Estudo sobre Filipenses 2:19-23

Estudo sobre Filipenses 2:19-23



Não temos uma informação segura se Paulo manteve correspondência constante com todas as igrejas, de modo que apenas uma pequena seleção das cartas que ele realmente escreveu tenha sido preservada, ou se uma missiva era enviada somente em vista de um motivo especial, assim como Rm, 1Co, 2Co, Gl, Cl, 1Ts e 2Ts permitem reconhecer uma motivação especial do autor, em geral uma preocupação específica. Nesse caso também esta carta aos Filipenses não teria surgido sem uma relação com dificuldades na igreja, das quais Paulo teve notícia. Na verdade não há nenhuma ameaça especial por meio de heresias ou algo semelhante à vista. Por toda a carta ecoa um tom cordial e confiante. No entanto, as exortações que já lemos e ainda leremos no capítulo 3 podem, sim, ter um fundo bem específico. Nesse caso também seria particularmente compreensível que Paulo pretende enviar a Filipos o melhor colaborador de que dispõe. E a justificativa disso, “para que também eu me alegre, tendo conhecimento da vossa situação”, não seria apenas a linguagem do amor, que apresenta como desejo pessoal o que antes de tudo é uma dádiva para o outro, mas Paulo teria diversas preocupações também em relação a Filipos. De qualquer maneira Paulo sempre viu todas as igrejas, mesmo a melhor, ameaçadas pelo pendor pecaminoso para a desunião, o egoísmo e a lerdeza que dormita em nosso coração. Com certeza também não considerou insignificantes as tribulações a que os filipenses eram expostos por parte dos “adversários”. Por isso ficará feliz ao ser informado justamente por uma pessoa totalmente confiável a respeito da situação da igreja em Filipos em todos os sentidos.


Vimos no começo da carta que não devemos imaginar que Paulo esteja sozinho. Encontrava-se rodeado de numerosos colaboradores e soube falar deles de maneira calorosa e reconhecedora, p. ex., em Cl 4.10-14. Aqui, porém, ouve-se um juízo assustador sobre esses homens: “Pois todos eles buscam o que é seu próprio, não o que é do Cristo Jesus.” Será que justamente agora, quando tudo se tornou mais perigoso, Paulo experimentou várias decepções com outras pessoas, não encontrando a disposição de engajamento incondicional pela causa de Jesus que ele considerava óbvia, motivo pelo qual também espera que seus colaboradores sejam capazes dela? Recordamos, p. ex., a informação sobre Demas em 2Tm 4.10, que na verdade não diz que Demas “apostatou”, mas que ele se retirou de Roma e da perigosa proximidade com Paulo para Tessalônica, um lugar mais seguro. Alguns anos antes Paulo havia descrito aos romanos a nítida característica de todo cristão: “Nenhum de nós vive para si… se vivemos, é para o Senhor que vivemos” (Rm 14.7s). Agora ele mesmo precisa constatar penosamente, em vista de seus colaboradores mais íntimos: “Todos eles buscam o que é seu próprio, não o que é do Cristo Jesus”. Como ele nos julgaria, se visse a nós e nosso trabalho?