Salmo 118 — Estudo Devocional

Agradecimento pela vitória

Devocional

118.1-29 Deem graças a Deus. Este é um salmo cantado em culto de gratidão, pela ajuda recebida de Deus dando a vitória sobre os inimigos. Este é também o último salmo do grupo cantado nas festas, no Templo ou a caminho dele, que lembra a saída do povo judeu do Egito (veja Sl 113, nota; veja também os quadros “Meditando nos Salmos” (Sl 3), e “Quem são os nossos inimigos”, Sl 17).

118.1 porque o seu amor dura para sempre. O grande motivo para nos alegrarmos e agradecermos a Deus: ele é bom, e seu misericordioso amor nunca tem fim. As experiências por que passamos nesta vida, se servirem para nos revelar essa verdade sobre Deus, já terão valido a pena.

118.2-4 Que o povo de Israel diga. Provavelmente estes versos eram cantados responsivamente, alternando entre os sacerdotes e o povo.

118.5-14 na minha aflição. Este salmo pode nos ensinar uma boa forma de lidar com nossas aflições: começamos por nos conscientizarmos de que Deus é bom e misericordioso (vs. 1-4), fazendo isso em oração, agradecendo ao próprio Deus. Então será a hora de pedirmos a ajuda dele: eu clamei ao SENHOR. Possivelmente nas celebrações era o rei quem recitava estes versos (e também os vs. 17-21), e o fazia como representante da nação e de todo o povo. Assim também o Messias “encarnou” este salmo, e os vs. 22-24 são citados no Novo Testamento como se referindo a Jesus. Veja o quadro “Salmos Reais e Messiânicos” (Sl 22).

118.5-6 ele… me livrou da angústia. Aprendemos com o rei e com o Messias a clamar a Deus por socorro em nossas dificuldades. Ele nos atende e nos faz vencer o medo, através do seu amor que dura para sempre (veja 1Jo 4.18, nota).

118.7 por isso verei a derrota dos meus inimigos. A fidelidade de Deus para conosco nos anima a crer que, mesmo quando estamos cercados e em grande perigo, ele nunca perde o controle da situação. No Novo Testamento, após a morte e ressurreição de Cristo, esse “otimismo básico” continua válido — na verdade fica ampliado e ainda mais realista — inclusive levando em conta a possibilidade da morte. Veja 2Co 1.8-10; 4.7 a 5.10, notas.

118.8-9 É melhor confiar no SENHOR. O fato de o salmista afirmar por duas vezes que Deus ajudará muito mais do que os seres humanos e seus líderes indica que haverá situações em que nossa tendência será o contrário, isto é, apegar-nos a ajudas humanas, visíveis, em vez de confiar no amor de Deus.

118.10-16 pelo poder do SENHOR. A vitória já aconteceu, estamos em plena celebração. Mas o salmista — também o rei — sabe muito bem que foi Deus, e não ele próprio, o responsável pelo sucesso: o Senhor é quem nos faz ter forças para lutar e nos salva (v. 14).

118.17 vou viver e anunciar. Numa abordagem bastante realista, o salmista sabe que havia a possibilidade da sua morte, mas se alegra por Deus ter escolhido mantê-lo vivo. Assim, não guardará a ação de Deus como se fosse um segredo.

118.18-21 ele me castigou com dureza. A disciplina severa tem lugar num contexto amoroso, lembrando que o amor de Deus dura para sempre. Como bons pais e mães fazem, Deus nos ama muito, e não vai simplesmente nos largar soltos vivendo de qualquer jeito. Mas também não vai nos castigar sem limites. Seu propósito é nos formar na justiça e na obediência, de modo a chegarmo-nos à sua presença sem constrangimentos (veja também Ef 6.1-4, notas). Este é o portão do SENHOR. Nas celebrações, os fiéis nesta hora chegavam às portas do Templo. porque me escutaste. É hora de reconhecer que o cuidado amoroso de Deus — incluindo a disciplina rigorosa — nos fez bem e nos deu a vitória.

118.22-23 A pedra que os construtores rejeitaram. Jesus aplica este verso à sua rejeição por parte da liderança religiosa de Israel, sinalizando a criação de um novo povo de Deus a partir dele (Mt 21.42-43).

118.24 Este é o dia da vitória de Deus. Literalmente, “o dia que o Senhor fez”. À luz da obra de Jesus Cristo podemos celebrar a libertação definitiva da escravidão do pecado, através da sua morte na cruz e da ressurreição.

118.25 Salva-nos, ó SENHOR. Parece estranho um pedido por salvação agora, depois de a vitória já ter sido conquistada e celebrada. Mas — novamente à luz da nova aliança pela morte de Cristo — isso se encaixa perfeitamente com a nossa realidade atual, vivendo pela fé entre um primeiro encontro pessoal com Jesus em nosso coração e o encontro aberto e geral que só acontecerá na sua segunda vinda: já temos a vitória garantida, mas por enquanto enfrentamos ainda muitas aflições, nas quais ainda sentimos a necessidade de pedir socorro ao nosso amoroso Deus. Veja Rm 8.15-39, notas.

118.26 aquele que vem em nome de Deus, o SENHOR. Este verso é utilizado por Jesus para ilustrar suas duas vindas. A primeira é conhecida como “a entrada triunfal em Jerusalém”, no domingo antes da Páscoa: essa era exatamente uma das grandes celebrações em que estes Salmos eram cantados pelos israelitas, que de todas as cidades se dirigiam a Jerusalém (veja Mt 21.1-11, esp. v. 9). Ao cantarem este verso para Jesus, o povo da Galileia anunciava que ele era o Messias. Como ele foi rejeitado pelas lideranças e pela grande maioria do povo, depois de naquela semana explicar os vs. 22-23 e de lamentar e condenar as atitudes dos fariseus e professores da Lei, Jesus anuncia que eles não mais o veriam até a sua segunda vinda, quando teriam de reconhecer seu erro e dizer: “Bendito aquele que vem em nome do Senhor”. 

118.27 ele é a nossa luz. Em meio a nossas aflições e na espera pela vinda do Messias, Deus ilumina nossos caminhos. Com ramos nas mãos. O “Domingo de Ramos” antes da Páscoa, em que Jesus entrou em Jerusalém, ilustra a celebração deste Salmo (Mt 21.8).

118.28 tu é o meu Deus. Além da importante dimensão coletiva, de que Deus cuida do conjunto de seus filhos e filhas, também é importante nossa atitude individual, em que podemos dizer: “não confiarei em ninguém outro, não falarei de outros poderes e grandezas, mas somente de ti, meus Deus e meu Salvador”.

118.29 o seu amor dura para sempre. Muita coisa aconteceu ao longo deste salmo, mas tudo termina com a verdade, a mesma do princípio: Deus é bom e seu amor por nós não tem fim.