Apocalipse 8 — Comentário Bíblico Online

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Apocalipse 8 

Quando o sétimo selo foi aberto, fez-se silêncio no céu quase por meia hora; isto é, por um breve período. Aparentemente, esse era o silêncio da apreensão, a calma súbita antes da tempestade. McDowell sugere: “As multidões do céu são para­lisadas e ficam mudas enquanto olham extasiadas para o Cordeiro enquanto ele move a sua mão para quebrar o último selo do rolo que ele havia tomado da destra de Deus”.” Richardson chama esse momento de “um silêncio de `suspense e tremor', uma pausa dramática; um silêncio de reverência, expectativa e oração”.' Charles é um pouco mais específico: “Os louvores das ordens mais elevadas dos anjos no céu são silenciados para que as orações de todos os santos sofredores na terra possam ser ouvidas diante do trono. Suas necessidades são de maior importância para Deus do que toda a salmodia do céu”.”
C. AS SETE TROMBETAS, 8.2-11.19
A abertura do sétimo selo revela sete anjos com sete trombetas (2). Assim o séti­mo selo torna-se as sete trombetas; a segunda série emerge da primeira. A proeminência do número sete no livro de Apocalipse é ressaltada aqui, como em outros textos.
Os anjos são descritos como os sete anjos que estavam diante de Deus. Há um paralelo marcante dessa descrição com um livro apócrifo do segundo século a.C. Tobias 12.15 traz: “Sou Rafael, um dos sete anjos santos que apresentam as orações dos santos e entram na presença da glória do Santo” (RSV). O Livro dos Jubileus (também do se­gundo século a.C.), que ressalta a importância do número sete na história, repetidas vezes refere-se aos “Anjos da Presença”.
Trombetas são mencionadas cerca de cem vezes no Antigo Testamento em conexão com a entrega da lei no Sinai (Êx 19.16), o apelo à congregação de Israel (Lv 25.9), a conquista de Canaã (treze vezes em Josué 6) e o ressoar da advertência pelos profetas (e.g., Is 58.1; Jr 4.5; Ez 33.3; Os 8.1; J12.1, 15; Am 3.6; Sf 1.16. Zc 9.14). Esse uso profé­tico provê o cenário mais exato do emprego de trombetas aqui para anunciar as pragas de julgamento. Isso também se encaixa com o seu uso como um aviso para a guerra.
E veio outro anjo e pôs-se junto ao altar (3). O que se segue parece mostrar que esse não era o altar para o holocausto (como em 6.9), mas o altar de incenso,” Deveria ser observado também, de acordo com Charles, que há somente um altar no céu, o altar de incenso.'
Esse anjo tinha um incensário de ouro.' Ele recebeu muito incenso, para ofere­cer com as orações de todos os santos (veja citação de Tobias nos comentários do v. 2) sobre o altar de ouro que está diante do trono — assim como o antigo altar de incenso de ouro estava diante do Santo dos Santos no Tabernáculo. A figura é semelhan­te à do sumo sacerdote ministrando no Dia da Expiação de acordo com a descrição em Levítico 16.12-13: “Tomará também o incensário cheio de brasas de fogo do altar, de diante do SENHOR, e os seus punhos cheios de incenso aromático moído e o meterá dentro do véu. E porá o incenso sobre o fogo, perante o SENHOR, e a nuvem do incenso cobrirá o propiciatório, que está sobre o Testemunho”.
Assim é declarado aqui que a fumaça do incenso subiu com as orações dos santos desde a mão do anjo até diante de Deus (4); isto é, do incensário que segurava na sua mão. A nuvem de incenso representava as orações diante de Deus. Essa ideia é encontrada em Salmos 141.2: “Suba a minha oração perante a tua face como incenso”.
Inicialmente, o incensário foi usado para intercessão (vv. 3-4). Agora deve ser usado para julgamento. O anjo o encheu do fogo do altar, e o lançou sobre a terra (5). Swete observa: “Agora nenhum incenso é acrescentado, e nenhuma nuvem do incenso sobe; o conteúdo do incensário é derramado sobre a terra; as orações dos santos retornam para a terra em ira”.” Isso pode sugerir que a oração não será mais ouvida (cf. Jr 7.16). O período de provação terminou. A sentença contra os pecadores não arrependidos deve agora ser executada. O julgamento substituirá a misericórdia.
Houve uma reação imediata ao lançamento do fogo sobre a terra: e houve depois vozes, e trovões, e relâmpagos, e terremotos. O silêncio do versículo 1 foi quebrado. Essa cena é agora preparada para o ressoar do julgamento das sete trombetas. E os sete anjos, que tinham as sete trombetas, prepararam-se para tocá-las (6).
1. A Primeira Trombeta: Saraiva e Fogo (8.7)
Quando o primeiro anjo tocou a trombeta [...] houve saraiva e fogo mistura­do com sangue que foram lançados na terra. Os primeiros quatro julgamentos anun­ciados com as trombetas consistem em pragas na natureza e lembram as dez pragas no Egito. Essa praga é um eco da sétima praga, descrita em Êxodo 9.24: “E havia saraiva e fogo misturado entre a saraiva”.
O resultado desse julgamento foi que queimou-se a terça parte das árvores, e toda a erva verde foi queimada. Assim a destruição foi apenas parcial; esse não foi o julgamento final. Com árvores tinha-se em mente “especialmente as árvores frutíferas, as oliveiras, figueiras e as vinhas, das quais os habitantes da Palestina e Ásia Menor dependiam grandemente”.'
2.    A Segunda Trombeta: Um Monte em Chamas (8.8,9)
Quando o segundo anjo tocou sua trombeta, foi lançada no mar uma coisa como um grande monte ardendo em fogo, e tornou-se em sangue a terça parte do mar (8). Isso reflete a primeira praga no Egito, quando a água foi transformada em sangue, causando a morte dos peixes (Êx 7.20-21). Assim, uma terça parte da vida marinha morreu (9), e perdeu-se a terça parte das naus.
3.    A Terceira Trombeta: Uma Estrela Ardente (8.10,11)
Com o tocar da terceira trombeta, caiu do céu uma grande estrela ardendo como uma tocha (10). O resultado foi que a terça parte das águas tornou-se em absinto, e muitos homens morreram (11). No Antigo Testamento absinto é um sím­bolo de sofrimento e castigo divino (Jr 9.15). O absinto era às vezes misturado com água, para torná-lo amargo e difícil para ser tomado. Mas aqui a água tornou-se em absinto e dessa forma causou morte. D. W. Richardson observa de maneira sábia: “As águas do mundo se tornam a verdadeira essência da amargura dos seus devotos”. Ele então relata de um caricaturista que cometeu suicídio, deixando uma grande fortuna. Mas ele tam­bém deixou uma carta na qual dizia que tinha ido de esposa em esposa e de país em país tentando escapar de si mesmo. Acabou com a sua vida porque estava cansado de tentar descobrir maneiras de passar as vinte e quatro horas do dia.
4.    A Quarta Trombeta: As Trevas (8.12,13)
Quando o quarto anjo tocou [...] foi ferida a terça parte do sol, e a terça parte da lua, e a terça parte das estrelas, para que a terça parte deles se escu­recesse (12). Esse é um lembrete da nona praga no Egito: as trevas (Êx 10.21-23).
Então João viu e ouviu um anjo (13) — mas o melhor texto grego diz: “uma águia”. Swete comenta: “A águia é escolhida não só pela força das suas asas (7.14), mas como um símbolo do julgamento vindouro (Mt 24.28)”.82 Essa águia solitária estava voando pelo meio do céu, dizendo com grande voz: Ai! Ai! Ai dos que habitam sobre a terra, por causa das outras vozes das trombetas dos três anjos que hão de ainda tocar! A linguagem desse versículo sugere que em um sentido muito real o pior ainda está por vir. Os três julgamentos anunciados pelas trombetas remanescentes serão muito mais severos do que os quatro precedentes. Por isso, lemos: Ai! Ai! Ai!
No caso dos sete selos, os primeiros quatro formavam um grupo distinto. Eram vi­sões sucessivas de quatro cavalos (6.1-8). Isso é similar às trombetas. As primeiras qua­tro revelam catástrofes na natureza, enquanto as outras três descrevem um tipo diferen­te de julgamentos. Nos dois casos, o quinto e o sexto são independentes, e há um interlúdio antes do sétimo.

Índice: Apocalipse 1 Apocalipse 2 Apocalipse 3 Apocalipse 4 Apocalipse 5 Apocalipse 6 Apocalipse 7 Apocalipse 8 Apocalipse 9 Apocalipse 10 Apocalipse 11 Apocalipse 12 Apocalipse 13 Apocalipse 14 Apocalipse 15 Apocalipse 16 Apocalipse 17 Apocalipse 18 Apocalipse 19 Apocalipse 20 Apocalipse 21 Apocalipse 22