Provérbios 15 — Análise Bíblica

Provérbios 15

Provérbios 15 fornece sabedoria prática sobre vários aspectos de uma vida justa, sabedoria e as consequências das ações de alguém. Enfatiza a importância de uma resposta gentil e gentil, do temor do Senhor, da humildade e do poder das palavras. O capítulo contrasta consistentemente os resultados de uma vida correta com os caminhos dos ímpios e incentiva os leitores a seguirem uma vida caracterizada pela sabedoria, virtude e humildade.

Análise

15:1-33 O capítulo começa com dois provérbios sobre a fala. O primeiro versículo ensina que o modo de respondermos numa situação tensa pode apaziguá-la ou colocar mais lenha na fogueira (15:1). Como mostra o contraste de 15:2, a língua dos sábios adorna o conhecimento, mas a boca dos insensatos derrama a estultícia. O autor passa da fala à visão e diz que os olhos onipresentes do Senhor observam os maus e os bons (15:3; cf. tb. 2Cr 16:9; Sl 33:13-15), uma indicação de que ele julgará corretamente. Já 15:4 volta a tratar da fala: A língua serena é representada como árvore de vida. A língua perversa, por outro lado, quebranta o espírito, uma indicação do “efeito das palavras sobre o estado de espírito” (TOT). A esta altura, a lição de 15:5 já é bastante conhecida. Em seguida, vemos lado a lado a casa do justo e a renda dos perversos (15:6). A primeira contém grande tesouro, enquanto a última é retratada como fonte de perturbação. A pergunta para nós é: O que estamos armazenando? Aquilo que provém dos dois tipos de pessoas também é diferente: A língua dos sábios derrama conhecimento, mas o coração dos insensatos não procede assim (15:7). Os sábios não acumulam o conhecimento que sua língua adorna em 15:2, mas o compartilham com outros. Em 15:8, encontramos uma das poucas menções à oração em Provérbios (veremos outra em 15:29) no contraste entre o que é abominável ou agradável ao Senhor. Questões associadas ao culto, a saber, o templo, os sacrifícios, a oração, aparecem apenas raramente em Provérbios. Talvez, como Kidner declara com eloqüência, “a função [do livro] nas Escrituras seja vestir a piedade com roupas de trabalho” (TOT). A abominação do Senhor ao mal constitui o elo com o versículo seguinte. Enquanto em 15:8 o autor diz que o Senhor abomina o sacrifício dos perversos, aqui o caminho do perverso é abominação ao Senhor (15:9a). Os sacrifícios não têm valor nenhum — e são até mesmo hipócritas — quando a atitude da vida como um todo é de rebelião a Deus. Por outro lado, assim como Deus se deleita na oração dos retos em 15:8, em 15:9 ele ama o que segue a justiça. A ideia de perigo mortal liga os dois provérbios seguintes.

Em 15:10, um provérbio sintético, quem corre esse perigo precisa de disciplina rigorosa. A mensagem da comparação (quanto mais) em 15:11 é semelhante à de 15:3. Deus sabe tudo a respeito dos perversos e dos bons. O paralelismo sintético de 15:12 não surpreende. Uma vez que o escarnecedor recusa a correção, não é de admirar que não peça conselho aos sábios. Os provérbios seguintes tratam de atitudes do coração. Tanto o coração alegre quanto o oprimido com a tristeza têm manifestações físicas: o primeiro aformoseia o rosto, o segundo deixa o espírito abatido e (implicitamente) entristece o rosto (15:13). O contraste do coração sábio com a boca dos insensatos traz à memória 14:24, especialmente ao mencionar a estultícia. A alegria do coração em 15:15 tem quase o mesmo significado da expressão traduzida por “aformoseia o rosto” em 15:13. Kidner reúne os dois versículos: “Se o versículo 13 mostra que nossa atitude prevalecente influencia toda a personalidade, este dito também lhe atribui influência sobre toda nossa experiência” (TOT). Seguem-se dois provérbios comparativos com melhor é [...] do que. Ambos mostram a superioridade dos valores espirituais em relação ao lucro ou benefício material. O temor do Senhor é melhor do que a riqueza, mesmo quando esta última não é acompanhada de inquietação (15:16). Em 15:17, o contraste é entre o amor e o ódio. Um prato de hortaliças acompanhado de amor é melhor do que o boi cevado e, com ele, o ódio. Os dois provérbios revelam quais devem ser nossas prioridades. Com referência a 15:18, ver comentários sobre 14:17 e 15:1.

O povo akan de Gana também tem consciência dos perigos de ser irascível, como vemos em seu ditado: “O coração mau (dado a ataques de raiva) mata seu dono”. No provérbio seguinte, o obstáculo se encontra na atitude (na mente) do preguiçoso. Uma vez que ele não está disposto a se mover, imagina seu caminho cercado de espinhos (15:19). Os retos estão dispostos a caminhar com o Senhor e, portanto, sua vereda [...] é plana, ou seja, sem obstáculos. Os provérbios subsequentes tratam da sabedoria e da insensatez. Com referência a 15:20, ver a observação sobre 10:1. Quem se alegra com a estultícia mostra apenas que carece de entendimento (15:21). O homem sábio, por outro lado, anda retamente, da mesma forma que os retos não encontram obstáculos em seu caminho em 15:19. Com respeito a 15:22, ver os comentários sobre 11:14. O conselho sábio do versículo anterior conduz naturalmente à resposta adequada celebrada com a observação: A palavra, a seu tempo, quão boa é! (15:23). Em 15:24, o caminho da vida trilhado pelo sábio o leva para cima. Fica implícito, portanto, que somente os insensatos seguem o caminho que conduz à morte, ao inferno, embaixo. O provérbio parece sugerir a possibilidade de vida depois da morte, apesar de essa doutrina só ser desenvolvida posteriormente nas Escrituras. A reação do Senhor ao mal é o tema dos próximos provérbios. Ele dá ao orgulhoso o castigo merecido, mas protege a viúva indefesa (15:25). Sua reação ao perverso em 15:26 deve ser considerada juntamente com 15:8-9. Em 15:27, o transtorno que o ávido por lucro causa à sua família deve ser resultante de aceitar suborno, pois a segunda linha diz: O que odeia o suborno, esse viverá. A prudência do justo é um princípio conhecido (15:28); a boca do perverso, porém, transborda de maldade (cf. tb. 15:2). Essa maldade é o que determina a reação do Senhor às orações do homem perverso.

A declaração: O Senhor está longe dos perversos (15:29) não tem nada que ver com distância física, um fator que não é relevante para Deus. O Senhor está longe dos perversos porque não ouve suas orações, caso cheguem a orar, da mesma forma que ouve a oração dos justos. Os sacrifícios e o modo de vida dos perversos também são abomináveis ao Senhor, como vimos em 15:8-9. Enquanto 15:13 é antitético e começa dizendo que o coração alegre aformoseia o rosto, 15:30 é sinônimo e amplia a relação: O olhar do amigo alegra ao coração, assim como as boas-novas revigoram o corpo. Os dois versículos seguintes devem ser considerados em conjunto. Os ouvidos que atendem ã repreensão salutar no meio dos sábios têm a sua morada (15:31), pois os sábios estão dispostos a dar ouvidos à repreensão (cf. 9:8). Na verdade, essa é a base de sua sabedoria. Quem ignora a disciplina não demonstra respeito por si mesmo nem “boa autoimagem”; mostra apenas que menospreza a si mesmo (15:32). Por outro lado, aquele que aceita a correção, como o sábio de 15:31, adquire entendimento. Eis o tipo de humildade que precede a honra (15:33). O capítulo termina com uma lembrança do tema geral de Provérbios.

Índice: Provérbios 1 Provérbios 2 Provérbios 3 Provérbios 4 Provérbios 5 Provérbios 6 Provérbios 7 Provérbios 8 Provérbios 9 Provérbios 10 Provérbios 11 Provérbios 12 Provérbios 13 Provérbios 14 Provérbios 15 Provérbios 16 Provérbios 17 Provérbios 18 Provérbios 19 Provérbios 20 Provérbios 21 Provérbios 22 Provérbios 23 Provérbios 24 Provérbios 25 Provérbios 26 Provérbios 27 Provérbios 28 Provérbios 29 Provérbios 30 Provérbios 31