Interpretação de 2 Crônicas 36
2 Crônicas 36
17) Jeoacaz, Jeoaquim, Joaquim e
Zedequias (608-586 A.C.). 36:1-16.
Em marcante
contraste à piedade e força de caráter de seu antepassado, estes últimos reis
de Judá, três filhos e um neto de Josias, exibiram uma incapacidade moral que
levou o que restava do reino de Israel ao seu fim inglório. A destituição de
Jeoacaz assinalou o fim do governo independente em Judá (36:1-4); o regime de
Jeoaquim viu o estabelecimento do domínio babilônico (vs. 5-8); Joaquim, o
filho de Jeoaquim, colheu o fruto da revolta de seu pai (vs. 9, 10); e
Zedequias causou incautamente a revolta final devido à sua infidelidade para
com Nabucodonosor, seu soberano, que assim veio a ser o instrumento divino para
a destruição de um povo infiel (vs. 11-16). Estes parágrafos são um paralelo
abreviado de II Reis 23:31 – 24:20.
2. Tinha Jeoacaz
vinte e três anos, sendo
mais jovem que Jeoaquim, seu sucessor (v. 5). Mas embora tenha ele feito “o que
era mau” (II Reis 23:32), o povo da terra, os cidadãos livres (II Cr. 36:1),
aparentemente tinham mais esperanças nele do que em seu irmão mais velho. Reinou
três meses, ou até que Neco teve oportunidade de substituí-lo (cons. 35:20,
21).
3. Neco impôs uma indenização de cem
talentos de prata e um de ouro (cons. 25:6; 27:5), cerca de US$ 220.000
mais US$ 35.000 (cons. I Cr. 19:6, observação).
4. E lhe mudou o
nome de Eliaquim, Deus levanta, para Jeoaquim,
Jeová (Yahweh) levanta, demonstrando a boa vontade que Neco tinha
em tolerar a religião dos judeus. De modo significativo este controle que o rei
tinha sobre o nome do rei era prova do controle que tinha sobre sua pessoa
(veja comentário sobre 6:6). Ao irmão Jeoacaz tomou Nem, e o levou para o
Egito, onde veio a falecer (II Reis 23 : 34; cons. Jr. 22:10).
5. Jeoaquim . . ,
reinou onze anos, 608-598
A.C., e fez ele o que era mau. Ele impôs à terra tributo que devia ser pago a
Faraó (II Reis 23:35), enquanto ele mesmo vivia no luxo (Jr. 22:14, 15);
perverteu a justiça e oprimiu os pobres (Jr. 22:13, 17); e perseguiu os
profetas que o reprovaram (cons. II Cr. 35:8, 16, abaixo; Jr. 26:21-24; 32:36).
6. Subiu, pois,
contra ele Nabucodonosor (mais corretamente, Nabucodonosor, II Reis 24:1, texto hebraico). Na
primavera de 605, os babilônios obtiveram uma vitória decisiva contra Neco em
Carquemis (veja comentário sobre 35:20; Jr. 46:2). Os egípcios, como resultado,
foram expulsos até suas próprias fronteiras; e a Palestina ficou nas mãos de
Nabucodonosor (II Reis 24:7). O conquistador amarrou Jeoaquim com duas
cadeias de bronze, para o levar prisioneiro, embora a ameaça pareça ter
sido suficiente, sem que houvesse necessidade de levá-lo fisicamente a
Babilônia.
7. Também alguns
dos utensílios do templo levou Nabucodonosor para a Babilônia, e também um primeiro grupo de prisioneiros
selecionados como reféns, inclusive Daniel (cons. Dn. 1:1-3). Com isto começou
o exílio babilônico que durou setenta anos, 605-536 A.C. (Jr. 29:10). A
autenticidade desta campanha na Palestina em 605, antigamente desacreditada por
críticos incrédulos do V.T., foi extraordinariamente confirmada pela
publicação, em 1956, de duas tabuinhas babilônicas do reinado de Nabucodonosor.
Nelas Nabucodonosor declara que conquistou “toda a terra dos hati” (o Crescente
Fértil ocidental incluindo a Palestina) no verão de 605 e que “cobrou pesado
tributo dos hati para a Babilônia” (cons. J.B. Payne, “The Uneasy Conscience of
Modern Liberal Exegesis”, Bulletin of the Evangelical Theological Society,
1:1, Inverno de 1958, 14-18).
8. Quanto aos
mais atos de Jeoaquim. Depois
de servir Nabucodonosor por três anos (até 602), ele se rebelou (II Reis 24:1,
2), mas morreu antes que recebesse todo o seu castigo.
9. Tinha Joaquim
dezoito anos de acordo com
outros manuscritos, e não “oito anos” (cons. II Reis 24:8; e reinou três
meses e dez dias, de dezembro de 598 até 16 de março de 597, de acordo com
os novos textos de Nabucodonosor (v. 7, observação).
10. Mandou o rei
Nabucodonosor levá-lo a Babilônia em 597 A.C., junto com um segundo grupo de
deportados, que incluíram Ezequiel e 10.000 dos mais importantes elementos da
sociedade judia (cons. II Reis 24:10-16). E estabeleceu a Zedequias, seu
irmão (tio, II Reis 24: 17), rei.
12. Não se
humilhou perante o profeta Jeremias. A princípio Zedequias ignorou as mensagens de Jeremias
(Jr. 34:1-10), depois o procurou (Jr. 21) e, finalmente, rogou que lhe ajudasse
(Jr. 37), mas nunca se submeteu às suas exigências. Zedequias foi um
homem fraco e maleável aos esquemas dos nobres manhosos que file foram deixados
(Jr. 38:5).
13. Rebelou-se .
. . contra . . . Nabucodonosor, diante
da instigação de Hofra (588-567A.C.), Faraó da Vigésima Sexta Dinastia do Egito
(cons. Ez. 17:15; Jr. 37:5). Que o tinha ajuramentado. Zedequias fora
feito vassalo de Nabucodonosor por meio de juramento; assina sua deslealdade
anulou-o (Ez. 17:13-19).
C. O Exílio. 36:17-23.
As Crônicas São
essencialmente um livro de encorajamento. Os capítulos sobre os monarcas de
Judá registram grandes triunfos, vindicações da fé dos homem em Deus, mesmo no
meio da geral deterioração da nação. Então, tendo demonstrado que Deus pode
expulsar o Seu povo por causa de sua desobediência e que realmente o fará
(36:17-21, fazendo um pequeno paralelo com II Reis 25), o cronista prossegue
insinuando que das ruínas se levantará uma terra rejuvenescida, um Templo
reconsagrado descrevendo a imutável salvação de Deus e um povo aperfeiçoado e
portanto restaurado (II Cr. 36:22, 23, fazendo paralelo com Ed. 1:1-3a). Pois o
Exílio não foi uma derrota permanente, mas, essencialmente, um triunfo da
providência divina. A história é um processo, não de desintegração, mas de
peneiramento e seleção. Quando o refugo é removido, surge o remanescente fiel
(cons. comentário sobre 10:9; 11:3). “Que suba, e o Senhor seu Deus seja com
ele!” (II Cr. 36:23).
17. O Senhor a todos os deu nas . . . mãos
dos caldeus. Veja II Reis 25:1-21 quanto aos detalhes da queda e saque de
Jerusalém, e quanto à terceira e grande deportação em 586 A.C. (cons. II Cr.
36:7, 10, observações).
20. Os que
escaparam da espada. II
Crônicas omite, como irrelevante para o destino final de Judá, qualquer
referência ao reajuntamento de Gedalias e a fuga do remanescente para o Egito
(II Reis 25:22-27); à pequena e quarta deportação de 582 A.C. (Jr. 52:30); e
aos “mais pobres da terra” que ficaram espalhados pela Palestina (II Reis
25:12). A arqueologia tem comprovado o total despovoamento de Judá nesse
período. A esses levou ele para Babilônia, onde se tornaram seus servos.
Depois de certo desânimo inicial (Sl. 137) e trabalho escravo (Is. 14:2, 3),
alguns judeus alcançaram certo status e favor (cons. II Reis 25:27-30). Os que
eram mundanos tornaram-se indiferentes e se desviaram (cons. Ez. 33:31, 32),
mas os piedosos amadureceram espiritualmente (cons. Dn. 1:8; Et. 4:14-16; Ne.
1: 4).
21. Para que se
cumprisse a palavra do Senhor, até que a terra se agradasse dos seus sábados .
. . repousou . . . setenta anos (cons.
v. 7, observação), presumivelmente compensando um meio milênio de anos
sabáticos negligenciados (Gustav Oehler, Theology of the Old Testament,
pág. 343; cons. Lv. 25:1-7; 26:34).
22. Em 538 A.C. Ciro, rei da Pérsia venceu
Nabonidus e seu filho Belsazar, os últimos monarcas babilônios nativos (Dn. 5).
Sua política de conciliação e restauração religiosa para os exilados recebeu
inteira confirmação arqueológica devido as inscrições do próprio Ciro. (Sobre a
correspondência deste material com Ed. 1:1-3a, veja Introdução, Autoria).
23. O Senhor (Jeová) . . . me
deu todos os reinos da terra. Tal linguagem diplomática (cons. 35:21, observação)
nada significava para Ciro; suas palavras a uma audiência de babilônios foram:
“Marduque, rei dos deuses (principal divindade da Babilônia, mas não da
Pérsia!) ... designou(me) para governar sobre todas as terras”. Mas Cito foi
realmente um instrumento da providência divina (Is. 44:28 - 45:5).