Significado de Salmos 130

Salmos 130

O Salmo 130 é uma oração de arrependimento e um apelo pela misericórdia e perdão de Deus. O salmista começa reconhecendo sua própria pecaminosidade e a necessidade do perdão de Deus. O salmista reconhece que ninguém pode se apresentar diante de Deus por mérito próprio e que o perdão só pode vir por meio da graça e misericórdia de Deus.

O salmista então expressa uma profunda confiança no caráter de Deus e em sua disposição de perdoar. As palavras do salmista oferecem um poderoso lembrete da esperança e do consolo que podem advir de colocarmos nossa confiança em Deus, mesmo em meio a nossos fracassos e deficiências. O apelo do salmista por misericórdia e perdão é um lembrete da importância de buscar a graça e o perdão de Deus em todas as áreas de nossas vidas.

Por fim, o salmista conclui com um apelo a todo Israel para que deposite sua esperança em Deus. As palavras do salmista expressam um profundo anseio pela presença e orientação de Deus, e um desejo de que todo o povo de Deus experimente sua bondade e misericórdia. O chamado do salmista à esperança em Deus oferece um poderoso lembrete da importância de buscar a orientação e direção de Deus em todas as áreas de nossas vidas, e da esperança e conforto que podemos advir de saber que ele está conosco.

No geral, o Salmo 130 oferece uma poderosa mensagem de arrependimento, confiança e esperança. Isso nos lembra da importância de reconhecer nossa pecaminosidade e buscar o perdão de Deus, e da esperança e conforto que podem advir de colocarmos nossa confiança nele. À medida que navegamos pelos desafios e dificuldades da vida, que este salmo sirva como um lembrete da importância de buscar a graça e a misericórdia de Deus, e da esperança e conforto que podem vir de saber que ele está conosco.

Introdução ao Salmos 130

O Salmo 130 é um salmo penitencial. O fato de estar localizado após um salmo imprecatório (Sl 129) não é por acaso. Afinal, a pessoa poderia se alegrar tanto com a destruição do perverso a ponto de esquecer-se de como está seu coração diante de Deus. Este salmo é o décimo primeiro Cântico dos Degraus. Sua estrutura é a seguinte: (1) clamor pela piedade de Deus (v. 1, 2); (2) reconhecimento do perdão de Deus (v. 3, 4); (3) expectativa do perdão de Deus (v. 5, 6); (4) clamor pela misericórdia de Deus para todos (v. 7, 8).

Comentário ao Salmos 130

Salmos 130:1, 2 O poeta clama a Deus das profundezas de seu desespero (Sl 32; 51). Neste caso, não eram os inimigos que atribulavam sua vida (Sl 129.3), mas a culpa pelo próprio pecado é que lhe corroía o íntimo.

Salmos 130:3, 4 Deus não observa nem marca nossos pecados. Por meio do sistema de sacrifícios e, mais tarde, do sacrifício de Jesus Cristo, Deus fez redimir todos os pecados do Seu povo (Mq 7.19); Ele não mantém registros — tal como um contador faria — dos pecados. Mas não se deve abusar da bondade de Deus em Se dispor a conceder o perdão (Rm 6.1, 2). O pecador realmente perdoado percebe a grandeza da graça de Deus, é grato pelo sacrifício de Jesus para a remissão dos pecados e vive no temor, ou seja, com reverência, a Deus (Sl 128).

Salmos 130:1-4

Perdão e medo

Nos Cânticos das Subidas nos Salmos 120-126, reconhecemos a Festa do toque das trombetas, o Dia de Ano Novo de Israel, quando ocorrem os preparativos para ir a Jerusalém. Nos Cânticos das Subidas nos Salmos 130-131 encontramos o dia da expiação. Nos dois últimos Cânticos das Subidas, Salmos 133-134, reconhecemos a Festa das Cabanas.

Estas três festas são as últimas três das sete festas do SENHOR em Levítico 23 (Lv 23:23-44). Profeticamente, essas três festas têm a ver com a restauração de Israel. Reconhecemos, portanto, estas três festas nestes cânticos das Ascensões.

O Salmo 130 é uma retrospectiva do dia da expiação que encontrou seu cumprimento na morte expiatória de Cristo cerca de 2.000 anos atrás. Em Isaías 53, na verdade começando em Isaías 52:13, ouvimos a confissão de fé do remanescente por ocasião do dia da expiação (Is 52:13-15; 53:1-12).

Este décimo primeiro “Cântico das Subidas” (Sl 130:1) é também o sexto dos sete “salmos penitenciais” (Salmos 6; 32; 38; 51; 102; 130; 143). O salmista ou temente a Deus clama “das profundezas... a ti, ó SENHOR” (Sl 130:1; cf. Jn 2:2). Trata-se das profundezas do mar como uma imagem de uma angústia muito grande em que uma pessoa está a apenas um passo da morte (cf. Is 51:10; Jn 2:3). Nessas profundezas, como em Jonas, não é possível salvar-se. A única esperança é o SENHOR. Isso é o que o salmista vê. Ele clama ao Senhor.

Exatamente de que angústia se trata não é dito. Podemos deduzir dessa música que o salmista é dominado pela angústia de seus pecados. Ele fala de “iniquidades”, “perdão”, “bondade” e “redenção” (Sl 130:3; Sl 130:4; Sl 130:7; Sl 130:8).

Profeticamente, sabemos da angústia de Israel. Assim como Davi cometeu dois grandes pecados – adultério com Bate-Seba e assassinato de Urias, marido de Bate-Seba – também Israel cometeu esses dois grandes pecados. Pois Israel cometeu adultério, ou idolatria, com o anticristo, e rejeitou e assassinou seu Messias, Cristo (João 5:43). Por seu pecado contra Deus na idolatria e seu pecado contra o próximo no assassinato de Cristo, eles quebraram as duas tábuas de pedra da lei.

A exclamação “Ó SENHOR” indica o intenso sofrimento sob o qual o salmista está sobrecarregado, e que não há ninguém além do SENHOR, Jeová, que pode ajudá-lo. Esse intenso sofrimento também é evidente no Salmo 130:2. Depois de clamar ao SENHOR, o temente a Deus pede ao “Senhor”, Adonai, o Soberano Governante e Provedor, que ouça e esteja atento. Em Suas mãos estão a vida e a morte.

Pede ao Senhor que ouça a sua voz e que os seus ouvidos estejam atentos à voz das suas súplicas (cf. 2Cr 6,40; Ne 1,6; Ne 1,11). Ele faz um apelo urgente ao Senhor para que preste atenção a ele, pois ele está em grande e desesperada necessidade. Portanto, ele chora e implora para que olhe para ele, que está sentado lá em grande profundidade, na miséria por causa de seus pecados, e o levante dela.

Ao fazer isso, ele apela para a graça de Deus (Sl 130:3). Ele sabe que não tem direito à libertação de sua miséria. Ele está ciente de que nenhum homem, incluindo ele, pode permanecer na presença de Deus quando Deus “marca as iniquidades”.

No Salmo 130:1-6, o salmista fala na primeira pessoa do singular – “eu” e “meu”. Sl 130:7-8 deixa claro que ele está falando em nome de todo o povo, “Israel”. Isso significa que se trata da iniquidade de Israel. Isso também é o que acontece no dia da expiação. O dia da expiação é sobre a redenção dos pecados de todas as pessoas. O sumo sacerdote age em nome de todo o povo. Isso deixa claro por que o Redentor teve que levar o nome de Jesus: foi porque Ele salvaria Seu povo dos pecados deles (Mateus 1:21).

Por exemplo, em Levítico 16, o bode vivo tinha que levar a iniquidade do povo para o deserto para nunca mais voltar (Lv 16:21-22). Também vimos isso no Salmo 103: “Quanto está longe o oriente do ocidente, assim afasta de nós as nossas transgressões” (Salmos 103:12). O leste é a direção para onde o bode vivo deveria ir, o oeste é onde o povo estava, em Jerusalém.

Deus vê todas as iniquidades; ninguém lhe escapa (cf. Jr 2,22). ‘Marcar iniquidades’ significa imputar essas iniquidades ao pecador, responsabilizá-lo por elas. Significa acompanhar essas iniquidades, ‘guardá-las’. A consequência é que Deus não pode recebê-lo em Sua presença e não pode compartilhar com ele o que está em Seu coração, em outras palavras, Ele não pode ter comunhão com ele.

Esta consciência é o início do caminho para a reconciliação. Vemos isso com o filho pródigo. Ele deixou seu pai e está vivendo uma vida perversa. Então ele volta a si. Ele reconhece que é o único culpado por tudo e quer confessar isso a Deus e ao pai. Não há nenhuma auto-manutenção, mas o reconhecimento de que ele precisa de perdão. Esse é o momento do caminho de volta para seu pai (Lc 15:17-19). Então ele se levanta e vai até seu pai, que o pega em seus braços cheio de misericórdia (Lucas 15:20).

Este é o divino “mas” do qual o temente a Deus também está ciente (Sl 130:4). Isto é o que ele diz também a Deus: “Mas contigo está o perdão” (cf. Ne 9,17; Dan 9,9). O perdão só pode ser obtido de Deus, não de qualquer homem, e somente com base na confissão dos pecados e na fé no sangue de Seu Filho (1Jo 1:9). Como resultado, aquele cujos pecados são perdoados pode se aproximar de Deus e estar em Sua presença. Este é o significado do dia da expiação.

Quem conhece e desfruta deste perdão não só se regozijará com alegria, mas sobretudo temerá a Deus. Isso é declarado aqui como o objetivo do perdão. Medo não é estar ansioso por Deus ou ter medo Dele, mas ter reverência e temor por Ele. A consciência do perdão não resultará em uma vida frívola, mas em uma vida de adoração a Deus e obediência a Ele (cf. Dt 5:29; 1Pe 1:17). O perdão transforma as pessoas em santos e imitadores de Deus (Ef 4:32; Ef 5:1-2).

Temer a Deus é necessário para poder aproximar-se Dele. Não se trata tanto de ser liberto da ameaça de julgamento, mas de ser capaz de se aproximar de Deus como um sacerdote. Esse é o propósito do dia da expiação. O dia da expiação não é sobre a salvação da ira de Deus – isto é a Páscoa – mas sobre como um povo redimido pode se aproximar de Deus sem ser morto (cf. Lv 10,1-3).

O significado do dia da expiação é explicado na carta aos Hebreus. O resultado da expiação é: “Portanto, irmãos, tendo plena confiança de entrar no santuário pelo sangue de Jesus, por um novo e vivo caminho...” (Hb 10:19-20), ou aproximar-se de Deus como um adorador (João 4:23).

Salmos 130:5, 6 Aguardo [...] espero. Nestes dois versículos, o poeta repete cinco vezes que sua esperança está no Senhor. Trata-se de uma expectativa confiante no Deus que sempre cumpre as Suas promessas.

Salmos 130:7, 8 O salmo passa da experiência de um indivíduo para a comunitária. Depois de declarar sua esperança, o salmista anima Israel a esperar no Senhor. Deus não só é capaz de libertar o indivíduo como a comunidade de crentes que espera nele (Sl 131.1). Ele remirá. No Antigo Testamento, a redenção do povo de Deus se refere à libertação de Seu povo da escravidão do Egito e de todos os inimigos nacionais, bem como o perdão dele para os pecados mediante o sistema de sacrifícios. Mas a redenção final de todo o povo de Deus só iria acontecer com a morte e a ressurreição do Senhor Jesus Cristo (Gl 3.13).

Salmos 130:5-8

Expectativa e Esperança

Que o medo no Salmo 130:4 que vem através do perdão é não ter medo de Deus, como Adão teve depois de seu pecado (Gênesis 3:10), podemos ver no Salmo 130:5. Ali ouvimos os tementes a Deus dizerem: “Espero no SENHOR”. Ele não foge Dele porque tem medo (Gn 3:8), mas espera por Ele. Sua “alma espera” por Ele. Ele está cheio Dele. A razão para isso é a Sua palavra, o que Ele prometeu. É isso que ele espera, ou seja, espera com confiança o cumprimento do que o SENHOR prometeu em Sua Palavra. Essa promessa é que ele pode entrar na presença do Senhor.

Mais do que vigias que esperam pela luz da manhã, o temente a Deus anseia pela luz de Deus em suas circunstâncias sombrias (Sl 130:6). Ao falar duas vezes do anseio dos vigias pela manhã, esse grande anseio é enfatizado. O fato de o anseio dos tementes a Deus pelo Senhor ser ainda maior indica quão forte ele é. Ele não anseia principalmente por mudanças nas circunstâncias, mas pelo próprio Senhor.

Assim, os vigias têm a certeza de que em breve, a certa hora, será de manhã (cf. Is 21,11-12). O temente a Deus também tem a certeza da vinda do SENHOR, só que não sabe quando isso acontecerá. O que ele sabe com certeza é que “o sol da justiça” “nascerá” naquela “manhã sem nuvens” (Ml 4,2; 2Sm 23,3-4; cf. Os 6,3).

A aplicação para a igreja é que ela aguarda com grande anseio a vinda de Cristo para levar Sua igreja para Si mesmo. Nisso ela também pode esperar em Sua palavra, Sua promessa. Afinal, Ele disse: “Venho em breve” (Ap 22:20).

Quem conhece o perdão e a reconciliação quer partilhá-lo com o povo de Deus, com os seus irmãos (Sl 130,7). O testemunho traz esperança para Israel, uma esperança ancorada somente no SENHOR. Somente com Ele “está a benignidade, e com Ele há abundante redenção”. Disso, qualquer um que tenha experimentado pessoalmente pode e irá testemunhar. Por “abundante redenção” podemos pensar nos incontáveis crentes que foram redimidos, mas também nos incontáveis pecados dos quais cada crente foi redimido. Isso se aplica aos crentes do Antigo Testamento e do Novo Testamento.

Aqueles que conhecem o perdão de Deus para seus pecados (Sl 130:4), que O conhecem como o Deus que é misericordioso e com quem há abundante redenção (Sl 130:7), aguardam com confiança a plena redenção de Seu povo (Sl 130:8). Com um “e” poderoso e afirmativo, os tementes a Deus também testemunham isso. O povo de Deus será redimido por Ele “de todas as suas iniquidades”. Não se trata de redenção de nações hostis ao seu redor, mas de redenção de seus próprios pecados.

Não há uma iniquidade que não tenha sido expiada, pois “todas” as suas iniquidades foram eliminadas. Normalmente, no dia da expiação, as iniquidades de Israel do ano anterior são eliminadas. Aqui o salmista espera pela fé que todas as iniquidades de Israel sejam eliminadas de uma vez por todas. Isso não é possível com sangue de touros e cabras. Cristo, como o grande e perfeito Sumo Sacerdote, fez isso com o sacrifício de Seu próprio sangue.

Tudo o que impedia a bênção foi tirado do caminho e desapareceu sem deixar vestígios para sempre por meio da obra de Cristo. As transgressões foram apagadas como uma névoa e os pecados como uma nuvem (Is 44:22). Isso torna possível o pleno gozo da bênção do reino da paz pelo povo de Deus (Hb 8:10-12).

Além disso, também esperamos a redenção da criação e de nossos corpos (Rm 8:20-23).

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