Lucas 11:1-54 — Interpretação Bíblica

Lucas 11

11:1 Senhor, ensina-nos a orar. O Pai Nosso ilustra a variedade de pedidos que se pode e deve fazer a Deus, bem como mostra a atitude humilde que deve acompanhar a oração. O uso do pronome plural nós ao longo da oração mostra que não é apenas a oração de uma pessoa para suas próprias necessidades pessoais, mas uma oração comunitária.

Jesus orando

Lucas 11:1

Jesus, embora fosse o Filho de Deus e afirmasse ter sido em alguns aspectos igual a Deus, no entanto parece ter se sentido totalmente dependente de Deus o Pai durante sua vida na terra; ele rezou muito.

11:2 venha o teu reino. A referência aqui é ao programa e promessa de Deus. Isso é mais afirmação do que pedido, destacando a submissão do peticionário à vontade de Deus e o desejo de ver a obra de Deus acontecer.

11:4 nós também perdoamos. O peticionário reconhece que se a misericórdia deve ser buscada de Deus, então a misericórdia deve ser mostrada aos outros. Precisamos adotar o mesmo padrão que esperamos que os outros sigam. Não nos deixes cair em tentação. Esta observação é muitas vezes mal interpretada, sugerindo que talvez Deus possa nos levar ao pecado. O ponto é que se alguém deve evitar o pecado, deve seguir aonde Deus leva. Em suma, o peticionário pede a Deus a proteção espiritual necessária para evitar cair em pecado.

Orações de Jesus

Lucas 11

• No seu batismo (Lc 3:21)
• Em um lugar solitário (Mc 1:35)
• Nos lugares solitários (Lc 5:16)
• A noite inteira, antes de escolher os Doze (Lc 6:12)
• Antes de seu convite, “Vinde a mim” (Mt 11:25-27)
• Na alimentação dos 5.000 (Jo 6:11)
• Após a alimentação dos 5.000 (Mt 14:23)
• Quando ele deu o Pai Nosso (Lc 11:1-4)
• Em Cesaréia-Filipenses (Lc 9:18)
• Antes de sua transfiguração (Lc 9:28-29)
• Para as criancinhas (Mt 19:13)
• Antes da ressurreição de Lázaro (Jo 11:41-42)
• No templo (Jo 12:27–28)
• Na Última Ceia (Mt 26:26-27)
• Para Pedro (Lc 22:32)
• Para os discípulos (Jo 17)
• No Getsêmani (Mt 26:36-44)
• Na cruz (Lc 23:34)
• Em Emaús (Lc 24:30)
Em cada oração registrada, Jesus se dirigiu a Deus como “Pai” (Mt 6:9; 11:25; 26:39,42; Lc 11:2; 23:34; Jo 11:41; 12:27,28; 17: 1,5,11,21,24,25 ), tão diferente das aberturas bombásticas, laboriosas, altivas e ponderosas de muitas orações pastorais.

11:17-18 você afirma que eu expulso demônios através de Belzebu. A atribuição dos milagres de Jesus a Satanás não era apenas blasfema, era ilógica. Se Satanás tivesse expulsado o demônio (v. 14), ele estaria destruindo o resultado de sua própria obra.

11:20 o dedo de Deus. Esta frase é uma alusão ao poder de Deus, como aquele demonstrado no êxodo (Êx 8:19; Dt 9:10; Sl 8:3). o reino de Deus chegou sobre você. Os milagres de Jesus representaram a chegada do poder e da promessa de Deus – em suma, H é a regra. Essa regra vem em e através de Jesus. Os milagres de Jesus demonstraram a vitória de Deus sobre as forças do mal. O programa do reino, descrito como se aproximando, será consumado no retorno de Jesus, quando este governo se manifestar sobre todas as criaturas.

11:22 quando alguém mais forte. Jesus retrata a si mesmo como alguém mais forte do que Satanás que invade a casa de Satanás e dá os despojos da vitória para aqueles que são Ele (Ef 4:8-9).

11:23 Quem não está comigo. O ministério de Jesus força todos a fazer uma escolha. A neutralidade não é uma opção. Ou Jesus vem de Deus ou não. Não se alinhar com Jesus é ser contra Ele.

11:26 a condição final. O ponto de Jesus é que experimentar a bênção de Deus e depois ignorá-la deixa a pessoa insensível à obra de Deus e exposta ao controle das forças demoníacas.

Oração Privada

Lucas 11:27–28

Jesus colocou considerável ênfase na oração privada (Mt 6:6). Isso não exclui a participação na oração pública. Nunca devemos nos envergonhar de orar ou de dar nosso testemunho de nossa fé em oração, conforme a ocasião exigir. Mas devemos estar atentos para que nossos pensamentos não fiquem na impressão que estamos causando nas pessoas. A oração é a expressão de nós mesmos a Deus. É um assunto entre nós e Deus, não algo para se falar. De longe, a maior parte de nossa vida de oração deve ser absolutamente privada, para não nos darmos chance de nos enganarmos quanto aos nossos motivos.

Se elevarmos nossos corações a Deus, antes e depois de cada ato ou decisão importante, para orientação, força ou ação de graças, e nunca dissermos nada sobre isso a ninguém, nem mesmo ao nosso amigo mais íntimo, nem mesmo ao nosso marido ou esposa, mas que seja estritamente uma questão entre nós e Deus - se fizermos isso com frequência e o guardarmos positivamente para nós mesmos, não há outro hábito que nos dê tanta alegria na vida e força para cada emergência. Passamos então pela vida de mãos dadas com um amigo todo-poderoso, a quem confiamos e consultamos sobre tudo, até nos mínimos detalhes.

A palavra de Deus

Lucas 11:27–28

Uma mulher clamou a Jesus: “Bem-aventurada a mãe que te deu à luz e te amamentou”. Jesus respondeu: “Bem-aventurados os que ouvem a palavra de Deus e a obedecem”.

Estamos inundados em uma onda de palavras. Somos constantemente agredidos por palavras escritas e faladas que abafam a voz mansa e tranquila da Palavra de Deus. É preciso esforço para ficar quieto, calar todos os outros ruídos e vozes, e ler e ouvir a Palavra de Deus - não ler livros sobre a Palavra, ouvir rádio cristã ou assistir TV religiosa - mas ler e ouvir a palavra de Deus. Jesus não achou que fosse algo opcional. Se afirmamos segui-lo, ler e ouvir sua Palavra são tão essenciais à vida quanto respirar e comer.

11:29 o sinal de Jonas. Isso se refere ao seu chamado profético ao arrependimento e não à ressurreição prefigurada pelo retorno de Jonas do ventre do grande peixe.

11:36 todo o seu corpo está cheio de luz. Uma pessoa pode se tornar como luz, uma imagem viva do que a Palavra de Deus ensina, concentrando-se na luz da verdade.

11:39 limpe o exterior. Essas condenações de Jesus são semelhantes às de Mateus 23. Os fariseus lavavam a parte externa dos copos, certificando-se de que os copos não tivessem se tornado impuros pelo contato com um inseto morto (Lv 11:31-38). Jesus salientou que os fariseus se preocupavam com as aparências externas e limpeza ritual, enquanto o que estava dentro, o que realmente conta, estava cheio de egoísmo e maldade.

11:42 dê um décimo de sua hortelã, arruda e todos os outros tipos de ervas do jardim. Alguns fariseus adotavam a interpretação mais estrita e contavam quase tudo, inclusive especiarias. No entanto, eles negligenciaram duas coisas básicas sobre as quais os profetas também haviam alertado: amor e justiça (Mq 6:8; Zc 7:8-10).

11:46 fardos. Este termo refere-se à carga de um navio. A ideia é que uma grande pressão estava sendo imposta ao povo e, no entanto, no final, esse fardo não os aproximou de Deus. Aqui Jesus repreendeu a tradição que cresceu em torno da Lei de Moisés.

11:47–48 você constrói túmulos para os profetas. Jesus fez uma comparação mordaz e irônica entre a atual geração de Israel e as gerações do passado. Jesus estava dizendo que a geração atual terminou o trabalho de matar os profetas que a geração anterior havia começado. A construção e o cuidado dos túmulos deveriam ser um ato de honra aos profetas, mas Jesus apontou que algo mais estava realmente acontecendo.

11:52 Ai de vocês, especialistas na lei. Jesus acusou os advogados de fazer o oposto do que eles alegavam ser seu chamado. Em vez de aproximar as pessoas de Deus, eles removeram a possibilidade de entrarem nesse conhecimento e impediram que outros também o entendessem.

Notas Adicionais:

11.1-13 Em resposta ao pedido de um dos seus discípulos (v. 1), Jesus ensinou a oração do Pai-Nosso. Jesus também anima os discípulos a orar (vs. 5-8) e garante que Deus ouve as orações (vs. 9-13)

11.1 Jesus estava orando. Como era seu costume (ver Lc 5.16, n.). João ensinou os discípulos dele. Lc 5.33.

11.2 Quando vocês orarem, digam. O Pai-Nosso que aparece nos vs. 2b-4 é mais curto do que o Pai-Nosso que aparece em Mt 6.9-13: são cinco pedidos em Lucas; sete pedidos em Mateus. Isto por si só já mostra que, mais do que uma fórmula fixa, o Pai-Nosso é um modelo de oração.

11.3 o alimento que precisamos. Também se pode traduzir assim: “o alimento para o dia seguinte”.

11.4 tentados. O texto original também pode ser traduzido assim: “postos à prova” (ver Lc 4.2, n.).

11.13 o Espírito Santo: A maior de todas as bênçãos de Deus (Lc 24.49; At 1.6-8).

11.14-23 A multidão concorda que Jesus tem poder sobrenatural, mas alguns acham que esse poder vem do Diabo (Mt 9.34; 10.25). Jesus argumenta que seu poder só pode vir de Deus.

11.15 Belzebu: Este nome dado ao Diabo (Mt 9.34; 10.25) quer dizer “Senhor das moscas” e parece ter relação com Baal-Zebube, o deus dos filisteus (2Rs 1.2-3).

11.16 pediam... um milagre para mostrar que o seu poder vinha de Deus. Mt 12.38; 16.1; Mc 8.11. Jesus não faz o que eles pedem, pois o fato de expulsar demônios já prova que seu poder vem de Deus.

11.19 seguidores de vocês. A passagem paralela de Mt 12.24 mostra que Jesus está falando com fariseus.

11.21-22 um homem forte... um homem mais forte. Aqui, Jesus ensina que, com a expulsão de demônios, ele (“um homem mais forte”, v. 22) está invadindo o reino do Diabo (“um homem forte”, v. 21) e levando embora tudo o que é dele, isto é, pessoas dominadas por demônios.

11.23 Quem... contra mim. Mc 9.40.

11.24-26 Quem rejeita a presença de Deus em sua vida não fica muito tempo vazio, como uma casa desocupada; as forças do mal voltam a se instalar, e a situação da pessoa fica pior do que era antes.

11.24 lugares sem água. Acreditava-se que os espíritos maus gostavam de viver no deserto, onde não havia água (Lc 8.29). a minha casa. A pessoa de quem o espírito mau tinha saído.

11.27-28 Este elogio (v. 27b) se dirige, em última análise, ao próprio Jesus. Em resposta, Jesus chama a atenção para aquilo que é realmente importante (Lc 8.19-21).

11.29-32 Aqui, Jesus responde ao pedido de um milagre feito no v. 16 (Mt 16.4; Mc 8.12).

11.30 o profeta Jonas foi um sinal. O v. 32 deixa claro que o sinal de Jonas foi a sua mensagem de que Nínive seria destruída, caso os seus moradores não se arrependessem (Jn 3.4).

11.31 a rainha de Sabá... veio de muito longe: 1Rs 10.1-10; 2Cr 9.1-12. o que está aqui. Isto é, o Reino de Deus, anunciado por Jesus.

11.32 eles se arrependeram: Jn 3.5. o que está aqui. Ver v. 31, n.

11.33-36 Usando linguagem figurada, Jesus adverte e lembra a seus ouvintes que a luz de Deus foi colocada “no lugar próprio, para que os que entram na casa possam enxergar tudo bem” (v. 33). Jesus é o sinal dado por Deus. O povo, no entanto, pede um sinal mais espetacular, dando a entender que não enxerga o sinal de Deus. O problema não está na luz, mas nos olhos que são maus e deixam o corpo cheio de escuridão (v. 34).

11.37-54 Esta série de acusações contra os fariseus (vs. 37-44) e os mestres da Lei (vs. 45-52) mostra que estava aumentando o conflito entre Jesus e as autoridades religiosas (Lc 5.21-24,30-32; 6.2-5,6-11).

11.38 não tinha se lavado. Lavar-se era mais do que simples questão de higiene; era, na verdade, uma cerimônia religiosa para tirar a impureza ritual da pessoa (Mc 7.3-4).

11.42 dão... a décima parte até mesmo da hortelã. A Lei de Moisés ordenava que fosse dada a Deus uma décima parte de todas as colheitas (Lv 27.30). A tradição dos mestres da Lei exigia que isso fosse aplicado também a todas as verduras.

11.43 lugares de honra nas sinagogas. Os lugares que ficavam diante da arca de madeira na qual se guardavam os livros sagrados da Lei (Mt 23.6).

11.44 sepulturas que não se veem. Uma pessoa que, mesmo sem querer, pisasse em cima de uma sepultura (Nm 19.16) ficava impura. Assim também ficaria espiritualmente impuro quem andasse com os orgulhosos e intolerantes fariseus.

11.49 a Sabedoria de Deus. Maneira de falar sobre a Palavra de Deus ou sobre o próprio Deus (Pv 1.20-33; 8.1-36). “Mandarei para eles profetas...” Em Mt 23.34, quem diz isso é o próprio Jesus. Não se trata, pois, de uma citação do AT.

11.51 morte de Abel. Gn 4.8. morte de Zacarias. 2Cr 24.20-21. Na Bíblia Hebraica, o último livro é 2Crônicas. Assim, o assassinato de Abel é o primeiro do AT; o de Zacarias, o último.

11.52 casa da Sabedoria. Maneira de falar sobre a sabedoria de Deus, revelada nas Escrituras Sagradas.

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