Lucas 2 — Comentário de Matthew Henry

Comentário de Lucas 2




Lucas 2

Comentário de Lucas 2:1-7

A plenitude do tempo estava agora para chegar, quando Deus enviaria seu Filho, nascido de mulher e submetido à lei. As circunstâncias de seu nascimento foram muito vis. Cristo nasceu numa pousada; veio ao mundo a estar aqui por um tempo, como numa pousada, e a ensinar-nos a fazer o mesmo. O pecado nos faz como um infante abandonado, indefeso e solitário; e assim foi Cristo. Ele soube bem quão pouca vontade há para que nos alojem, nos vistam, nos alimentem pobremente; quanto desejamos ter nossos filhos ataviados e consentidos; quão dados são os pobres a invejar o rico, e quanto tendem os ricos a desprezar os pobres. Mas quando pela fé vemos o Filho de Deus que é feito homem e jaz numa manjedoura, nossa vaidade, ambição e inveja são freadas. Não podemos buscar grandes coisas para nós mesmos ou para nossos filhos tendo este objeto justo diante de nós.

Comentário de Lucas 2:8-20

Os anjos foram arautos do recém-nascido Salvador, mas foram enviados somente a uns pastores pobres, humildes, piedosos, trabalhadores, que estavam ocupados em sua vocação, vigiando seus rebanhos. Não estamos fora do caminho das visitas divinas quando estamos empregados em uma vocação honesta e permanecemos com Deus nisso. Que Deus tenha a honra desta obra; glória a Deus nas alturas. A boa vontade de Deus para com os homens, manifestada no envio do Messias, redunda para sua glória. Outras obras de Deus são para sua glória, mas a redenção do mundo é para sua glória no alto. A boa vontade de Deus ao enviar o Messias trouxe a paz a este mundo inferior. A paz é aqui colocada para tudo o de bom que flui a nós desde que Cristo assumiu nossa natureza. Ditado fiel é este, avaliado por uma companhia incontável de anjos, e bem digno de toda aceitação: que a boa vontade de Deus para com os homens é glória para Deus no alto, e paz na terra.

Os pastores não perderam tempo; partiram pressurosos para o lugar. Ficaram satisfeitos e deram a conhecer por todas partes acerca deste menino, que era o Salvador, Cristo o Senhor. Maria observa cuidadosamente e pensa em todas estas coisas, que eram tão boas para vivificar seus piedosos afetos. Deveremos ser mais livrados dos erros de juízo e prática se sopesarmos mais plenamente estas coisas em nossos corações. Ainda se proclama em nossos ouvidos que nos nasceu um Salvador, Cristo o Senhor. Esta deve ser a boa nova para todos.

Comentário de Lucas 2:21-24

Nosso Senhor Jesus não nasceu em pecado e não necessitou a mortificação de uma natureza corrupta ou a renovação para santidade, que significava a circuncisão. Esta ordenança foi, em seu caso, uma prenda de sua futura obediência perfeita de toda a lei, em meio de sofrimentos e tentações, ainda até a morte por nós.

No final dos quarenta dias,Maria foi ao templo a oferecer os sacrifícios estabelecidos para sua purificação. José apresenta também ao santo menino Jesus, porque como primogênito, devia ser apresentado ao Senhor, e ser remido conforme com a lei. Apresentemos nossos filhos ao Senhor que nos o deu, rogando-lhe que os resgate do pecado e da morte, e os faça santos para Ele.

Comentário de Lucas 2:25-35

O mesmo Espírito que proveu para sustentar a esperança de Simeão, proveu para seu gozo. Os que desejam ver a Cristo devem ir a seu templo. Eis aqui uma confissão de sua fé, que o Menino que tem nos braços era o Salvador, a salvação mesma, a salvação planificada por Deus. Despede-se deste mundo. Quão pobre lhe parece este mundo ao que tem a Cristo em seus braços, e a salvação à vista! Veja-se aqui quão consoladora é a morte de um homem bom; vai-se em paz com Deus, em paz com sua consciência, em paz com a morte. Os que deram as boas-vindas a Cristo, podem dar as boas-vindas à morte.

José e Maria se maravilhavam ante as coisas que se diziam do Menino. Simeão lhes mostra igualmente quanta razão tinham para regozijar-se com tremor. Ainda se fala contra Jesus, sua doutrina e seu povo; ainda se nega e se blasfema sua verdade e sua santidade; sua palavra pregada continua sendo a pedra de toque do caráter dos homens. Os bons afetos secretos das mentes de alguns serão revelados ao abraçar a Cristo; as corrupções secretas dos outros serão reveladas por sua inimizade com Cristo. Os homens serão julgados pelos pensamentos de seus corações em relação a Cristo. Ele será um Jesus sofredor; sua mãe sofrerá com Ele devido à proximidade da relação e ao afeto dela.

Comentário de Lucas 2:36-40

Então havia muito mal na Igreja, e contudo, Deus não ficou sem testemunho. Ana sempre estava ali ou, pelo menos ia ao templo. Estava sim sempre em espírito de oração; entregava-se à oração e em todas as coisas servia a Deus. Aqueles aos que Cristo se dá a conhecer, têm muitos motivos para dar graças ao Senhor. Ela ensinava aos outros acerca dEle. Que o exemplo dos veneráveis santos, Simeão e Ana, dêem valor àqueles cujas cabeças brancas, como as deles, são coroa de glória, caso se encontrem no caminho da justiça. Os lábios que logo se silenciarão no túmulo, devem dar louvores ao Redentor.

Em todas as coisas conveio a Cristo ser feito semelhante a seus irmãos, portanto, passou a infância e a meninice como as outras crianças, porém sem pecado e com provas evidentes da natureza divina nEle. Pelo Espírito de Deus todas suas faculdades desempenharam os ofícios de uma forma não vista em mais ninguém. Outras crianças têm abundante torpeza em seus corações, o que se adverte no que dizem ou fazem, mas Ele estava cheio de sabedoria pelo poder do Espírito Santo; tudo o que disse ou fez foi dito e feito sabiamente, por acima de sua idade. Outros meninos mostram a corrupção de sua natureza; nada senão a graça de Deus estava sobre Ele.

Comentário de Lucas 2:41-52

Pela honra de Cristo é que as crianças devem assistir ao serviço público de adoração. Seus pais não voltaram até que tivessem permanecido os sete dias da festa. Bom e permanecer até o fim de uma ordenança como corresponde aos que dizem: Bom é estarmos aqui. Os que perderam suas consolações em Cristo, e as provas de que tinham parte nEle, devem refletir onde e quando e como as perderam, e devem voltar. Os que recuperem sua perdida familiaridade com Cristo devem ir ao lugar em que Ele tem colocado seu nome; ali podem esperar achá-lo.

Eles o acharam em alguma parte do templo, onde os doutores da lei tinham suas escolas; estava sentado ali, ouvindo sua instrução, apresentando perguntas e respondendo interrogantes, com tal sabedoria que os que o ouviam se deleitavam com Ele. As pessoas jovens devem procurar o conhecimento da verdade divina, assistir ao ministério do evangelho e fazer tais perguntas a seus anciãos e mestres que tendam a incrementar seu conhecimento.

Os que buscam a Cristo com choro, o acharão com o gozo maior. Não sabiam que devia ocupar-me dos negócios de meu Pai? Devo estar na casa de meu Pai; na obra de meu Pai; devo ocupar-me no negócio de meu Pai. Eis aqui um exemplo, pois convém aos filhos de Deus, de conformidade com Cristo, assistir o negócio de seu Pai celestial e fazer que todos os outros interesses lhe cedam o lugar.

Ainda que era o Filho de Deus, contudo, esteve submetido a seus pais terrenos;então, como responderão os filhos dos homens, fracos e néscios, que desobedecem a seus pais? Como seja que rejeitemos os ditados dos homens, porque são escuros, não devemos pensar assim dos ditados de Deus. O que ao princípio é escuro pode, depois, voltar-se claro e fácil. Os maiores e mais sábios, os mais eminentes, podem aprender deste admirável Menino Divino, que conhecer nosso lugar e ofício é a grandeza mais verdadeira da alma; para negar-nos as diversões e prazeres que não condizem com nosso estado e vocação.

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