Provérbios 24 — Análise Bíblica

Provérbios 24

Provérbios 24 fornece sabedoria prática sobre vários aspectos da vida, da ética e do comportamento humano. Enfatiza a importância de evitar a companhia de indivíduos maus, construir uma família baseada na sabedoria e na compreensão, resgatar os que perecem e manter a honestidade no falar. O capítulo contrasta consistentemente os resultados da sabedoria e da loucura, incentivando os leitores a seguir uma vida caracterizada pela sabedoria e pela retidão. Também reforça o temor do Senhor como princípio fundamental para uma vida ética.

Análise

A seção seguinte volta ao ponto de partida com o aviso repetido para não invejar os pecadores nem se associar a eles (24:1-2; cf. tb. 23:9-20; 24:17-21). Depois de tratar da conduta dos perversos, o sábio celebra a sabedoria. Numa bela passagem, descreve uma casa construída, estabelecida e fartamente abastecida de sabedoria (24:3-4; cf. tb. 9:1-2; 14:1). A sabedoria é força, e o conselho prudente é o segredo da vitória (24:5-6; cf. tb. 11:14; 20:18; 21:22). E impossível o insensato obter sabedoria enquanto sua vida a contradiz (24:7). Consequentemente, ele não tem nada de proveitoso para dizer no juízo. É possível que se trate de uma referência às assembleias realizadas à porta da cidade, onde os membros sábios e respeitados da comunidade se reuniam para discutir e decidir questões legais e comerciais. Todos detestam o mestre de intrigas e o escarnecedor (24:8-9).

Em 24:10-12, encontramos uma declaração enérgica de nossas obrigações em relação a outros. Kidner comenta: “Pressão intensa (24:10) e responsabilidades que poderiam ser evitadas (24:11-12) são maneiras justas, e não injustas, de testar o valor de um homem. É o mercenário, e não o verdadeiro pastor, quem alega que as condições são difíceis (24:10), as tarefas são impossíveis (24:11) e a ignorância é desculpável (24:12); o amor não se aquieta com tanta facilidade; tampouco o Deus de amor” (TOT). A advertência sobre a necessidade de mostrar coragem é seguida da recomendação mais agradável para comer mel e da lembrança de que sua doçura é semelhante à da sabedoria (24:13-14). Quem encontrar a sabedoria desfrutará de um bom futuro, e sua esperança não será frustrada (24:14; cf. tb. 23:18). A resiliência do justo é mencionada em seguida como advertência para quem trama o mal contra ele e como encorajamento para os retos (24:15-16). Os quatro versículos seguintes devem ser considerados uma unidade. Enquanto 24:17-18 exorta o justo a não se alegrar quando Deus julga os malfeitores, 24:19-20 enfatiza que o julgamento do perverso é inevitável: ele não terá bom futuro, e sua lâmpada [...] se apagará. Apesar de o tema do livro ser o temor do Senhor, pela primeira vez essa passagem menciona explicitamente o temor do rei (24:21-22). O homem piedoso também é um bom cidadão. A passagem adverte ainda sobre a ruína súbita que virá daqueles dois, o Rei dos reis e o rei humano, contra o rebelde (cf. tb. Rm 13:1-7; IPe 2:17).


24:23-34 Mais alguns provérbios dos sábios

São também estes provérbios dos sábios (24:23) dá início a uma nova seção. A segunda parte de 24:23 começa com um tema retomado em 24:25: Parcialidade no julgar não é bom (cf. tb. 17:15,26; 18:5). O julgamento justo convence o indivíduo da sua culpa em vez de lhe dizer: Tu és justo. Consequentemente, quem perverter a justiça será amaldiçoado pelo povo e condenado pelas nações; o paralelismo enfatiza o castigo. Mas os que o repreenderem se acharão bem, e sobre eles virão grandes bênçãos (24:25). Kidner associa 24:26 ao versículo anterior e comenta: “A palavra correta serve de selo como um beijo nos lábios” (TOT). De acordo com Heródoto, os persas consideravam esse beijo um sinal de amizade verdadeira, o tipo de relacionamento caracterizado pela verdade (EBC). O conselho em 24:27 é para que se priorizem as atividades ao planejar a construção de uma casa (cf. tb. 24:3-4). A próxima sequência de versículos se opõe ao desejo de vingança (24:28-29; cf. tb. comentário sobre 20:22). Voltamos, então, ao campo mencionado em 24:27 que, neste caso, pertence ao preguiçoso (24:30-34; cf. tb. 6:6-11). O sábio começa descrevendo o que viu no campo abandonado do preguiçoso (24:30-31), resume a lição que aprendeu (24:32) e, por fim, compartilha sua conclusão com os aprendizes: Um pouco para dormir, um pouco para tosquenejar, um pouco para encruzar os braços em repouso, assim sobrevirá a tua pobreza como um ladrão, e a tua necessidade, como um homem armado (24:33-34)

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