Explicação de Deuteronômio 9

Deuteronômio 9 aborda a tendência dos israelitas de se rebelar e duvidar de Deus, apesar de Sua fidelidade. Moisés lembra-lhes que a posse da Terra Prometida não se deve à sua retidão, mas por causa da promessa de Deus aos seus antepassados e da Sua misericórdia. Ele relata casos de desobediência do povo, incluindo o incidente do bezerro de ouro no Monte Sinai. Moisés ressalta que a paciência de Deus os poupou da destruição e intercede por eles.

Moisés relata suas interações com Deus, incluindo receber os Dez Mandamentos e interceder pelo povo durante seus atos rebeldes. Ele enfatiza a graça de Deus em não destruí-los totalmente, apesar de sua desobediência. Moisés enfatiza a importância de lembrar a história deles, humilhar-se diante de Deus e aderir aos Seus mandamentos ao se aproximarem da terra.

Explicação

9:1–3 O capítulo 9 começa com uma descrição das nações que Israel logo enfrentaria na batalha. Israel não deveria ter medo, como havia quarenta anos antes, porque Deus lutaria por eles. "Ele os destruirá... então você deve expulsá-los e destruí-los rapidamente." Observe o trabalho complementar da soberania divina e da agência humana. Ambos foram essenciais para garantir a Terra Prometida.

9:4–7 Depois que Deus havia derrotado os habitantes cananeus da terra, os israelitas não deveriam se vangloriar. Três vezes o povo é advertido sobre atribuir o sucesso à sua própria justiça (vv. 4-6). Deus lhes daria a terra por causa da maldade dos habitantes atuais (v. 4), por causa de Seu juramento a Abraão, Isaque e Jacó (v. 5), e não por causa de qualquer mérito deles. A verdade é que eles eram obstinados (teimosos) (v. 6), bem como provocadores e rebeldes (v. 7).

9:8–23 Moisés cita como exemplo o comportamento do povo no Monte Horebe (Sinai) (vv. 8–21). Os versículos 22 e 23 mencionam outros lugares onde o povo pecou: Taberá (Nm 11:3); Massá (Ex. 17:7); Kibroth Hattaavah (Núm. 11:34); Cades Barnéia (Números 13:31–33). Observe como o bezerro de ouro foi destruído além da recuperação (v. 21).

9:24–29 No Monte Sinai, a intercessão de Moisés foi a única coisa que salvou o povo da ira de Jeová. Ele não baseou seu apelo na retidão do povo (o que mostra ainda que eles não a tinham), mas na posse: “Teu povo e tua herança” (v. 26); promessa: “Lembra-te dos teus servos, Abraão, Isaque e Jacó” (v. 27); poder (o poder de Deus seria ridicularizado pelos egípcios): “para que a terra de onde nos tiraste não diga: ‘Porque o SENHOR não pôde’” (v. 28).

No versículo 1 do capítulo 10, a narrativa remonta aos eventos do Monte Sinai e, portanto, segue o versículo 29 do capítulo 9. A Bíblia nem sempre é cronológica; muitas vezes a ordem dos eventos tem uma ordem espiritual ou moral que é mais importante do que a mera ordem cronológica. Um lugar mais apropriado para a divisão do capítulo6 parece ser após o versículo 11, porque os primeiros 11 versículos tratam dos eventos no Monte Sinai (tema retomado em 10:8), enquanto os versículos 12 e seguintes são uma exortação à obediência baseada na vontade de Deus. graciosa misericórdia.

Notas Adicionais

Cap. 9-Cap. 10.11 Moisés encoraja a Israel com a promessa que Deus lhe outorgará a vitória (1-3). Afirma a razão por que o Senhor lhes dará a vitória (4, 5), e lembra o povo de sua própria inutilidade, comprovada por seu pecado em Horebe (6-29; 10.1-11).

9.4, 5 O triunfo de Israel não se devia ao seu poder (8.17), nem à sua justiça (5). As razões desse triunfo foram a iniquidade dos cananeus (5a), a promessa de Deus aos patriarcas (5b) e a graça perdoadora que Deus usou com Israel (19; 26; 10.10).

9.6 De dura cerviz. A palavra hebraica õreph quer dizer “costas”, “nuca”, “pescoço”, e se restringe mais comumente à expressão “voltar as costas” na batalha, e “endurecer a cerviz”, que significa rebelião e obstinação. A expressão descreve a pessoa que, ao ser chamada, não vira sua cabeça para atender à voz de quem chamou. Não atende à admoestação, nem às palavras de amor, não se arrepende e não aceita a revelação do amor de Deus. Para se falar apenas do pescoço físico, literalmente, os hebreus usam a palavra çawwã'r.

9.6-10.10 Moisés deixa claro que Israel não tinha base nenhuma para pensar que sua própria justiça poderia servir de lastro para o triunfo. De fato, Israel só fora preservada da destruição através da renovação misericordiosa do pacto quebrado, em uma resposta de Deus à intercessão de Moisés.

9.9-12 A completa inutilidade de Israel se evidenciava no fato de haverem pecado contra Deus, exatamente quando o pacto era solenemente instaurado.

9.10 Estando reunido todo o povo. Uma melhor tradução seria: “No dia da congregação”. A palavra hebraica (qãhãl) aqui empregada é traduzida para o grego por ekklesia (igreja).

Por isso Estêvão fala de uma “congregação (ou igreja) no deserto” (At 7.39). Tanto o vocábulo grego como hebraico significam escolha ou coleção implicando sempre uma separação. Assim como Israel foi tirado do Egito, os membros da Igreja de Cristo são tirados do mundo. Cf. 10.4; 18.16.

9.14 Te faço a ti nação. Se Deus tivesse destruído a Israel, ainda assim poderia cumprir Sua promessa aos patriarcas (5), fazendo dos descendentes de Moisés uma nova nação com Ele compactuada (Êx 32.10). Moisés, porém, cumpriu fielmente seu ofício mediador em favor de Israel, em vez de aproveitar-se da oportunidade de ser um segundo Abraão.

9.17 As quebrei. O despedaçamento das tábuas simbolizou o rompimento do pacto. Deus renovou o pacto e mais duas tábuas foram preparadas (10.1).

9.20 Contra Arão. A inutilidade de Israel foi ainda evidenciada no fato de seu próprio sumo sacerdote se tornar culpado de um grave pecado. Cf. Êx 32.3, 4 e 25.

9.22-23 Outras ocasiões da infidelidade de Israel tiveram lugar antes e depois do pacto estabelecido no Sinai.

9.23 Não o crestes. Ver 1.32n.

9.25 Prostrei-me. Em sua intercessão. Moisés tipifica o ministério medianeiro de Cristo (Dt 18-20; 25-29; 10.10), cf. 5.5; cap. 18, N. Hom.; Hb 7.25.

9.28 Para que o povo... não diga. Moisés pleiteia a suspensão do julgamento à base do interesse de Deus por Seu próprio nome entre os pagãos. • N. Hom. lembranças do pecado passado: 1) Seu horror - agravado pelos lugares onde foi cometido (8, 22, 23) e pela sua frequência (7, 24); 2) Suas consequências - provoca a ira de Deus (22) e pode resultar em destruição (14). • N. Hom. A grande intercessão. 1) Necessidade de intercessão (13, 14, 20); 2) Intercessão provida (25, nota); 3) Resultados da intercessão (10.10).

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