Explicação de Jeremias 9

Jeremias 9

Jeremias 9 retrata a dor e a tristeza do profeta pelo pecado do povo e pelo julgamento iminente. O capítulo fala do engano e da infidelidade do povo, lamentando a falta de conhecimento de Deus. Descreve o julgamento de Deus como um processo de refinamento e enfatiza a prevalência da desonestidade e da maldade. O capítulo retrata as lágrimas do profeta e o convite de Deus à sabedoria e ao entendimento. Alerta sobre as consequências do orgulho e da desobediência humanos. Jeremias 9 transmite uma mensagem de lamento e um apelo ao arrependimento genuíno. Destaca a importância da honestidade e da humildade diante de Deus, ao mesmo tempo que reconhece a severidade do julgamento iminente.

Explicação

9:1–11 Jeremias é o orador nos dois primeiros versículos. Seu título “o profeta chorão” é lindamente expresso no versículo 1:

Oh, que minha cabeça fosse água,
E meus olhos uma fonte de lágrimas,
Que eu possa chorar dia e noite
Pelos mortos da filha do meu povo!


Muitos pregadores e missionários podem se identificar com os sentimentos de Jeremias no versículo 2. Kyle Yates escreve:
Este versículo revela um vislumbre de um profeta cansado, desgastado e desanimado em um de seus momentos mais baixos. Pode ser chamado de “uma sombra passageira em uma grande alma”. Em sua hora de aborrecimento, ele imagina que gostaria de se separar de pessoas que não merecem nada dele. Como é doce ser aliviado de toda responsabilidade e de todas as irritações! Ele estava literalmente cansado de ver o substituto formal vazio, ímpio e formal da religião. Todos os seus dias ele orou, amou, pregou e advertiu, apenas para encontrar o tipo de falta de resposta que queimava sua alma.
(Yates, Preaching, p. 143.)
Ele lamenta a pecaminosidade e a consequente punição do povo. Em seguida, ele cita o Senhor catalogando seus pecados, argumentando sobre a inevitabilidade do julgamento, mas chorando por Deus ter feito de Jerusalém um covil de chacais e as cidades de Judá desoladas.

9:12-22 A calamidade está diretamente ligada à idolatria de Judá, e por este pecado o povo irá para o exílio. O SENHOR ordena que as habilidosas mulheres que choram (pranteadoras profissionais) sejam chamadas para lamentar a terrível matança e destruição. Não adianta o povo se vangloriar em... sabedoria, poder ou riqueza; o que vale mesmo é conhecer o SENHOR.

9:23, 24 Estes são dois dos versículos mais famosos de Jeremias. Como observa G. Herbert Livingston, eles são digno de ser memorizado. Os humanos lutam por sabedoria, poder e riquezas, enquanto Deus se deleita em bondade, julgamento (justiça) e retidão. Bem-aventurado aquele que entende o Senhor para deleitar-se no que Ele se deleita. (G. Herbert Livingston, “Jeremiah,” Wesley Bible, p. 1100.)

9:25, 26 Uma amargura adicional no cálice de Judá será punida com as nações gentias, porque Judá é incircunciso de coração. Aparar o cabelo nas têmporas [RV e NASB]11 era uma prática pagã proibida aos judeus (Lv 19:27).

Notas Adicionais:

9.2 Estalagem. Hospedaria livre para viajantes que tinham de prover seu próprio alimento e leito. Eram lugares imundos, mas Jeremias preferia as mesmas à pecaminosa Jerusalém.

9.3 Curvam. O tempo do verbo indica um ato frequentemente repetido, um curso habitual, uma qualidade permanente. Usar a língua como arma cruel é comum entre os pagãos (Sl 52.1-5; Tg 3.6). Fortalecem-se. Os que estavam em posições de autoridade abusavam de seu poder e posição.

9.4 Enganar. Raiz verbal do substantivo próprio Jacó (suplantador, Gn 27.36). Num mundo maligno, quem quer viver fiel a Deus não pode se entregar sem reservas aos laços do amor humano.

9.5 Cansam-se. Trabalham tanto para praticar a corrupção, que fatigam pelo excesso de tal atividade.

9.6 Vivem no meio. Esse é o estado de suas mentes, completamente delicadas ao engano.

9.7 Acrisolarei. Purificação mediante disciplina severa, também traduzida por “provar” Jó 23.10; “purificar”, Is 1.25; “apurar”, “refinar”, vd. 16.29n. Dissolver até um estado líquido. Provarei. Testar, investigar, examinar, julgar.

9.8 Arma ciladas. lit., arma emboscadas; aqui, provocar respostas que podem ser usadas como base de falsas acusações.

9.10 Pastagens do deserto. Áreas de pasto para o gado; portanto, terreno de pastagens não cultivadas. De fato, imprestável para o cultivo.

9.11 Chacais, vd. 49.33; 51.37. Matilhas de cães noturnos continuam abundantes nas cidades desertas da Síria. A quietude da morte envolve a terra arruinada, e somente o uivo dos chacais rompe o silêncio. Assolação. Uma desolação espantosa.

9.13 Faz particular alusão à lei, mencionada em Dt 48.44.

9.14 Dureza. Vd. 7.24n. Baalins. Plural de Baal, que significa senhor ou possuidor. A fim de aplacarem Baal em tempos de seca, praga e guerra, o povo queimava vivas crianças primogênitas (2 Rs 16.3; 21.6). O nome Baal era juntado com os nomes próprios dos filhos de hebreus, até que isso foi proibido por Os 2.16, visto que era empregado da mesma maneira que Senhor é usado hoje em dia. 1 Rs 18.18n.

9.15 Absinto. Encontrado principalmente em lugares desérticos, uma planta que produz um líquido amargo como, fel, com efeito tóxico. Usa-se para fazer um licor alcoólico.

9.17 Carpideiras. Lamentadoras profissionais; recitavam poesias de memória ou “do nada”; o efeito disso era esquisito e obsessivo. Elas exaltavam as virtudes dos falecidos e lamentavam sua perda.

9.23 Sábio... forte... rico. As três classes das quais poderia esperar-se que se defendessem e se mantivessem em sua cidade, em ocasiões de desastre nacional.

9.25 Incircuncisos. Lit. “com prepúcio”. Os judeus ímpios eram fisicamente circuncisos, mas os prepúcios de seus corações ainda não haviam sido removidos (4.4).

9.26 Cortam os cabelos. Certas tribos árabes aparavam os cabelos das têmporas. Tal prática tinha significação religiosa pagã e por isso os hebreus foram proibidos de cortar os cabelos dessa maneira (Lv 19.27). • N. Hom. O nono capítulo ensina-nos que as coisas que os homens buscam com grande cobiça, das quais se jactam depois de obtê-las, não constituem a glória e a felicidade do homem. A riqueza é esbanjada (Lc 15.11-24), a sabedoria se transforma em loucura (1 Co 1.18-25), o poder desfalece (Sl 102.23), mas a misericórdia de Deus não tem medida (Sl 103.8-14), e sua palavra permanece eternamente, (Is 40.6-8). Conhecer a Deus é a chave da vida (9.23-26).

Índice: Jeremias 1 Jeremias 2 Jeremias 3 Jeremias 4 Jeremias 5 Jeremias 6 Jeremias 7 Jeremias 8 Jeremias 9 Jeremias 10 Jeremias 11 Jeremias 12 Jeremias 13 Jeremias 14 Jeremias 15 Jeremias 16 Jeremias 17 Jeremias 18 Jeremias 19 Jeremias 20 Jeremias 21 Jeremias 22 Jeremias 23 Jeremias 24 Jeremias 25 Jeremias 26 Jeremias 27 Jeremias 28 Jeremias 29 Jeremias 30 Jeremias 31 Jeremias 32 Jeremias 33 Jeremias 34 Jeremias 35 Jeremias 36 Jeremias 37 Jeremias 38 Jeremias 39 Jeremias 40 Jeremias 41 Jeremias 42 Jeremias 43 Jeremias 44 Jeremias 45 Jeremias 46 Jeremias 47 Jeremias 48 Jeremias 49 Jeremias 50 Jeremias 51 Jeremias 52