Deuteronômio 25 — Estudo Devocional

Deuteronômio 25 continua a fornecer regulamentos e diretrizes para várias situações dentro da comunidade israelita. O capítulo aborda questões como a punição justa por transgressões, a proibição de atos físicos humilhantes e a responsabilidade de cuidar das viúvas. Também enfatiza a honestidade nos negócios, principalmente no uso de medidas e pesos precisos. O capítulo discute a prática do casamento levirato, onde um homem é obrigado a casar com a viúva do seu falecido irmão se não houver filhos, garantindo a continuação da linhagem familiar. Deuteronômio 25 enfatiza os princípios de justiça, equidade e compaixão dentro da comunidade. Ela nos leva a priorizar o comportamento ético, defender a dignidade dos indivíduos e demonstrar cuidado com o bem-estar dos outros em nossas interações. No geral, este capítulo destaca a importância de viver de uma maneira que reflita o caráter e os valores de Deus.

1 — Quando dois israelitas tiverem uma questão, levem o caso para ser julgado pelos juízes. Um dos dois será julgado culpado, e o outro, inocente.

25.1-19 levem o caso para ser julgado. A Lei de Deus, que Moisés repassou aos israelitas, visava estabelecer a consciência de que eles eram o Seu povo escolhido, e criar condições de convivência entre eles. Ou seja: relacionamento com Deus e com pessoas. Onde há pessoas, há diferenças de opinião. Contudo, Deus estabeleceu limites nas diversas dimensões da vida, castigos, trabalho, culto, família e animais. Neste capítulo, vemos que as ordenanças visam sempre ajudar os menos favorecidos, órfãos, viúvas e estrangeiros, estabelecendo entre as pessoas a solidariedade. O ensino destas leis deveria, com o tempo, refletir-se na conduta e ajudar a estabelecer as bases do direito e da justiça. A generosidade é um atributo divino, enquanto que o egoísmo faz parte da condição humana. Por isso, enquanto o Espírito Santo ainda não habitasse nossos corações, Deus insiste em nos ajudar a superar o egocentrismo por meio de Suas leis, e assim promover o cuidado mútuo, como forma de transformar indivíduos em comunidade.

25.1 Quando dois israelitas tiverem uma questão. A questões entre israelitas deveria ser levada aos juízes, que julgariam em nome de Deus, o justo juiz.

25.2-3 condenado a receber chicotadas. A punição física visava a correção e não o ultraje, a humilhação ou a violência desmedida, que poderia desfigurar ou ferir gravemente o que foi julgado como culpado. Talvez por isso o juiz deveria assistir a execução da pena que decretou: assim “sentiria” junto com o culpado os açoites, além de evitar a impunidade e os excessos. quarenta chicotadas. A pena máxima é determinada por lei, para evitar a humilhação pública e a desfiguração do corpo do culpado. Há aqui uma primeira versão de um código de direitos humanos. Diz a tradição que os israelitas nunca aplicavam mais do que 39 golpes (ou 13 golpes com chicote de três correias), para não correrem o risco de transgredir a lei. Paulo conta aos Coríntios que sofreu esse castigo máximo por cinco vezes (2Co 11.24).

25.3 mais do que isso seria humilhar. Pelo cuidado com que o texto bíblico trata a questão do julgamento e aplicação das penas, pode-se dizer que o castigo na Lei tinha função educativa mais do que simplesmente punitiva. Na atualidade, para os israelitas modernos, a partir da cerimônia do Bar/Bat Mitzvá (que acontece aos 12 anos para a menina e aos 13 para o menino), a pessoa é declarada adulta, não sendo então mais permitido o castigo físico.

25.4 Não amarre a boca do boi. Alguns proprietários, por mesquinhez, amarravam a boca do animal, para que este não se alimentasse enquanto movia a pesada roda que triturava os grãos. Mas o boi tem direito de comer o grão enquanto estiver trabalhando a serviço do ser humano. Aqui, como também em outros lugares, nota-se um código de proteção aos animais. Eles são criaturas de Deus como os humanos (Gn 1), por isso merecem respeito, proteção e “recompensa” pelo trabalho realizado. Os maus tratos aos animais demostram a degradação e cobiça de quem os pratica.

O dever de casar com a viúva do irmão
25.5-6 o dever de cunhado. Uma das leis que visava proteger mulheres viúvas é a do levirato ou resgatador, que apareceu na história de Judá e Tamar (Gn 38) e depois em relação a Rute (Rt 4). Quando morria um homem casado sem deixar filhos, um irmão do falecido deveria desposar a viúva e dar descendência ao que morreu. Ou seja, ao primeiro filho que nascesse seria dado o nome do falecido, para que sua descendência não desaparecesse e perdesse o direito às suas terras.

25.7-10 se o cunhado não quiser casar com a viúva. Casar com a viúva do irmão implicava em custos para o resgatador, razão pela qual alguns não queriam assumir essa obrigação, trazendo vergonha para si mesmos, além de deixar a viúva desamparada e com dificuldades de sobrevivência. A questão é da comunidade, pois se desaparece o nome de uma família, desaparece uma parte do clã. Por isso a viúva podia recorrer aos líderes da comunidade para tentarem fazer o homem mudar de ideia. Atualmente, parece que as questões de família têm se tornado apenas assunto de foro íntimo onde “ninguém mete a colher”, e isso tem deixado as mulheres e crianças mais vulneráveis.

Outras leis
25.11-12 Quando dois homens estiverem lutando. No caso de uma luta corporal entre dois homens, era proibido a mulher tentar ajudar atacando o órgão genital do opositor, o que evidentemente o colocaria em desvantagem. Os próprios envolvidos teriam de resolver este assunto, em igualdade de condições. Ao interferir, a mulher humilharia os dois homens, um por ser ajudado pela esposa e o outro por ter sido derrotado com um “golpe baixo”, numa região muito sensível. Além disso, o órgão masculino levava o sinal do pertencimento ao povo de Deus, a circuncisão. A pena severa indica a gravidade desse golpe.

25.13-16 Usem pesos e medidas certos. Um dos mais antigos “roubos”, praticados até os dias de hoje, é o uso de pesos e medidas desonestos. A desonestidade comercial ou empresarial, política e outros tipos de roubos ou apropriações ilícitas, cometidos por pessoas, empresas ou entidades prestadoras de serviço, são condenados com veemência. Mas, como metáfora, esse conceito também pode ser estendido ao modo de tratar as pessoas, pois alguns dão mais importância e atenção aos ricos e poderosos do que aos pobres e excluídos. Sem dúvida, algo muito necessário para todos nós é aprender a não fazer distinção entre pessoas e tratar a todas com igualdade e justiça. Quem rouba perdeu a dimensão da dádiva da vida e do amor de Deus. para que vocês vivam muito tempo. A contrapartida está na bênção de usufruir por muito tempo aquilo que a pessoa construiu, em bens materiais e familiares. A mesma promessa foi dada aos que honram pai e mãe, nos 10 mandamentos, o que mostra a importância dessa lei.

Ordem para destruir os amalequitas
25.17-19 quando vocês estavam cansados… eles os atacaram. Não se aproveitar de quem está extenuado é um princípio humanitário. Depois de tantos séculos, ainda não se percebe uma mudança nessa pecaminosa índole humana. Pessoas continuam sendo perseguidas, torturadas, violentadas e mortas todos os dias e por diferentes motivos. Consolar vítimas destes abusos é um ministério necessário, mas, além dele, denunciar todas as formas de opressão e injustiça e lutar por condições dignas de vida para os mais fracos também é tarefa da Igreja de Jesus Cristo. A lembrança de situações em que estávamos fragilizados e fomos agredidos pode nos motivar nessa luta. Veja o quadro “Lições da escravidão”, (Dt 24).

25.19 Não esqueçam essa ordem! Dar a ordem de acabar com os amalequitas logo depois da reprimenda ao que engana com pesos e medidas talvez tenha o sentido de mostrar a gravidade de quem se aproveita da fraqueza de outros. Todo esse capítulo fala de leis que protegem os fracos e querem lhes fazer justiça, para que ninguém se aproveite de alguém que está debilitado.

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