Números 20 — Explicação das Escrituras

Números 20

Números 20 narra dois eventos significativos durante a jornada dos israelitas no deserto. Primeiro, o povo reclama da falta de água, e Deus instrui Moisés a falar com uma rocha para fornecer água para a comunidade. Em vez disso, Moisés bate na rocha em frustração, resultando no desagrado de Deus e na punição de Moisés por não entrar na Terra Prometida. Em segundo lugar, o capítulo registra as mortes de Miriam e Aaron. Os israelitas lamentam por trinta dias a morte de Arão, e ele é sucedido como sumo sacerdote por seu filho Eleazar. Números 20 ressalta a importância da obediência, as consequências da raiva e a realidade da passagem gradual da velha geração à medida que a nova geração se aproxima da tão esperada Terra Prometida.

Explicação

20:14–21 O plano para entrar na terra não era ir diretamente para o norte do deserto, mas viajar para o leste através do território dos edomitas e depois para o norte ao longo da costa leste do Mar Morto. O povo então cruzaria o Jordão. Mas o rei de Edom recusou passagem segura para o povo de Israel - e isso apesar das garantias de que os judeus não comeriam, beberiam ou danificariam nenhum dos suprimentos de Edom. Mais tarde na história, Israel sob o comando de Saul lutou e derrotou os edomitas, descendentes do irmão de Jacó, Esaú.

20:22–29 Quando o povo havia viajado de Cades para o monte Hor, perto da fronteira de Edom, Arão morreu e foi substituído por Eleazar, seu filho (vv. 22–29). Matheus Henrique escreve:
Arão, embora morra por sua transgressão, não é morto como malfeitor, por uma praga ou fogo do céu, mas morre com facilidade e honra. Ele não está separado de seu povo, como a expressão geralmente se refere àqueles que morrem pela mão da justiça divina, mas ele está reunido ao seu povo, como alguém que morreu nos braços da graça divina. Moisés, cujas mãos primeiro vestiram Arão com suas vestes sacerdotais, agora as despoja; pois, em reverência ao sacerdócio, não era adequado que ele morresse neles. (Matthew Henry, “Numbers,” em Matthew Henry’s Commentary on the Whole Bible, I:662.)

Notas Adicionais:

20.1 Ali morreu Miriã. A primeira a morrer dos três irmãos, Miriã, Arão e Moisés, que foram escolhidos por Deus para dirigir o povo de Deus. É possível que tenha sido a própria Miriã quem salvou Moisés quando este, ainda bebê, estava às margens do rio Nilo (Êx 2.7). Esta foi profetisa do Senhor, e dirigiu o Coro que louvou a Deus pela travessia do Mar Vermelho (Êx 15.20, 21). Quando, juntamente com Arão, se opôs a, Moisés, foi castigada com a lepra por este desrespeito, mas graças à intervenção de Moisés diante de Deus foi, curada (Nm 12.16). Foi sepultada no deserto de Cades.

20.2-13 O pecado de Moisés, que foi provocado pelo povo a uma atitude de descrença e de desrespeito para com a ordem de Deus (12).

20.8 A rocha aqui é uma figura de “Cristo (1 Co 10.4). Foi ferido uma vez para nós e agora só resta a oração da fé, pela qual entramos em contato com Ele. A rocha já tinha sido ferida uma vez (Êx 17.6), e daí o significado especial de apenas falar para a Rocha. 20.9-11 O erro de Moisés foi tríplice: 1) Seu mau humor em chamar os israelitas de ”rebeldes”, quando o próprio Deus mandara-lhe apenas a lhes trazer refrigério; 2) Sua sugestão que a água dependia do poder dele e do de Arão (10); 3) Feriu a rocha quando a ordem divina era falar à rocha (8; Sl 106.32-33).

20.12 Não crestes em mim para me santificardes. O comportamento acima não reflete a atitude de um homem que reflete o amor de Deus.

20.13 Águas de Meribá. Meribá quer dizer “Contenda”; apesar da rebelião do povo, Deus foi santificado pelo milagre, e foi glorificado.

20.14-21 O rei de Edom, descendente de Esaú, irmão de Jacó, quer impedir a marcha vitoriosa dos israelitas (Gn 10.21-31; 25.30). • N. Hom. O vigésimo capítulo nos ensina: 1) O perigo da incredulidade. A nova geração foi tão pecaminosa como a antiga, e mesmo depois de tudo aquilo que Deus fizera, não tinham fé nele; 2) O perigo da desobediência. Até os filhos de Deus podem errar, e Moisés aqui revelou uma falta da humildade que, normalmente era uma virtude que possuía. A parte mais triste disto foi a falsa impressão que deu da natureza de Deus, Assim o crente pode pecar até hoje; 3.) O perigo do desânimo. A recusa de Edom foi, sem dúvida, um golpe severo. Mas Davi já nos ensina a atitude correta em circunstâncias semelhantes: “Davi se reanimou no Senhor seu Deus” (1 Sm 30.6); 4) O perigo da desconfiança. A vida de Arão foi marcada por uma grande fraqueza que causou sua derrota, não colocou Deus em primeiro lugar na sua vida. Sua falta de fidelidade (10) o deixou fora de Canaã (24). 20.24 A morte de Arão, irmão de Moisés e Sumo Sacerdote de Israel. Arão falou ao Faraó em nome de Moisés (Êx 4.30; 7.2, 9); sustentou os braços de Moisés (Êx 17.12); viu a glória do Senhor (Êx 24.1-10); pecou contra Deus ao fazer o bezerro de ouro (Êx 32); foi escolhido para fundar a família sacerdotal (Êx 28.40). Passou 40 anos como Sacerdote. O pacto de Deus com a família sacerdotal se descreve em Nm 16.17. Seu pecado em Meribá (20.12) lhe, tirou o direito de entrar na Terra Prometida; Sua idade, ao morrer, se calcula em 123 anos. Na mesma hora, seu filho Eleazar tinha que prosseguir na obra sacerdotal; o povo chorou a sua morte (29).

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