Estudo sobre Colossenses 1:17

Estudo sobre Colossenses 1:17


Como o universo é criado por meio e em direção dele, ele é “antes de tudo, e nele tudo subsiste”. Não há um falso pensamento “filosófico” interferindo aqui? O filósofo ingênuo poderá formar suas frases sobre a “subsistência” do mundo, mas o ser humano que conhece a Bíblia sabe que “a natureza deste mundo passa”! (1Co 7.31). Talvez Paulo de fato recolha perguntas intelectuais que eram analisadas por influência da filosofia em Colossos. Mas ao alicerçar a subsistência do mundo sobre Jesus, Paulo lança por terra todos os pensamentos humanos que de algum modo buscam a subsistência das coisas em suas próprias energias e essências, e expressa uma verdade de cuja audácia o filósofo somente poderá rir ou – estremecer. Todo esse universo com seus inconcebíveis e imensos mundos estelares somente subsiste porque Jesus ainda o utiliza para seus planos e suas finalidades! Tão logo não precisar mais dele, ele o descartará como uma vestimenta ultrapassada (Sl 102.26s). Por isso, juntas ambas as coisas constituem uma verdade bíblica: a essência deste mundo passa, e o mundo tem sua inabalável subsistência (provisória) em Jesus (que também aqui “cumpre” o que já fora prometido na aliança de Deus com Noé).

Quanta relevância todas essas breves e impactantes declarações têm para nós, cristãos de hoje, assim como tiveram naquele tempo para a igreja em Colossos! É verdade que o cristão vive do único tema decisivo “pecado e graça”. Encontrar Jesus como Salvador pessoal é a única coisa realmente necessária para cada um de nós. Mas o cristão com essas experiências fundamentais (sem as quais jamais compreenderá as afirmações bíblicas na própria carta aos Colossenses!) vive no mundo cujos reinos naturais e intelectuais se expandem em torno dele. Cabe-lhe mover-se e ambientar-se neste mundo. Como deve considerá-lo? Depara-se com as tentativas que as visões de mundo fazem para captar e explicar este mundo. Fala com as pessoas ao seu redor, que questionam seu cristianismo a partir dessas visões de mundo. O que deve responder-lhes? Paulo mostra o caminho. Não debate com as explicações de mundo em Colossos. Não desenvolve uma filosofia ou teologia natural próprias a fim de sustentar a cristologia. Mais que isso: permite livre curso para toda a pesquisa científica honesta. Mas ele mostra ao cristão a única verdade libertadora de que Jesus, seu glorioso Salvador pessoal, é fundamento, apoio e alvo de todo esse universo indecifrável. Saber isso basta para nós.

O imperador Marco Aurélio, um dos personagens mais nobres no trono de César, legou-nos uma palavra que expressa com precisão o sentimento do ser humano moderno, demonstrando com isso como o pensamento “materialista” é “arcaico” e independente da moderna pesquisa natural: “Ó natureza, de ti vem tudo, em ti está tudo, a ti se dirige tudo.” Essa frase é totalmente insuficiente. Como o ser visível e transitório, a criatura, poderia originar-se “de si mesmo”? Como é possível que aquilo que se decompõe constantemente tenha subsistência duradoura em si mesmo? E como seria desesperador se o alvo de todas as coisas fosse apenas uma nova existência igual à que experimentamos de sobra como absurda em si mesma! Então essa “natureza” seria “o monstro que eternamente dá à luz e devora a si mesmo”, do qual falou certa vez Goethe. A esse paralisante “de – em – para” o NT contrapõe uma mensagem libertadora e bem-aventurada: “Porque dele, e por meio dele, e para ele é o universo: A ele, pois, a glória nos éons!” (Rm 11.36); “Todavia, para nós há um só Deus, o Pai, de quem é o universo e para quem existimos; e um só Senhor, Jesus Cristo, pelo qual é o universo, e nós também, por ele” (1Co 8.6); “Nele, por meio dele e para ele foi criado o universo, e ele é antes de tudo, e o universo tem nele sua subsistência” (Cl 1.16s).