Estudo sobre Colossenses 2:4

Estudo sobre Colossenses 2:4


A igreja foi convocada para esse trabalho! Tanto aqui quanto em todas as exortações das cartas a igrejas precisamos ter em mente que os apóstolos simplesmente não conheciam cada um dos indivíduos cristãos nos quais pensamos automaticamente ao ler nas cartas o “vós”. Os apóstolos viam no “vós” o grupo reunido de uma verdadeira irmandade. Sem dúvida cabe também a cada indivíduo ler a “sua” Bíblia. Mas é justamente apenas na leitura e pesquisa conjunta que se desvela “toda a riqueza”. É somente examinando e discernindo em conjunto que chegamos à “plena certeza”. E justamente esse era o interesse de Paulo. Percebe que também na igreja em Colossos há desvios e confusões tentando penetrar. Como a igreja se protege contra isso? Todo conhecimento unilateral e fragmentado leva ao sectarismo e é o pé de apoio para os enganos. Quando “toda a riqueza” estiver patente diante de todos e for alcançada certeza plena e serena do entendimento, as heresias não serão acolhidas nem os cismas encontrarão terreno propício. Desde os dias de Paulo, sempre apareceram aqueles grupinhos que destacam verdades isoladas da mensagem bíblica e agora a transformam, de modo meio espirituoso e meio bizarro, em uma nova doutrina, em uma nova prática, em uma nova “igreja”. Muitas vezes as pessoas cativadas por elas denotam uma disposição de engajamento que mereceria uma causa melhor e uma “capacidade de persuasão” a que as pessoas inseguras sucumbem. Justamente por isso Paulo fala da “coesão dos corações para toda a riqueza da plena certeza do entendimento”, “para que ninguém vos engane com a arte de convencer”.


O costume de séculos nos leva a imediatamente relacionar o que Paulo afirma sobre os “tesouros da sabedoria e do conhecimento” com a Bíblia. No entanto Paulo não escreveu aos colossenses sobre o “entendimento do mistério de Deus, da Escritura, na qual estão ocultas…”. Esperou deles e confiou a eles aquele trabalho de pesquisa e descoberta que ele mesmo exercitava nas cartas diante deles e com eles: extrair diretamente do próprio Cristo os tesouros da sabedoria e do conhecimento, ocultos nele mesmo. Ou seja, eles mesmos também podem e devem encontrar e oferecer uns aos outros, em Jesus Cristo, joias como a que é apresentada aos filipenses em Fp 2.5-11. Com toda a certeza aquilo que as pessoas do NT (e do AT!) escreveram é imprescindível e normativo para nós. Mas para nosso relacionamento com a Escritura e para a base mais profunda de nossa certeza não deixa de ser relevante saber: todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento residem em última análise no próprio Jesus Cristo e unicamente nele. A rigor, a palavra de Deus não é um livro infalível, mas uma pessoa viva e presente: Cristo (Ap 19.13). As pessoas do NT, porém, são aquilo que dizem de si mesmas: “Servos, por meio dos quais vós viestes a crer” (1Co 3.5) ou “Servos, por meio dos quais vocês encontram os tesouros ocultos em Cristo”.