consequências da indignação e raiva sofridas (ou, caso sejamos nós os raivosos, ouvir com atenção os lamentos do estrago que causamos). Uma condição muitas vezes relacionada com a raiva é a doença da Depressão (veja o quadro “Depressão”, Sl 42.) Ajudará também nos conscientizarmos de que não podemos continuar indignados e raivosos para sempre, e para mudarmos nossa disposição não é realista esperar que o outro “não erre mais”: podemos aprender a usar de misericórdia, aceitando a realidade de que somos todos uma mistura de bem e de mal. Ao mesmo tempo em que colocamos nossos limites, misericórdia é aceitar amolecê-los por causa das limitações do outro. Embora nem de longe tenhamos o poder e o amor de Deus, também para os relacionamentos humanos será a misericórdia que trará a restauração e a cura de feridas (veja os quadros “A misericórdia como padrão” (Mt 9) e “Misericórdia e sacrifícios” (Mt 12).). A boa notícia: como a misericórdia é uma característica do amor divino, podemos com certeza contar com a ajuda de Deus nessa tarefa. Um ótimo conselho para lidar com nossa raiva é apresentado em Ef 4.26: “não deixem que isso faça com que pequem e não fiquem o dia inteiro com raiva” — essa pode ser uma boa resposta para a pergunta do “até quando?” (veja Ef 4.26, nota).