Interpretação de Apocalipse 8
Apocalipse 8
8:1 silêncio no céu. Uma pausa dramática antes da próxima série de pragas.8:2 sete trombetas. Nos tempos do AT a trombeta servia para anunciar eventos importantes e dar sinais em tempo de guerra. As sete trombetas de Apocalipse 8–9; 11:15-19 anunciam uma série de pragas mais severas que as dos selos, mas não tão devastadoras quanto as taças (cap. 16).
8:3 incensário. Uma braseira usada para segurar carvão vivo para a queima de incenso (cf. Êx 27:3; 1Rs 7:50). com as orações. A maioria das traduções considera o incenso misturado “com” orações. O grego para esta frase também permite uma tradução que leva o incenso para representar as orações.
8:4 Embora o anjo esteja envolvido em apresentar a Deus as orações do povo de Deus, ele não as torna aceitáveis. O conceito apocalíptico judaico de anjos como mediadores não encontra lugar no NT. Os anjos funcionaram como mediadores na era da antiga aliança (veja At 7:38 e nota), mas não há registro de tal função mediadora por parte dos anjos na era da nova aliança.
8:5 trovão... terremoto. Veja a nota em 4:5.
8:7 saraiva e fogo misturado com sangue. Cfr. a imagem da sétima praga no Egito (Êx 9:13-25; cf. Ez 38:22). Um terço da terra foi queimado. Esta fração indica que o castigo anunciado pelas trombetas ainda não está completo e final (a mesma fração aparece em cada uma das próximas três pragas: vv. 8–9, 10–11, 12). Uma fração menor (um quarto) de devastação acompanhou a abertura do quarto selo (6:8).
8:8 mar se transformou em sangue. Reminiscente da primeira praga no Egito (Ex 7:20-21).
8:10 grande estrela... caiu. Veja notas em 6:13; 9:1.
8:11 Absinto. Uma planta com sabor forte e amargo (ver nota de texto da NVI). É usado aqui como uma metáfora para calamidade e tristeza (Pv 5:3-4; Jr 9:15; La 3:19); sua amargura sugere morte. águas tornaram-se amargas. O reverso do milagre em Marah, onde as águas amargas foram transformadas em doces (Êx 15:25).
8:12 um terço do sol foi atingido. Na nona praga no Egito, densas trevas cobriram a terra por três dias (Êx 10:21-23). As referências às pragas egípcias sugerem que no Apocalipse temos o êxodo final do povo de Deus da escravidão de um mundo controlado por poderes hostis.
8:13 Ai! Ai! Ai...! Esses três ais correspondem às três pragas finais das trombetas (ver 9:12; 11:14 [ 10:1—11:13 é um interlúdio]; os juízos das sete taças dos capítulos 15-16 aparentemente constituem o terceiro ai). As desgraças recaem sobre o mundo incrédulo (a frase “os habitantes da terra” refere-se aos ímpios; veja nota em 6:10), não sobre os justos (9:4; mas veja a nota ali).
Notas Adicionais:
8:1-6 Os juízos das trombetas são revelados nos capítulos 8 e 9, e tal como aconteceu com os sete selos, os quatro primeiros vão juntos. Antes que uma trombeta seja tocada por um dos anjos, temos declarações referentes às orações dos santos (vs. 3,4). Talvez Todd esteja certo em pensar que podemos deduzir disto "que os juízos preditos nesta profecia serão a conseqüência, de algum modo notável, das orações dos santos clamando a Deus a que complete rapidamente o número dos Seus eleitos e que apresse a vinda do Seu reino" (op. cit., pág. 131). Não há nenhuma referência aqui à doutrina católico-romana da intercessão pelos anjos ou santos. O trovão, as vozes, os relâmpagos e os terremotos são os precursores simbólicos dos juízos divinos que estão por vir sobre a terra.
Antes de examinarmos os juízos propriamente ditos, fazemos bem em recordar o significado das trombetas nas Sagradas Escrituras. Todos estes fenômenos (com exceção do terremoto) encontram-se na narrativa de Deus descendo ao Monte Sinai para se encontrar com Moisés, onde temos a primeira referência feita à trombetas na Bíblia (Êx. 19:16). O tocar das trombetas convoca os israelitas a receberem instruções (Nm. 10:3, 4) ou dando sinal de partida (Nm. 10:3-7); também os reunia para a guerra (Jr. 4:19; 42:14, etc.), e também para o retorno da dispersão (Is. 27:13); anunciava a libertação no ano do jubileu (Lv. 25:8-10), e aqui anuncia o juízo. Os juízos das trombetas são bastante semelhantes às pragas que Deus enviou ao Egito por ocasião da libertação de Israel, embora não aconteçam na mesma ordem.
8:7-13 O resultado do tocar da primeira trombeta é a consumação pelo fogo da terça pane da flora da terra. Ao tocar a segunda trombeta, uma terça parte do mar se transformou em sangue, um terço das criaturas do mar morreram, e uma terça parte dos navios foi destruída (cons. a primeira praga, Êx. 7:20-24). Com o tocar da terceira trombeta, uma grande estrela, ardendo como uma tocha, cai sobre os rios e fontes da terra, transformando-os em absinto e causando morte em larga escala. Os dois primeiros juízos afetaram a natureza, e o homem apenas indiretamente, mas a terceira provocou a morte de muitos. O tocar da quarta trombeta provoca distúrbios celestes, de modo que a terça parte do sol, lua e estrelas foi ferida, e sua luz diminuída (cons, com a nona praga, Êx. 10:21-23). Este milagroso eclipse do sol, da lua e das estrelas foi predito por Amós como um sinal da vinda do dia do juízo (Amós 8:9; veja também Joel 2:2, 10). Observe que todos estes quatro juízos relacionam-se com algum desastre incidindo sobre a natureza. (Weidner, op. cit., tem um excelente resumo das diversas interpretações fantásticas desses quatro juízos das trombetas, págs. 343-345). Antes dos juízos das duas trombetas seguintes, ouve-se uma águia voando e gritando pelo meio do céu, Ai, ai, ai, dos que moram na terra. Esta é a primeira vez que a palavra traduzida para ai! aparece no Apocalipse.
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