Interpretação de 1 Crônicas 11

Interpretação de 1 Crônicas 11

Interpretação de 1 Crônicas 11


1 Crônicas 11


B. A Ascensão de Davi. 11:1 – 20:8.
Depois da morte de Saul em 1010 A.C., Davi foi ungido em Hebrom, rei sobre a tribo de Judá (lI Sm. 2:4). Mas ele foi rejeitado como monarca nacional (II Sm. 2:5, 6) quando Isbosete, o filho de Saul, foi coroado pelas tribos do norte e leste (II Sm. 2:8, 9). O cronista, entretanto, ignora este período inglório de sete anos e meio (II Sm. 5:5) de disputa pela sucessão, guerra civil e domínio filisteu (cons. II Sm. 3,4), e passa rapidamente para os acontecimentos depois do reconhecimento de Davi sobre todo Israel (1003 até cerca de 995 A.C.) - I Crônicas 11:1 – 20:3 faz, assim, um paralelo com II Sm. 5-10 (omitindo o cap. 9, a bondade particular de Davi para com Mefibosete), desenvolvendo-a. Descreve como tomou Jerusalém, que veio a ser “a cidade de Davi”, sua capital política, junto com seus aliados militares (caps. 11-12). Narra como obteve a independência dos filisteus (cap. 14) e como centralizou o culto instalando a arca em Jerusalém, que assim veio a ser também a capital religiosa de Israel (caps. 13; is ;16). Registra o avanço dos seus exércitos vitoriosos em todas as direções (caps. 18.20).
O clímax é atingido na profecia divina através de Natã (cap. 17): “Eu fui contigo, por onde quer que andaste . . . abati a todos os teus inimigos” (17: 8, 10). Esta mensagem de esperança não se aplica somente a Davi, mas a “o meu povo Israel . . . para tempos distantes” (17:9, 17); à lutadora comunidade de Esdras; à igreja do grande Filho de Davi, de quem Deus disse: “Ele me será por Filho” (17:13); e ao reino, que ainda está para ser consumado, do Messias, cujo 'trono será estabelecido para sempre” (17:14).
1) Davi Estabelece Seus Heróis em Jerusalém. 11:1 – 12:40.
1 Crônicas 11
Depois de ser ungido rei sobre todo Israel (11:1-3), a primeira tarefa de Davi foi tomar a fortaleza de Jerusalém (vs. 4-9). Isto lhe forneceu não só uma cidadela inexpugnável, mas também uma região neutra, na fronteira entre Judá e o norte, para capital de seu reino unido. Então o cronista enumera os heróis de Davi, “os Três” (vs. 10-19), os dois comandantes (20-25) e “os Trinta” (26-47), seguidos de uma descrição dos oficiais e unidades militares que se agregaram sob a sua bandeira no exílio e que foram grandemente responsáveis por sua ascensão ao trono (I Cr. 12). Esta última seção se encontra apenas em Crônicas, embora o capítulo 11 tenha um paralelo semelhante em II Sm. 5:1-10; 23:8-39.
11:3. Ungiram a Davi rei . . . segundo a palavra do Senhor. Vinte anos antes Samuel tinha consagrado Davi através da legítima unção divina (I Sm. 15:28; 16:1-13), e as tribos finalmente reconheceram ambos, seu valor pessoal e sua tarefa divina. Mas Davi fez com eles afiança, estabelecendo uma monarquia “constitucional”, única no antigo Oriente Próximo. Pois o único freio eficiente contra o despotismo é a entrega do crente ao domínio de Deus. (Compare os escrúpulos religiosos do próprio Acabe na sua fraqueza, I Reis 21:3, 4, com a atitude mais “natural” de Jezabel, vs. 7-10).
4. Jerusalém, que é Jebus. Esta antiga cidade-estado tem sido conhecida como “Salém” por Abraão (Gn. 14:18) e como “Urusalim” pelos egípcios no tempo da conquista (nas cartas de Amarna de cerca de 1400 A.C.). Jerusalém foi um centro de resistência cananita contra os hebreus (Js. 10:1-5). Josué derrotou seu exército e executou seu rei (12:7, 10), e a tribo de Judá acabou com suas defesas em um ataque inicial (Jz. 1:8). Mas por quase 400 anos Judá tinha sido incapaz de tomar a cidade ou expulsar seus habitantes jebuseus (Js. 15:63; Jz. 1: 21; 19:10-12); eis a razão de sua super-confiança (I Cr. 11:4; cons. II Sm. 5:6).
6. Será chefe e comandante. Talvez Davi fizesse esta oferta na esperança de demitir Joabe, seu eficiente mas descontrolado general em Judá (cons. II Sm. 3:39), promovendo outro para o posto de comandante dos exércitos unidos de Israel. Mas Joabe subiu primeiro, usando um sinnôr, “gancho”, ou escada própria para escalar (II Sm. 5:8). A E.R.A. traduz “canal subterrâneo”, o que corresponde ao túnel jebuseu que os arqueólogos encontraram cavado através da rocha sob a cidade, evidentemente usado para puxar água em caso de cerco.
8. Milo significa aterro e talvez fosse uma fortificação construída para preencher uma lacuna nas defesas (cons. R.A. Stewart Macalister, A Century of Excavation in Palestine, pág. 106).
10. Os principais valentes foram incluídos a esta altura por causa de sua influência na ascensão de Davi ao poder. Parte desta lista – até o versículo 41a – também se encontra, com variantes de ortografia, etc., como um dos apêndices a II Samuel (23: 8-39). Doze dos heróis aparecem em uma lista de comandantes de doze batalhões das forças armadas de Davi (I Cr. 27).
11. Os valentes. O texto hebraico diz “os Trinta”, que poderia ter sido o número inicial desta “legião de honra” de Davi. Realmente nomeados estão trinta e sete (II Sm. 23:39), incluindo os Três ilustres e os dois comandantes, mais outros dezesseis (I Cr. 11:41b-47), aparentemente adições subseqüentes ao grupo original.
13. O texto de I Crônicas é deficiente neste ponto. Com base em II Sm. 23:9-11 a seguinte restauração poderia ser feita: Quando se ajuntaram ali os filisteus à peleja, “e os homens de Israel tinham partido, ele se levantou e feriu os filisteus até que sua mão se cansou e sua mão apegou-se à espada, e o Senhor operou uma grande vitória naquele dia; e o povo retornou depois dele só para apanhar o despojo. E atrás dele vinha Shamá, o filho de Ageu, o hararita. E os filisteus estavam reunidos em um batalhão”, onde havia um pedaço de terra . . . Os “Três” mais ilustres eram, então, Jasobeão, Eleazar e Shamá.
15. O exército dos filisteus se acamparam no vale de Refaim a sudoeste de Jerusalém. Isto se refere a sua primeira campanha contra Davi (14:8, 9), antes mesmo da tomada da cidade. Davi assim recorreu ao seu velho refúgio de foragido da justiça em Adulão (cons. I Sm. 22:1; II Sm. 5:21).
20. O meio-sobrinho de Davi, Abisai, tinha servido com Joabe contra Abner (II Sm. 2:24) e mais tarde liderou divisões nas guerras contra os amonitas (lI Sm. 10:10), Absalão (II Sm. 18:2), e Seba (II Sm. 20:6). Seu heroísmo com Davi no acampamento de Saul está registrado em I Sm. 26:6, 7.
21. Dos três foi mais ilustre do que os outros dois, E.R.C. Leia-se : “Dentre os Três ele foi duas vezes mais nobre” (KD), sendo feito seu comandante, embora não logrando realizar seus específicos atos de heroísmo.
22. Benaia foi o comandante designado para os batalhões profissionais dos cretenses e filisteus que formavam a guarda pessoal de Davi (18:17). Ele veio a ser o general superior de Salomão (I Reis 4: 4).
23. O eixo do tecelão refere-se ao pesado eixo do tear que mantém os fios esticados.
26. Asael foi morto quando perseguia Abner na guerra de Davi contra Isbosete (II Sm. 2:18-23).
34. Bené-Hasém e não os filhos de Hasém.