Provérbios 21 — Análise Bíblica

Provérbios 21

Provérbios 21 fornece sabedoria prática sobre vários aspectos da vida, da ética e do comportamento humano. Enfatiza a soberania de Deus, o valor da retidão e da justiça, os perigos do orgulho e do engano, a importância da diligência e os benefícios da generosidade. O capítulo incentiva os leitores a viver com integridade, buscar a justiça e buscar a retidão em suas ações e decisões.

Análise

21:1-31 Os quatro primeiros versículos deste capítulo estão relacionados ao coração humano. O primeiro caso se refere ao coração do rei (21:1). Sob o título “Rei dos reis”, Kidner relaciona vários reis pagãos como “exemplos de autocratas que, ao seguir o curso que traçaram para si mesmos, inundaram ou fertilizaram os campos de Deus conforme ele determinou” (TOT). Com referência a 21:2, ver os comentários sobre 16:2. O poder divino de ver o que se passa no mais íntimo do coração explica 21:3, uma declaração exemplificada em I Samuel 15:20-23. O olhar altivo e o coração do orgulhoso servem de lâmpada para guiar os perversos, mas não os conduzem pelos caminhos certos, pois, como informam as duas últimas palavras de 21:4, são pecado. Os provérbios seguintes se referem a diversas maneiras de obter sustento e viver. Em 21:5, o planejamento cuidadoso do diligente é comparado com a pressa dos afoitos. O planejamento levará à abundância, mas apressa excessiva, à pobreza (cf. Lc 14:28-32). Enquanto os apressados não estão dispostos a realizar o planejamento necessário, outros não estão dispostos a trabalhar honestamente e tentam ganhar dinheiro com uma língua falsa. A fortuna adquirida por meios desonestos, porém, é vaidade — ou seja, desvanece como vapor — e laço mortal (21:6). Os malfeitores são destruídos por suas próprias maquinações (21:7). O versículo seguinte é antitético. O caminho do homem carregado de culpa é contrastado com o proceder do honesto; o primeiro é tortuoso, enquanto o último é reto (21:8). A esposa é uma dádiva de Deus (18:22), mas a comparação (melhor [...] do que) em 21:9 (repetida em 25:24; cf. tb. 21:19; 19:13; 27:15-16) enfatiza a dificuldade de conviver com uma mulher briguenta. Em 21:10, temos descrita uma característica assustadora do perverso. Ele não apenas pratica o mal, mas o deseja. Em decorrência, nem o seu vizinho recebe dele compaixão. Com referência a 21:11, ver comentários sobre 19:25.

Os provérbios seguintes tratam da justiça divina e humana: 21:12 apresenta a justiça retributiva de Deus contra os perversos, enquanto 21:13 mostra a justiça retributiva que recai sobre quem maltrata os pobres (cf. Mt 18:21-35). Com referência a 21:14, cf. os comentários sobre 18:16. Em 21:15, temos duas reações à manifestação da justiça: É alegria para o justo, provavelmente porque ele é vindicado, mas espanto para os que praticam a iniquidade, pois são condenados. Não é de surpreender que o homem que se desvia do caminho do entendimento na congregação dos mortos repousará (21:16; cf. tb. 14:12). O prazer pode ser uma tentação para se desviar do caminho certo, de modo que 21:17 traz uma advertência. Não condena, porém, os prazeres em si, pois o termo usado aqui é traduzido em 21:15 por “alegria”. O problema é o amor aos prazeres, a busca por eles como objetivo de vida (cf. tb. 21:20-21). O provérbio sinônimo em 21:18 fala do perverso ou pérfido e do justo ou dos retos. O primeiro se toma resgate para o segundo. É possível que 11:8 explique essa declaração, ilustrada pelo caso de Hamã e Mordecai no livro de Ester.

O assunto de 21:9, a esposa briguenta, é retomado em 21:19, ao passo que 21:20 talvez remeta a um provérbio anterior. O homem insensato que desperdiça todos os seus bens parece equivaler ao homem que busca somente o prazer em 21:17. Por outro lado, apesar de a casa do sábio ter um amplo suprimento de iguarias e azeite (21:20a) e de ele encontrar a vida, a justiça e a honra (21:21), tais elementos não constituem seu objetivo central na vida. O sábio busca a retidão. Todas as outras coisas são recebidas como bênçãos adicionais (cf. tb. Mt 6:33). Com referência a 21:22, Kidner comenta: “O fato de a sabedoria ser bem-sucedida em casos nos quais a força bruta não funciona (cf. tb. 24:5-6) tem várias aplicações, sendo uma das mais importantes a guerra espiritual. Mas nesse âmbito [espiritual] a sabedoria humana é inútil (2Co 10:4)” (TOT). O texto em 21:23 volta a destacar que o sábio mede suas palavras. O soberbo e presumido, por outro lado, procede com indignação e arrogância (21:24). Quem age desse modo gosta de escarnecer dos outros e, portanto, é chamado de zombador. Observe como o autor se vale de vários termos para retratar essa personalidade repulsiva: soberbo, presumido, zombador que procede com indignação e arrogância. O preguiçoso é novamente discutido em 21:25. Ele tem uma necessidade, ou melhor, um anseio, mas não trabalha para satisfazê-la. Se ninguém salvá-lo, seu fim certo é a morte. Quem o salvará, senão o justo que não anseia por nada para si mesmo, mas dá e nada retém (21:26)? Os provérbios seguintes tratam de pessoas mais interessadas nas aparências do que na verdade. Vimos a primeira parte de 21:27 em várias passagens anteriores, mas o que toma esse sacrifício mais odioso é a intenção maligna com a qual ele é oferecido.

A falsa testemunha também perverte a verdade com intenção maligna, mas tanto ela quanto quem lhe dá ouvidos perecerão (21:28). Kidner propõe um axioma com base em 21:29: “Um rosto ousado não substitui princípios corretos”. Hubbard segue a linha de raciocínio do texto ao descrever o significado de 21:30: “Nenhuma habilidade intelectual humana é capaz de garantir o sucesso de um empreendimento quando o Senhor se opõe a ele. Ser sábio e opor-se a Deus é uma contradição” (CC). Ross, por outro lado, expressa a mensagem de forma positiva: “Para ser bem-sucedido, é necessário que a ‘sabedoria’ [...] a ‘inteligência’ [...] e o ‘conselho’ estejam de acordo com a vontade de Deus” (EBC). Kidner estabelece forte ligação entre esse versículo e o seguinte: “Se 21:30 adverte de não lutarmos contra o Senhor, 21:31 adverte de não lutarmos sem ele. Não condena os recursos terrenos, mas sim a confiança neles” (TOT)

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