Deuteronômio 22 — Estudo Devocional

Deuteronômio 22 aborda uma série de diretrizes éticas e práticas para a vida diária dentro da comunidade israelita. O capítulo aborda temas como ajudar um vizinho com bens perdidos, preservar vidas e evitar negligências, a importância de respeitar as distinções de género e regras relativas à mistura de vários tipos de tecidos. Discute também o tratamento adequado dos animais, a ordem de construção de parapeitos nos telhados para evitar acidentes e as penas para crimes sexuais. Deuteronômio 22 ressalta a importância do comportamento ético, da responsabilidade e do valor da dignidade humana nas interações diárias. Ela nos leva a tratar os outros com bondade e respeito, a estar atentos à segurança e ao bem-estar e a lembrar que os princípios da lei de Deus se estendem a vários aspectos de nossas vidas.

22.1-3 leve-o de volta ao dono. Essa determinação expressa o respeito que o israelita deveria ter com a propriedade de outra pessoa. Mesmo se o animal estivesse longe do seu dono, ainda continua sendo dele, ou seja, não é lícito que outra pessoa o tome para si.

22.4 não faça de conta que não viu. Alguns seguidores da Lei observavam à risca a determinação de socorrerem animais desamparados nas estradas, mas não expandiam tal mandamento aos humanos, tanto é que não acodem o homem estendido à margem da estrada, na parábola do bom samaritano (Lc 10.25-37). Estes preceitos fazem com que o indivíduo saia de um pensamento mais egocentrado e individualista.

22.5-12 não podem usar roupa de. A orientação aqui se refere a costumes culturais mais do que a princípios teológicos. Naquela época as roupas dos homens e das mulheres eram bem diferentes das de hoje. Historiadores apontam que o uso da túnica era comum aos dois sexos, com diferenças nas tonalidades de cores, especialmente nos cinturões. Esta passagem poderia também se referir a algumas tradições de moda de Canaã, e não dos judeus, mas mais provavelmente refere-se ao desejo de uma pessoa querer se parecer com o sexo oposto; o travestismo era tabu naquela época e em culturas patriarcais. O fato de neste texto também se condenar misturar sementes (v. 9) e tecidos (v. 11) sugere a intenção de preservar as distinções entre diferentes, evitando-se confusão e mixagem. Homens e mulheres, crianças e adultos deveriam se vestir do modo próprio a cada gênero e idade nos marcos da cultura em que se vive. Assim ficam preservadas as singularidades dos seres e das coisas (Lv 19.19), reforçando-se a identidade de gênero. Cada cultura demarca itens que distinguem meninos de meninas e homens de mulheres. Mas notemos que estas orientações aparecem no texto junto com as que se referem à obrigatoriedade de usar pingentes na capa (v. 12) e fazer sacadas com grades (v. 8). Portanto, elas merecem o mesmo destaque dado às outras recomendações.

22.6-7 deixe a mãe sair voando. Essa orientação também revela uma preocupação ecológica, a de preservar a matriz, a provedora de futuros pássaros, mesmo quando se queria ter pássaros de estimação. Há algo de muito especial na maternidade, inclusive dos animais.

22.8 coloque uma grade de madeira. Se obedecida, essa recomendação pode diminuir os casos de acidentes em terraços e da culpa a eles associada. Ela revela o valor e o cuidado de Deus com detalhes que podem preservar vidas.

22.9-11 Não ponha juntos. Essas orientações visam estabelecer a discriminação e a preservação de substâncias supostamente puras. Simbolicamente, elas podem ser entendidas como a importância de discriminar os pensamentos e a própria identidade cultural, como deveria fazer o povo de Israel no meio de seus vizinhos pagãos (Dt 23.1-9 e 17-18, por exemplo).

Pureza sexual e casamento
22.13-19 Aí começa a caluniá-la. As mulheres começam aqui a receber mais atenção e respeito pois, até então, não tinham leis de proteção melhor estruturadas. Um homem teria que pensar melhor antes de caluniar a mulher com quem se casou, pois sofreria punição de multa e chicotadas, além do compromisso de continuar sendo o seu protetor por toda a vida.

22.20-21 Mas, se… a moça não era virgem. Essa lei assegurava o direito do homem na época patriarcal de se casar com uma moça virgem. A punição para a moça que ocultasse tal fato de um pretendente era a morte. Observe-se que naquela época as mulheres eram vistas como propriedade dos homens; dessa forma, uma moça virgem tinha maior valor do que a não virgem.

22.22-29 na cama com a esposa de outro. Em casos de adultério, os homens teriam punições iguais às das mulheres, sem privilégios; e no caso de estupro, somente eles seriam punidos.

22.30 Nenhum homem terá relações com… mulheres do seu pai. A proibição do incesto é instituído em Israel, como também em várias outras nações da época. Note-se que ela não se aplica apenas à relação entre filho e mãe, mas também entre um filho e as esposas do pai, o que parece considerar a ideia de honrar a propriedade deste e a posição funcional de mãe. A norma, portanto, não se restringia à consanguinidade.

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