Provérbios 12 — Análise Bíblica

Provérbios 12

Provérbios 12 fornece sabedoria prática sobre vários aspectos da vida justa, da conduta moral e das consequências das ações de alguém. Enfatiza o valor da sabedoria, disciplina, honestidade, diligência e o poder das palavras. O capítulo destaca consistentemente os benefícios da justiça e os contrasta com os resultados da maldade. Em última análise, incentiva os leitores a seguir uma vida caracterizada pela sabedoria e pelo comportamento virtuoso.

Análise 

12:1-28 Ouvimos a mensagem de 12:1 claramente nos capítulos 1 a 9, a primeira grande divisão de Provérbios. A instrução prossegue com o contraste entre o homem de bem e o homem de perversos desígnios em 12:2. O primeiro alcança o favor do Senhor, mas Deus condena o último. A repetição das declarações negativas em 12:3 é outra forma de dizer que os justos se estabelecem, mas os perversos serão desarraigados (cf. tb. 10:25). O provérbio seguinte apresenta um esboço da esposa que será descrita em 31:10-31. A mulher virtuosa é a coroa do seu marido (12:4). Ao contrário dela, a esposa que procede vergonhosamente (quer do modo descrito em 11:22, quer de acordo com a ilustração extrema do capítulo 7) é como podridão nos seus ossos. Um contraste e tanto! “0 moral do marido é afetado até os ossos (no hebraico, uma representação não apenas da estrutura esquelética, mas de todo o ser interior), que se enfraquecem como se a podridão os tomasse ocos (cf. paralelos em 10:7 e 14:30)” (CC). O salmista também afirma que o sofrimento afeta seus ossos (Sl 32:3). Em 12:5, o autor contrasta a retidão dos pensamentos do justo com a falsidade dos conselhos do perverso sem mencionar as consequências. Em 12:6, porém, as palavras dos perversos são emboscadas para derramar sangue, enquanto a boca dos retos livra homens. Como resultado do livramento, os perversos serão derribados [...] mas a casa dos justos permanecerá (12:7). Os dois provérbios seguintes tratam da forma pela qual uma pessoa é avaliada. O primeiro afirma que segundo o seu entendimento, será louvado o homem (12:8), ou seja, em proporção à sua inteligência, pois esse é o significado literal do termo traduzido por “[mulher] sensata” ou “inteligente”” (cf. ISm 25:3), que se refere “à capacidade de pensar com clareza” (EBC). O perverso de coração, porém, será desprezado. 0 segundo provérbio é comparativo e destaca a futilidade do fingimento: Melhor é o que se estima em pouco e faz o seu trabalho do que o vanglorioso que tem falta de pão (12:9). Os grupos que defendem os direitos dos animais ficarão satisfeitos em saber que a bondade de um homem justo se estende até o cuidado de seus animais (12:10a). 

A atitude não surpreende, pois o justo dá bom testemunho do cuidado que Deus tem por sua criação (cf. Jó 38:39— 39:30; Sl 104). O coração dos perversos, pelo contrário, é cruel (12:10b). O contraste entre o homem que lavra a sua terra e o homem que corre atrás de coisas vãs envolve abundância e escassez (12:11) e traz à memória o destino do preguiçoso (6:6-11; 24:30-34). Não temos nenhuma indicação da natureza dessas “coisas vãs” (ou “fantasias”, NVI), mas talvez o versículo seguinte forneça uma pista, ao dizer: O perverso quer viver do que caçam os maus (12:12), uma sugestão de que o provérbio anterior se refere àqueles que correm atrás de planos para enriquecer rapidamente. Todos os provérbios subsequentes (12:13-23) estão relacionados, de uma forma ou de outra, à fala. Pela transgressão dos lábios o mau se enlaça, mas o justo sairá da angústia (12:13). O livramento do justo pode ter vários motivos, mas provavelmente inclui o fato de ele saber o que dizer e quando dizê-lo: “0 homem prudente [...] se cala” (11:12). Quando fala, sua boca “produz sabedoria” (10:31), e seus lábios “sabem o que agrada” (10:32). Como seus trabalhos físicos, suas palavras certamente produzirão recompensas, pois cada um se farta de bem pelo fruto da sua boca, e o que as mãos do homem fizerem ser-lhe-d retribuído (12:14). O insensato é obstinado e só atenta para suas próprias ideias, mas o sábio dá ouvidos aos conselhos (12:15). 


O contraste em 12:16 se dá entre a natureza volátil de um e a paciência do outro: A ira do insensato num instante se conhece, mas o prudente oculta a afronta (cf. tb. 14:29; 16:32; 25:28; 29:11). Já em 12:17, o contraste é entre o que diz a verdade e a testemunha falsa. O primeiro manifesta a justiça, enquanto a última, a fraude. As palavras descuidadas (podemos acrescentar “do insensato”, tendo em vista o paralelismo) são como o golpe de uma espada que fere sua vítima profundamente. A língua do sábio, porém, é medicina (12:18; ou “saúde, como diz a RC, ou ainda o que “traz a cura”, NVI). As feridas causadas pelas palavras do insensato podem ser profundas, mas, ao contrário das palavras verdadeiras, não permanecerão, pois a língua mentirosa dura apenas um momento (12:19). O termo usado para “um momento” significa, literalmente, “enquanto eu brilharia”, “uma referência ao breve instante em que a luz se reflete na íris e faz o olho faiscar” (CC). Ademais, os homens cheios de dolo que maquinam o mal não experimentarão a alegria daqueles que aconselham a paz (12:20). O uso inesperado do termo alegria em paralelo com mal neste versículo enfatiza a tristeza que sobrevirá aos perversos. A sequência, portanto, é apropriada: Nenhum agravo sobrevirá ao justo, mas os perversos, o mal os apanhará em cheio (12:21), pois os lábios mentirosos são abomináveis ao Senhor, mas os que agem fielmente são o seu prazer (12:22; cf. tb. 11:20). 


Quando o provérbio diz: O homem prudente oculta o conhecimento (12:23), “não significa que ele nunca fala, mas, sim, que é criterioso” (EBC). O coração dos insensatos, por outro lado, proclama a estultícia e, consequentemente, “o insensato se entrega e revela seu segredo” (TOT). Num versículo anterior, vimos que o diligente “será farto de pão” (12:11). Aqui, descobrimos que a mão diligente dominará (12:24). A remissa, porém, será sujeita a trabalhos forçados, “como os homens recrutados por Salomão para se exaurirem em suas obras de construção monumentais” (ÍRs 4:6; 5:13-17; 9:15) (CC). O preguiçoso talvez tenha de se sujeitar a “trabalhos forçados” em decorrência da pobreza predita para ele anteriormente em Provérbios (6:9-11). De fato, a ansiedade pesa no coração, mas como é encorajador receber uma boa palavra (12:25)! E não há ninguém melhor para levantar o ânimo do que um amigo justo! Por isso, o conselho de 12:26 é que caminhemos com prudência e cuidemos dos amigos que escolhemos. O perverso ignora todas as advertências. O provérbio seguinte retoma o contraste entre o preguiçoso e o diligente: O preguiçoso não assará a sua caça, mas o bem precioso do homem é ser ele diligente (12:27). O termo hebraico traduzido por “assar” é ambíguo, pois pode significar “assar” ou “apanhar”. (A NVI usa a tradução mais ampla “aproveitar” a caça.) É possível, portanto, que o preguiçoso esteja sendo criticado por não apanhar nenhuma caça para si. “Seja ele do tipo que não termina o que começou ou que não tem a iniciativa de começar nada, o homem indolente desperdiça suas oportunidades” (TOT). A mensagem do último versículo desse capítulo (12:28) ressalta os benefícios incomparáveis da justiça, mencionados várias vezes em passagens anteriores.


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