Significado de Levítico 5

Levítico 5

5:1 Qualquer um que visse ou soubesse de algum pecado, isto é, que fosse testemunha, deve ria contá-lo. Independente de a informação ter sido presenciada ou ouvida, se o indivíduo não a relatasse, tornava-se culpado e devia executar a oferta pelo pecado. O pecado não era saber do fato, e sim ocultá-lo.

5:2 Este versículo registra a consequência do contato com alguma coisa imunda. Como exemplos de coisas imundas são citados: (1) corpo morto de besta-fera imunda, animal selvagem de grande porte; (2) corpo morto de animal imundo, animal doméstico; (3) corpo morto de réptil imundo, animais selvagens de pequeno porte, incluindo répteis, pequenos mamíferos e insetos. [A diferença entre animais limpos e imundos é cuidadosamente definida no capítulo 11.] Ainda que lhe fosse oculto o ato, ou seja, mesmo que a pessoa, a princípio, não notasse que havia tocado a carcaça do animal morto, ou só se lembrasse disso depois que o fizera, seria considerada imunda e culpada. Neste caso, a oferta pelo pecado devia ser levada ao sacerdote.

5:3 Tocar nos fluidos corporais, na imundícia dum homem, era o que, principalmente, fazia uma pessoa se tornar imunda (cap. 15). O contato com um cadáver também era incluído, assim como o toque nos resíduos de outrem. Os antigos israelitas não sabiam nada sobre microbiologia, mas Deus, que sabe tudo, deu-lhes leis que preveniam as doenças e distinguiam-nos dos outros povos.

5:4 Também seria tido como culpado aquele que, temerariamente, tomado por grande emoção ou sem medir as consequências, jurasse para fazer mal ou para fazer bem. Se o indivíduo fizesse um voto com intenção boa ou má, ainda que impensado ou imprudente, precisaria lançar mão da oferta pelo pecado. Certamente uma pessoa sabia quando estava prometendo algo, mas pode ser que não tivesse ciência do real cumprimento do prometido ou das implicações de sua palavra, como indicado pela sentença e lhe for oculto. O indivíduo também podia esquecer-se do que jurara ou não ter condições de executá-lo. No entanto, quando ele o soubesse depois, teria de levar perante o Senhor a oferta que expiaria seu pecado. O voto irrefletido de Jefté pode ser considera do sob esta ótica (Jz 11). Jefté deveria ter pensa do em seu juramento desta maneira e confessado sua tolice, em vez de agir causando um mal ainda maior, mantendo uma promessa que nunca devia ter sido feita. Não se deve falhar ao executar um voto feito ao Deus vivo. Tampouco é uma atitude sábia persistir em um juramento quando sua essência é pecadora desde o início.

5:5 A expressão numa destas coisas remete a todas as situações descritas nos versículos 1-4. Este era um lembrete de que tais pecados deve riam ser levados a sério. Todos eles precisavam de expiação. No entanto, antes disso, o adorador tinha de reconhecer o pecado, confessá-lo e arre pender-se, visto que as cerimônias de sacrifício não tinham efeito automático.

5:6 E a sua expiação trará ao Senhor, pelo seu pecado que pecou. A seção em que consta este versículo ainda enfoca as ofertas de purificação por pecado não intencional. Logo, a oferta de que trata o texto não é a mesma descrita mais adiante.

5:7 Se não tivesse recursos para oferecer uma fêmea de gado miúdo, uma cordeira ou uma cabrinha (v. 6), se a mão [do adorador] não alcançasse o valor a ser pago por esses animais, ele poderia oferecer duas rolas ou dois pombinhos ao Senhor. Uma parte da oferta pelo pecado era queimada no altar, e a outra parte não. Assim, o adorador que levasse rolinhas ou pombinhos teria de levar dois pássaros, para completar essas etapas.

5:8-10 Um dos pássaros da oferta pelo pecado era sacrificado para que seu sangue fosse espargido sobre a parede do altar. O outro era queimado, como se fazia com a gordura e os órgãos vitais dos animais maiores.

5:11-13 A oferta pelo pecado visava à expiação da ofensa cometida de forma impensada. Visto que todas as pessoas pecam inadvertidamente, ou por acidente ou por omissão, uma provisão especial era aceita daqueles que não tinham recursos nem mesmo para oferecer as duas aves.

5:11 A oferta daqueles que não tinham condições sequer de levar rolinhas ou pombinhos era a décima parte de um efa de flor de farinha, que corresponde a aproximadamente 2, 2 litros. [O efa era uma medida de capacidade para secos. Segundo as estimativas, um efa varia entre 20 e 40 litros.] Azeite e incenso não eram usados nesse caso, pois serviam às ofertas de manjares. Esta era uma oferta de purificação. Sendo assim, a farinha utilizada também deveria ser pura.

5:12, 13 Parte da oferta era queimada no altar, da mesma forma que as partes dos animais. 0 que sobrava pertencia aos sacerdotes, exata mente como o que restava dos animais usados nos sacrifícios (exceto nas ofertas de holocausto) que os cidadãos comuns levavam.

5:14-6.7 Estas passagens abordam as ofertas pela culpa, ou ofertas de reparação, por se ter pecado violando algo consagrado ao Senhor. Tais ofensas podem ser relativas ao santuário, às coisas sagradas contidas nele, a um dos mandamentos ou a outra pessoa. No texto em hebraico, esta seção faz parte do capítulo

5:5:15 A expressão cometer uma transgressão se refere à responsabilidade direta de um pecador por suas ações e ao sentimento subjetivo de culpa vivido por ele. Neste caso, o pecado dizia respeito à violação das coisas sagradas do Senhor, ou seja, de qualquer coisa separada do uso comum e consagrada a Deus: o tabernáculo, sua mobília e seus utensílios, o alimento sacrifical reservado aos sacerdotes, os sacrifícios ou outra oferta forneci da ao santuário. A oferta pela expiação da culpa, que sanava a ofensa e limpava a consciência do pecador, era um carneiro sem mancha do rebanho avaliado por Moisés em siclos de prata, segundo o siclo do santuário. O siclo do santuário era um pouco mais pesado do que o siclo usado em transações comuns. Este equivalia a 12 gramas de prata; aquele, a 12, 5 gramas.

5:16 Na Bíblia há um princípio que diz que quando alguém faz mal a outro ser humano ou a Deus, torna-se responsável por reparar a injúria. No tocante ao objeto dedicado ao Senhor que fosse profanado, Deus ordenou que o transgressor o restituísse e acrescentasse o seu quinto. Era como uma multa, que devia ser paga além do carneiro e da restituição completa. A restituição e um quinto do valor do bem eram quitados antes, como uma prova do genuíno arrependimento do ofensor. Depois, o sacerdote sacrificava o carneiro, para expiação.

5:17 Ainda que o não soubesse... será ela culpada e levará a sua iniquidade. A ignorância quanto ao pecado não fazia com que a ofensa fosse menos prejudicial. O ofensor ainda assim era culpado e carregava a responsabilidade por sua iniquidade. Este também poderia permanecer angustiado, afligindo sua consciência, pois o povo frequentemente experimentava o medo de ter cometido uma ofensa involuntária contra Deus, Seu santuário ou Suas coisas sagradas, embora não soubesse ao certo a natureza dela.

5:18 Em tal situação, a oferta de um carneiro (sem a restituição ou a multa, caso o valor do que fora injuriado não pudesse ser determina do) proporcionava a expiação pela ofensa come tida sem intenção, seu erro em que errou sem saber. Este não era um pecado consciente. Contudo, o ofensor precisava seriamente ser remido, mesmo que não soubesse as circunstâncias em que praticara o ato.

5:19 A ênfase na ignorância quanto ao pecado cometido por uma pessoa e a difícil ciência desta foi correspondida neste versículo pela declaração de que sua oferta fora aceita: certa mente se fez culpada ao Senhor. Ela foi perdoada e sua consciência já podia acalmar-se. Isaías (53.10) usou o verbo hebraico 'asham [assinalando a oferta expiatória do pecado] para assegurar ao crente que Aquele que viria faria a expiação por todos os pecados, até mesmo por aqueles que o ofensor não soubesse que havia cometido e não tivesse meios de saber. Além disso, a expressão deste versículo no hebraico é quase o oposto da empregada nas versões comumente utilizadas. Uma consciência culpada não precisa atormentar o cristão hoje, pois a expiação já foi feita [pelo sangue de Jesus].

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