Significado de Levítico 25

Levítico 25

25:1 Deus fez a aliança com Israel no monte Sinai. Assim, o que se segue fazia parte da aliança e devia ser observado, a fim de que fosse mantida a fé em Deus.

25:2 A expressão na terra que eu vos dou é um lembrete de que a terra pertence a Deus. Os israelitas viveriam nela por causa da graça do Senhor e sob a orientação divina. Todas as leis do Ano Sabático e do Jubileu foram baseadas nestas promessas. Se Israel seguisse as instruções divinas enquanto ocupasse a terra, Deus abençoaria o povo abundantemente. As ordenanças visavam à restauração da ordem social, que ficou estremecida com o passar do tempo. Caso essa ordem não fosse restabelecida, os ricos continuariam a ficar mais ricos e os pobres não teriam a oportunidade de escapar da pobreza. Quanto ao dia reservado para adorar a Deus, um sábado ao Senhor é a mesma expressão usada para o sábado semanal (Lv 23.3). As pessoas descansavam uma vez por semana do trabalho que realizavam; a terra deveria descansar de sua função um a cada seis dias. O princípio que diz que a terra precisa de cessação de suas tarefas vem sendo redescoberto nos dias atuais e é praticado de várias formas pelos fazendeiros de muitos países. Os profetas acusaram Israel de muitas violações a esse fundamento. O autor de 2 Crônicas explicou que a única razão para os setenta anos de exílio babilônico foi a necessidade de a terra desfrutar todos os anos sabáticos que não foram cumpridos porque Judá os ignorou (2 Cr 36.21). Foi exatamente isso que Deus prenunciou em Levítico 26.34, 35, na lista de maldições por causa da desobediência.

25:3-7 Não segarás. Segar e recolher com fins de armazenamento e venda não eram atividades permitidas no Ano Sabático. Entretanto, aceitava-se a sega para suprir as necessidades diárias. Visto que o propósito dessas leis era promover a igualdade social em Israel, qualquer um, independente da posição que ocupasse na sociedade, estava autorizado a pegar o que crescesse e onde crescesse. Até mesmo os animais selvagens são mencionados aqui, para enfatizar que Deus supriria as necessidades de qualquer criatura. E claro que a provisão principal de Israel durante essa época era a grande safra produzida pelo povo um ano antes do Ano Sabático (v. 21, 22).

25:8-17 Estas passagens tratam da instituição do Ano do Jubileu. Após sete ciclos dos anos sabáticos, o quinquagésimo ano seria o Ano do Jubileu. O sétimo mês era o começo do ano civil. Seu décimo dia, o Dia da Expiação, era a data em que as pessoas se libertavam do pecado e da culpa. Apropriadamente, no ano de número cinquenta deveria ser apregoada liberdade na terra a todos os seus moradores; seria a libertação de todas as dívidas, da escravidão, e o final da separação do herdeiro da terra que ele havia herdado. Conservando-se o conceito de que Deus era o dono da terra, nenhum israelita deveria vender a terra que lhe fora designada como herança. Se uma pessoa passasse por extremas dificuldades e fosse forçada, de fato, a arrendar sua terra para um credor, tal situação só se sustentaria até o Ano do Jubileu, quando todos os débitos seriam perdoados. A “venda” (o arrendamento de longo prazo) da terra era negociada de acordo com a quantidade de anos que faltavam para o Jubileu. Caso faltassem muitos anos, o preço subia; do contrário, o valor era menor. Esta norma objetivava permitir que cada família israelita tivesse a possibilidade de recomeçar sua vida de geração em geração, apesar do que acontecera no passado. Deste modo, alguns anos de seguidas safras ruins não destruiriam o clã para sempre. Nem mesmo a negligência e a falta de moral do patriarca da família levariam seus descendentes à ruína por mais de uma geração. Infelizmente, esta sábia provisão, planejada para dar esperança aos indivíduos e estabilidade social à nação, foi raramente, se foi, cumprida.

25:9, 10 Apregoareis liberdade significa que todos os débitos seriam cancelados. Os israelitas que tiveram de vender-se à escravidão poderiam finalmente obter a liberdade, e toda terra seria revertida aos donos originais. A mesma expressão ocorre em Isaías 61.1, na passagem que Jesus leu na sinagoga em Nazaré, no começo de Seu ministério na terra. A missão de Cristo aqui seria anunciar a liberdade àqueles que perderam a sua herança e tornaram-se servos do Maligno.

25:11, 12 O quinquagésimo ano ou Jubileu era, em sua essência, um Ano Sabático (v. 2-7). Cumprir o Ano do Jubileu significava deixar a terra descansar por dois anos seguidos.

25:13-17 Não oprimir um irmão israelita era uma maneira de mostrar temor, ou reverência e respeito, a Deus.

25:18, 19 Se aqueles que habitavam na terra de Deus seguissem. Suas instruções, viveriam em segurança nela, livres da escassez e das ameaças externas.

25:18-22 Em vez de esperar pelas perguntas óbvias do povo acerca das provisões para o ano em que a colheita estaria proibida, o próprio Deus as suscitou e respondeu-lhes.

25:21, 22 Eu mandarei a minha bênção sobre vós. Se os israelitas obedecessem às instruções divinas e deixassem a terra descansar, poderiam ter certeza de que a própria terra supriria todas as suas necessidades. Três anos estavam envolvidos nesse processo. No sétimo ano nenhuma plantação ou colheita com finalidade de armazenamento ou venda podia ser efetuada. As plantações do oitavo ano não podiam ser colhidas e consumidas até que o nono ano começasse.

25:23, 24 O princípio que comandava todas estas leis era o de que a terra não pertencia a Israel, mas sim a Deus. Ao afirmar vós sois estrangeiros e peregrinos, o Senhor enfatizou que os israelitas habitariam uma terra que não era deles. Do mesmo modo, o cristão fiel vive na terra como um estranho e hóspede, esperando por uma cidade da qual o artífice e construtor é Deus (Hb 11.10).

25:25-28 Cada pedaço de terra das famílias era a fonte de seu sustento e de seus alimentos. Ser desapossado da área que cultivava, na maioria dos casos, significava tomar-se servo e dependente de outro clã. Muitas pessoas trabalhavam duro para evitar que isso acontecesse, mas as doenças, a safra ruim, ou outros infortúnios poderiam levar um homem a contrair débitos até o ponto em que fosse forçado a vender (arrendar) sua terra. Neste caso, três opções poderiam ser consideradas: (1) Um parente próximo poderia resgatar (comprar) a terra do cidadão em dificuldades que foi vendida a ou trem (v. 25). Com a renda, o proprietário teria condições de liquidar a dívida com seus credores. A terra continuaria pertencendo ao clã, a família pobre permaneceria em sua propriedade e, por fim, o parente seria reembolsado. Este parente era o homem com o grau de parentesco mais próximo ao endividado. Se essa pessoa não pudesse quitar a dívida, esta ia passando a outros indivíduos na linha de parentesco até que alguém pudesse fazê-lo. Este é o cenário de Rute 4, quando Boaz intercedeu como o resgatador e comprou o pedaço de terra de Noemi. (2) Um homem poderia não ter ninguém que servisse de resgatador para sua terra. Neste caso, se fosse capaz de em pouco tempo economizar o bastante para comprá-la de volta, deveria fazê-lo. O preço de resgate seria estipulado de acordo com a quantidade de anos que faltasse para o próximo Ano do Jubileu, e a quantia adequada retornaria ao comprador (v. 26, 27). (3) Não sendo possível realizar as opções acima, o homem deveria esperar até o Ano do Jubileu para readquirir a terra que ganhara como herança (v. 28). Entretanto, mesmo nessa situação extrema, havia a esperança de que a família pudesse retomar a sua propriedade livre de débitos e, assim, recomeçar. A lei de redenção e a do Ano do Jubileu são símbolos claros do que Jesus fez na cruz pela humanidade. Tudo o que nosso primeiro pai e nossa primeira mãe perderam no Éden, nós, sozinhos, não conseguiríamos de forma alguma reaver. Jesus Cristo, nosso Irmão mais velho, fez o resgate por nós. Fomos despojados de nossa herança, mas, no Ano do Jubileu, receberemos o consentimento para regressar. Esta é parte da tensão já-mas-ainda-não do Reino de Deus. O caminho foi aberto até aqui nesta terra, mas sua completa realização ainda não aconteceu. Por isso mantemos a esperança, da mesma forma que as antigas famílias israelitas esperavam e ansiavam pelo Ano do Jubileu.

25:29, 30 O termo cidade murada faz referência às maiores cidades dentre as outras da terra. Essas tinham uma grande diversidade econômica, bem superior à dos povoados sem muros. A sobrevivência de um indivíduo não dependia da posse de uma casa na cidade. Assim, o tempo limite para se resgatar tal propriedade era de um ano. Esse tipo de casa podia ser comprado e vendido sem considerar o Ano do Jubileu.

25:31 Um povoado sem muros na antiga Israel era algo muito pequeno, considerando os padrões atuais. Muitos só tinham como habitantes umas poucas famílias. A principal atividade econômica era a agricultura, exercida nos limites da aldeia. Para as pessoas que viviam nessas condições, perder a casa em que moravam representava um extremo desastre. Assim, as casas das aldeias foram incluídas nas leis de redenção do Jubileu.

25:32-34 As casas dos levitas também eram protegidas pelas leis de redenção e do Jubileu (v. 25-28), pois tais moradas representavam sua única posse.

25:35-38 Cobrar juros sobre um empréstimo feito a um israelita pobre teu irmão apenas retardaria o progresso financeiro dele. Esta lei provavelmente não proibia a cobrança de juros sobre empréstimos comerciais, que era outro nível de atividade econômica, a qual não ameaçava a sobrevivência do próximo. Algumas pessoas podem ter caído na tentação de recusar-se a fazer o empréstimo ao pobre cidadão israelita, preferindo emprestar aos não israelitas a fim de receber os juros. Isso explica a instrução sustentá-lo-ás como estrangeiro e peregrino. Misericórdia e generosidade deveriam ser motivações maiores do que o ganho financeiro. Este princípio continua válido nos dias de hoje.

25:37 Talvez neste texto se faça referência às sementes para o plantio, bem como ao manjar para o consumo.

25:38 A motivação para ser generoso com o pobre deveria vir da gratidão de uma pessoa a Deus, por causa da também generosidade divina ao tirar Israel do Egito e dar-lhe a terra de Canaã, e por Sua aliança para ser seu Deus. Porque servia a um Deus nobre e de extrema grandeza, o povo tinha condições de executar atos de igual esplendor.

25:39-55 Este segmento textual descreve a forma de tratamento e a redenção dos escravos. Por mais de cem anos, o mundo esteve pratica mente livre da escravidão do tipo em que um ser humano tinha a posse de outro. Qualquer menção à escravidão naturalmente levanta sérias questões. As leis levíticas falam não só da verdadeira servidão, como também de casos específicos de pessoas tão endividadas que não conseguiam levantar dinheiro para quitar as dívidas. Desta forma, o indivíduo ficava compelido a pagar a seu credor com trabalho. Vários princípios são demonstrados aqui: (1) um israelita não deveria ser considerado ou tratado como um bem permanente. Tal indivíduo e seus filhos não poderiam ser herdados; (2) o trabalhador não poderia ser humilhado ou receber tratamento de escravidão (este tipo de atitude é desencorajado em outra parte); (3) um parente poderia resgatá-lo, ou o próprio poderia fazê-lo, caso fosse possível; (4) se não fosse resgatado previamente, o servo seria liberto no Ano do Jubileu; (5) estas regras se aplicavam caso ele estivesse ligado a um companheiro israelita, a um estrangeiro residente ou a um peregrino. Tais normas possuíam os mesmos fundamentos da redenção e do Jubileu para a terra. Todo israelita pertencia a Deus, era servo do Senhor. Considerando-se esta condição, os hebreus não podiam tornar-se propriedade de outro homem, independente de este ser um conterrâneo israelita ou um estrangeiro. A reverência a Deus era o que norteava a forma de tratamento para com qualquer pessoa que estivesse sob o poder de outrem.

25:44-47 Os escravos estrangeiros podiam ser comprados, vendidos e herdados como qual quer outro bem. Isso não significa que Deus aprova a escravidão. Ele fez leis para tornar a prática mais branda naquele tempo.

25:48-55 Apesar de a regra do resgate por um parente não ser obrigatória, a progressão natural ia do parente próximo até o mais distante. Um irmão, se pudesse, seria aquele que resgataria, a priori, o indivíduo. Se nenhum irmão pudesse fazê-lo, um tio e um primo seriam os próximos, respectivamente.

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