Explicação de Ezequiel 24

Ezequiel 24

Ezequiel 24 usa uma alegoria poderosa para transmitir a destruição iminente de Jerusalém e a queda do templo. O capítulo emprega a imagem de uma panela fervendo para simbolizar a corrupção da cidade, o julgamento de Deus e a devastação que se seguirá.

Ezequiel 24 começa com Deus instruindo Ezequiel a preparar uma panela fervente e enchê-la com vários pedaços de carne. A panela simboliza Jerusalém e os pedaços de carne representam seus habitantes. O capítulo enfatiza a maldade e a corrupção da cidade.

O capítulo descreve como Deus fará ferver a "cidade sangrenta", representando o intenso julgamento e sofrimento que Jerusalém experimentará. A alegoria retrata a rebelião do povo e sua rejeição aos caminhos de Deus.

Ezequiel recebeu a ordem de não lamentar ou lamentar publicamente quando sua esposa morreu repentinamente. Esta ação pretende servir como um sinal ao povo de que o seu querido templo será destruído e que não terão o luxo do luto.

O capítulo sublinha a gravidade da situação e a gravidade da pecaminosidade de Jerusalém. Também destaca a determinação de Deus em executar Seu julgamento contra a cidade devido à sua rebelião.

Explicação

24:1-14 Nos capítulos anteriores, Ezequiel sempre disse aos exilados que Jerusalém também seria julgada. Os exilados acreditam que as coisas ainda estão boas em Jerusalém e que deve ser muito bom estar lá. Ezequiel descreveu-lhes detalhadamente os pecados de Jerusalém e que, portanto, o Senhor entregaria a cidade ao julgamento.

Esse pensamento não entra na mente dos exilados. Eles simplesmente não acreditam no Senhor e em Seu servo Ezequiel. Eles têm todos os tipos de argumentos para rejeitar as declarações de Ezequiel. Esses argumentos estão relacionados ao orgulho nacional e à visão errônea do Senhor e do remanescente em Jerusalém. Eles se vangloriam em seu centro religioso. Eles acreditam que o Senhor nunca desistirá de Sua cidade e Seu templo. Portanto, para eles Ezequiel é um sombrio e falso profeta. Neste capítulo, o Senhor não fala mais de um julgamento que está para breve, mas de um julgamento que está em andamento.

Este capítulo também começa com as palavras introdutórias de que a palavra do SENHOR está chegando a Ezequiel (Ez 24:1). Mas agora uma particularidade é adicionada e essa é a data em que isso acontece. Na verdade, essa data é tão especial que Ezequiel tem que anotá-la (Ez 24:2). O que torna a data especial é que neste dia o rei da Babilônia sitiou Jerusalém (2Rs 25:1; Jr 39:1, 52:4). Este dia é mais tarde mantido como um dia de jejum durante o exílio (Zc 8:19).

Primeiro, uma parábola é contada em Ez 24:3-5. A explicação segue em Ez 24:6-8, enquanto novos detalhes são adicionados em Ez 24:9-14. Ezequiel é ordenado a apresentar o cerco de Jerusalém em uma parábola para a casa rebelde de Israel (Ez 24:3). Aqui vemos uma representação profética cujo cumprimento ocorre ao mesmo tempo. O símbolo e o evento coincidem. O julgamento que Ezequiel anuncia por meio de sua parábola está sendo realizado ao mesmo tempo a centenas de quilômetros de distância.

Ezequiel deve colocar uma panela fervendo no fogo e colocar água na panela (cf. Jr 1:13). Então ele deve colocar bons pedaços de carne e ossos escolhidos na panela (Ez 24:4). Ele deve pegar o melhor do rebanho e colocar os ossos na panela (Ez 24:5). Ele deve fazê-lo ferver vigorosamente, prestando atenção especial aos ossos que eles fervem. Para que os ossos cozinhem, o fogo deve estar bem quente. Pelo mais seleto de carne e ossos entende-se o mais distinto do povo, a flor da nação.

A palavra “portanto” (Ez 24:6) introduz a explicação de por que a carne e os ossos estão na panela (cf. Ez 11:3Ez 11:11). O Senhor deve pronunciar Seu “ai” sobre Jerusalém, a cidade que Ele chama de “cidade de sangue” com horror, por causa dos muitos assassinatos cometidos na cidade (cf. Ez 22:2). O sangue gruda na cidade (cf. Ap 18:24). O pote é Jerusalém. Não é uma panela qualquer, é uma panela com ferrugem. Tudo o que o Senhor tentou remover a ferrugem foi em vão.

Jerusalém está tão apegada à sua prostituição e apostolado que qualquer disciplina é em vão. Ela não quer ouvir. Portanto, a carne, que são os habitantes da cidade, será removida dela pedaço por pedaço. Haverá julgamento indiscriminado. O julgamento atingirá a todos. Uma escolha não será feita. Nenhuma sorte será lançada para libertar alguém para que essa pessoa seja poupada.

Jerusalém foi tão longe em sua violência sem vergonha e brutal que ela não se preocupou em cobrir o sangue inocentemente derramado (Ez 24:7). O sangue não foi derramado sobre a terra para ser absorvido pela terra, de modo que não seja mais visível, mas jaz como um testemunho sobre uma rocha nua que não absorve o sangue. Nem é o sangue coberto com terra (Lv 17:13). Aqui o sangue permanece descoberto na rocha e testemunha contra eles. Ele clama por vingança e retribuição, assim como o sangue de Abel, assassinado por Caim, clamou a Deus da terra (Gn 4:10; cf. Jó 16:18). Em última análise, o próprio Deus fez com que o sangue permanecesse descoberto como uma acusação (Ez 24:8; cf. Is 26:21). Ele pode se referir a isso como uma ocasião para Sua ira e para exercer vingança.

A ira de Deus sobre Jerusalém é grande (Ez 24:9). Novamente Ele pronuncia “ai” sobre a cidade e novamente a chama de “cidade de sangue”. Ele expressa Sua grande ira tornando grande a pilha. Ele fará o fogo do Seu julgamento muito quente e, portanto, exige a coleta de muita lenha (Ez 24:10). As chamas devem arder alto para que toda a carne seja fervida e os ossos sejam queimados. Assim como tudo na panela se decompõe e queima pelo fogo que é colocado sob ela, toda a população de Jerusalém será aniquilada pelo brilho da ira de Deus. O anúncio do julgamento aqui é ainda mais forte do que em Ez 24:5.

Quando tudo no pote é consumido, o próprio pote é tratado (Ez 24:11). Quando em Jerusalém todos os habitantes forem mortos, a própria cidade será destruída (2Rs 25:9; Jr 38:18Jr 52:13). Com a destruição da cidade, a ferrugem, a impureza, também desaparecerão. Assim, o julgamento tem um efeito purificador e purificador. Somente dessa maneira radical a ferrugem pode desaparecer. Todos os esforços anteriores do Senhor para remover a impureza se mostraram fúteis, de modo que nada resta para Ele senão esta disciplina (Ez 24:12).

Porque Jerusalém não queria ser purificada, ela chegou ao seu comportamento vergonhoso (Ez 24:13). Ela não quis se arrepender de sua idolatria, apesar de muitas formas de disciplina. Seu impenitente fez com que Deus trouxesse Sua ira sobre ela.

O maior mal não é pecarmos, embora, é claro, isso seja ruim, mas nos recusarmos a nos afastar do pecado. A lei declara que uma pessoa deve ser condenada à morte se se recusar a usar a água como impureza para sua purificação em um caso particular (Nm 19:13; cf. Mt 23:37; Lc 13:34). Para nós, isso significa recusar-se a confessar um pecado, com o resultado de que Deus e outros crentes não podem ter comunhão conosco.

Por causa da impenitência de Jerusalém, um julgamento absoluto deve atingi-la (Ez 24:14). Deus deve isso à Sua santidade. Ele é longânimo, mas Sua longanimidade termina uma vez. Sua longanimidade termina quando Ele vê que alguém, depois de muitas tentativas de levá-lo ao arrependimento, teimosamente se recusa a se arrepender. Aqueles que não se arrependerem terão que lidar com um Deus que não se arrependerá do julgamento que Ele deve exercer. Esse julgamento vem porque é merecido. É de acordo com os caminhos e obras daquele que está sendo julgado, aqui Jerusalém.

Notas Adicionais:

24.1 O nono ano. O nono ano depois do cativeiro de Joaquim, que ocorreu em março de 597 a.C. Pelo fato de o ano começar no mês equivalente ao nosso março, o décimo mês é janeiro do ano seguinte; estamos no ano 588 a.C. Por visão concedida por Deus, o profeta estaria vendo a hora exata do começo, do sítio de Jerusalém; isto só seria confirmado após o fim do sítio, quando um fugitivo chegara a Ezequiel, três anos mais tarde.

24.3 A panela. Este pronunciamento é a continuação da resposta dada aos que confiavam debalde nas fortificações de Jerusalém (11.3-7), somada à profecia da destruição das ímpios pronunciada em 22.17-22. Assim se vê como o ministério de Ezequiel vai se desenvolvendo de uma maneira lógica, com as visões, símbolos, raciocínios, previsões e conselhos formando um todo harmonioso e completo.

24.4 Ossos escolhidos. Os líderes em Jerusalém; o melhor deles não passa de um osso seco perante o julgamento pronunciado por Deus.

24.5 Ferver bem. A violência de um sítio rígido, típico da época.

24.7 Penha descalvada. Representa um campo aberto para os pecados cometidos sem pudor, que clamam por punição perante toda sociedade humana (Gn 4.10; Jó 16.18; cf. Hb 12.24 mostra que o sangue de Jesus, ao invés de clamar contra o pecador, intercede pela sua conversão, sua justificação e sua santificação).

24.11 Panela vazia. Depois de serem consumidos os defensores da cidade, morrendo um por um, sem distinção, v. 6, sendo eliminados os próprios líderes (os ossos queimados), v. 10, só faltou serem destruídos os restos físicos de Jerusalém; o que desta vez foi realmente feito, para que nunca mais acontecesse ali outra rebelião contra a Babilônia. Ferrugem. O pecado, que tira o brilho, o corte, a beleza e a utilidade do instrumento (o homem).

24.13 Nunca purificado. Este fogo é para a destruição, e não para a refinação do metal (22.20).

24.16 A delícia dos teus olhos. A esposa do profeta (18) pela qual não lhe foi lícito lamentar (17), por causa da desgraça nacional.

24.19 Já que o povo de Israel no cativeiro não quis escutar à pregação do profeta (3.7), ao menos não deixava de mostrar curiosidade sobre as ações invulgares do mensageiro de Deus.

24.21 Delícia dos vossos olhos. O templo, que embora possuindo a bênção de Deus, nunca seria suficiente para garantir a vitória e a prosperidade a um povo que estava vivendo na idolatria, em plena rebelião contra Deus. É o caso de igreja que, alegando ser portadora da graça divina, lança fora a palavra de Deus, em favor de suas próprias tradições. Qualquer lamentação contra a destruição de tal organização será forçosamente considerada como rebelião contra a própria justiça divina. Daí o silencio do profeta sobre a morte da esposa inocente e amada, para mostrar que muito menos se podia lamentar e chorar pela ruína da cidade sanguinária (24.6).

24.22 Bigodes. Cobrir a parte inferior do rosto era sinal de desgraça, de vergonha e de angústia.(Lv 13.45). O pão. Aqui, apenas quer dizer comida em geral, que se manda ao enlutado, visto que sua aflição lhe tolhe a possibilidade de pensar nos misteres diários. Neste caso, a vida teria que seguir normalmente, daí para frente, pois havia já o tempo que Ezequiel estava preparando o povo a assumir a responsabilidade de remanescente único do Israel de Deus, e a reconhecer que Jerusalém precisava ser destruída para remover a iniquidade nacional.

24.26 Dar a notícia. O sítio levou um ano e meio, até à destruição de Jerusalém; a chegada de um sobrevivente, descrita em 33.21, deve ter levado mais uns bons meses.

24 27 Já não ficarás mudo. A angústia de precisar anunciar aos seus patrícios, no cativeiro, que maiores desgraças seriam lançadas sobre Jerusalém, deixou o profeta atônito e incapaz de falar, desde o princípio da sua vocação (3.14-15 e 26-27). Daí, tantas profecias terem sido legadas por gestos, apesar de o profeta não ter ficado de todo mudo, já que Deus lhe garantiu a capacidade vocal apenas para emitir suas profecias (3.27).

Índice: Ezequiel 1 Ezequiel 2 Ezequiel 3 Ezequiel 4 Ezequiel 5 Ezequiel 6 Ezequiel 7 Ezequiel 8 Ezequiel 9 Ezequiel 10 Ezequiel 11 Ezequiel 12 Ezequiel 13 Ezequiel 14 Ezequiel 15 Ezequiel 16 Ezequiel 17 Ezequiel 18 Ezequiel 19 Ezequiel 20 Ezequiel 21 Ezequiel 22 Ezequiel 23 Ezequiel 24 Ezequiel 25 Ezequiel 26 Ezequiel 27 Ezequiel 28 Ezequiel 29 Ezequiel 30 Ezequiel 31 Ezequiel 32 Ezequiel 33 Ezequiel 34 Ezequiel 35 Ezequiel 36 Ezequiel 37 Ezequiel 38 Ezequiel 39 Ezequiel 40 Ezequiel 41 Ezequiel 42 Ezequiel 43 Ezequiel 44 Ezequiel 45 Ezequiel 46 Ezequiel 47 Ezequiel 48