Lucas 7:1-50 — Interpretação Bíblica

Lucas 7

7:1 Cafarnaum. Esta cidade ficava na costa noroeste do Mar da Galileia. Era uma importante cidade no norte da Galileia com uma economia centrada na pesca e na agricultura. Fortemente judaica, foi o centro do ministério galileu de Jesus (4:31-44).

7:5 construiu nossa sinagoga. O governo romano considerava as sinagogas valiosas porque sua ênfase moral ajudava a manter a ordem.

7:9 não encontrado... mesmo em Israel. O exemplo de fé do centurião veio de fora da nação de Israel. Este é um dos dois únicos casos em que a Bíblia menciona que Jesus “ficou maravilhado” (Mc 6:6).

O servo do centurião

Lucas 7:1–10 (Esta história é contada também em Mateus 8:5–13.)

Um centurião era um oficial romano encarregado de 100 soldados. Naquela época, a Palestina estava sob controle romano por cerca de 100 anos. Os oficiais romanos, muitas vezes, eram brutais e desprezados. Mas alguns deles, talvez influenciados pela religião judaica, eram bons homens. O primeiro gentio a ser recebido na igreja foi um centurião chamado Cornélio (At 10).

7:12 uma pessoa morta... realizado. Este foi um cortejo fúnebre. O cemitério estava localizado fora dos portões da cidade. Os funerais eram normalmente realizados no dia da morte porque manter um corpo durante a noite tornava a casa impura.

O Filho da Viúva de Naim Ressuscitou

Lucas 7:11–17

Esta é uma das três ressurreições registradas. As outras são a filha de Jairo (Mc 5,22) e o amigo de Jesus Lázaro (Jo 11,1). Jesus pode ter levantado outros também (Lc 7:22). Ele comissionou os Doze para ressuscitar os mortos (Mt 10:8).

7:24–26 Jesus começou a falar à multidão sobre João. As perguntas que Jesus fez foram elaboradas para enfatizar que João Batista desempenhou um papel especial no plano de Deus. As multidões não foram ao deserto para ver paisagens ou um homem vestido com roupas especiais, mas para ver um profeta.

7:28 o menor no reino de Deus. Jesus enfatiza o contraste entre a antiga e a nova era. João foi o maior profeta que já nasceu. Mas a pessoa mais baixa na nova era do reino de Deus é mais alta que o maior profeta da era antiga.

7:31–34 Com o que, então, posso comparar. Jesus fez uma comparação entre crianças brincando no mercado e a atual geração de Israel, referindo-se especialmente aos líderes religiosos judeus. Os líderes eram como as crianças que reclamavam, não importava a música tocada. João Batista recusou-se a comer pão ou beber vinho, e os líderes religiosos o rejeitaram como endemoninhado. Em contraste, Jesus, o Filho do Homem, foi acusado de viver frouxamente e se associar com pecadores. Não importa qual fosse o estilo do mensageiro de Deus, os líderes religiosos reclamaram e o rejeitaram.

7:36 um dos fariseus convidou Jesus para jantar com ele. Este evento não é o mesmo de Mateus 26:6–13; Marcos 14:3–9; e João 12:1–8. O evento descrito nessas passagens ocorreu na casa de um leproso, um lugar onde nenhum fariseu jamais teria ido.

7:37 jarra de alabastro. Este foi feito de pedra macia para preservar a qualidade do perfume precioso e caro. Há humildade e devoção no ato de serviço da mulher, bem como muita coragem, ao realizar o ato diante de uma multidão que a conhecia como pecadora.

7:44–46 Você vê essa mulher? Jesus contrastou as ações da mulher com as ações do fariseu Simão, dando a entender que a mulher sabia mais sobre perdão do que Simão (v. 47).

A mulher pecadora

Lucas 7:36–50

Não há a menor base para identificar esta mulher com Maria Madalena ou Maria de Betânia. Esta unção não é a mesma unção em Betânia pouco antes da crucificação de Jesus (Jo 12:1-8). Um banquete era uma espécie de assunto público. Como era de costume, Jesus estava meio reclinado em um sofá, com o rosto voltado para a mesa, os joelhos dobrados para trás, então foi fácil para a mulher se aproximar. Chorando, beijando seus pés, banhando-os com o perfume caro e enxugando as lágrimas que caem com seus cabelos - ela nos envergonha ao se curvar aos pés de seu Senhor em humildade abjeta e adoração devota.

Jesus foi muito terno em sua atitude para com as mulheres que deram um passo em falso (Jo 4:18; 8:1-11) — mas ninguém jamais atribuiu sua atitude a motivos questionáveis (Jo 4:27).
Notas Adicionais:

Um oficial romano, que é pagão, reconhece a autoridade de Jesus e é modelo de fé

7.1 Cafarnaum: Ver Lc 4.31, n.

7.2 oficial romano: Ele era um centurião, isto é, um oficial romano que comandava uns cem soldados.

7.4 Esse homem merece: Aqui está um representante dos não-judeus que, mesmo na opinião dos judeus, merece receber a salvação e fazer parte do novo povo de Deus. Ele lembra Cornélio, que, mais tarde, no Livro de Atos (At 10), foi o primeiro não-judeu a ser oficialmente aceito como membro da Igreja (At 10).

7.5 nosso povo: São judeus falando com outro judeu, a saber, Jesus.

7.6 mandou alguns amigos: Em Lucas, o oficial romano não se encontra pessoalmente com Jesus, como acontece em Mt 8.5, mas manda líderes judeus e amigos para falarem com ele. eu não mereço: O oficial romano trata Jesus como seu superior. Por isso, não convém que Jesus entre na casa dele.

7.11-17 Depois de curar um empregado que estava quase morto (v. 2), Jesus ressuscita um moço que tinha morrido fazia pouco tempo. A ação de Jesus lembra os feitos de Elias (1Rs 17.10-12,17-24) e Eliseu (2Rs 4.18-37), os primeiros dois grandes profetas do povo de Israel. A cidade de Naim ficava perto do lugar onde, no AT ficava a cidade de Suném (2Rs 4.8). É, pois, compreensível que as pessoas dissessem: “Que grande profeta apareceu entre nós!” (v. 16). Mas Jesus é maior do que Elias ou Eliseu. Enquanto os profetas do AT oraram a Deus para que as pessoas vivessem de novo, Jesus ressuscitou o moço com a autoridade de sua palavra (v. 14). Por isso, é natural que as pessoas digam: “Deus veio salvar o seu povo!” (v. 16). Só Lucas conta esta história.

7.11 Naim: Cidade que ficava a uns 10 km a sudeste de Nazaré.

7.13 o Senhor: Pela primeira vez Lucas usa este título ao falar sobre Jesus (Lc 6.19; 10.1,41; 11.39; 12.42; 13.15). ficou com muita pena dela: Também por ser ela uma viúva. Ela é um daqueles pobres felizes (Lc 6.20).

7.14 tocou no caixão: Segundo a Lei de Moisés, ao fazer isso Jesus corria o risco de ficar impuro (Nm 19.11,16).

7.18-30 A missão de João Batista era preparar o caminho para o Messias (Lc 3.1-18). João tinha sido preso (Lc 3.20), mas os seus discípulos lhe contavam o que Jesus estava fazendo.

7.19 aquele que ia chegar: Isto é, o Messias prometido por Deus. O que Jesus vinha fazendo não estava de acordo com o que João Batista tinha dito que o Messias ia fazer (Lc 3.16-17).

7.21-22 Jesus curou muitas pessoas... Depois respondeu aos discípulos de João: Jesus responde com atos e com palavras. O que ele faz cumpre o programa de serviço anunciado em Lc 4.17-21. Cumpre também o que o profeta Isaías tinha dito a respeito dos tempos messiânicos (Is 29.18-21) e sobre a missão do Servo de Deus (Is 61.1). leprosos: Ver Lc 4.27, n.

7.27 o meu mensageiro: João Batista é profeta, mas é também mais do que isso. Ele é o mensageiro que Deus enviou para preparar o caminho do Messias e assim cumpre a profecia de Ml 3.1.

7.31-35 Como crianças que nunca estão satisfeitas, as pessoas daquele tempo rejeitaram tanto João Batista como Jesus, ainda que o modo de vida de Jesus tivesse sido completamente diferente do modo de vida de João. Mas aqueles que aceitam a sabedoria de Deus conseguem enxergar o verdadeiro valor da missão de João e de Jesus.

7.33 jejua e não bebe vinho: Ver Lc 1.15, n. “Ele está dominado por um demônio”: Aqui, como em Jo 10.20, isso é o mesmo que dizer: “Ele está pouco”.

7.36-50 Este acontecimento dá um exemplo do que é dito no v. 34: Jesus é o amigo das pessoas de má fama. Também ilustra a preocupação de Jesus pelas mulheres (Ver Intr. 4.1). Um acontecimento parecido é descrito em Mt 26.7; Mc 14.3; Jo 12.3.

7.36 Um fariseu convidou Jesus: Isso vai se repetir mais duas vezes no Evangelho de Lucas (Lc 11.37; 14.1). sentou-se para comer: Naquele tempo, para tomar uma refeição, especialmente num dia de festa, as pessoas se deitavam em almofadas, apoiando-se no cotovelo e espichando as pernas para trás (v. 38). A comida era servida em mesas baixas. Num jantar desses era comum discutir algum assunto. As portas da casa ficavam abertas, sendo possível e até comum que pessoas estranhas entrassem para ouvir ou participar da discussão.

7.37 mulher de má fama: Provavelmente, uma prostituta.

7.41 moedas de prata: Esta moeda de prata era o salário pago a um trabalhador do campo por um dia de trabalho (Mt 20.2).

7.46 azeite perfumado na minha cabeça: O dono da casa punha azeite perfumado na cabeça do hóspede, para com isso tirar a poeira e cuidar dos seus cabelos ressecados pelo sol.

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