Significado de Levítico 1

Levítico 1

1:1 O e conecta Levítico com Êxodo. A últimas partes de Êxodo descrevem a construção do tabernáculo, a modelagem das vestes sacerdotais e a vindoura glória que habitaria a tenda. Agora, Moisés seria divinamente instruído acerca de como os israelitas deveriam aproximar-se do Senhor em Seu tabernáculo terreno, construída em Sua honra. Por isso, chamou o Senhor a Moisés e falou com ele.

Este “chamado” é repetido inúmeras vezes em Levítico. O último versículo do último capítulo do livro, 27.34, expõe novamente o tema: estes são os mandamentos que o Senhor [Yahweh] ordenou a Moisés. Apenas duas pequenas passagens, 8.4-10.20 e 24.10-23, mostram variações deste padrão, mas até mesmo ambas incluem orientações de Deus acerca das situações apresentadas. Consequentemente, desde o primeiro versículo até o último, o livro de Levítico declara sua origem divina. Quase todas as palavras do livro são expressas como palavras de Deus, as quais Moisés transmitiu ao povo (Êx. 4-12). O profeta não criou essas instruções. Elas foram comunicadas por meio dele ao povo, mas vieram de Deus (Dt 34.10). O Senhor as entregou s a Moisés na tenda da congregação, que era o centro da adoração pública de Israel naquela época. Contudo, o plano de construção do tabernáculo fora revelado em Êxodo 25 30, e sua edificação descrita em Êxodo 36 39. Séculos mais tarde, seria construído o templo de Salomão em Jerusalém.

1:2 A designação filhos de Israel se refere aos israelitas. Agora que Deus estabelecera uma aliança com eles, tomaram-se um povo, não mais apenas um bando de ex-escravos (Êx. 6.2-8). Em muitas ocasiões em que Deus falou com Moisés (Lv 1:1), Ele orientou o profeta a repassar instruções a todo o povo. Mesmo quando a palavra se destinava apenas a Arão, ou somente aos sacerdotes, era anunciada publicamente. O objetivo deste procedimento era demonstrar que os sacerdotes, apesar do conhecimento que possuíam acerca dos ritos de adoração e da autoridade que Deus lhes concedia, também estavam sujeitos à Lei. Qualquer pessoa informada poderia avaliá-los, verificar se estavam realizando as cerimônias de forma correta ou se estavam tirando vantagem de sua situação para enriquecer ilicitamente, apropriando-se das coisas às quais tinham acesso. Além disso, alguém que possuísse conhecimento de todo o processo não poderia ser intimidado com ameaças, como a ira de Deus ou a esconjuração, caso não fizesse exatamente o que o sacerdote ordenava. A história registra muitos casos de abusos praticados pelas classes sacerdotais, visto que estas detinham as instruções relativas às cerimônias e usavam-nas para oprimir e explorar as pessoas. Os deveres e os privilégios dos sacerdotes em outras culturas no antigo Oriente Próximo eram praticamente segredos de Estado, transmitidos apenas às linhas sucessórias das classes sacerdotais. Era por causa dessas circunstâncias ocultas que os sacerdotes ou outras pessoas liga das a tal situação conseguiam manter seu poder. Israel foi diferente, pois seu Deus era distinto de todos os outros deuses. Quando o Senhor ordenou a Moisés que transmitisse Suas orientações ao povo, Ele generalizou Seu público-alvo usando o termo algum de vós (hb. 'dm; compare com adam, homem), que inclui as mulheres. E provável que esses vocábulos também façam referência àqueles que não são descendentes de Abraão, pois qualquer pessoa com fé em Deus pode adorá-lo com Seu povo (Nm 15.14, 16, 29).

1:3 O holocausto (hb. 'ola, ascensão) era o único sacrifício inteiramente consumido no altar. Ele prenunciava o sacrifício completo e perfeito de Jesus. Também continha a ideia de que o fiel adorador não deveria fazer nenhuma restrição quando se tratasse do Senhor: tudo de si seria dado no relacionamento entre ele e Deus. Isso incluía a oferta do melhor animal do rebanho, ou seja, do macho sem mancha. O uso de animais machos nos sacrifícios não ameaçava a extinção dos rebanhos israelitas, pois apenas um macho era suficiente para fecundar cinco fêmeas e, assim, dar continuidade à criação. Contudo, o macho sem defeito tinha grande valor para os criadores, pois o animal gerava crias boas e saudáveis e também era uma potencial fonte de lã e carne, ou dinheiro, caso fosse vendido. Assim, oferecer esse tipo de animal no altar era um verdadeiro sacrifício. Este princípio ainda é válido: as pessoas devem oferecer o que têm de melhor ao Senhor como um símbolo de que estão ofertando tudo o que possuem. O povo de Deus precisava, também, ofertar de sua própria vontade. O genuíno sacrifício ao Senhor deveria ser realizado com contentamento não poderia haver meia-obediência. O local adequado para a prática desse ato era à porta da tenda da congregação, pois os pecados de veriam ser expiados antes que o indivíduo pudesse ficar diante do Senhor. Deus estava em todo lugar, mas Sua presença era sentida de uma maneira extraordinária no lugar da adoração santa, por isso o sacrifício era oferecido perante o Senhor.

1:4 Cada adorador levava a própria oferte punha sua mão sobre a cabeça do animal. Ninguém podia enviar outra pessoa em seu lugar para oferecer sacrifícios por seus pecados. Da mesma forma, nenhum indivíduo hoje pode fazer com que outrem aceite em seu lugar a propiciação que Jesus Cristo efetivou no Calvário. Esta ideia-chave de expiação (do verbo hebraico kaphar, que significa limpar, remir) traduz-se, neste versículo, como expiar. A vida do animal sacrificado, em troca da vida do pecador, Expiava os pecados do penitente, afastando assim a ira de Deus.

1:5-9 Esta passagem detalha os procedimentos empregados quando o animal a ser sacrificado era um bezerro. O adorador e os sacerdotes tinham várias tarefas. O adorador matava o animal; os sacerdotes ofereciam o sangue e espargiam-no sobre o altar. O adorador tirava a pele do sacrifício e cortava-o em pedaços; os sacerdotes arrumavam a lenha, acendiam o fogo e colo cavam as partes da oferta sob o fogo do altar. O adorador lavava as vísceras e as pernas do animal; os sacerdotes queimavam todo o sacrifício. A verdadeira adoração é ativa. O adorador não pode ser um observador passivo. Uma das definições de adoração na Bíblia em hebraico é semelhante ao significado do verbo servir (hb. 'abai). Assim, era bastante apropriado que os procedimentos relativos à adoração bíblica consistissem em ações de grande envolvimento e esforço.

1:5-8 Arão era o irmão mais velho de Moisés e aquele que Deus designara para ser o sumo sacerdote em Israel (Êx. 28.1). Seus filhos eram Nadabe, Abiú, Eleazar e Itamar. Arão e seus descendentes seriam os sacerdotes do tabernáculo, daí a referência no texto aos filhos de Arão, os sacerdotes. [Para saber detalhes acerca da morte de Nadabe e Abiú, veja o capítulo 10.] Uma das tarefas que eles deveriam desempenhar seria espargir o sangue à roda sobre o altar. Considerado o condutor da vida, o sangue era o elemento mais importante do sacrifício. Espalha do no altar, ele substituía a morte do adorador em pecado.

1:9 As Escrituras não retratam em nenhum lugar Deus comendo as ofertas levadas até Ele, como se acredita que os deuses pagãos faziam. Quando os sacrifícios eram feitos com fé e por vontade própria (v. 3), eram aceitos pelo Senhor como cheiro suave. O mesmo é válido para a morte de Jesus. Deus enviou à terra Seu Unigênito como sacrifício perfeito, trazendo-nos a salvação. Neste sentido, Isaías disse: ao Senhor agradou o moê-lo, fazendo-o enfermar (Is 53.10).

1:10-13 O procedimento de queima de uma oferta era o mesmo quando o animal era um cordeiro ou um cabrito (Êx. 12.5).

1:14-17 Enquanto os israelitas mais ricos ofereciam bezerros, a maioria da população ofertava cordeiros ou cabritos. Os mais pobres podiam usar uma rolinha ou um pombinho. Todos os sacrifícios exigiam participação ativa do adorador. A pessoa que levava as aves deveria ajudar a prepará-las para o altar. As diferentes ofertas eram aceitas por Deus sem discriminação ou favoritismo. O nível econômico não era uma medida de aceitação perante Deus (Tg 2.1-9).

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