Deuteronômio 27 — Estudo Devocional
Deuteronômio 27 concentra-se na proclamação de bênçãos e maldições sobre o Monte Ebal e o Monte Gerizim enquanto os israelitas se preparam para entrar na Terra Prometida. O capítulo fornece instruções para construir um altar, escrever a lei em pedras e pronunciar as bênçãos e maldições de maneira cerimonial. As maldições destacam as consequências da desobediência aos mandamentos de Deus, enquanto as bênçãos destacam as recompensas da obediência. Deuteronômio 27 serve como um lembrete da importância da responsabilidade perante a lei de Deus e o significado das escolhas e ações. Leva-nos a reconhecer as consequências das nossas decisões, a abraçar as bênçãos de viver em alinhamento com a vontade de Deus e a encarar a vida com um sentido de responsabilidade e reverência pelos Seus mandamentos.
Preparativos para a entrada em Canaã
27.1-10 Depois de atravessarem o rio Jordão. Atravessar o Jordão é um recomeço da vida em outra margem. Quando finalmente se alcança a “terra prometida” e as promessas se tornam realidade, a primeira tentação é logo “cuidar da vida” e esquecer o que passou. A orientação aqui, no entanto, é de contabilizar as maravilhas de Deus durante o tempo de provação e se alegrar com o Seu cuidado, livramento e bênçãos recebidas! Poderíamos chamar esse trecho de “instruções para bons tempos”. Nesses, facilmente se esquece de Deus e se vive ao sabor das coisas de cada dia. Mas Deus deseja continuar sendo o centro da nossa vida diária, “para que te vá bem”. As leis estão aí justamente para nos protegerem de excessos e de esquecimentos. Por isso os altares pintados com cal branca, nos quais foram escritos com tinta preta os principais mandamentos. A ida ao altar é para comer e se alegrar na presença do Senhor e, ao mesmo tempo, lembrar dos Seus mandamentos. Nesse sentido, os altares (e os sacrifícios) se constituíam em marcos também visíveis para sinalizar e relembrar, pois eles envolviam todos os sentidos humanos: visão, audição, tato, olfato, gustação. Assim os eventos ficam registrados em nossa memória e nas células, pois foram vividos e conectados por todas as vias de acesso.
27.7 Comam dos sacrifícios e alegrem-se ali na presença de Deus. A presença do Senhor é convite à alegria. Oferecer sacrifícios de comunhão, comer e se alegrar na presença de Deus são celebrações importantes, necessárias depois de um “tempo no deserto”. Comer na presença de Deus remete à criação no Gênesis, pois a comida foi recebida de Deus numa relação pessoal. Essa refeição alegre recorda que Deus é bom, que Ele dá a vida, o alimento, e tudo o que precisamos. Para os cristãos, isso também prefigura a refeição amorosa que Cristo vai instituir, a Santa Ceia, na qual Ele se tornará o sacrifício pelo qual os pecados são perdoados, e assim nos introduz ao descanso prometido.
27.8 Nas pedras pintadas escrevam. A tradição rabínica conta que as instruções de Deus teriam sido escritas em tinta preta sobre pedras caiadas de branco, em setenta línguas. Não era para ser um código secreto, mas instruções públicas, de grande alcance.
27.9 fique quieto e preste atenção. Só podemos ouvir se estivermos em silêncio. Este continua sendo o segredo para entender a vontade de Deus. Ou seja, aquietar-se na presença de Deus, lembrar e ouvir que somos dele. Veja o quadro “O silêncio” (Ap 8).
27.10 obedeçam… e cumpram. A partir da escuta do pacto é que se deve obedecer (a tradução mais literal diz “obedecerás à voz do Senhor”). O relacionamento com Deus, de conhecimento mútuo, antecede a obediência, tal como acontece entre filhos e pais.
As maldições
27.11-26 Os levitas falarão bem alto. Aqui temos o que pode ser o primeiro precursor de um “bibliodrama”, com uma metade das tribos recitando bênçãos do monte Gerizim e a outra metade recitando maldições do monte Ebal. As maldições seriam pronunciadas em alta voz pelos sacerdotes e o povo responderia: “assim seja”. Este era um comprometimento não apenas pessoal, mas também comunitário. Além de concordar com o enunciado e suas consequências, era firmado um compromisso mútuo de cuidados entre o povo, podendo ajudar uns aos outros a se lembrarem destas orientações. Para este anúncio foi usado um grandioso cenário: os dois montes onde se colocaram os descendentes dos 12 filhos de Jacó. Esse momento de compromisso entre Deus e seu povo foi fortemente vivencial, visual, auditivo e sensorial, para ficar marcado para sempre na memória do povo. As maldições visavam preservar as pessoas e famílias ao longo dos anos que viriam. A primeira maldição diz respeito a Deus, as seguintes dizem respeito ao outro, a começar pela família. Perde o rumo da vida quem desrespeitar a família, profanar sua sexualidade, desrespeitar as posses e a integridade do outro, especialmente daquele que não tem condições de se defender. Se pensarmos na antiguidade dessas leis, temos aqui um precursor da atual “Declaração dos Direitos Humanos”, que além dos direitos individuais também contempla a coletividade, pois não é só com direitos individuais que se constrói uma sociedade. Aqui a ênfase está nas relações, no respeito ao outro. Isso faz com que cada um conserve seu valor e sua intensidade de vida.
27.11-12 Nesse mesmo dia Moisés disse. Segundo alguns rabinos, nesse dia Moisés está terminando de escrever a Torá para o povo, e quatro cerimônias estão previstas para sinalizá-lo: o erguimento de doze pedras comemorativas no cume do monte Ebal, a edificação de um altar que marcará a entrada do povo na Terra Prometida, a renovação do pacto com Deus através do “diálogo” entre os montes Ebal e Gerizim, e o pronunciamento pelos levitas das doze maldições contra aqueles que não mantiverem o pacto. vocês serão abençoados. “Bênção” no original compreende algo mais amplo do que só “bem-dizer”. Chouraqui diz que o original deriva de “joelho”, o que remete a estar inteiro, de corpo e alma, de joelhos perante Deus, para assim ligar-se à Sua bênção.
27.13 As maldições serão ditas. Chama a atenção que o sujeito ativo, nas maldições, é o ser humano, fazendo coisas que perturbam as relações humanas e ameaçam introduzir o caos a partir daí. A maldição é como um tipo de consequência, como que atraída pela própria qualidade das ações praticadas. Esse princípio está explicitado em Gl 6.7: “colhe-se o que se semeia”. Segundo estudiosos, a palavra original para maldição tem a ver com “perder peso”: o humano que se coloca fora do caminho de Deus perde seu peso específico, sua consistência. Ele se torna errante, não centrado, como uma pluma levada pelo vento e arrastada por todo tipo de tempestade. Torna-se infame e objeto de horror.
27.15 que fizer imagens… para adorá-las. Deus é espírito e quer ser adorado em espírito e em verdade (veja Jo 4.24, nota). Ao representar Deus por meio de uma imagem, Ele é reduzido e pervertido. Querer fixar Deus numa imagem é reduzir sua glória, sua grandeza. E o povo responderá: “Amém!”. O povo escuta e então responde que está ciente, para cada uma das maldições. Elas devem ser memorizadas para que sirvam de balizas para a vida. Na psicologia observamos que, se existe uma lei proibindo algo, é por que existe no ser humano o impulso naquela direção. Desde a entrada do pecado no mundo, sabe-se que o conhecimento que a pessoa tem de si, dos outros e das coisas é um conhecimento distorcido, e por isso há também impulsos distorcidos no ser humano que devem ser “combatidos” com leis e maldições.
27.16 Maldito seja aquele que desrespeitar o pai ou a mãe! Aqui a questão não é de “fazer”, mas de “ser”. Pais devem ser respeitados porque são pais, não porque fizeram bem aos filhos. Perde consistência (veja v. 13, nota) e se perde aquele que não reconhecer um lugar de respeito àqueles que o geraram. Isso não quer dizer que não possamos considerar e tratar as feridas que condutas equivocadas dos pais nos causaram. Elas podem e devem ser trabalhadas, até com ajuda de conselheiros e terapeutas. Mas os equívocos dos pais não me autorizam a desrespeitá-los como pessoas, “para que te vá bem”, diz o mandamento.
27.17 que mudar de lugar os marcos de divisa. Um alerta contra a ganância e o engano. Perde consistência na vida aquele que desrespeitar o outro, aquele que considerar o outro um objeto que pode ser “manobrado” ao sabor do seu desejo.
27.18 que fizer um cego errar o caminho! Uma lei de respeito às pessoas com deficiência, já naquela época!
27.19 que não respeitar os direitos dos estrangeiros, dos órfãos e das viúvas! O respeito ao diferente, ao fraco e ao despossuído é uma marca daquele que escuta a Deus. Em tempos de fundamentalismos e hostilidades ao diferente, há muito para melhorar nesse aspecto. Quem hostiliza o migrante, o órfão e a viúva perdeu de vista o que importa ao Senhor, e torna-se um maldito.
27.20 aquele que tiver relações com uma das mulheres do pai. Fazer isso era desrespeitar o pai e algo que se aproxima do incesto. Tanto o filho mais velho de Jacó quanto o filho revoltoso de Davi se deitaram com a concubina do pai.
27.21 que tiver relações com um animal! A zoofilia ou bestialidade é uma perversão sexual que, em termos espirituais, é uma profanação da imagem de Deus no ser humano. Além disso, ela também não respeita o animal na sua integridade, e não o cuida como criatura de Deus.
27.22 aquele que tiver relações com a irmã. Relações incestuosas são proibidas desde a antiguidade. Relações sexuais dentro da família desorganizam a mente, as emoções e a estrutura da sociedade. Por isso são malditas, por isso fazem perder consistência de vida (veja v. 13, nota).
27.23 que tiver relações com a sogra! As relações sexuais com alguém da família do cônjuge também estão proibidas, pois essas pessoas se tornaram da família. Além do mais, para a psicanálise, a sogra “acorda” o desejo de praticar o incesto com a mãe, e por isso deve ser incluída nas proibições. Para o fundador da psicanálise, as tantas piadas sobre a sogra são geradas pela necessidade de reprimir o desejo inconsciente de se aproximar sexualmente de uma pessoa que seja mãe.
27.24 que matar outro israelita à traição! Matar à traição um irmão de sangue é falta grave, pois se espera poder confiar nos companheiros patrícios.
27.25 que receber dinheiro para matar. Tirar a vida de alguém por dinheiro corrói a pessoa, destrói a família e a ligação com Deus.
27.26 que não obedecer a essas leis de Deus! Todas as leis, ou seja, o respeito a Deus e ao outro, estão aí para darem consistência à vida e ajudar a pessoa e a nação a permanecer sob a bênção. E o povo responderá: “Amém!” Ninguém poderia dizer “eu não sabia”, pois a cada lei todos respondiam: “Que assim seja!”
Índice: Deuteronômio 1 Deuteronômio 2 Deuteronômio 3 Deuteronômio 4 Deuteronômio 5 Deuteronômio 6 Deuteronômio 7 Deuteronômio 8 Deuteronômio 9 Deuteronômio 10 Deuteronômio 11 Deuteronômio 12 Deuteronômio 13 Deuteronômio 14 Deuteronômio 15 Deuteronômio 16 Deuteronômio 17 Deuteronômio 18 Deuteronômio 19 Deuteronômio 20 Deuteronômio 21 Deuteronômio 22 Deuteronômio 23 Deuteronômio 24 Deuteronômio 25 Deuteronômio 26 Deuteronômio 27 Deuteronômio 28 Deuteronômio 29 Deuteronômio 30 Deuteronômio 31 Deuteronômio 32 Deuteronômio 33 Deuteronômio 34
Preparativos para a entrada em Canaã
27.1-10 Depois de atravessarem o rio Jordão. Atravessar o Jordão é um recomeço da vida em outra margem. Quando finalmente se alcança a “terra prometida” e as promessas se tornam realidade, a primeira tentação é logo “cuidar da vida” e esquecer o que passou. A orientação aqui, no entanto, é de contabilizar as maravilhas de Deus durante o tempo de provação e se alegrar com o Seu cuidado, livramento e bênçãos recebidas! Poderíamos chamar esse trecho de “instruções para bons tempos”. Nesses, facilmente se esquece de Deus e se vive ao sabor das coisas de cada dia. Mas Deus deseja continuar sendo o centro da nossa vida diária, “para que te vá bem”. As leis estão aí justamente para nos protegerem de excessos e de esquecimentos. Por isso os altares pintados com cal branca, nos quais foram escritos com tinta preta os principais mandamentos. A ida ao altar é para comer e se alegrar na presença do Senhor e, ao mesmo tempo, lembrar dos Seus mandamentos. Nesse sentido, os altares (e os sacrifícios) se constituíam em marcos também visíveis para sinalizar e relembrar, pois eles envolviam todos os sentidos humanos: visão, audição, tato, olfato, gustação. Assim os eventos ficam registrados em nossa memória e nas células, pois foram vividos e conectados por todas as vias de acesso.
27.7 Comam dos sacrifícios e alegrem-se ali na presença de Deus. A presença do Senhor é convite à alegria. Oferecer sacrifícios de comunhão, comer e se alegrar na presença de Deus são celebrações importantes, necessárias depois de um “tempo no deserto”. Comer na presença de Deus remete à criação no Gênesis, pois a comida foi recebida de Deus numa relação pessoal. Essa refeição alegre recorda que Deus é bom, que Ele dá a vida, o alimento, e tudo o que precisamos. Para os cristãos, isso também prefigura a refeição amorosa que Cristo vai instituir, a Santa Ceia, na qual Ele se tornará o sacrifício pelo qual os pecados são perdoados, e assim nos introduz ao descanso prometido.
27.8 Nas pedras pintadas escrevam. A tradição rabínica conta que as instruções de Deus teriam sido escritas em tinta preta sobre pedras caiadas de branco, em setenta línguas. Não era para ser um código secreto, mas instruções públicas, de grande alcance.
27.9 fique quieto e preste atenção. Só podemos ouvir se estivermos em silêncio. Este continua sendo o segredo para entender a vontade de Deus. Ou seja, aquietar-se na presença de Deus, lembrar e ouvir que somos dele. Veja o quadro “O silêncio” (Ap 8).
27.10 obedeçam… e cumpram. A partir da escuta do pacto é que se deve obedecer (a tradução mais literal diz “obedecerás à voz do Senhor”). O relacionamento com Deus, de conhecimento mútuo, antecede a obediência, tal como acontece entre filhos e pais.
As maldições
27.11-26 Os levitas falarão bem alto. Aqui temos o que pode ser o primeiro precursor de um “bibliodrama”, com uma metade das tribos recitando bênçãos do monte Gerizim e a outra metade recitando maldições do monte Ebal. As maldições seriam pronunciadas em alta voz pelos sacerdotes e o povo responderia: “assim seja”. Este era um comprometimento não apenas pessoal, mas também comunitário. Além de concordar com o enunciado e suas consequências, era firmado um compromisso mútuo de cuidados entre o povo, podendo ajudar uns aos outros a se lembrarem destas orientações. Para este anúncio foi usado um grandioso cenário: os dois montes onde se colocaram os descendentes dos 12 filhos de Jacó. Esse momento de compromisso entre Deus e seu povo foi fortemente vivencial, visual, auditivo e sensorial, para ficar marcado para sempre na memória do povo. As maldições visavam preservar as pessoas e famílias ao longo dos anos que viriam. A primeira maldição diz respeito a Deus, as seguintes dizem respeito ao outro, a começar pela família. Perde o rumo da vida quem desrespeitar a família, profanar sua sexualidade, desrespeitar as posses e a integridade do outro, especialmente daquele que não tem condições de se defender. Se pensarmos na antiguidade dessas leis, temos aqui um precursor da atual “Declaração dos Direitos Humanos”, que além dos direitos individuais também contempla a coletividade, pois não é só com direitos individuais que se constrói uma sociedade. Aqui a ênfase está nas relações, no respeito ao outro. Isso faz com que cada um conserve seu valor e sua intensidade de vida.
27.11-12 Nesse mesmo dia Moisés disse. Segundo alguns rabinos, nesse dia Moisés está terminando de escrever a Torá para o povo, e quatro cerimônias estão previstas para sinalizá-lo: o erguimento de doze pedras comemorativas no cume do monte Ebal, a edificação de um altar que marcará a entrada do povo na Terra Prometida, a renovação do pacto com Deus através do “diálogo” entre os montes Ebal e Gerizim, e o pronunciamento pelos levitas das doze maldições contra aqueles que não mantiverem o pacto. vocês serão abençoados. “Bênção” no original compreende algo mais amplo do que só “bem-dizer”. Chouraqui diz que o original deriva de “joelho”, o que remete a estar inteiro, de corpo e alma, de joelhos perante Deus, para assim ligar-se à Sua bênção.
27.13 As maldições serão ditas. Chama a atenção que o sujeito ativo, nas maldições, é o ser humano, fazendo coisas que perturbam as relações humanas e ameaçam introduzir o caos a partir daí. A maldição é como um tipo de consequência, como que atraída pela própria qualidade das ações praticadas. Esse princípio está explicitado em Gl 6.7: “colhe-se o que se semeia”. Segundo estudiosos, a palavra original para maldição tem a ver com “perder peso”: o humano que se coloca fora do caminho de Deus perde seu peso específico, sua consistência. Ele se torna errante, não centrado, como uma pluma levada pelo vento e arrastada por todo tipo de tempestade. Torna-se infame e objeto de horror.
27.15 que fizer imagens… para adorá-las. Deus é espírito e quer ser adorado em espírito e em verdade (veja Jo 4.24, nota). Ao representar Deus por meio de uma imagem, Ele é reduzido e pervertido. Querer fixar Deus numa imagem é reduzir sua glória, sua grandeza. E o povo responderá: “Amém!”. O povo escuta e então responde que está ciente, para cada uma das maldições. Elas devem ser memorizadas para que sirvam de balizas para a vida. Na psicologia observamos que, se existe uma lei proibindo algo, é por que existe no ser humano o impulso naquela direção. Desde a entrada do pecado no mundo, sabe-se que o conhecimento que a pessoa tem de si, dos outros e das coisas é um conhecimento distorcido, e por isso há também impulsos distorcidos no ser humano que devem ser “combatidos” com leis e maldições.
27.16 Maldito seja aquele que desrespeitar o pai ou a mãe! Aqui a questão não é de “fazer”, mas de “ser”. Pais devem ser respeitados porque são pais, não porque fizeram bem aos filhos. Perde consistência (veja v. 13, nota) e se perde aquele que não reconhecer um lugar de respeito àqueles que o geraram. Isso não quer dizer que não possamos considerar e tratar as feridas que condutas equivocadas dos pais nos causaram. Elas podem e devem ser trabalhadas, até com ajuda de conselheiros e terapeutas. Mas os equívocos dos pais não me autorizam a desrespeitá-los como pessoas, “para que te vá bem”, diz o mandamento.
27.17 que mudar de lugar os marcos de divisa. Um alerta contra a ganância e o engano. Perde consistência na vida aquele que desrespeitar o outro, aquele que considerar o outro um objeto que pode ser “manobrado” ao sabor do seu desejo.
27.18 que fizer um cego errar o caminho! Uma lei de respeito às pessoas com deficiência, já naquela época!
27.19 que não respeitar os direitos dos estrangeiros, dos órfãos e das viúvas! O respeito ao diferente, ao fraco e ao despossuído é uma marca daquele que escuta a Deus. Em tempos de fundamentalismos e hostilidades ao diferente, há muito para melhorar nesse aspecto. Quem hostiliza o migrante, o órfão e a viúva perdeu de vista o que importa ao Senhor, e torna-se um maldito.
27.20 aquele que tiver relações com uma das mulheres do pai. Fazer isso era desrespeitar o pai e algo que se aproxima do incesto. Tanto o filho mais velho de Jacó quanto o filho revoltoso de Davi se deitaram com a concubina do pai.
27.21 que tiver relações com um animal! A zoofilia ou bestialidade é uma perversão sexual que, em termos espirituais, é uma profanação da imagem de Deus no ser humano. Além disso, ela também não respeita o animal na sua integridade, e não o cuida como criatura de Deus.
27.22 aquele que tiver relações com a irmã. Relações incestuosas são proibidas desde a antiguidade. Relações sexuais dentro da família desorganizam a mente, as emoções e a estrutura da sociedade. Por isso são malditas, por isso fazem perder consistência de vida (veja v. 13, nota).
27.23 que tiver relações com a sogra! As relações sexuais com alguém da família do cônjuge também estão proibidas, pois essas pessoas se tornaram da família. Além do mais, para a psicanálise, a sogra “acorda” o desejo de praticar o incesto com a mãe, e por isso deve ser incluída nas proibições. Para o fundador da psicanálise, as tantas piadas sobre a sogra são geradas pela necessidade de reprimir o desejo inconsciente de se aproximar sexualmente de uma pessoa que seja mãe.
27.24 que matar outro israelita à traição! Matar à traição um irmão de sangue é falta grave, pois se espera poder confiar nos companheiros patrícios.
27.25 que receber dinheiro para matar. Tirar a vida de alguém por dinheiro corrói a pessoa, destrói a família e a ligação com Deus.
27.26 que não obedecer a essas leis de Deus! Todas as leis, ou seja, o respeito a Deus e ao outro, estão aí para darem consistência à vida e ajudar a pessoa e a nação a permanecer sob a bênção. E o povo responderá: “Amém!” Ninguém poderia dizer “eu não sabia”, pois a cada lei todos respondiam: “Que assim seja!”
Índice: Deuteronômio 1 Deuteronômio 2 Deuteronômio 3 Deuteronômio 4 Deuteronômio 5 Deuteronômio 6 Deuteronômio 7 Deuteronômio 8 Deuteronômio 9 Deuteronômio 10 Deuteronômio 11 Deuteronômio 12 Deuteronômio 13 Deuteronômio 14 Deuteronômio 15 Deuteronômio 16 Deuteronômio 17 Deuteronômio 18 Deuteronômio 19 Deuteronômio 20 Deuteronômio 21 Deuteronômio 22 Deuteronômio 23 Deuteronômio 24 Deuteronômio 25 Deuteronômio 26 Deuteronômio 27 Deuteronômio 28 Deuteronômio 29 Deuteronômio 30 Deuteronômio 31 Deuteronômio 32 Deuteronômio 33 Deuteronômio 34