Lucas 15:1-32 — Interpretação Bíblica

Lucas 15

15:1 cobradores de impostos... pecadores. As três parábolas do capítulo 15 explicam por que Jesus se associava aos grupos desprezados, enquanto os fariseus e mestres da lei não. As parábolas neste capítulo são encontradas apenas em Lucas.

A severidade de Jesus

Lucas 15

Jesus disse algumas coisas que soam tão difíceis e impossíveis que, se as lermos à parte de outras coisas que ele disse, podem desencorajar alguém a tentar segui-lo. Ele veio para nos trazer o presente inestimável da vida eterna, mas não nos forçará a isso. A condição primária pela qual podemos receber a vida eterna é que a desejemos mais do que qualquer outra coisa, e que o amemos mais do que qualquer outra coisa. Jesus requer o primeiro lugar em nossos corações. Se ele tem isso, sua misericórdia é infinita.


A ovelha perdida; a Moeda Perdida; os dois filhos

Lucas 15

Este capítulo, seguindo as palavras exatas do capítulo 14, é como a calmaria após a tempestade. Os dois capítulos são tão diferentes que dificilmente alguém os atribuiria à mesma pessoa. No entanto, não são contraditórias, mas complementares.

O ponto de partida é que nos entregamos sem reservas a ele. Não pode haver lealdades divididas. Uma vez que entronizamos Jesus como o Senhor da vida, sua compaixão é ilimitada. Podemos tropeçar, tropeçar e tropeçar, mas enquanto mantivermos nosso rosto voltado para ele, ele perdoará, perdoará e perdoará, até que finalmente, por sua graça e poder, tudo o que lhe desagrada desaparecerá de nossas vidas.

Isso é ilustrado pelas três parábolas deste belo capítulo: alegria por encontrar a ovelha perdida, recuperação da moeda perdida e o retorno do filho pródigo. É um capítulo companheiro da história da mulher pecadora de Lucas 7:36–50 e da mulher adúltera de João 8:1–11. É uma imagem gloriosa do Pai celestial e seus anjos dando as boas-vindas às almas que retornam ao lar. Quando ficamos desanimados por causa de nossa pecaminosidade, este é um bom capítulo para ler.

Jesus contou essas parábolas depois que os fariseus e os mestres da lei reclamaram sobre ele acolher os pecadores e comer com eles. O relato das três parábolas termina com a queixa do filho mais velho, que traiu uma total falta de compreensão do coração amoroso do pai — como os fariseus, que não sabiam por que Jesus queria se associar aos pecadores.

15:4 cem ovelhas. Este era um rebanho de tamanho médio. O rebanho médio variava de 20 a 200 cabeças, enquanto um rebanho de 300 ou mais era considerado grande.

15:7 pessoas que não precisam se arrepender. Esta frase é uma maneira retórica de descrever os mestres da lei e os fariseus. Uma descrição semelhante é encontrada em 5:31, onde se diz que alguns não precisam de médico. Os mestres da lei e os fariseus acreditavam que não precisavam se arrepender porque não estavam perdidos.

15:8 dez moedas de prata. Esta moeda de prata era igual ao salário de um dia para um trabalhador básico. A mulher precisava de uma lâmpada porque morava em uma casa sem janelas. Sua vassoura para varrer teria sido feita de galhos de palmeira.

15:15 para alimentar porcos. Alimentar porcos era um trabalho ofensivo para um judeu, pois os porcos eram impuros de acordo com a Lei de Moisés.

15:20 seu pai o viu e se compadeceu. Muitos estudiosos sentem que a ênfase no filho nesta parábola faz com que as pessoas percam o ponto mais importante, a saber, a importância do papel acolhedor do pai. Outros ainda pensam que poderia até ser chamada de Parábola do Irmão Mais Velho. Curiosamente, ambos os irmãos subestimam o amor e a graça de seu pai. O irmão mais novo demora a perceber a extensão e a permanência do amor do pai. O irmão mais velho tem dificuldade em entender que o relacionamento restaurado com o filho mais novo é vital para a vida do pai. O que torna possível a conversão dramática é o conhecimento do filho mais novo de que será aceito quando retornar. Embora haja consequências para o comportamento do filho mais novo (seu dinheiro acabou), ele é bem-vindo para fazer parte da família novamente. De muitas maneiras, as boas-vindas são ainda mais do que ele poderia esperar. O que é surpreendente sobre a graça é que ela é sempre mais do que esperamos ou merecemos.

15:21 já não é digno de ser chamado teu filho. Apesar de sua consciência de ser aceito por seu pai, o filho continuou sua confissão de seu pecado. Ele então pediu para se tornar um dos servos de seu pai. Da mesma forma, um pecador percebe que não traz nada e não merece nada de Deus, mas deve confiar completamente na misericórdia de Deus.

15:24 mortos... vivo de novo... perdido... encontrado. A transformação total do filho pródigo se resume nesses dois contrastes. Tal transformação é motivo de comemoração. É também a razão pela qual Jesus escolheu associar-se com os perdidos.

15:28 ficou com raiva. A infelicidade do irmão mais velho por causa de um bezerro gordo (v. 27) sendo morto para celebrar o retorno de seu irmão indisciplinado ilustra a resposta dos fariseus e mestres da lei diante da perspectiva de pecadores se tornarem aceitáveis a Deus.

Notas Adicionais:

15.1-32
Neste capítulo, Jesus explica e defende sua atitude de misturar-se com gente de má fama (v. 2). As três parábolas mostram o amor de Deus por todos, incluindo as pessoas mais humildes e desprezadas. Nas figuras de pastor de ovelhas, dona de casa e pai amoroso, Deus é apresentado como alguém que faz tudo para trazer de volta o pecador que se afasta dele

15.3 esta parábola. Em Mt 18.12-14, esta mesma parábola ensina uma lição um pouco diferente, ou seja, que não se deve desprezar nenhum dos pequeninos que creem em Jesus.

15.6 Alegrem-se... achei... perdida. Estas são as palavras-chave das três parábolas (vs. 6, 9, 32). “Alegrem-se” é, indiretamente, um convite aos fariseus.

15.7 pessoas boas que não precisam se arrepender. Na verdade, todos precisam se arrepender, pois todos são pecadores. Aqui, no entanto, Jesus toma o ponto de vista dos fariseus e mestres da Lei, que acreditavam que eram pessoas boas e não tinham nada do que se arrepender.

15.8 dez moedas de prata. Uma moeda de prata era o salário pago por um dia de trabalho (Mt 20.2). acende uma lamparina. A pequena casa israelita daquele tempo não tinha janelas. Assim, mesmo durante o dia, era preciso acender uma lamparina quando se queria procurar uma moeda ou outro objeto pequeno.

15.12 dois filhos. A parábola começa com o filho mais moço, mas, desde o início, sabe-se que aquele pai tem dois filhos. O mais velho também precisa voltar para o pai, ainda que nunca tenha saído de casa. Aqui, está a ênfase de Jesus, ao menos para os fariseus, que são representados por aquele filho mais velho. repartiu os bens entre os dois. De acordo com a Lei de Moisés (Dt 21.17), o filho mais velho receberia duas vezes mais do que o filho mais moço.

15.13 ajuntou tudo o que era seu. O sentido do texto é que ele vendeu a sua parte da herança e saiu com o dinheiro.

15.15 tratar dos porcos. O rapaz está fora da terra de Israel. Os judeus não criavam porcos, que eram considerados impuros (Dt 14.8).

15.22 um anel. Esse anel, bem como o beijo (v. 20), a melhor roupa, as sandálias e a festa (v. 23) mostram que o pai perdoou aquele que estava perdido (v. 24) e lhe devolve a condição de filho.

15.23 o bezerro gordo. Um bezerro que ficava preso no curral, onde era engordado.

15.28 ficou zangado. A zanga do irmão mais velho é enorme: ele acusa o pai de nunca ter sido bondoso com ele (v. 29); diz “esse seu filho” (v. 30) em vez de “o meu irmão”; diz que o dinheiro que o rapaz desperdiçou pertencia ao pai (v. 30), o que não era verdade; e afirma que ele tinha gasto o dinheiro “com prostitutas”, o que não foi necessariamente o caso (embora o v. 13 diga que ele “viveu uma vida cheia de pecado”).

15.32 este seu irmão. Os fariseus e mestres da Lei nunca chamariam de irmão uma pessoa de má fama (v. 1). a nossa alegria... perdido... achado. Ver v. 6, n.

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