Explicação de Ezequiel 10

Ezequiel 10

Ezequiel 10 continua a narrativa do julgamento divino sobre Jerusalém. Este capítulo é uma continuação da visão anterior e fornece mais detalhes sobre a saída da glória de Deus do templo.

Ezequiel 10 começa com uma descrição da visão contínua das “rodas dentro de rodas” que Ezequiel viu numa visão anterior (Ezequiel 1). Essas rodas estão associadas aos querubins e representam a presença e o movimento divino de Deus.

O capítulo enfatiza a saída da glória de Deus do templo. Os querubins, símbolos de seres angélicos, são descritos levantando as asas e se movendo, significando a presença de Deus saindo do santuário devido ao pecado e à idolatria predominantes.

Ezequiel também menciona que o som das asas dos querubins lembra a voz do Deus Todo-Poderoso. Isto reforça a ideia de que os querubins estão associados à presença divina.

O capítulo termina com a afirmação de que a glória do Senhor se afasta do templo, significando a retirada da proteção e da presença de Deus devido à desobediência da cidade.

Explicação

10:1-7 Este capítulo está intimamente relacionado com Ezequiel 1. Aqui novamente encontramos a carruagem carregando o trono. Alguns detalhes são repetidos e novos detalhes também são adicionados. A ideia principal deste capítulo é que Deus controla todos os instrumentos de julgamento que Ele usa.

O que Ezequiel só conseguiu se referir como “seres viventes” em Ezequiel 1, ele agora reconhece como querubins (Ez 10:20). O que ele vê acima da expansão que está sobre as cabeças dos querubins (Ez 10:1), ele também viu em Ezequiel 1 (Ez 1:26). Aqui ele vê a aparência do que parece ser um trono. Em Ezequiel 1 ele também vê algo sentado no trono que se parece com um homem. Esse não é o caso aqui.

O SENHOR instrui o Homem vestido de linho a pegar brasas de fogo de entre as rodas giratórias debaixo dos querubins, encher as duas mãos com elas e espalhá-las sobre a cidade (Ez 10:2; cf. Lc 12:49; Ap 8:5). Isso significa que não apenas o julgamento virá sobre os habitantes de Jerusalém, mas a própria cidade será queimada com fogo. Isso significa que a cidade sofrerá o mesmo julgamento que uma vez veio sobre Sodoma e Gomorra (Gn 19:24; cf. Ap 11:8).

Ezequiel vê o Homem entrar entre as rodas giratórias sob os querubins. O lugar onde os querubins ficam quando o Homem entra é à direita da casa, que fica do lado sul do templo (Ez 10:3). A nuvem que enche o átrio interior é a nuvem da glória do Senhor.

Então a glória do SENHOR se ergue do querubim (singular) e vai até a soleira da casa (Ez 10:4). Uma última vez, antes que a glória deixe o templo, a nuvem de glória enche a casa. É como se o SENHOR estivesse mostrando pela última vez de forma impressionante que o templo é a Sua casa.

O som das asas dos querubins indica que eles estão se movendo (Ez 10:5; cf. Ez 1:24). Eles vão sair de casa. Este som é ouvido até o pátio externo, onde os judeus podem estar cumprindo seus deveres religiosos naquele momento. O som é uma reminiscência da voz de Deus Todo-Poderoso quando Ele fala, possivelmente trovão (cf. Jo 12:28-29; Sl 29:3-4). São, por assim dizer, Suas palavras de despedida que Ele fala cheias de ameaça às pessoas que Ele está prestes a deixar.

Então o olhar se volta novamente para o Homem vestido de linho que foi instruído a tirar fogo do meio das rodas, que é o espaço entre os querubins (Ez 10:6). O Homem se posiciona ao lado de uma roda. O fogo, uma imagem do julgamento, é tirado do espaço entre os querubins pelo querubim que está no espaço entre os querubins (Ez 10:7). O fogo que ele tomou na mão, ele o põe nas mãos do Homem vestido de linho. Ele pega e sai. Isso conclui a descrição. A dispersão do fogo, que é ordenada (Ez 10:3), não é descrita. A atenção de Ezequiel é primeiramente cativada pelo aparecimento do Homem e dos querubins.

O Homem de linho que deve pegar as brasas de fogo é o mesmo que o Homem com o estojo de escrita do capítulo anterior. Lá Ele recebe a ordem de colocar uma marca nos crentes fiéis para que o julgamento passe por eles. Este homem agora é ordenado por Deus para trazer julgamento sobre a cidade. No livro de Apocalipse vemos a mesma imagem. O mesmo Anjo que tirará o fogo do altar para lançá-lo sobre a terra em juízo, pouco antes tratou das orações dos santos (Ap 8:3-5). O Homem em Ezequiel e o Anjo em Apocalipse são ambos a Pessoa do Senhor Jesus. Nele vemos que Deus é amor e luz.

Notas Adicionais:

10.1 Querubins. Seres sobrenaturais, que revelam a glória de Deus.

10.2 Brasas acesas. O fogo de Deus purifica e santifica os que se entregam a Ele com humildade, fé e obediência (Is 6.5-7); mas é julgamento eterno para os que se rebelam contra os desígnios divinos (Mc 9.43).

10.10, 11 A visão espiritual revelou algo que não é possível no plano físico e carnal. Talvez a melhor maneira de compreender as rodas que eram separadas, mas ao mesmo tempo uma dentro da outra, e que iam em todas as direções ao mesmo tempo, é que formavam uma “junta universal em quatro dimensões”. Isto nos ensina que os planos de Deus têm interdependência incompreensível à fraca mente humana e que seus anjos têm livre poder de movimento.

10.12 Olhos. Se a onipresença de Deus revela-se na liberdade dos movimentos dos querubins, a Sua onisciência simboliza-se nestes olhos.

10.14 Quatro rostos. A impressão que se tira de 1.10 é que o rosto exterior, que olhava para fora, era de homem. Olhando do lado, o profeta está vendo primeiro o rosto que descrevera em 1.10 como o rosto de boi, que agora chama de rosto de querubim. O conjunto parece ser um carro, com uma roda mística a cada quatro cantos com os lados formados pelas asas dos querubins, cada um no meio do seu lado com as asas estendidas até encontrar, acima das rodas, com as pontas das asas do querubim à sua direita e à sua esquerda.

10.18 A glória do Senhor. Não se diz que Deus anda no carro dos querubins, mas sim a Sua glória, como se fosse uma centelha suficientemente pequena para ser vista pelos fracos olhos humanos.

10.20 Fiquei sabendo. É só agora que o profeta compreendeu o que tinha visto perto do rio Quebar (1.5-14).

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