Explicação de Jeremias 31

Jeremias 31

Jeremias 31 continua o tema da esperança e restauração para Israel e Judá. O capítulo descreve um tempo futuro em que Deus reunirá Seu povo do exílio e o trará de volta à sua terra. Fala de uma nova aliança que Deus fará com Seu povo, uma aliança que estará escrita em seus corações. O capítulo enfatiza a alegria e a restauração que virão, com as pessoas retornando a Sião e celebrando com alegria. Também retrata a cura de Efraim e as lágrimas de Raquel sendo transformadas em conforto. Jeremias 31 transmite uma mensagem do profundo amor de Deus e do Seu desejo de restaurar o Seu povo. Destaca o poder transformacional de uma nova aliança e a promessa de um relacionamento renovado com Deus.

Explicação

31:1–20 Em palavras de carinho, o SENHOR promete restaurar Israel, as tribos do norte; as pessoas retornarão de todo o mundo; eles se encherão de canto em vez de pranto; Raquel chorando era uma expressão figurativa que significava a dor de ver os cativos irem para o exílio. Ela cessará quando Israel se arrepender e Deus perdoar. Mateus cita o versículo 15 em conexão com o massacre das crianças por Herodes (Mateus 2:18). Kelly comenta:
É bonito ver que o Espírito Santo aplica a esse evento a passagem sobre tristeza, mas não sobre alegria... Ele só se referiu ao que foi cumprido. Houve amarga tristeza então, mesmo no berço da realeza. A angústia profunda estava no lugar onde deveria ter havido a maior alegria. O nascimento do Messias deveria ter sido o sinal da alegria universal na terra de Israel. E teria havido se houvesse fé em Deus e em Sua promessa, mas não houve. Além disso, visto que o estado do povo era de incredulidade vergonhosa, havia um usurpador edomita no trono. Daí a violência e o engano reinaram na terra, e Raquel chorou por seus filhos e não pôde ser consolada porque eles não eram…. Então o Espírito Santo aplicou a primeira parte da profecia, mas aí Ele parou.
(Kelly, Jeremiah, pp. 75, 76.)
31:21, 22 Israel arrependido retornará por estradas marcadas por placas e marcos. Seus dias de infidelidade terminarão, porque o Senhor realizou algo novo - uma mulher abraçará ou abraçará um homem. A mulher aqui é Israel e o homem é Jeová. “A previsão”, escreve Williams, “é que a virgem de Israel deixará de ir ‘para cá e para lá atrás de ídolos’ e procurará e se apegará a Emanuel”.

Kelly, um estudioso devoto da ortodoxia inquestionável, explica por que uma interpretação popular do versículo 22b não é válida:
Tem sido comum entre os Padres, bem como os teólogos... aplicar esta passagem ao nascimento do Senhor da Virgem Maria, mas a profecia não tem a menor referência a isso. Uma mulher rodeando um homem não é a mesma coisa que a Virgem rodeando e dando à luz um filho. Compassar um homem não tem nenhuma referência ao nascimento de uma criança.
(Kelly, Jeremiah, p. 77.)
31:23–30 Judá também será restaurada e suas cidades reconstruídas. Nesse ponto, Jeremias acordou de um sono agradável. Tanto Judá quanto Israel serão repovoados. Os homens serão punidos por sua própria iniquidade, não pelo pecado de seus pais.

31:31–40 Os dias estão chegando quando Deus fará uma nova aliança com... Israel e... Judá, não como a lei, mas uma aliança da graça. Os homens receberão uma nova natureza moral, e o conhecimento do Senhor será universal (ver Heb. 8:8–13; 10:15–17).

Deus fez a Nova Aliança principalmente com Israel e Judá (v. 31). Ao contrário da Lei mosaica, era incondicional. Enfatizou o que Deus fará, não o que o homem deve fazer; observe as ocorrências de “eu quero” nos versículos 33, 34. Jesus é o Mediador da Nova Aliança porque é por meio Dele que suas bênçãos são garantidas (Hb 9:15). A Aliança foi ratificada pelo Seu sangue (Lucas 22:20). Não se tornará eficaz para Israel como nação até a Segunda Vinda de Cristo. Enquanto isso, porém, os crentes individuais desfrutam de alguns de seus benefícios; por exemplo, sua obediência é motivada pela graça, não pela lei; Deus é o Deus deles e eles são Seu povo; Deus não se lembra mais de seus pecados e iniquidades. O conhecimento universal do Senhor (v. 34a) aguarda o Milênio.

Aqueles que procuram eliminar Israel da face da terra fariam bem em aprender os versículos 35 e 36. Israel deixará de ser uma nação somente quando e se as ordenanças do sol, lua, estrelas e mar partirem. Jerusalém será reconstruída em um dia futuro, e as áreas agora impuras serão “santas ao Senhor”.

Notas Adicionais:

31.1 Naquele tempo. Esta expressão é semelhante a “Dia do Senhor”, no sentido de ser época futura bem definida na mente de Deus, mas sem data humana marcada. A promessa para o futuro está misturada nestes versículos com alusões à libertação que Deus operou na época do Êxodo.

31.6 O cisma entre o reino do norte (Israel) e as tribos do sul terminará.

31.7 Cabeça das nações. Israel, por ter sido especialmente escolhido (Dt 7.6, 2 Sm 7.23), se encontra entre as mais exaltadas das nações (Dt 26.19).

31.8 Cegos... aleijados... grávidas. Até mesmo aqueles que teriam maior dificuldades em viajar, retomarão à Palestina. Congregação, no heb, qãlãl. Palavra técnica que, no Pentateuco, indica a nação de Israel.

31.9 Efraim. Jacó tratou Efraim como a um neto favorito, com a bênção do primogênito (Gn 48.13-20). Como tribo maior das dez tribos do norte, passou a ser um dos nomes coletivos destas, que também se chamavam: “Israel” e “Samaria”.

31.10 Senhor. Quem espalhará o Seu povo será Aquele que o restaurará à sua terra.

31.12 Vd. 35.1, 2. Um quadro sobre a condição de Israel quando regressar para ficar.

31.14 Alma. Aqui se emprega como sede dos desejos, particularmente do apetite (Nm 11.6; Jo 33.20; Mq 7.1). Vd. 11.20n.

31.15 Ramá. A oito quilômetros ao norte de Jerusalém; local onde Raquel, mãe de José, e, portanto, das tribos de Efraim e de Manassés lamenta poeticamente a morte e a separação no exílio.

31.18 Novilho... não domado. Não disciplinado, nem treinado para usar a canga ou para produzir trabalho útil. Converte... convertido, voltar, retomar; lit. “impele-me a retornar (voltar-me) a fim de que eu possa retornar”. (Rm 8.30).

31.19 Bati no peito. Coxa, gesto de tristeza, terror ou horror, contrição (Ez 21.4). Opróbrio. A vergonha que atrai contra mim mesmo por meio dos pecados cometidos nos primeiros anos como uma nação, a mocidade.

31.20 Filho dos minhas delícias. Uma criança que alguém afaga e ama.

31.21 Prestai atenção à maneira como fostes para o exílio para que possais traçar vossos passos.

31.22 Sião, em lugar de manter-se afastada e de esperar ser buscada por seu marido (Jeová) apegar-se-á afetuosamente a Ele como nunca o fizera antes (Os 2.19).

31.23 Santo monte. O lugar central de Judá era o monte do templo, mais especificamente, onde estava a rocha, no átrio que Salomão consagrou como altar (1 Rs 8.64), o ponto mais alto de Judá.

31.26 Revela-se aqui a maneira pela qual a vontade de, Deus se revelou ao profeta em sonhos e visões.

31.28 Velei. A mesma palavra que em 1.12. Visto que Jeová mantém zelosamente Sua palavra. Ele amará e cuidará ainda da Israel restaurada para abençoá-la, multiplicá-la e edificá-la.

31.30 Nova ênfase sobre ás responsabilidades do indivíduo para com Jeová e sobre a necessidade de prestar-lhe contas em tempo de transgressão. • N. Hom. O cap. 31 descreve uma restauração que depende da obra do próprio Deus, e portanto real (v. 4), na qual não haverá mais a angústia de trabalhar em vão, v. 5. Esta restauração se estenderá especialmente aos que sofrem (v. 8), e será um segundo paraíso, v. 12. A nova aliança selará estas bênçãos, 31-37.

31.31 Nova aliança. Vd. nota em 11.2, os dois reinos compartilharão juntos dessa aliança (eterna aliança, 32.40). Vd. 31.31, 34, 32,37-41; Hb 8.7-13; 10.15-18. As condições dessa aliança são: 1) Substituirá a antiga aliança que Israel havia quebrado (31.32; Hb 8.7, 8); 2) Uma aliança de graça e não de obras (31.32; Hb 8.6); 3) A nova aliança promete o novo nascimento mediante a qual a lei de Deus é escrita nos corações de Seu povo (31.33; 32.39; Hb 8.10; 10.16); 4) A nova aliança promete a conversão da nação de Israel a Deus (31.33-34; 32.38; Hb 8.10); 5) A nova aliança promete o perdão dos pecados (31.34; Hb 8.12; 10.17); 6) A nova aliança promete a vinda de bênçãos de Deus Sobre Israel (32.39, 40); 7) A nova aliança é um pacto eterno (32.40); 8) Embora a nova aliança tivesse sido expressamente feita com os filhos de Israel, a epístola aos Hebreus aplica os benefícios da graça, que fluem dessa nova aliança, à Igreja. O atual ministério de nossa Senhor baseia-se em Seu ofício medianeiro de Seu melhor pacto (Hb 8.6). O privilégio dos crentes, durante nosso tempo, de entrar no Santo dos Santos através do sangue de Jesus, diz respeito a essa nova aliança (Hb 10.14-22). A ceia do Senhor baseia-se sobre a nova aliança (Lc 22.20). Isso não significa que a nova aliança deve ser entendida como declaração de que as promessas milenares a Israel não tenham de ser observadas. Essas promessas serão cumpridas (cf. Rm 11.26).

31.35-37 Jeová reafirma a continuação de Israel como um povo que não será completamente rejeitado.

31.36 Leis fixas. Refere-se àquilo que chamamos de “Lei da Natureza”, sendo que a ciência nada mais é senão a tentativa do homem de observar acuradamente as leis fixas que Deus imprimiu no universo.

31.38-40 Jerusalém será reedificada e expandida a ponto de incluir até mesmo lugares considerados imundos. Depois do cumprimento dessa promessa de reedificação, ela nunca mais será destruída.

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