Lucas 22:1-71 — Interpretação Bíblica

Lucas 22

22:1 a Festa dos Pães Asmos. Esta festa ocorreu imediatamente após a Páscoa (Êx 12:1-20 ; Dt 16:1-8). Os dois festivais eram muitas vezes considerados como um. A Páscoa comemorava a noite da décima praga no Egito. A Festa dos Pães Asmos celebrava o êxodo.

22:4 oficiais. Estes eram levitas que eram membros da guarda do templo. Eles eram os únicos que poderiam fazer a prisão.

22:11–12 quarto de hóspedes. Essas salas eram muitas vezes disponibilizadas para os milhares de peregrinos que vinham a Jerusalém para a celebração da Páscoa e da Festividade dos Pães Asmos. Tal sala conteria sofás para os convidados dos festivais se reclinarem para a refeição. O acesso ao quarto era provavelmente feito por escadas no exterior da casa .

22:19 meu corpo... faça isso em memória. Jesus instituiu uma nova refeição, que não é apenas um memorial de Sua morte, mas também uma refeição de comunhão de unidade. É uma proclamação e um símbolo da antecipação do crente pelo retorno de Jesus quando todas as promessas de Deus serão cumpridas (1Co 10:16-17; 11:23-26).

22:20 Este cálice é a nova aliança. O vinho da Ceia do Senhor retrata a entrega da vida, um sacrifício de sangue, que inaugurou a nova aliança para aqueles que respondem à oferta de salvação de Jesus ( Hb 8:8, 13; 9:11-28).

22:30 comer e beber... sentar em tronos, julgar. Esta é uma promessa de futura bênção e autoridade. Aos discípulos foi prometido um assento no banquete da vitória e o direito de ajudar Jesus a governar Israel no seu retorno (Mt 19:28 ; 2Tm 2:12).

22:32 Eu orei por você... você voltou. A palavra grega para você aqui é singular, referindo-se especificamente a Pedro. Com efeito, Jesus restaurou Pedro antes mesmo de sua queda (vv. 54–62), e instruiu o discípulo a pastorear os santos fortalecendo-os.

22:37 o que está escrito: Jesus citou Isaías 53:12, que descreve um justo que sofre como um criminoso. Jesus observou que sua morte cumpriria a predição de Isaías.

22:42 este copo. Esta é uma figura de linguagem para a ira (Sl 11:6; 75:7-8; Jr 25:15-16; Ez 23:31-34).

22:43 o fortaleceu. A resposta de Deus à oração de Jesus não permitiu que Seu Filho evitasse o sofrimento. No entanto, Deus providenciou ajuda angelical para Jesus enfrentar o que estava por vir. Às vezes, Deus responde à oração eliminando as provações ; às vezes Ele responde fortalecendo-nos no meio deles.

A agonia no Getsêmani

Lucas 22:39–46 (Contado também em Mateus 26:36–46 ; Marcos 14:32–42; e João 18:1.)

O local tradicional deste jardim não pode estar longe do local real.

A raça humana começou em um jardim. Jesus sofreu sua agonia em um jardim. Ele foi crucificado perto de um jardim e enterrado em um jardim ( Jo 19:41). O paraíso será um jardim.

Jesus havia saído da eternidade sabendo que a cruz estava no fim do caminho, pois sabia que vinha como o Cordeiro de Deus para tirar o pecado do mundo. Como homem, ele deixou a Galileia e foi para Jerusalém com determinação, andando com passo firme, nunca vacilando, nunca vacilando. Mas agora ele havia chegado ao fim da estrada, e lá estava aquela coisa medonha. Jesus sabia que ele não só foi chamado para morrer uma morte física, mas, mais importante, também foi obrigado a morrer uma morte espiritual. A morte espiritual significava separação de Deus, o sacrifício final para este homem divino que nunca conheceu o pecado. Jesus sabia que era obrigado a assumir o pecado da humanidade, que exigia a separação de seu Pai e uma descida às profundezas do inferno. Isso fez até Jesus, o Filho de Deus, pedir: “Pai, se você quiser, tire de mim este cálice”. No entanto, Jesus sabia que só ele era o caminho, e sua missão era clara. Ele deveria vencer a morte e pagar a pena para que a humanidade pudesse se reunir com Deus.

À medida que as duas, três ou quatro horas de oração fervorosa passaram, sua agonia e determinação o fizeram suar “como gotas de sangue”, e ele se sentiu tão fraco que Deus enviou um anjo para fortalecê-lo.

Nossas mentes humanas não podem compreender a imensidão de sua tarefa e de seu sacrifício. Simplesmente sabemos que foi para nos salvar e que o sofrimento de Jesus é a influência mais abençoada que o mundo já conheceu.
22:52 uma rebelião. O termo grego para rebelião foi usado tanto para bandidos da estrada quanto para revolucionários. Jesus repreendeu seus captores por tratá-lo como se ele fosse um perigoso transgressor da lei.

22:59 porque ele é galileu. De acordo com Marcos 14:70, o sotaque de Pedro o denunciava como sendo da mesma região que Jesus.

22:66 os anciãos do povo... se reuniram. A descrição aqui é de um grande julgamento matinal que envolveu todos os líderes religiosos judeus, todo o conselho ou Sinédrio. Este julgamento violou várias regras legais judaicas dadas em fontes posteriores: reunião na manhã de um festival; reunião na casa de Caifás; julgar um réu sem defesa; e chegar ao veredicto em um dia, em vez dos dois dias necessários para casos capitais.

22:69 à direita do Deus poderoso. A resposta de Jesus aqui alude à imagem real da entronização do Salmo 110:1. Esta resposta é o que o condenou. Aparentemente , o que ofendeu a audiência de Jesus foi a afirmação de estar sentado na presença de Deus e de exercer autoridade divina. Com efeito, a resposta à pergunta deles sobre ser o Cristo foi mais do que eles esperavam. Não era blasfemo afirmar ser o Messias. O que era blasfemo era a afirmação de ser o juiz do povo judeu com a autoridade de Deus.

Fonte: NIV Halley’s Study Bible, 2020 por Zondervan

Notas Adicionais:

22.1-6 Os líderes religiosos já tinham decidido matar Jesus (Lc 19.47), mas tinham medo do povo (v. 2; Lc 19.48; 20.19). Tudo fica mais fácil quando Judas vai até eles para “combinar a maneira como ele ia lhes entregar Jesus” (v. 4). Judas é um dos doze discípulos (v. 3,47), o que torna mais terrível ainda a sua traição (vs. 21-22)

22.4 oficiais da guarda do Templo: Levitas que tinham a função de guardar o Templo e manter a ordem sob a supervisão do Grande Sacerdote.

22.7-23 Para os judeus, a Páscoa comemora a libertação dos seus antepassados da escravidão no Egito. Foi durante o jantar da Páscoa que Jesus instituiu a Ceia do Senhor, que é a nova aliança de Deus com o seu povo (v. 20).

22.7 matavam carneirinhos: Os carneirinhos era mortos no Templo, no pátio dos sacerdotes, durante a tarde do dia 14 de nisã, que, naquele ano, caiu na quinta-feira.

22.8 o jantar da Páscoa: Este jantar era servido depois do pôr-do-sol, isto é, já no dia 15 de nisã. No calendário dos judeus, o dia começava com o pôr-do-sol.

22.10 cidade: Trata-se de Jerusalém. um homem carregando um pote de água: Algo fora do comum, pois aquele era considerado trabalho das mulheres.

22.13 prepararam o jantar da Páscoa: De acordo com as instruções citadas em Êx 12.3-11.

22.14 a hora: Depois do pôr-do-sol da quinta-feira (ver v. 8, n.). Ao mesmo tempo, essa hora é “o tempo de Jesus ir para o céu” (Lc 9.51; Jo 12.23; 13.1; 17.1).

22.17 Peguem isto: De acordo com Lucas, Jesus oferece o cálice duas vezes: antes (v. 17) e depois do jantar (v. 20). Isso porque Lucas faz distinção entre o jantar da Páscoa (vs. 15-18) e a ceia da nova aliança de Deus com o seu povo (vs. 19-20).

22.19-20 que é entregue em favor de vocês... derramado em favor de vocês: Esta é uma das poucas vezes em que Jesus explica por que ele vai sofrer e morrer (Mt 20.28; Mc 10.45).

22.20 a nova aliança... garantida pelo meu sangue: A aliança que Deus fez no monte Sinai com o povo de Israel foi garantida pelo sangue de animais (Êx 24.8). Jesus está fazendo a nova aliança (1Co 11.25) sobre o qual falou o profeta Jeremias (Jr 31.31-34).

22.21 sentado comigo à mesa: As palavras de Jesus lembram Sl 41.9, onde o salmista se queixa de que está sendo traído por um dos seus melhores amigos.

Quem é o mais importante

(Leia Lucas 22.24-38)

Como já tinha feito em momentos anteriores (Lc 7.36-50; 10.38-42; 11.37-54; 14.1-6), também agora Jesus ensina durante uma refeição. São três assuntos (vs. 24-30,31-34,35-38), e todos têm a ver com o sofrimento de Jesus.

22.24 Os apóstolos tiveram uma forte discussão: Depois de falar sobre o traidor (v. 21), Jesus presencia essa discussão sobre qual dos apóstolos seria o mais importante (Lc 9.46; Mt 18.1; Mc 9.34). Quem trai e quem discute são os apóstolos, durante a última ceia, no momento em que Jesus fala sobre seu sofrimento (v. 15) e morte (vs. 19-20). Lucas vê isso como uma lição e um alerta para os discípulos e para a Igreja.

22.25 “Amigos do Povo”: Naquele tempo, os reis gostavam de usar esse título (no grego, Euergétes), e alguns até o colocavam como parte do nome.

22.26 entre vocês não pode ser assim: Mt 20.25-27; 23.11; Mc 9.35; 10.42-44.

22.27 eu sou como aquele que serve: Mt 20.28; Mc 10.45; Jo 13.12-15; Fp 2.6-11. O que o Mestre faz, os seus seguidores também devem fazer (1Pe 5.5).

22.28 sofrimentos: A mesma palavra é usada para falar sobre as tentações de Jesus (Lc 4.13).

22.30 sentarão em tronos: Mt 19.28-29; 2Tm 2.11-12. julgar: No sentido de “governar” ou “reinar” (Rm 5.17; Ap 3.21; 5.10). as doze tribos de Israel: A comunidade do povo de Deus (Ap 7.4-10).

22.32 quando você voltar para mim: Vs. 61-62; 24.34; 1Co 15.5. os seus irmãos: Ver Lc 6.41, n.

22.35 quando eu os enviei: Lc 9.3; 10.4; Mt 10.9-10; Mc 6.8-9.

22.36 bolsa... sacola... espada: Os discípulos tomam as palavras de Jesus ao pé da letra, ou seja, pensam em bolsas, sacolas e espadas (vs. 38,49-50). É mais provável que Jesus use linguagem figurada, para mostrar que, a partir daquele momento, começava um novo período, um tempo de lutas e dificuldades. Agora, os discípulos precisam pagar as suas despesas e proteger-se dos seus inimigos.

22.37 as Escrituras Sagradas dizem: Jesus cita Is 53.12, que faz parte de um texto que fala sobre o sofrimento redentor do Servo de Deus.

22.38 Basta! Isso tanto pode significar “duas espadas é o que basta (para eu ser considerado um criminoso)” (v. 37) como pode significar “basta deste assunto”. A segunda opção é a mais provável (ver v. 36, n.).

22.39-53 Lucas tem grande interesse no tema da oração e dá um destaque todo especial a esse acontecimento no monte das Oliveiras.

22.40 lugar escolhido: Possivelmente, o lugar onde ele passava as noites (Lc 21.37). não sejam tentados: A tentação é aquilo que vai acontecer com Jesus e que pode acabar enfraquecendo e destruindo a fé que os discípulos têm nele.

22.43 Os vs. 43-44 não fazem parte do texto original.

22.47 chegou perto de Jesus para beijá-lo: Um discípulo saudava o seu mestre com um beijo no rosto. No texto de Lucas, não fica claro se Judas, de fato, beijou Jesus (Mc 14.45).

22.50 Um deles Simão Pedro (Jo 18.10).

22.53 Eu estava com vocês todos os dias no... Templo: Lc 19.47; 21.37. a hora do poder da escuridão: Trata-se de uma vitória temporária das forças do mal (1Co 2.8); a vitória final pertence a Deus (Jo 1.5; Cl 1.13).

22.54-65 Pedro tinha dito que Jesus é o Messias (Lc 9.20) e, poucas horas antes, tinha jurado que nunca o negaria (v. 33). Agora, ele vai negar Jesus três vezes, cumprindo a profecia de Jesus (v. 34).

22.54 Grande Sacerdote: Aqui, é Caifás, que ocupou o cargo de 18 a 31 d.C. (ver Lc 3.2, n.; Jo 18.13).

22.59 também é galileu: Possivelmente, o modo de falar denunciava os galileus (ver Mt 26.73, n.).

22.61 olhou firme para Pedro: Para fazer Pedro cair em si, esse olhar de Jesus foi tão ou mais importante do que o cantar do galo e a lembrança das palavras de Jesus.

22.63 estavam guardando Jesus: Jesus ficou preso durante a noite na casa do Grande Sacerdote (v. 54). Foi julgado apenas quando amanheceu (v. 66).

22.66-71 Segundo a lei, o Conselho Superior, que tratava de assuntos religiosos e civis dos judeus, somente podia julgar uma pessoa durante o dia. Também não podia condenar ninguém à morte, pois este era um direito que os romanos tinham reservado para si.

22.67 lhe disseram: Neste contexto, Lucas não menciona o Grande Sacerdote. Ele respondeu: Se eu disser que sim...: Parece que Jesus não quer dar uma resposta clara à pergunta sobre o Messias. Talvez porque Messias fosse um título mais político do que religioso. Mas Jesus responde, como se vê no v. 69.

22.70 Então você é o Filho de Deus? Uma segunda pergunta, que aprofunda a questão a respeito do Messias (v. 67). É uma pergunta até natural, depois que Jesus falou sobre o Filho do Homem sentado do lado direito do Deus Todo-Poderoso (v. 69). São vocês que estão dizendo isso: O texto original também pode ser traduzido assim: “De fato, eu sou, como vocês dizem”. Isso equivale a um “sim”.

22.71 Nós mesmos ouvimos o que ele disse: Para os líderes dos judeus, as palavras de Jesus (v. 69) eram uma blasfêmia, e ele devia ser morto (Mc 14.62-64; Jo 19.7). Só que, aqui em Lucas, eles não dizem diretamente que Jesus precisa morrer. Entendem que aquilo que ouviram é suficiente para levar o caso a Pilatos.

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