Salmo 42 — Estudo Devocional

Salmo 42 

Segundo livro
Salmos 42.1—72.20
Oração de um homem longe da Pátria
Poesia do grupo de Corá. Ao regente do coro.

O Salmo 42 é um salmo sincero de desejo e sede pela presença de Deus. Reflete o profundo anseio espiritual do salmista e sua luta contra o desânimo. Aqui estão algumas aplicações de vida baseadas nos ensinamentos deste salmo:

1. Anseio pela Presença de Deus: O tema central deste salmo é um profundo anseio pela presença de Deus, como um cervo anseia por água. Podemos aplicar isso nutrindo uma fome constante por um relacionamento mais profundo com Deus. Isto envolve buscá-lo através da oração, adoração e estudo de Sua Palavra.

2. Honestidade na oração: O salmista expressa abertamente a Deus seus sentimentos de desânimo e desespero. Em nossas vidas, podemos aprender a ser honestos em nossas orações, compartilhando com Deus nossas emoções, dúvidas e lutas mais profundas. Ele é nosso porto seguro onde podemos abrir nossos corações.

3. Lembre-se da fidelidade de Deus: O salmista relembra experiências passadas de adoração a Deus no templo. Podemos aplicar isto refletindo sobre os nossos próprios momentos de avanços espirituais ou encontros com Deus e usando-os como lembretes da Sua fidelidade, mesmo em tempos difíceis.

4. Esperança na libertação de Deus: Apesar do desânimo, o salmista coloca a sua esperança na libertação de Deus. Podemos aplicar isto mantendo a esperança e a confiança no tempo e na provisão de Deus durante circunstâncias difíceis. Acreditar que Deus agirá pode proporcionar força e resistência.

5. Combater o desânimo espiritual: O salmista reconhece sentimentos de desespero e fala à sua própria alma para encontrar esperança em Deus. Podemos aplicar isto combatendo ativamente o desânimo espiritual com a verdade espiritual. Meditar nas promessas de Deus e encorajar-nos com a Sua Palavra pode nos ajudar a superar momentos de desespero.

6. Louvor e Adoração: O salmista menciona cantar cânticos de louvor. Podemos aplicar isto incorporando louvor e adoração na nossa vida diária, pois isso pode elevar o nosso espírito e aproximar-nos de Deus. Cantar ou ouvir canções de adoração pode ser uma forma poderosa de se conectar com Deus.

7. Comunidade e Companheirismo: O salmista lembra-se dos tempos de adoração coletiva no templo. Podemos aplicar isto valorizando a importância da comunidade e da comunhão com outros crentes. Fazer parte de uma comunidade espiritual de apoio pode proporcionar encorajamento e força na nossa jornada de fé.

8. Esperando em Deus: O salmista reconhece que sua ajuda vem de Deus. Podemos aplicar isto aprendendo a esperar pacientemente no tempo de Deus e não confiando apenas nas nossas próprias capacidades. Esperar em Deus requer confiança e entrega aos Seus planos.

Em resumo, o Salmo 42 nos ensina a desejar a presença de Deus, ser honesto em nossas orações, lembrar Sua fidelidade, manter a esperança em Sua libertação, combater o desânimo espiritual com a verdade, envolver-se em louvor e adoração, valorizar a comunidade e aprender a esperar em Deus. . Esses aplicativos podem nos ajudar a crescer em nosso relacionamento com Deus e a navegar pelos altos e baixos da vida com fé e resiliência.

Devocional

42.1—72.20 SEGUNDO LIVRO. Veja quadro “Os 5 Livros dos Salmos e nossa idade”.

42.1-11 Poesia do grupo de Corá. Este Salmo foi escrito pelos filhos de Corá que serviam no templo (1Cr 6.31-38; 2Cr 20.19). Ele forma uma unidade com o Salmo 43: são 3 estrofes, terminando com o mesmo refrão, nos vs. 5,11 e Sl 43.5. O título hebraico indica um tipo específico de poesia, talvez “salmo didático”, de instrução.

42.1-2 eu tenho sede de ti. Este é um desejo que vem do fundo da alma humana (como diz outra tradução: “A minha alma tem sede de Deus”). Nossa alma carrega em si um vazio, uma necessidade de ter um deus, mas não um deus qualquer: a alma humana precisa é do único Deus vivo. Deus é a fonte de água viva que sacia a sede de quem o procura. Este salmo nos reporta a Jesus ao afirmar para a mulher Samaritana: “a pessoa que beber da água que eu lhe der nunca mais terá sede.” (Jo 4.14)

42.3 Por que estou tão triste? Nem sempre a tristeza e o choro da alma têm explicações muito lógicas. Até mesmo os que têm uma vida totalmente dedicada a Deus, como missionários e sacerdotes, podem passar por tempos de grande angústia. Entretanto, a tristeza pode nos levar a refletir sobre nossa vida com Deus e nos levar a nos aproximarmos dele, como acontece neste salmo. Nem sempre a tristeza é sinal de algo ruim que se deva evitar.

42.4-5 Quando penso no passado. O salmista parece circular entre o desejo do presente (minha alma tem sede de Deus), com suas lágrimas e dificuldades (vs. 3, 6, 10), as lembranças do passado (a satisfação de conduzir o povo ao templo de Deus), e a esperança do futuro, quando o Senhor mostrará o seu amor e seu cântico estará à noite com ele (v. 8). O salmista persevera na decisão de que, apesar da turbulência de sua alma, continuará esperando, confiando e louvando ao Deus da sua salvação (vs. 5,11).

42.5 felizes cantando e louvando a Deus. Este salmo também menciona os servos de Deus que querem se alegrar na presença dele adorando-o na beleza de sua santidade. No mesmo salmo em que fala “choro de dia e de noite” (v. 3), significando um longo choro, o salmista também sente alívio e tranquilidade, lembrando a presença de Deus na vida do seu povo em momentos de libertação e paz.

42.6 meu coração está profundamente abatido. Existem acontecimentos que nos deixam muito tristes, e isso é normal e saudável. Há, porém, um estado de tristeza duradoura, com falta de ânimo para viver, que permanece mesmo sem nenhum grande motivo: este pode ser um sinal de uma doença, que precisa de atenção. Veja o quadro “Depressão”.

42.11 Eu porei a minha esperança em Deus. O salmista diz que está profundamente abatido e se pergunta “por que estou tão triste?” E se lembra da figura da rocha segura que representa o Deus Salvador em quem ele põe toda a esperança.

Os 5 Livros dos Salmos e nossa idade
O Livro dos Salmos é subdividido em cinco livros: 1-41; 42-72; 73-89; 90-106, e 107 — 150. Segundo estudiosos, essa divisão foi feita à semelhança dos primeiros cinco livros da Bíblia — o Pentateuco — de Gênesis a Deuteronômio.

Entre muitos seguidores da fé em Deus, especialmente no círculo familiar, tem-se o costume de ler um salmo por ocasião do aniversário — geralmente o salmo do número de anos que o aniversariante está completando.

Este costume não tem em si nenhuma base bíblica específica, não traz nenhuma correlação científica, mas nem por isso mereceria ser condenado ou desprezado. Não deixa de ser bastante instrutivo e interessante o paralelo encontrado se aplicarmos a divisão dos Salmos em livros às várias idades humanas:

A primeira fase da vida humana, então, iria do nascimento até o 41º ano, indicando uma espécie de ascensão e amadurecimento contínuos. O conteúdo destes salmos é mais de pedidos de ajuda a Deus, a afirmação da fé no meio das dificuldades com inimigos (veja quadro “Para começar a louvar”, Sl 9), mas já com exemplos de espiritualidade de muita beleza, como o Salmo 23.

Segue-se a “segunda idade”, dos 42 aos 72 anos, onde o declínio da vitalidade se torna crescente, e uma parte das pessoas já falece de causas naturais. O conteúdo destes salmos também se concentra em pedidos de ajuda e fé no meio das situações difíceis da vida, mas já são mais acompanhados de confissão de pecados (como o Sl 51) e outros sinais da maturidade de quem se contenta em não ser capaz de tudo. Aparecem também alguns belos salmos de louvor.

A “terceira idade” viria a seguir, dos 73 aos 89 anos, um período em que a maioria de nós completará seu tempo neste mundo. A temática destes salmos se concentra mais em torno da grandeza de Deus, com uma consciência mais coletiva, como nação, e também os necessários pedidos de ajuda divina, um belo auxílio a passarmos da ira para a misericórdia, o que não deixa de ser uma comparação com nossa passagem para a salvação (veja também o quadro “Raiva humana e ira divina”, Sl 76).

O Salmo 90 inaugura o quarto livro (90 a 106), louvando aquele que tem sido nosso refúgio “de geração em geração”. Esta é uma fase da vida a que poucas pessoas chegam, que poderíamos chamar de “quarta idade”. Há um claro reconhecimento dos pecados, mas o foco está ainda maior nas qualidades de Deus, no louvor a Ele por parte de toda a terra (Sl 100), e no reconhecimento de que fazemos parte da natureza, e de como Deus acompanhou e ajudou a toda a nossa história.

Por último, o quinto livro, dos salmos 107 a 150, já libertos das nossas idades, e que se concentra bastante no louvor e confiança em Deus e nos cultos no Templo, uma provável antecipação da gloriosa reunião de todos os salvos nos céus.

Depressão
“Por que estás abatida, ó minha alma? Por que te perturbas dentro de mim?” (Sl 42.5, na tradução tradicional).

Depressão é um quadro clínico complexo, em que se destaca principalmente uma queda acentuada de humor e perda de energia ou prazer nas tarefas habituais. É um conjunto de sofrimentos — sintomas — que se caracteriza por tristeza ou irritação, perda da vontade de fazer coisas ou até de viver. Pode vir acompanhado de desânimo mesmo para as atividades prazerosas, perda ou ganho de peso, dificuldade para dormir (ou necessidade exagerada de sono), sensação de agitação ou de lentificação, fadiga ou falta de energia, sentimento de culpa excessiva, dificuldade para se concentrar e tomar decisões, bem como pensamentos repetidos sobre morte. Na Depressão este conjunto de sofrimentos — ou parte dele — está presente na maior parte do dia, em quase todos os dias.

Mas não devemos confundi-la com a tristeza “normal” que acompanha situações de luto ou grandes frustrações e perdas pessoais. Esta é natural e esperada, e depois de um período de readaptação ela é superada e não ganha a dimensão de uma Depressão.

O fato de ultimamente haver um aumento dos casos de Depressão, para muitos estudiosos, não é coincidência: isso está relacionado ao mal-estar da sociedade atual, especialmente à desconsideração dos ritmos necessários a uma vida com qualidade. Por isso é preciso compreender as causas da Depressão nas várias dimensões da vida humana, incluindo aspectos biológicos, psicológicos, espirituais, filosóficos e também sociais e econômicos.

Segundo dados da Organização Mundial da Saúde, a depressão é um problema de saúde pública e poderá ser o maior mal do século XXI; em 2001, 30% da população mundial já sofria desta doença, mesmo sem o saber.

As consequências da Depressão são desastrosas em diferentes áreas: na família: desagregação, incapacitação para as relações familiares e para o cuidado com os demais membros; na esfera do trabalho: diminuição da capacidade produtiva e aumento de faltas; nos serviços de saúde: aumento da procura por atendimento e dos gastos com medicamentos e hospitalização.

Está incorreto dizer que um cristão não sofre de Depressão, ou que basta ter fé para vencê-la. Da mesma forma, a presença da Depressão não significa falta de fé. Todos estamos sujeitos a adoecer, tanto física quanto emocionalmente — podemos sofrer, por exemplo, de pressão alta, diabetes ou asma, sem que tenha nos faltado a fé. Ao mesmo tempo, é verdade que a espiritualidade é um importante recurso para ajudar a vencer o desânimo, e um relacionamento pessoal com Deus pode ajudar bastante para que a pessoa deprimida se sinta acompanhada, inclusive durante um tratamento, quando for o caso. Mas também é verdade que uma imagem de Deus excessivamente severa pode adoecer em vez de melhorar.

A Bíblia também apresenta pessoas padecendo de sofrimentos parecidos com o que hoje chamamos de depressão. Elias (um “homem sujeito aos mesmos sentimentos que nós”, Tg 1.17) mostra seu desânimo ao fugir de Jezabel (1Rs 19.1-8). Noemi foi uma mulher que experimentou profunda amargura por suas perdas (Rt 1.20-21). Vários salmos também expressam esse sofrimento, e a busca de consolo junto a Deus. Alguns estudiosos identificam ainda uma relação com a raiva, onde a Depressão estaria relacionada com “engolir a própria raiva”, sem tratar dela com outras pessoas ou com Deus. A Bíblia sugere que a criação de filhos conduzida com raiva pode produzir esse estado de desânimo.

Sabemos que Deus pode usar pessoas — muitas vezes com preparo profissional — e também medicamentos para o tratamento e a cura desta doença, e que um recurso não exclui os outros. Portanto, não deixe de procurar ajuda qualificada, se sentir necessidade, se perceber que esse sofrimento estiver lhe retirando toda vontade de viver.