Levítico 14 — Explicação das Escrituras

Levítico 14 continua com instruções para lidar com doenças de pele e rituais de purificação. O capítulo detalha o processo de limpeza de alguém que se recuperou de uma doença de pele, principalmente a lepra. Assim que a pessoa estiver curada, eles devem trazer dois pássaros vivos, madeira de cedro, fio escarlate e hissopo ao sacerdote. Um pássaro é sacrificado e o outro é solto. O sacerdote usa madeira de cedro, fio escarlate e hissopo para aspergir a pessoa com o sangue da ave sacrificada. Este processo significa a restauração da pessoa à comunidade e sua purificação.

O capítulo também aborda a purificação de casas afetadas por uma forma de mofo ou bolor. O sacerdote examina a casa e, se constatar que está impura, é limpa e purificada com os mesmos materiais usados no ritual para uma pessoa. Esses rituais enfatizam a importância da limpeza e restauração de indivíduos e residências a um estado de pureza ritual após serem afetados por doenças ou impurezas.

Em resumo, Levítico 14 fornece instruções para a purificação de indivíduos que se recuperaram de doenças de pele e para a limpeza de casas afetadas por mofo ou bolor. O capítulo enfatiza o processo de restauração e a importância da limpeza dentro da comunidade. Os rituais enfatizam o compromisso dos israelitas em manter a pureza pessoal e ambiental, de acordo com os mandamentos de Deus.

14:1–7 Aqui é dado o ritual para a purificação de um leproso depois que ele foi curado: Primeiro ele foi inspecionado pelo sacerdote fora do acampamento. Se curado, oferecia duas aves vivas e limpas, com madeira de cedro, carmesim e hissopo. A madeira de cedro e o hissopo, provenientes de uma árvore elevada e de uma planta humilde, retratam o julgamento de Deus sobre todos os homens e sobre tudo o que o mundo contém, desde as coisas mais altas até as mais baixas. O escarlate está associado a pecados em Isaías 1:18, então o pensamento aqui pode ser o julgamento de Deus sobre os pecados. Um pássaro foi morto... sobre água corrente, e o outro com madeira de cedro, escarlate e hissopo foi mergulhado no sangue do pássaro morto. O leproso purificado era aspergido com o sangue sete vezes e declarado limpo. Então a ave viva foi liberada.

De muitas maneiras, a lepra é um tipo de pecado. Tornava o homem impuro, excluía-o do acampamento de Deus e do povo de Deus, tornava a vítima miserável, etc. É por isso que precisava haver uma aplicação de sangue (o sangue de Cristo) e água corrente ( a obra regeneradora do Espírito Santo) na purificação de um leproso. Quando um pecador se volta para o Senhor em arrependimento e fé hoje, a morte e a ressurreição de Cristo (representada pelos dois pássaros) são contabilizadas em sua conta. O sangue é aplicado pelo poder do Espírito e, aos olhos de Deus, a pessoa fica limpa.
Rocha das Eras, fendida para mim,
Deixe-me esconder-me em Ti;
Deixe a água e o sangue,
Do Teu lado dilacerado que fluiu,
Seja do pecado a dupla cura,
Purifique-me de sua culpa e poder.

— Augusto M. Toplady
14:8–20 O leproso purificado lavou suas roupas, raspou todo o cabelo e lavou o corpo (v. 8). Então ele foi autorizado a entrar no acampamento, mas não pôde entrar em sua própria tenda por mais sete dias. Sete dias depois, lavou-se novamente, barbeou-se e foi declarado limpo (v. 9). No oitavo dia, ele trouxe ofertas ao SENHOR (vv. 10, 11): uma oferta pela culpa (vv. 12–18); uma oferta pelo pecado (v. 19); uma oferta queimada (v. 20). O sacerdote aplicou o sangue na orelha, mão e pé do leproso (v. 14). Isso fala de ouvir a Palavra de Deus, de fazer a vontade de Deus e de andar nos caminhos de Deus.

14:21–32 Se o leproso purificado fosse muito pobre para trazer todos os animais necessários, então ele tinha permissão para trazer duas rolas ou dois pombinhos, um para oferta pelo pecado e outro para holocausto, mas ele ainda tinha que trazei o cordeiro para a oferta pela culpa.

Uma oferta de cereais acompanhava a transgressão, o pecado e os holocaustos em cada caso.

14:33–53 Finalmente, são dadas leis para a detecção de lepra em uma casa. Isso se aplicaria quando o povo finalmente chegasse a Canaã e morasse em casas permanentes, em vez de em tendas. A “lepra” em uma casa provavelmente era algum tipo de fungo, bolor ou podridão seca. O Senhor providenciou para que a casa fosse esvaziada antes que o sacerdote entrasse, para que o conteúdo não se tornasse impuro ou fosse colocado em quarentena (vv. 36, 38). A princípio, apenas as pedras afetadas de uma casa foram removidas. Mas se a lepra continuasse a irromper, a casa era demolida (vv. 39–45). Caso a lepra fosse detida na casa, o sacerdote seguia um ritual de purificação semelhante ao de um leproso (vv. 48–53).

14:54–57 Este parágrafo é um resumo dos capítulos 13 e 14.

Notas Adicionais

14.2
Ser purificado significava começar ei vida de novo; uma figura do novo nascimento no Espírito Santo.

14.3 O leproso não podia curar a si mesmo, nem se pronunciar limpo; nem tinha condições de ir procurar o ministro de Deus: o sacerdote é que tinha de ir ao seu encontro, fora do arraial. O pássaro morto representava a necessidade de uma vida para recuperá-lo, e pássaro vivo que se soltava representava sua própria vida que se renovara no ato da purificação, mas não se soltava antes de ter sido molhado com o sangue do pássaro sacrificado. O cabelo cortado e raspado sugere o desembaraço das coisas antigas, para agora passar a uma vida nova, de liberdade. A unção (17 e 18) simbolizava que a vida do leproso passara a estar aos cuidados do grande Médico.

14.5 Águas correntes. A frase dá ideia de uma nascente ou de um córrego, cf. Jo 4.10; 7.38, vd “água viva”.

14.7 O pássaro que se soltava não era um sacrifício. O mesmo ritual se aplica à purificação de uma casa, 14.53, e era semelhante ao ritual do bode expiatório que fazia parte das cerimônias do Dia da Expiação, 16.21. O leproso, ao ver o pássaro voar livremente, veria uma dramatizarão religiosa da sua própria libertação da doença.

14.10 Três dízimas de um efa. Equivalente a 6,6 litros, o efa sendo de 22 litros. O sextário era uma medida para líquidos de 0,3 litro.

14.12 Este é o único caso de uma vítima inteira ser movida perante o Senhor, cf. 7.30, 34; 8.27-29; 9.21; 10.14-15; 14.12, 24; 23.11-20.

14.15-18 O sacerdote tinha que colocar uma parte do sextário de óleo na palma da sua mão esquerda, uma cerimônia que pertence somente a está purificação dos leprosos. Não que haja algo de singular no uso do sangue juntamente com o azeite; isto também consta na cerimônia da consagração de Arão, 8.30; mas em nenhuma outra passagem consta a aspersão com óleo sete vezes perante o Senhor. Além disso, os sacerdotes que recebiam a aspersão do sangue em várias partes do corpo (8.23-24), não recebiam a segunda aspersão com o óleo, que era o caso dos leprosos. Só estes recebiam, além do sangue que, especialmente, indica a reconciliação, o óleo que simboliza o poder tão necessário para ter uma vida de saúde recuperada.

14.19 As três qualidades de ofertas para os leprosos eram: 1) a oferta pela culpa, 13; 2) a oferta pelo pecado, 19; 3) o holocausto, 19, com a oferta de manjares, 20. A oferta pela culpa era exigida por causa do estado de imundície, pelo qual o leproso passara (5.3) “Seguia-se a oferta pelo pecado, e depois, o holocausto com a oferta de manjares. Com isso o homem era restaurado a seu estado legal de pureza e de comunhão com Deus e com os homens.

14.21 Azeite. Não era o óleo da santa unção dos sacerdotes, mas um azeite de oliva que foi consagrado especificamente para este culto religioso; simbolizava a dedicação a Deus desta vida renovada.

14.21-32 A concessão à pobreza permitia a substituição de duas rolas pelos dois cordeiros, exigidos conforme v. 10, e a diminuição do peso de farinha de três dízimas de um efa (10) para uma (21). Não se toleravam exceções para a oferta pela culpa (um cordeiro e um sextário de azeite), cujas cerimônias deveriam ser iguais para os ricos e para os pobres, sendo elementos essenciais e significativos. • N. Hom. As cerimônias elaboradas, e os exames cuidadosos, revelam que a pureza é importantíssima, e que não se obtém só por querer, Rm 9.16. A chave das cerimônias é o cordeiro da oferta pela culpa: 1) Foi morto para pagar a culpa; 2) Foi oferecido no lugar da oferta pelo pecado e do holocausto, vinculando estes três sacrifícios, v. 13; 3) Foi oferecido num lugar santo (Cristo levou Seu sacrifício até o Santuário Eterno, entrando no céu, Hb 9.24-25); 4) Esta oferta pertencia ao sacerdote, assim como a oferta dê Cristo é para alimentar o povo de Deus, o sacerdócio real, 1 Pe 2.9; 5) Esta oferta era santíssima, para um povo santo, do tipo que se descreve em 1 Pe.

14.25 É claro que só Cristo tem a capacidade para ser o Cordeiro verdadeiro, profeticamente aludido nestas cerimônias, cf. Êx 12.1-28n e referências.

14.34 Eu enviar a praga. Deste versículo alguém podia concluir que Deus é fonte imediata de toda a lepra; precisa-se, porém, ter em mente as seguintes considerações: 1) A Bíblia descreve aquilo que Deus permite dentro da Sua Providência como “ato de Deus”, Êx 15.26; Dt 7.15; 1 Sm 2.6; Pv. 3.33; Is 45.7; 2) Há certos casos onde vê o homem colhendo os resultados daquilo que semeou, Gl 6.7-8; 3) Em outros casos, não há um elo imediato com algum pecado específico, Jo 9.1-3. A alguma casa. Deve ser bolor, mofo, podridão.

14.41 Hoje sabemos que muitas doenças são devidas a bactérias que se multiplicam rapidamente sob condições favoráveis de escuridão e de umidade. Antes de os homens saberem disso, Deus já tinha providenciado leis higiênicas que preservariam os obedientes destas pragas.

14.44 Maligna. Lit. “irritação”, uma forma dá raiz mã'ar (traduzida “picar” em Ez 28.24), que só ocorre aqui. • N. Hom. 14.33-47 A lepra que invade uma casa pode simbolizar o pecado que, querendo tornar conta de uma igreja, que é comparada a uma casa em Ef 2.19-22, e cujos membros são as pedras, 1 Pe 2.5. A primeira coisa a ser feita é remover os móveis, v. 36, que simbolizam todos os hábitos, costumes, cerimônias, e tradições que não têm fundamento na Palavra de Deus. Depois, procuram-se os sinais de corrupção e de podridão, 37; estes se reconhecem logo, seja na prática, na doutrina, seja no culto, pelo contágio que produzem, 39. Procede-se então à remoção das pedras contaminadas, 40 (a excomunhão individual conforme 1 Co 5.1-5). Se depois disto não há cura nem arrependimento, só resta a eliminação da casa, 45 (a rejeição da igreja, Ap 2.5 e 3.16). • N. Hom. 14.48-53 Aplicando-se o caso da lepra de uma casa a uma igreja invadida pelo pecado, descreve-se aqui a cura. O sangue da ave sugere o sangue precioso e purificador de Cristo; sem esta doutrina da salvação pelo sacrifício de Cristo, uma igreja passa a ser apenas uma sinagoga de Satanás. As águas correntes lembram o Espírito Santo, cuja inspiração e poder trazem reavivamento a uma igreja pecadora. A ave viva é comparável ao pecador libertado, que voa livre e alegre pelo mundo depois de ser salvo, e o pau de cedro com o Madeiro que torna o crente capaz de participar da crucificação de Cristo, para que Cristo viva nele, Gl 2.19-20. O hissopo é aquilo que aplica o sangue purificador e sugere a fé, despertada pelo Espírito Santo. O carmesim fala de purificação e de segurança (e.g., Js 2.19-21), que é o caminho diário dos membros de uma igreja verdadeira.
 
14.48 Este segundo exame foi feito para verificar a eficácia da cura.

14.53 Conforme se fazia também com a pessoa leprosa (v. 7), libertava-se no campo o pombo vivo, para simbolizar assim a libertação de qualquer objeto da praga da lepra que o assolava.

Índice: Levítico 1 Levítico 2 Levítico 3 Levítico 4 Levítico 5 Levítico 6 Levítico 7 Levítico 8 Levítico 9 Levítico 10 Levítico 11 Levítico 12 Levítico 13 Levítico 14 Levítico 15 Levítico 16 Levítico 17 Levítico 18 Levítico 19 Levítico 20 Levítico 21 Levítico 22 Levítico 23 Levítico 24 Levítico 25 Levítico 26 Levítico 27