Comentário de Tiago 2:5

comentário da carta de tiago
2.5 Escutai, meus amados irmãos...
O conselho de Tiago foi dado em amor. Ele reconheceu que os irmãos demonstravam ter muitas qualidades boas e mostravam ter amor a Cristo, e a seus concristãos; não obstante, eram imperfeitos e haviam adotado um proceder mau. Ele confiava e esperava que se restabelecessem com a correção.

Não escolheu Deus os que são pobres com respeito ao mundo...

Deus, naturalmente, aceita os ricos tão prontamente como os pobres, não favorecendo nem um, nem outro. Mas as circunstâncias tornam mais provável que o pobre quanto aos bens do mundo escute com maior prontidão as “boas novas”. A riqueza material é muitas vezes um obstáculo para a fé em Deus. (Mat. 19:23, 24) Às vezes, os que obtiveram riquezas as conseguiram de modo egoísta, às custas de outros. Muitos obtêm riquezas ou destaque por procurarem agradar aos em poder e por manobrarem para conseguir posição, amiúde por falarem contra outros que consideram rivais. Portanto, em vista de seu coração egoísta, Deus não escolhe a tais. Eles, bem como alguns outros, que obtêm suas riquezas de modo honesto e honroso, ‘já têm plenamente a sua consolação’ agora. (Luc. 6:24) E embora nem as grandes riquezas, nem a pobreza, sejam desejáveis, as pessoas pobres ou “comuns” em geral costumam ser mais acessíveis ao consolo que as “boas novas” trazem. (Pro. 30:8, 9; 1 Cor. 1:26-29) Deus atrai tais a Cristo. (João 6:44, 45; Atos 16:14; 13:48) Portanto, aquilo que Tiago disse de modo algum era elogio ou glorificação da própria pobreza, mas era reconhecimento dos fatos, em harmonia com a realidade.

Outrossim, aos pobres talvez se tenham aberto os olhos às injustiças deste mundo e à futilidade do atual sistema de coisas. (Veja Ezequiel 9:4.) Eles vêem a necessidade de algo melhor, e, em geral, têm mais probabilidade de ficarem “cônscios de sua necessidade espiritual”. (Mat. 5:3, 4) Naturalmente, os escolhidos não são todos pobres. De fato, Tiago salienta aos irmãos que o visitante pobre tinha mais probabilidade de se tornar crente do que o rico, no entanto, eles, de modo paradoxal, eram parciais para com os ricos e destacados.

Para serem ricos na fé e herdeiros do reino...
Eles, sem levar em conta os seus bens materiais, são ricos por terem fé. Deus escolhe-os para serem ricos por meio de sua fé. A própria fé é um verdadeiro tesouro e não é propriedade de muitos. (2 Tes. 3:2) Leva também a outras riquezas. O apóstolo Paulo, que sofreu muito para poder servir outros, referiu-se a si mesmo e a seus colaboradores como sendo “pobres, mas enriquecendo a muitos, como não tendo nada, e ainda assim possuindo todas as coisas”. (2 Cor. 6:10; veja 1 Coríntios 4:8-13; Apocalipse 2:9.) Os a quem davam testemunho, por exercerem fé, obteriam tais riquezas espirituais. Não são como o rico que se regalava com os seus bens, mas não era rico para com Deus, faltando-lhe fé. (Luc. 12:16-21) Os que não têm fé realmente são pobres aos olhos de Deus. (Veja Apocalipse 3:17, 18.) Que riquezas dá a fé àqueles que Deus ‘escolhe’? Além de tirarem proveito das riquezas da misericórdia de Deus, de sua benignidade, indulgência e longanimidade, e de usufruírem a sabedoria que “a palavra do Cristo” dá aos que têm fé, possuem a grandiosa perspectiva de serem herdeiros junto com o Filho de Deus. (Veja Romanos 2:4; Efésios 1:7, 18; Colossenses 3:16.)

Os que assim são “ricos na fé” são, portanto, herdeiros do Reino. Os gerados pelo Espírito Santo que têm tal fé, são agora ‘transferidos para o reino do Filho do seu amor’ e têm a esperança de finalmente compartilharem com Cristo no seu governo celestial, por meio da ressurreição dos mortos. (Col. 1:13; 1 Ped. 1:3, 4) Jesus disse aos seus discípulos que tinham fé: “Felizes sois vós, pobres, porque vosso é o reino de Deus.” (Luc. 6:20)

Que ele prometeu aos que o amam?
Não é que inicialmente amem tanto a Deus, mas, ao saberem do amor que Deus tem à humanidade, eles correspondem com amor a Deus. (1 João 4:10) Passam a saber mais sobre Deus, ficando íntimos dele, e desenvolvem cada vez mais amor a Deus, como fruto do espírito. (Gál. 5:22) É para tais que o reino de Deus é herança.