Estudo sobre Colossenses 2:7
Estudo sobre Colossenses 2:7
Contudo na visão de Paulo há algo tão decisivo nessa consolidação verdadeira e viva do relacionamento com Jesus que ele acrescenta de imediato mais duas metáforas. Quando planto uma flor no canteiro uma criança facilmente pode tornar a arrancá-la. Mas se ela tiver algumas semanas para enraizar-se ali, será mais provável arrebentá-la do que arrancá-la do chão. Também os colossenses podem e precisam estar tão “enraizados em Cristo” que influências, tendências do tempo e pessoas cheias de hábil persuasão não possam mais arrancá-los com essas raízes e transplantá-los. Imergir todas as nossas raízes vitais nesse Cristo Jesus, o Senhor, arraigar-nos nele com todo o nosso ser, somente isso é “cristianismo”.
O próprio Jesus já utilizara a metáfora da construção: construir sobre areia ou construir sobre a rocha. Jesus é suficientemente grande para que todo o edifício de nossa vida e - muito mais que isso - toda a construção da igreja possam ser exclusivamente “edificadas sobre ele”. A igreja em Colossos não tem necessidade nem deve se deixar seduzir para, além disso, alicerçar sua vida eclesial também sobre a areia das opiniões e orientações humanas.
As tendências que tentam ganhar influência em Colossos provavelmente constituem o começo daquele movimento que mais tarde ameaçou toda a igreja sob o nome de “gnosticismo”. O gnosticismo visava conduzir ao “conhecimento” de mundos superiores, considerando a “fé” como estágio primitivo inicial. Por essa razão Paulo adverte: permaneçam “confirmados pela fé, tal como fostes instruídos”. O próprio Paulo, afinal, acaba de definir que é necessário para a vida da igreja que esta chegue “à plena riqueza da certeza total do entendimento”, apresentando-lhe como alvo o conhecimento do mistério de Deus”, do Cristo. A igreja não será protegida contra a falsa gnosis (= “conhecimento”) se as pessoas do novo movimento tiverem razão ao argumentar contra ela: como as condições entre vocês são confusas, estreitas e precárias. Por isso Paulo demonstrou justamente na presente carta aos Colossenses, no trecho sobre a magnitude de Jesus, que existe “conhecimento” poderoso e profundo a partir da fé, material rico também para o raciocínio e o entendimento. Não obstante, a igreja recebeu o ensinamento fundamental de que somente a fé salva o ser humano. A fé não é um estágio inicial para pessoas modestas, que o “gnóstico”, aquele “que passa a conhecer”, deixa para trás e abaixo de si. Precisamente quem adquiriu uma perspectiva ampla e cristalina dos planos e caminhos de salvação de Deus por meio de pesquisa séria e encontrou em Cristo os tesouros da sabedoria e do “entendimento” (em grego gnosis), permanece crente e se torna cada vez mais um crente que pedindo e aceitando, ou seja crendo, obtém tudo de Deus.
Há um sinal seguro para saber se esse relacionamento correto de crer e conhecer está preservado ou não: a gratidão. Conhecimento que se dissocia do crer e, portanto, do receber, conhecimento em que o ser humano pensa poder apoderar-se de Deus torna o ser humano solitário e orgulhoso. A gratidão silencia. Mas se o ser humano permanece sendo aquele que é presenteado e que aceita, todo o conhecimento serve apenas para expor de forma cada vez mais clara a riqueza da dádiva divina, a grandeza do amor divino. Então também aumenta a adoradora gratidão. Consequentemente trata-se de realmente agradecer “nela”, a saber, na fé, como muitos manuscritos trazem. “Crer” e “agradecer” estão objetivamente ligados da forma mais estreita imaginável. Por isso o apóstolo deseja à igreja que “transborde de gratidão”.
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Colossenses 2:7