Significado de Levítico 6

Levítico 6

6:1-7 Esta seção aborda a oferta pela culpa, ou oferta de reparação, e como ela se aplica à injúria causada a outras pessoas.

6:2, 3 Nestes versículos foram listadas as ofensas às pessoas. Entretanto, também se transgredia contra o Senhor, porque o ofensor usava o nome de Deus em vão em seu juramento de inocência feito diante das autoridades. Entre os casos em que alguém lesou seu próximo, são elencados os seguintes: (1) negar ao seu próximo o que se lhe deu em guarda: dizer que o bem de uma pessoa foi perdido, roubado ou destruído quando, na verdade, o indivíduo o mantinha consigo. (2) negar ao seu próximo o que depôs na sua mão: visto que não havia bancos, as pessoas deixavam seus objetos de valor com os vizinhos ou outros quando precisavam ausentar-se. Logo, não devolver esses bens ao proprietário tornava o transgressor culpado e acarretava a restituição dos mesmos. (3) roubar: reter algo que lhe foi entregue como penhor, como garantia do pagamento futuro de uma obrigação. (4) negar com falso juramento: em todos esses casos, a pessoa traía a confiança de seu próximo, subtraindo ou retendo ilegalmente o bem e depois mentindo sob juramento. Considerando que, quando as duas partes eram confrontadas, a palavra de uma ficava contra a palavra da outra, o indivíduo lesado tinha poucos recursos para defesa.

6:4 Quanto às consequências das situações comentadas anteriormente, este versículo afirma que a pessoa pecou e ficou culpada, pois de fato cometera uma injúria. De forma subjetiva, ela ficava com peso na consciência. Visto que o jura mento perante as autoridades colocaria o ofensor fora do alcance da punição, apenas a sua consciência poderia levá-lo diante da justiça. Neste caso, quando um indivíduo prejudicava outro ao subtrair ou reter seus bens, tinha de restituir o que roubara, antes de qualquer outra coisa. Zaqueu reconheceu o princípio da restituição quando encontrou Jesus (Lc 19.8).

6:5, 6 Como acontecia com o pecado em relação às coisas sagradas (Lv 5.16), a restituição e mais um quinto de multa eram provas de genuíno arrependimento. Assim, o ofensor poderia levar o carneiro para a oferta pela culpa e ser perdoado do pecado cometido contra Deus, jurando falsamente em Seu nome. Jesus preservou este princípio para aquele que, diante do altar, lembrou-se de uma ofensa cometida contra seu irmão (Mt 5.23, 24).

6:7-9 Arão e seus filhos, os sacerdotes, eram responsáveis pela correta preparação e apresentação de todas as ofertas. Esta oferta de holocausto era feita à noite e ficava no altar até de manhã, pois o fogo não deveria apagar-se. A chama provavelmente era alimentada com madeira durante a madrugada, para se manter acesa. Pela manhã a oferta era renovada (v. 12), e o fogo mantido aceso durante todo o dia para uma sucessão de ofertas de holocaustos de várias pessoas (cap. 1), para as ofertas de manjares queimadas no altar (cap. 2) e para a gordura dos sacrifícios pacíficos (cap. 3), as ofertas pelo pecado (Lv 4.15.13), e para as ofertas pela culpa (Lv 5.14 6:7).

6:10 Veste de linho... calças de linho. As vestes sagradas dos sacerdotes eram usadas somente no tabernáculo (Lv 16:4; Ex 28.40-43). As calças eram a roupa que usavam por baixo para cobrir suas partes íntimas enquanto faziam seu trabalho. Este recato comunicava aos israelitas que a sexualidade humana não podia influenciar a adoração a Deus. A ideia de sexualidade fazia parte da adoração a Baal, e continuamente tentava os israelitas. Os sacerdotes desta divindade faziam uso de gestos e atos obscenos na adoração pagã ao pervertido ídolo.

6:11 As vestimentas de linho eram usadas apenas dentro do tabernáculo. Os sacerdotes não as usavam para levar as cinzas para fora do arraial.

6:12, 13 Por cinco vezes nesta seção os sacerdotes são instruídos a não deixar o fogo se apagar: o fogo [...] não se apagará. Há, pelo menos, três razões para isto: (1) o fogo original do altar vinha de Deus (Lv 9.24); (2) a chama perpétua significava a eterna adoração a Deus; e (3) o fogo que nunca se apagava simbolizava a necessidade contínua de expiação e reconciliação com Deus, o que era o propósito das ofertas. Como as cinzas eram retiradas do altar a cada manhã, a chama provavelmente estava em seu ponto mais baixo neste momento. Depois, era renovada com lenha. Então, o holocausto era arrumado sobre o fogo, seguido das outras ofertas durante o dia.

6:14-18 Todo varão entre os filhos de Arão comerá da oferta de manjares. Isto incluía todos os sacerdotes, bem como os descendentes de Arão que não foram qualificados para o sacerdócio por alguma razão (Lv 21.16-23). Ademais, essa ordem era estatuto perpétuo, isto é, um mandamento que teria de ser obedecido por toda a eternidade ou por todo o tempo enquanto os sacrifícios fossem oferecidos. No entanto, apenas aqueles que foram feitos santos, consagrados a Deus, podiam tocar ou usar as porções sacrificiais reservadas, como afirmava o estatuto: tudo o que tocar nelas será santo.

6:19-23 Esta era a oferta diária de manjares dos sacerdotes. Por isso, não estava inclusa nas instruções dos sacrifícios da congregação.

6:20, 21 O texto esta é a oferta de Arão e de seus filhos, que oferecerão ao Senhor no dia em que aquele for ungido indica o sacrifício que o sumo sacerdote tinha de oferecer pessoalmente duas vezes por dia enquanto cumpria seu ofício. Ele consistia na décima parte de um efa de flor de farinha, aproximadamente 2, 2 litros (para secos), sendo metade dele oferecido de manhã e metade à tarde. A ideia do compromisso matutino e vespertino é antiga. Este é um grande privilégio, disponível a todo cristão pelo sumo sacerdócio de Cristo.

6:22 A passagem também o sacerdote, que de entre seus filhos for ungido em seu lugar aborda a sucessão do sacerdote por um de seus filhos. No caso de Arão, seu filho Eleazar foi o primeiro que o substituiu no ofício de sumo sacerdote (Nm 20.25-28). Essa continuidade se fazia necessária porque a oferta de manjares e a oferta em holocausto tinham de ser oferecidas diariamente (houve algumas interrupções, particularmente durante o exílio). Isso ocorreu até a destruição do templo em 70 d.C. Visto que eram estatuto perpétuo, mesmo nos períodos de pior apostasia de Judá, as evidências sugerem que as ofertas diárias continuaram, embora muitas vezes pelas razões erradas e inadequadas (Is 1.10-17; Jr 7.8-15; Mq 6:6-8).

6:23 Os sacerdotes podiam comer a maior parte das ofertas de manjares levadas pelo povo (Lv 2.3, 10). Quando foi dito que toda a oferta do sacerdote totalmente será queimada; não se comerá, o conceito era de que ninguém deveria beneficiar se de uma oferta feita por si próprio.

6:24-30 Estes versículos contêm instruções aos sacerdotes acerca das ofertas pelo pecado ou pela purificação (Lv 4.1-5.13).

6:27 O sangue da oferta pelo pecado servia para a expiação daquele que levava a oferta; como tal, era sagrado e tinha um propósito específico e santo. O sangue só podia ser lavado da veste no lugar santo.

6:28, 29 A quebra do vaso de barro, usado como uma espécie de panela, contrasta sobremaneira com a limpeza do vaso de cobre. Nenhuma razão é dada para a diferença entre os procedimentos. Contudo, um possível motivo para tal é que as reentrâncias do barro permitem que se alojem resíduos do que fora cozido, e, mesmo lavando e esfregando, essas ínfimas sobras não podiam ser removidas completamente. Os antigos não sabiam nada a respeito de microbiologia, mas Deus sabe de todas as coisas! As sobras não grudavam no vaso de cobre e podiam ser totalmente removidas deste. O que era sagrado não podia ser profanado. Quebrando o vaso de barro, como fora instruído nestes versículos, evitava-se a profanação da oferta pelo pecado, que era sagrada (v. 25, 29).

6:30 O sangue da oferta pelo pecado do sacerdote e de todo o povo era levado à tenda da congregação (Lv 4.5-7, 16-18), pois ninguém podia beneficiar-se de uma oferta feita para expiação de seu próprio pecado. Assim, os sacerdotes eram proibidos de comer a carne dessa oferta.

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