Estudo sobre Colossenses 2:3
Estudo sobre Colossenses 2:3
O NT não conhece esta diferença tão funesta entre “teólogo” e “leigo”. Justamente Paulo se esforça em todas as suas cartas para permitir que todos os membros da igreja participem com convicção própria e entendimento autônomo dos conhecimentos e percepções que ele desenvolve diante deles. Por isso preocupa-se também aqui com máxima seriedade para que não apenas um pequeno grupo de “especialistas” chegue ao conhecimento do mistério de Deus, enquanto os demais se contentam com uma “fé singela” qualquer, mas que todos os corações na igreja não continuem pobres e inseguros. Sem dúvida Deus é e continua sendo “mistério”. Esse mistério, porém, foi desvendado em Cristo [O texto grego é indefinido neste ponto. Vários manuscritos escrevem: “o mistério de Cristo, no qual…” Outros trazem: “o mistério de Deus, que é Cristo”; e ainda outros: “o mistério de Deus e de Cristo” ou “o mistério de Deus, do Pai do Cristo”, ou “… de Deus e do Pai de Cristo”. Essas formulações diversas, no entanto, constituem um número igualmente numeroso de tentativas de melhorar a justaposição lingüisticamente dura “de Deus, de Cristo”, “de Deus, do Cristo”. Uma boa regra genérica é permanecer com a variante mais incômoda, porque é mais plausível que copistas tenham simplificado e harmonizado um texto do que dificultado uma frase fluente e simples]. Nele está “oculto o entendimento”. Com que ousadia Paulo sintetiza ambas as coisas, “entendimento” e “mistério”! Para nós o conhecimento de Deus nunca pode ser esgotado, ele sempre continua sendo um mistério para nós. “Um Deus compreendido não é Deus” (Novalis). Não obstante ele se colocou entre nós como sua “imagem” humana, Cristo, para que nós o vejamos e conheçamos. Por isso residem em Cristo todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento. Nem mesmo ali estão imediatamente patentes, de modo que cada pequeno discípulo consiga assimilá-los rapidamente, como o abecedário. Estão “ocultos”; mas sem dúvida para que sejam descobertos, explorados e apropriados.
Isso constitui um chamado da igreja ao trabalho! Talvez Paulo já tenha percebido naquela época, com preocupação, o estranho vício que até hoje prejudica gravemente a igreja, de que por um lado sabemos naturalmente que em todas as esferas da vida apenas um esforço sério conduz a ganhos reais, mas que por outro lado consideramos igualmente natural que no cristianismo seria suficiente degustar rapidamente e acolher de forma superficial as emoções e as idéias edificantes. Quem, afinal, acredita que realmente vale a pena acompanhar e meditar sobre um sermão? Quem, afinal, leva não só a Bíblia ao estudo bíblico, mas também papel e lápis? Quem possui em casa, na família, mais que apenas as considerações superficiais obtidas em devocionários ou almanaques cristãos? Não é de surpreender que depois de anos de participação regular na vida eclesial os membros da igreja preservem pouco mais do que aquilo que aprenderam durante a catequese e, consequentemente, se sintam “laicos” e inseguros, não sendo úteis para nenhum serviço. Quando, porém, o cristão negligencia a pesquisa profunda na Escritura, é justamente então que ele se torna refém – como ameaça ocorrer em Colossos – de livros espiritualistas e das mais modernas religiões sincréticas, às quais subitamente dedica o tempo que antes negara ao saudável estudo da Bíblia.