Provérbios 13 — Análise Bíblica

Provérbios 13

Provérbios 13 fornece sabedoria prática sobre vários aspectos de uma vida justa, sabedoria e as consequências das ações de alguém. Enfatiza o valor da sabedoria, disciplina, honestidade, diligência e o poder das palavras. O capítulo contrasta consistentemente os resultados do comportamento sábio e tolo e incentiva os leitores a seguir uma vida caracterizada pela sabedoria e pelo comportamento virtuoso.

Análise

13:1-25 O primeiro versículo nos lembra mais uma vez da instrução dos pais, apresentada repetidamente nos capítulos que iniciam as seções do livro (13:1). Os dois versículos seguintes também retomam um tema conhecido, a comunicação verbal. O homem na primeira linha é contrastado com os pérfidos na segunda (13:2). A julgar pelo contexto dos capítulos 10 a 22, o homem deve ser sábio ou justo para “comer” o bem, enquanto o desejo dos pérfidos é a violência. “A violência será seu alimento” (CC). O contraste continua em 13:3: O que guarda a boca conserva a sua alma, mas o que muito abre os lábios a si mesmo se arruína. Em 13:4, o autor volta a contrastar o preguiçoso e o diligente: o primeiro deseja e nada tem, mas a alma do segundo se farta. Em consonância com seu caráter, o justo aborrece a palavra da mentira, mas o perverso faz vergonha e se desonra (13:5). A última linha pode ser traduzida em linguagem bastante vivida por: “causa fedor e vergonha”. De acordo com 13:3, o homem justo deve guardar a boca e fim de conservar a alma. Em 13:6, observamos uma inversão: A justiça guarda ao que anda em integridade. Trata-se de uma relação de reciprocidade ou cooperação mútua: o homem íntegro se apega à justiça, e a justiça o protege. A proteção “pode ser decorrente de intervenção divina ou de causas naturais” (EBC). A malícia, pelo contrário, subverte ao pecador. Ao retomar o tema da riqueza, 13:7 apresenta uma mensagem semelhante à de 12:9, mas usa outro tipo de paralelismo para falar dos ricos. A riqueza dos ricos, descrita como “sua cidade forte” em 10:15, é usada aqui para defendê-los por meio do pagamento de um resgate (13:8), situação que nos faz lembrar os sequestros sobre os quais lemos nos jornais. O pobre, por outro lado, não precisa se preocupar com essas coisas, pois a ele não ocorre ameaça (13:8). Convém recordar, porém, que, de acordo com 10:15, a pobreza é sua ruína. As duas categorias de pessoas, os justos e os perversos, são contrastadas em termos de luminosidade (13:9).

Os primeiros são uma luz que brilha intensamente, enquanto a lâmpada dos perversos se apagará. O contraste de 13:10 é entre a soberba e a sabedoria. A contenda provavelmente é resultante da postura competitiva e inflexível do orgulhoso. Mas aqueles que se aconselham são poupados de tais experiências desagradáveis. A primeira parte de 13:11 é resumida no ditado: “O que vem fácil, vai fácil”, aplicado com frequência ao dinheiro obtido em jogos de azar. Por outro lado, o que ajunta à força do trabalho terá aumento. A expressão hebraica traduzida por “à força” significa, literalmente, “à mão”, uma referência ao trabalho honesto. O dinheiro obtido por meio de trabalho ou investimentos honestos pode demorar a vir, mas certamente aumentará. O conceito de espera paciente pode ser o elo entre 13:12 e o provérbio anterior. Quando, por fim, essa espera for recompensada, será árvore de vida. Em 13:13, os termos palavra e mandamento talvez sejam referências implícitas às Escrituras, o que pode explicar o castigo aplicado àqueles que os desprezam e a recompensa reservada para quem lhes obedece. O valor do ensino volta a receber ênfase no provérbio seguinte (13:14), em que o mesmo argumento é apresentado por meio de outra forma literária. Enquanto o provérbio anterior é antitético, este é sintético. Em vez de focalizar o destino daqueles que rejeitam a sabedoria, a segunda linha trata dos benefícios proporcionados pelo ensino dos sábios. Quem dá ouvidos à instrução obtém boa inteligência que, por sua vez, consegue favor tanto dos homens quanto de Deus, mas o caminho dos pérfidos é intransitável (13:15). O significado exato do termo hebraico traduzido por “intransitável” não é claro, mas costuma-se considerar que descreve algo “não duradouro”, perecível, uma ideia trabalhada em versículos anteriores. As pessoas mostram seu caráter na sabedoria ou insensatez de seus atos (13:16; cf. tb. 12:23; 15:2).

Os atos em questão podem incluir a transmissão de mensagens. O mau mensageiro causa transtornos, mas o mensageiro confiável promove cura (13:17). As palavras-chave de 13:18 são instrução e repreensão, termos inter-relacionados e associados à sabedoria. Atentar para eles ou ignorá-los determina se o indivíduo será honrado ou sofrerá pobreza e afronta. Com referência à primeira linha de 13:19, ver o comentário sobre 13:12. O foco do contraste talvez seja a ideia de que a recusa dos insensatos em apartar-se do mal os impede de desfrutar a agradável experiência de ter um desejo atendido. O provérbio seguinte apresenta outra consequência da relutância dos insensatos em deixarem seus caminhos e amigos: Quem anda com os sábios será sábio, mas o companheiro dos insensatos se tomará mau (13:20). “Dize-me com quem andas, e eu te direi quem és.” Kidner chama isso de “educação pela amizade” (TOT). A promessa de desventura para o pecador e prosperidade para o justo (13:21) reforça a lei da retribuição. Devemos, porém, usar de cautela ao aplicá-la a situações específicas (cf. o comentário sobre Jó). O mesmo princípio é reiterado em 13:22, uma descrição do paradeiro da herança do justo e do perverso. Ross lembra que “a justiça divina determina a distribuição final da herança de um indivíduo” (EBC). Nem sempre, contudo, essa justiça fica evidente, como vemos no exemplo seguinte, no qual a falta de justiça priva o pobre da lavoura que cultivou com esforço (13:23). Mas a que tipo de injustiça o autor se refere aqui? Pode ser o ato de um inimigo, como acontecia no tempo de Gideão (Jz 6:3-5), ou pode ser a injustiça do proprietário que arrendou as terras ao pobre e exigiu uma porcentagem excessiva da colheita. Para muitos que concordam com o provérbio anterior, talvez seja mais difícil aceitar o dito seguinte, no qual temos um contraste entre dois pais, um que ama o filho e outro que não o ama. O pai que ama o filho cedo o disciplina, mas o que não o ama retém a vara, ou seja, deixa de discipliná-lo (13:24). No Quênia, a disciplina física de alunos é proibida nas escolas a fim de evitar crueldade, mas os educadores voltaram a discutir o papel desse tipo de correção, pois a indisciplina e rebeldia correm soltas nas escolas. E possível que a correção física tenha sido irresponsável no contexto escolar, mas os pais que disciplinam os filhos no lar de modo responsável demonstram amor por eles (cf. Ef 6:4; Hb 12:5-11). O último versículo do capítulo traz outro contraste entre o justo e o perverso. O primeiro tem o bastante para satisfazer o seu apetite, enquanto o último passa fome (13:25).

Índice: Provérbios 1 Provérbios 2 Provérbios 3 Provérbios 4 Provérbios 5 Provérbios 6 Provérbios 7 Provérbios 8 Provérbios 9 Provérbios 10 Provérbios 11 Provérbios 12 Provérbios 13 Provérbios 14 Provérbios 15 Provérbios 16 Provérbios 17 Provérbios 18 Provérbios 19 Provérbios 20 Provérbios 21 Provérbios 22 Provérbios 23 Provérbios 24 Provérbios 25 Provérbios 26 Provérbios 27 Provérbios 28 Provérbios 29 Provérbios 30 Provérbios 31