Tiago 2 — Comentário Devocional

Tiago 2 — Comentário Devocional


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2.1ss — Neste capítulo, Tiago argumenta contra o favoritismo e fala da necessidade das boas obras. Ele apresenta três princí­pios de fé: (1) O compromisso é uma parte essencial da fé. Você não pode ser um cristão simplesmente afirmando as doutrinas corretas ou concordando com os fatos bíblicos (2.19). Você deve comprometer a sua mente e o seu coração com Cristo. (2) As ações corretas são os subprodutos naturais da verdadeira fé. Um cristão genuíno terá uma vida mudada (2.18). (3) Fé sem boas obras não faz qualquer bem a ninguém — é inútil (2.14-17). Os ensinos de Tiago são coerentes com o ensino de Paulo de que recebemos a salvação somente pela fé. Paulo enfatiza o propósito da fé: trazer a salvação. Tiago enfatiza os resultados da fé: uma vida transformada.

2.1-7 — Tiago condena os atos de favoritismo. Frequentemente tratamos melhor uma pessoa bem vestida e de aparência impressionante do que alguém que parece maltrapilho. Fazemos isto porque preferimos nos identificar com as pessoas bem-sucedidas do que com aqueles que são aparentemente fracassa dos. A ironia, como Tiago nos lembra, é que os supostos vencedores podem ter conquistado seu estilo de vida impressionante às nossas custas. Além disso, muitos ricos consideram difícil identificar-se com o Senhor Jesus, que veio como um humilde servo. Você fica facilmente deslumbrado pela posição social, riqueza ou fama? Você é parcial com o “ter”, enquanto ignora o “não ter”? Saiba que é pecado tal atitude. Deus considera todas as pessoas como iguais, e demonstra seu favor pelos mais necessitados — como os pobres e os incapacitados — e por todos aqueles que o buscam. Devemos seguir seu exemplo.

2.2-4 — Por que é errado julgar uma pessoa por sua condição econômica? A riqueza pode indicar inteligência, decisões sábias, e trabalho árduo. Por outro lado. pode apenas significar que uma pessoa teve a felicidade de nascer em uma família rica. Ou pode ser sinal de cobiça, desonestidade, ou egoísmo. Honrar alguém só porque ele. ou ela. se veste bem, é considerar a aparência como algo mais importante do que o caráter. Às vezes fazemos isto porque: (1) a pobreza nos incomoda; não queremos enfrentar as nossas responsabilidades para com aqueles que têm menos do que nós: (2) queremos ser ricos também, e esperamos usar a pessoa rica como um meio para tal fim; (3) queremos que a pessoa rica venha juntar-se à nossa igreja c que ajude a sustentá-la financeiramente. Todos estes motivos são egoístas, originando-se da visão de que somos superiores às pessoas pobres. Se dissermos que Cristo é o nosso Senhor, então devemos viver como Ele exige, não mostrando qualquer favoritismo e amando todas as pessoas não importando se são ricas ou pobres.

2.2-4 — Somos frequentemente parciais com os ricos, porque as sumimos erroneamente que a riqueza é um sinal de bênção e aprovação de Deus. Mas Deus não nos promete recompensas terrenas ou riquezas; na verdade. Cristo nos chama para estarmos prontos para sofrer por Ele. e desistir de tudo a fim de alcançarmos a vida eterna (Mt 6.19-21; 19.28 30; Lc 12.14-34; Rm 8.1 5-21; 1 Tm 6.17-19). Se formos fiéis em nossa vida presente, teremos riquezas inefáveis na eternidade (Lc 6.35: Jo 12.23-25: Gl 6.7-10; Tt 3.4-8).

2.5 — Quando Tiago fala sobre os pobres, está se referindo àqueles que não têm nenhum dinheiro e também àqueles cujos valores simples são menosprezados por muitos de nossa sociedade abundante. Talvez as pessoas “pobres” prefiram servir a administrar; talvez prefiram as relações humanas à segurança financeira: ou a paz ao poder. Isto não significa que os pobres irão automaticamente para o céu e os ricos para o inferno. As pessoas pobres, porém, são normalmente mais cientes de sua impotência. Desse modo. é frequentemente mais fácil reconhecerem sua necessidade de salvação. Umas das maiores barreiras para a salvação dos ricos é o orgulho. Para os pobres, a amargura pode frequente mente obstruir o caminho para a aceitação da salvação.

2.8 — A “lei real” é a lei de nosso grande Rei Jesus Cristo, que disse: “O meu mandamento é este: Que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei (Jo 15.12). Esta lei, originalmente resumida em Levítico 19.18, é a base para todas as leis em relação a como as pessoas deveriam se relacionar umas com as ou trás. Cristo reforçou esta verdade em Mateus 22.37-40, e Paulo a ensinou em Romanos 13.8 e em Gaiatas 5.14.

2.8,9 — Devemos tratar todas as pessoas como gostaríamos de ser tratados. Não devemos ignorar os ricos, porque assim esta ríamos retendo nosso amor. Mas não devemos favorecê-los pelo que eles podem lazer por nós, enquanto ignoramos os pobres que aparentemente podem nos oferecer tão pouco.

2.10 — Os cristãos não devem usar este versículo para justificar o pecado Não ousemos dizer. “Já que não posso manter todas as exigências de Deus, por que então tentar?” Tiago nos lembra que se transgredirmos uma só lei, nos tornamos pecadores. Não podemos decidir manter uma parte da lei de Deus e ignorar o restante dela. Não se pode infringir a lei “só um pouco; aquele que infringi-la, precisará de Cristo para pagar por seu pecado. Examine-se a si mesmo, não às outras pessoas, em relação aos padrões de Deus. Peça o perdão nas questões em que isto for necessário, e então renove seu esforço para colocar sua fé em prática.

2.12 — Como cristãos, somos salvos pelo dom gratuito de Deus (a graça) através da fé, e não por guardarmos a Lei de Moisés. Mas. como cristãos, também é exigido que obedeçamos a Cris to. O apóstolo Paulo ensinou que “Todos devemos comparecer ante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o que tiver feito por meio do corpo, ou bem ou mal’ (2 Co 5.10). A graça de Deus não cancela o nosso dever de obedecê-lo; ela dá à nossa obediência uma nova base. A lei não é mais um conjunto exterior de regras, mas é a “lei da liberdade” — uma lei que cumprimos alegre e voluntariamente, por amarmos a Deus e termos o poder de seu Espírito Santo (ver 1.25).

2.13 — Somente Deus em sua misericórdia pode perdoar nossos pecados. Não podemos receber o perdão como um pagamento por perdoarmos aos outros. Mas quando retemos o perdão dos outros depois de o termos recebido de Deus, mostramos que não entendemos ou não apreciamos a misericórdia de Deus a nosso favor (ver Mt 6.14,15; 18.21ss: Ef 4.31,32).

2.14 — Quando alguém reivindica ter fé, o que ele ou ela podem ter é um consentimento intelectual — uma concordância com um conjunto de ensinos cristãos — o que como tal seria uma fé incompleta. A verdadeira fé transforma nossa conduta como também nossos pensamentos. Se as nossas vidas permanecem seminalteradas, estaremos demonstrando que não cremos verdadeiramente nas verdades em que reivindicamos crer.

2.17 — Não recebemos a nossa salvação como um pagamento por servirmos e obedecermos a Deus. Mas tais ações mostram que o nosso compromisso com Deus é real. Nosso serviço dedicado não é um substituto, mas uma evidência de nossa fé em Cristo.

2.18 — À primeira vista este versículo pode parecer contradizer Romanos 3.28: “O homem é justificado pela fé. sem as obras da lei”. Uma investigação mais profunda, porém, mostra que os ensinos de Tiago e Paulo não estão em conflito. Enquanto é verdade que as nossas boas obras jamais podem nos trazer a salvação como um pagamento, a verdadeira fé sempre resulta em uma vida transformada e em boas obras. Paulo está falando contra aqueles que tentam ser salvos pelas obras e não pela ver dadeira fé; Tiago está falando contra aqueles que confundem a mera concordância intelectual com a verdadeira fé. Afinal, até mesmo os demônios sabem quem é Jesus, mas não o obedecem espontaneamente (2.19). A verdadeira fé envolve um com promisso de todo o nosso ser com Deus.

2.21-24 — Tiago disse que Abraão foi “justificado” pelo que fez, porque creu em Deus (Rm 4.1-5). Tiago e Paulo não estão se contradizendo, mas complementando-se mutuamente. Não de vemos concluir que a verdade seja uma mescla destas duas declarações. Não somos justificados, de algum modo, pelo que fazemos. A verdadeira fé sempre resulta em boas obras, mas as obras não nos justificam. A fé nos traz a salvação; a obediência ativa, por sua vez, demonstra que a nossa fé é genuína.

2.25 — Raabe vivia em Jericó, uma cidade que os israelitas conquistaram quando entraram na Terra Prometida (Js 2). Quando os espias de Israel vieram para a cidade, ela os escondeu e os ajudou a fugir. Desse modo ela demonstrou ter fé no propósito de Deus para Israel. Como resultado, ela e sua família foram salvas quando a cidade foi destruída. O texto em Hebreus 11.31 inclui Raabe entre os heróis da fé.