Provérbios 28 — Análise Bíblica

Provérbios 28

Provérbios 28 fornece sabedoria prática sobre vários aspectos da vida, da ética e do comportamento humano. Enfatiza o temor do Senhor como alicerce da retidão e da coragem, alerta contra a opressão e o ganho desonesto e destaca as bênçãos do trabalho árduo e da liderança ética. O capítulo incentiva os leitores a viver com integridade, buscar a misericórdia de Deus por meio do arrependimento e confiar no Senhor para orientação e prosperidade.

Análise

28:1-28 Como mencionamos na introdução a essa seção, os capítulos 28 e 29 são semelhante aos capítulos 10 a 22, pois consistem em provérbios individuais caracterizados, com frequência, por paralelismo antitético. A confiança do justo no Senhor o toma intrépido como o leão, enquanto fogem os perversos, sem que ninguém os persiga (28:1). Os versículos seguintes se referem a nações e seus governantes. Em 28:2, o contraste é entre a nação justa na qual um governante sábio e prudente mantém a ordem e estabilidade, e a terra caracterizada pela transgressão, sujeita à ganância de vários líderes militares. A Somália, que não tem um governo central há mais de uma década, é um bom exemplo dos efeitos trágicos das lutas por poder entre vários governantes. O governante cruel que oprime o povo sobre o qual governa é tema de 28:3. Líderes implacáveis, seus partidários e outros homens perversos invertem os padrões estabelecidos pelo Senhor para o seu povo na lei (28:4). O provérbio antitético subsequente parece dar o motivo: Os homens maus não entendem o que é justo, mas os que buscam o Senhor entendem tudo (28:5). Os versículos seguintes se referem a formas de riqueza. Com referência a 28:6, ver comentário sobre 19:1. Em 28:7, vemos o contraste entre o filho prudente e o companheiro de libertinos.

O primeiro guarda a lei, enquanto o último envergonha a seu pai. A riqueza obtida por meios injustos, como a cobrança de juros exorbitantes sobre empréstimos, acabará nas mãos de outro, a saber, daquele que se compadece do pobre (28:8). Sacrifícios e orações sem obediência são abomináveis ao Senhor (28:9; cf. tb. 15:8). O autor nos lembra, mais uma vez, que as tentativas de prejudicar o justo serão frustradas. O que desvia os retos para o mau caminho, ele mesmo cairá na cova que fez (cf. 26:27), mas os íntegros herdarão o bem (28:10). O discernimento do rico e o do pobre voltam a ser contrastados em 28:11. Kidner ressalta que “a) a sabedoria não faz acepção de nível social; b) a complacência não é sinal de sabedoria; c) os pares de um homem nem sempre são seus melhores juízes” (TOT). Com referência a 28:12, ver comentários sobre 11:10-11 (cf. tb. 29:2). Os dois provérbios seguintes se referem a diferentes atitudes em relação a Deus. Em 28:13, um indivíduo se recusa a reconhecer seus pecados, e “o pecado enterrado” se torna “pecado arraigado” (TOT). O arrependimento e a renúncia do pecado, porém, trazem perdão e misericórdia de Deus (cf. l Jo 1:8-9). Outro provérbio antitético, 28:14 contrasta a bem-aventurança do homem constante no temor de Deus com a desgraça de quem se recusa a dar ouvidos a Deus e endurece o coração. O tipo de governante descrito como “chuva que a tudo arrasta e não deixa trigo” em 28:3 agora é comparado a um leão que ruge e urso que ataca (28:15). O mesmo assunto é tratado em 28:16, que contrasta o príncipe falto de inteligência que multiplica as opressões com o que aborrece a avareza e viverá muitos anos. O assassino é fugitivo até a morte, pois sua culpa o persegue (28:17; cf. tb. 28:1). Esse é o testemunho de Caim, o primeiro assassino e fugitivo, quando diz: “Serei fugitivo e errante pela terra; quem comigo se encontrar me matará” (Gn 4:14).

O sábio adverte: Ninguém o detenha (ou “Ninguém o proteja”, NVI). Observamos um contraste nítido entre a vida de fugitivo e a segurança daquele que anda em integridade. Quem não anda desse modo, mas é perverso em seus caminhos, terá um fim trágico (28:18; cf. tb. 10:9). O versículo seguinte contrasta o que lavra a sua terra com o sonhador. O primeiro virá a fartar-se de pão, enquanto o último se fartará de pobreza (28:19; cf. tb. 12:11). O homem fiel será cumulado de bênçãos, mas a pressa indevida de enriquecer não passará sem castigo (28:20). A primeira parte do provérbio sintético de 28:21 foi mencionada anteriormente (cf. 18:5). Há quem cometa injustiça por um preço baixo. O sábio dá continuidade à advertência sobre o desejo intenso de enriquecer e adverte acerca de uma das manifestações do anseio por riquezas: a avareza (28:22; cf. tb. 23:6). O avarento não percebe que há de vir sobre ele a penúria, que pode ser material ou espiritual. Com referência a 28:23, ver 27:5-6,14. Quer roube dos pais, quer de outra pessoa, o ladrão transgride a lei (28:24). Os versículos restantes do capítulo valem-se do paralelismo antitético. O motivo pelo qual o cobiçoso levanta contendas pode ser o desejo de obter alguma riqueza de seus competidores ou de seus donos legítimos. Por outro lado, prosperará quem confia que Deus proverá às suas necessidades (28:25). O conceito de confiança é retomado na primeira linha do provérbio seguinte, que contrasta o insensato que confia no seu próprio coração com aquele que desfruta segurança, pois anda em sabedoria (28:26). O dito seguinte volta à ideia de confiar na provisão de Deus em vez de ser avarento e diz: O que dá ao pobre não terá falta. Quem se recusar a ajudar os pobres, por outro lado, será cumulado de maldições (28:27; cf. tb. 22:9). Aquele que não ajuda os pobres é contado entre os perversos, daí a antítese em 28:28 ser, provavelmente, entre sua ascensão ao poder, que leva as pessoas a se esconder, e seu perecimento e a multiplicação dos justos (cf. tb. 28:12; 29:2).

Índice: Provérbios 1 Provérbios 2 Provérbios 3 Provérbios 4 Provérbios 5 Provérbios 6 Provérbios 7 Provérbios 8 Provérbios 9 Provérbios 10 Provérbios 11 Provérbios 12 Provérbios 13 Provérbios 14 Provérbios 15 Provérbios 16 Provérbios 17 Provérbios 18 Provérbios 19 Provérbios 20 Provérbios 21 Provérbios 22 Provérbios 23 Provérbios 24 Provérbios 25 Provérbios 26 Provérbios 27 Provérbios 28 Provérbios 29 Provérbios 30 Provérbios 31