Lucas 3 — Comentário Devocional

Lucas 3

Lucas 3 apresenta o chamado de João Batista ao arrependimento e à preparação para a chegada do Messias. Inclui o batismo de Jesus, destacando Sua identidade e missão. O capítulo enfatiza o arrependimento, o simbolismo do batismo e a vida ética.

1. Arrependimento e Preparação: O capítulo começa com o ministério de João Batista, que chama as pessoas ao arrependimento e a preparar seus corações para a vinda do Messias. Isto nos ensina a importância de examinarmos as nossas vidas, reconhecermos a nossa necessidade de arrependimento e prepararmo-nos para a obra de Deus nos nossos corações.

2. Frutos do Arrependimento: João instrui aqueles que vêm a ele a produzir frutos de arrependimento. Isto significa que o arrependimento genuíno deve resultar em mudanças observáveis no comportamento e nas atitudes. A lição aqui é que o verdadeiro arrependimento leva à transformação e a um alinhamento mais profundo com a vontade de Deus.

3. Igualdade diante de Deus: João enfatiza que todas as pessoas, independentemente de sua origem ou status, precisam se arrepender. Isso ressalta a ideia de que todos estão igualmente diante de Deus e precisam de Sua graça e perdão.

4. O papel do batismo: O batismo de João simboliza limpeza e renovação. Significa um compromisso de abandonar o pecado e abraçar um novo modo de vida. O batismo continua a ser um símbolo poderoso de renascimento espiritual e dedicação a Cristo.

5. Batismo de Jesus: Lucas 3 inclui o relato do batismo de Jesus por João. Embora Jesus não tivesse pecado, Seu batismo demonstra Sua identificação com a humanidade e prenuncia Seu papel como o Salvador que leva sobre Si os pecados do mundo.

6. Afirmação de Deus: No batismo de Jesus, uma voz do céu afirma Jesus como o Filho amado de Deus. Isto sublinha a natureza divina de Jesus e o relacionamento único dentro da Santíssima Trindade.

7. Preparação para o Reino de Deus: A mensagem de João sobre preparar o caminho para o Senhor enfatiza a necessidade de eliminar obstáculos em nossos corações e vidas para que o reino de Deus possa criar raízes e florescer dentro de nós.

8. Vida Ética: Os ensinamentos de João incluem conselhos práticos sobre uma vida ética, como compartilhar com os outros, tratar os outros com justiça e evitar a exploração. Isto nos ensina sobre a conexão entre fé e ações que refletem os valores de Deus.

9. Coragem para falar a verdade: João confronta destemidamente até mesmo indivíduos poderosos, como Herodes, sobre seus pecados. Isto nos lembra da importância de falar a verdade, mesmo diante da oposição, e de defender os padrões de Deus.

Em resumo, Lucas 3 fornece lições sobre arrependimento, transformação, igualdade diante de Deus, batismo, identificação de Jesus com a humanidade, afirmação de Jesus por Deus, preparação para o reino de Deus, vida ética e coragem para falar a verdade.

Devocional

3.1 Tibério foi o imperador romano que governou de 14 a 37 d.C. Pilatos foi o governador romano responsável pela província da Judeia; os meios-irmãos Herodes Antipas e Filipe eram filhos do cruel Herodes, o Grande, que havia morrido há mais de vinte anos. Antipas, Filipe, Pilatos e Lisânias tinham aparentemente poderes iguais para governar os pertinentes territórios, iodos estavam sujeitos a Roma e eram responsáveis por manter a paz em suas respectivas regiões.

3.2 De acordo com a lei judaica, havia apenas um sumo sacerdote, da linhagem de Arão, que mantinha sua posição por toda a vida. Nessa época, porém, o sistema religioso havia sido corrompido, e o governo romano designava os líderes religiosos, para manter um controle maior sobre os judeus. Aparentemente, as autoridades romanas depuseram Anás, designado pelos judeus, e o substituíram por seu genro, Caifás. No entanto. Anás reteve o título (ver At 4.6) e. provavelmente, uma grande parte do poder que a função implicava. Por crerem que a posição do sumo sacerdote era vitalícia, os judeus devem ter considerado Anás como sumo sacerdote.

3.2 Trata-se de João Batista. A história de seu nascimento é relatada no capitulo 1 do Evangelho de Lucas.

3.2 Pilatos Herodes e Caifás eram os líderes mais poderosos na Palestina, porém foram eclipsados por um profeta do deserto da Judéia. Deus escolheu falar por intermédio do solitário João Batista, que entrou para a história bíblica sendo maior do que os governantes de sua época. Frequentemente, julgamos as pessoas pelos padrões de nossa cultura - poder, riqueza, beleza — e perdemos de vista aquelas por meio das quais verdadeira mente Deus opera! A grandeza real não é medida pelo que você tem, mas por sua fé em Deus. Siga o exemplo de João Batista, entregue-se completamente a Deus para que o poder dEle possa operar através de sua vida.

3.3 Converter-se significa afastar-se do pecado e voltar-se para Deus. Para que haja conversão verdadeira, devemos tomar estas duas atitudes. Não podemos apenas dizer que cremos em Deus e viver do modo que escolhermos (3.7.8). Também não adianta ter uma vida moralmente correta, sem construir um relacionamento pessoal com Deus, porque nossa justiça não pode trazer o perdão dos pecados. Peça a Deus que liberte sua vida de todos os pecados e deposite a sua confiança somente nEle, pedindo-lhe para dirigir cada um de seus passos!

3.4, 5 Na época de João, antes que um rei viajasse, mensageiros partiam na frente para avisar aqueles a quem o rei planejava visitar e para preparar-lhe o caminho. Semelhantemente, João disse a seus ouvintes que preparassem a vida, para que o Senhor pudesse ir até eles. Ao nos prepararmos para receber Jesus em nossa vida, devemos nos concentrar nEle, ler a sua Palavra e responder obedientemente às suas instruções.

3.6 Esse livro foi escrito para um público gentio. Lucas citou Isaías, a fim de mostrar que a salvação é para todas as pessoas, não apenas para os judeus (Is 40.3-5; 52.10). João Batista convocou todo o povo, a fim de que as pessoas se preparassem para o encontro com Jesus. Você está incluído no plano de salvação, não importa sua filiação, posição social, cor ou religião. Não deixe que sentimentos de exclusão o impeçam de receber as bênçãos do Senhor. Aqueles que desejam seguir a Jesus não são estranhos ao Reino de Deus.

3.7 O que motiva a sua fé: o medo do futuro ou um desejo de ser uma pessoa melhor em um mundo melhor? Algumas pessoas quiseram ser batizadas por João para escaparem do castigo eterno, mas não se voltaram para Deus a fim de serem salvas. João dirigiu palavras severas a tais pessoas. Ele sabia que Deus valoriza a conversão e a correção acima dos rituais. Sua fé é motivada por um desejo de uma vida nova e mudada ou assemelha-se a uma vacinação, uma apólice de seguro, contra um possível desastre?

3.8 Muitos ouvintes de João ficaram chocados ao saber que ser um descendente de Abraão não era o bastante para Deus. Quando se tratava de relacionamento com Deus, os líderes religiosos confiavam mais em sua linhagem do que na fé. Para eles, a religião era herdada. Mas um relacionamento pessoal com Deus não é transmitido geneticamente. Todos têm que tomar uma decisão de confiar ou não em Cristo. Não conte com a fé de outra pessoa para garantir sua salvação. Coloque a sua fé em Jesus e viva de acordo com esta fé todos os dias.

3.8, 9 O arrependimento e a confissão de pecados implica mu dança de vida. A fé sem obras é morta (Tg 2 .14 26). As palavras mais severas de Jesus foram dirigidas aos respeitáveis líderes religiosos, que careciam do desejo de uma verdadeira mudança. Queriam ser conhecidos como autoridades religiosas, mas não almejavam uma mudança no coração. Deste modo, a vida deles era improdutiva. A conversão está ligada à atitude; caso contrario, não é real. Seguir Jesus significa mais do que dizer as palavras certas; implica agir de acordo com o que Ele diz.

3.11-14 A mensagem de João exigia pelo menos três atitudes específicas: (1) partilhe o que você tem com aqueles que estão em necessidades; (2) qualquer que seja o seu trabalho, faça-o bem e com justiça; (3) esteja satisfeito com o que tem. João Batista não foi designado para levar mensagens confortantes àqueles que viviam no pecado; ele conclamou o povo a uma vida justa e santa. Que mudanças você precisa fazer para com partilhar o que tem. fazer o seu trabalho bem feito e de forma honesta e ficar satisfeito?

3.12 Os cobradores de impostos eram conhecidos por sua desonestidade. Os romanos angariavam fundos para seu governo, nomeando coletores judeus. Estes enriqueciam, ao acrescentar uma cota extra considerável aos impostos, o máximo que conseguissem extorquir; depois guardavam esta cota para eles. A menos que as pessoas revoltadas com esta injustiça se arriscassem a uma retaliação romana, eram obrigadas a pagar a quantia exigida. Obviamente, os judeus odiavam os publicanos, que geralmente eram desonestos, gananciosos e estavam prontos para trair seus compatriotas por dinheiro. Contudo, João disse que Deus aceitaria até estes homens caso se arrependes sem. Deus deseja derramar sua misericórdia sobre aqueles que confessam e deixam seus pecados: Ele lhes dá poder para uma vida transformada.

3.12-14 A mensagem de João Batista germinou em ‘'solos” improváveis - no coração de pobres, de pessoas desonestas e odiadas pelos judeus, como os publicanos e os soldados romanos. Estas pessoas estavam dolorosamente cientes de suas necessidades. Com frequência, confundimos respeitabilidade com vida correta; mas não são a mesma coisa. A respeitabilidade pode até atrapalhar uma vida correta se ela nos impedir de enxergar a necessidade que temos de Deus. Se você tivesse de escolher, protegeria seu caráter ou sua reputação?

3.14 Esses soldados pertenciam às tropas romanas, enviadas para manter a paz nessa província distante. Muitos oprimiam os pobres e usavam seu poder para aproveitarem-se do povo. João os conclamou a converterem-se de seus pecados e a mu darem de vida.

3.15 Não houve profeta em Israel por mais de quatrocentos anos. Acreditava-se que, quando o Messias estivesse para chegar, haveria profecias novamente (Jo 2.28,29; Ml 3.1; 4.5). Assim, quando João apareceu pregando, os judeus ficaram entusiasmados. Ele foi um grande profeta: as pessoas estavam certas de que a era do Messias, tão avidamente aguardada, havia chegado. Algumas, de fato, pensaram que João fosse o Messias. Ele falava como os antigos profetas, conclamando as pessoas a converterem-se de seus pecados e se voltarem para Deus, a fim de evitar o castigo eterno e experimentar a misericórdia e aprovação do Altíssimo. Essa é uma mensagem para todos. de qualquer época e lugar, mas, naquele momento. João falou com uma particular urgência, pois preparava os judeus para a vinda iminente do Messias.

3.16 O batismo nas águas realizado por João simboliza a purificação dos pecados. Estava de acordo com a mensagem de arrependimento e correção pregada. O batismo de Jesus, com fogo, equipa-nos com poder para fazermos a vontade de Deus. Ocorreu primeiramente no Pentecostes (At 2), quando o Espírito Santo desceu sobre os cristãos em forma de línguas de fogo, capacitando-os a proclamarem, em muitos idiomas, a ressurreição de Jesus. O batismo com fogo também simboliza a obra do Espírito Santo de trazer o juízo de Deus sobre aqueles que se recusam a arrependerem-se.

3.17 João advertiu quanto ao julgamento iminente, comparando aqueles que se recusam a viver para Deus com a palha, a inútil casca exterior do grão. Em contrapartida, comparou os que se arrependem e corrigem seu modo de vida ao grão nutritivo. A pá é uma ferramenta usada para pegar o trigo; ela ajuda a separar as sementes das cascas. Aqueles que se recusam a serem usados por Deus serão descartados, porque não têm valor para o avanço da obra do Senhor. Aqueles que se arrependem dos pecados e creem em Jesus têm grande valor aos olhos de Deus, porque começam uma nova vida de serviço produtivo, dedicada a Ele.

3.19-20 Nesses dois versículos, Lucas dá prosseguimento à sua explicação a respeito de João Batista. Repare a harmonia entre os Evangelhos pela ordem cronológica dos acontecimentos descritos.

3.19-20 Esse é o Herodes Antipas. Herodias era sobrinha de Herodes e esposa do irmão dele. Ela traiçoeiramente tramou a morte de João Batista (Mt 14.1 -12). A família de Herodes era assassina e enganosa. Repreender um governador romano que poderia ordenar o encarceramento e a execução de qualquer um era extremamente perigoso, contudo, foi isso que João fez. Herodes aparentemente tinha a última palavra, mas a história ainda não terminou. No Juízo Final. Herodes é quem estará em perigo de ser condenado à morte eterna, não João Batista.

3.21 Lucas enfatizou a natureza humana de Jesus. O Messias nasceu em um lar humilde e teve um nascimento pouco divulgado; apenas a pastores e estrangeiros foi anunciado esse acontecimento. Assim, o batismo registrado aqui foi a primeira declaração pública do ministério de Jesus. Em vez de ir para Jerusalém e identificar-se com os líderes religiosos. Jesus foi para um rio e identificou-se com aqueles que se arrependeram de seus pecados. Quando Jesus, com a idade de doze anos, visitou o Templo, já tinha consciência de sua missão (2.49). Dezoito anos mais tarde, em seu batismo. Ele começou a colocá-la em prática. Quando Jesus orou, o Pai se manifestou e confirmou a decisão do Filho de agir. Deus entrava na história humana por intermédio de Jesus, o Cristo.

3.21-22 Se o batismo é um sinal de arrependimento pelo peca do, por que Jesus pediu para ser batizado? As explicações frequentemente dadas são: (1) O batismo de Jesus era um passo para Ele cumprir sua missão terrena de identificar-se com nossa humanidade, sujeita ao pecado; (2) ao ser batizado, Jesus endossou o ritual do batismo e deixou um exemplo a ser seguido: (3) o batismo era uma forma de Jesus anunciar o início de seu ministério público; (4) Jesus foi batizado devido aos pecados da nação. O aparecimento do Espírito Santo em forma de uma pomba indicou que o plano de Deus para a salvação estava centralizado em Jesus. Ele foi o Homem perfeito que não precisava de batismo nem de arrependimento, mas foi batizado para nos ensinar.

Esta é uma das várias passagens nas Escrituras em que todas as pessoas da Trindade são mencionadas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo. De acordo com a doutrina tradicional da igreja cristã, o Deus único subsiste em três pessoas, mas possui uma essência co-eterna e igual. Um imenso número de explicações não pode retratar adequadamente o poder e a complexidade desse relacionamento inigualável. Não existe uma analogia perfeita, porque não há outro relacionamento como o da Trindade.

3.23 Imagine o Salvador do mundo trabalhando na carpintaria de uma cidade pequena até os trinta anos de idade! Parece incrível que Jesus ficasse satisfeito em permanecer em Nazaré durante tanto tempo, mas Ele pacientemente confiou no momento determinado por seu Pai, para sua vida e seu ministério. Trinta anos era a idade prescrita para os sacerdotes começarem seu ministério (Nm 4.3). José tinha 30 anos quando começou a servir ao rei do Egito (Gn 41.46): Davi tinha a mesma idade quando começou a reinar sobre Judá (2 Sm 5.4). De acordo com a cultura judaica, essa era a idade propicia para começar uma tarefa importante. Como Jesus, precisamos resistir á tentação de tomar decisões antes de receber a direção do Espírito. Você está esperando e pensando qual deverá ser seu próximo passo? Não se precipite: confie que Deus tem o tempo certo para todas as coisas.

Se Eli [citado como pai], na verdade, era o sogro de José, esta genealogia é a de Maria. Lucas deve ter sido informado por ela. É possível que o escritor tenha descrito essa linhagem por causa da proeminência que deu às mulheres em seu Evangelho

3.23-38 A genealogia relatada em Mateus (Mt 1) retrocede até Abraão, a fim de enfatizar que Jesus era judeu. A genealogia descrita por Lucas retrocede até Adão, mostrando que Jesus era homem. Isto concorda com o retrato de Jesus pintado por Lucas: Ele é o Salvador do mundo inteiro.

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