Explicação de Jeremias 38

Jeremias 38

Jeremias 38 continua a retratar as dificuldades e os confrontos de Jeremias durante o cerco de Jerusalém. O capítulo descreve como Jeremias é jogado em uma cisterna por autoridades que consideram suas profecias desmoralizantes. Ebede-Meleque, um eunuco etíope a serviço do rei, intercede em favor de Jeremias e acaba sendo retirado da cisterna. O rei Zedequias consulta secretamente Jeremias novamente, e o profeta o aconselha a se render à Babilônia para salvar sua vida. Zedequias, porém, permanece indeciso e não age. O capítulo enfatiza o conflito entre os medos do rei e a sua resistência à mensagem profética. Jeremias 38 transmite uma mensagem dos riscos enfrentados por aqueles que transmitem fielmente as mensagens de Deus, mesmo diante de perseguições. Sublinha o impacto das ações individuais no meio de circunstâncias desafiadoras e da luta para escolher entre a obediência e a autopreservação.

Explicação

38:1–13 Jeremias foi lançado em uma masmorra lamacenta porque aconselhou o povo a deixar a cidade e se entregar aos babilônios. Zedequias expressou abertamente sua fraqueza: ele não poderia frustrar a vontade dos príncipes protegendo o profeta. Um eunuco etíope conseguiu que ele fosse puxado com cordas e roupas velhas e trapos e devolvido ao pátio da prisão.

38:14–20 Quando o rei Zedequias procurou o conselho de Jeremias, prometendo-lhe imunidade, foi-lhe dito que se rendesse aos invasores e foi-lhe garantido que os judeus que haviam desertado não iriam abusar dele.

38:21–23 Se Zedequias se recusasse a ir até os invasores, as mulheres do palácio o insultariam na presença de seus captores babilônicos, lembrando-o de como seus amigos íntimos o enganaram e o abandonaram. Também as esposas do rei, os filhos e o próprio rei seriam levados cativos pelos invasores, e Jerusalém seria queimada.

38:24–28 Zedequias pediu a Jeremias que não contasse o que havia sido discutido, mas simplesmente que dissesse que havia pedido para não voltar ao calabouço. Os príncipes vieram e perguntaram, e Jeremias respondeu como Zedequias havia ordenado. Obviamente, há uma questão aqui sobre a ética da resposta de Jeremias. Era a verdade, uma meia verdade ou uma completa falsidade? O que ele disse provavelmente era verdade, mas ele não se sentiu obrigado a contar tudo o que sabia. Jeremias permaneceu no pátio da prisão até a queda de Jerusalém.

Notas Adicionais:

38.1 O mesmo Pasur de 21.1. Gedalias, provavelmente filho de Pasur, que pusera Jeremias no tronco (20.1ss). O novo aprisionamento de Jeremias facilitou uma vez mais a propagação de sua mensagem (comp. Fp 1.12-14).

38.4 “Por que ninguém mata a Jeremias?”, ele afrouxa as mãos. A última frase encontra-se nas cartas de Laquis, escritas 18 meses antes dos acontecimentos deste capítulo. A carta de um capitão do exército ao seu comandante, queixando-se do efeito da carta do rei que enfraquecia os ânimos ou as mãos. Restam. Depreende-se deste versículo e do v. 19, que muitos já haviam passado para o lado dos caldeus, Comp. 26.11.

38.6 Cisterna. Jerusalém tinha muitas cisternas que eram usadas para conservar água de chuva para os meses secos de maio a outubro. Neste caso, a ocasião foi pouco antes dos babilônios terem feito uma brecha nos muros de Jerusalém, em agosto de 587 a.C. A morte era o objetivo dos príncipes, ainda que, talvez não quisessem a culpa de terem derramado o sangue de Jeremias (cf. Mt 23.37 e Gn 37.22).

38.7 Ebede-Meleque. Tal nome significa escravo do rei. Estes escravos particulares tinham muita influência (Ne 2.1-6). Seu dever, provavelmente, consistia em cuidar do pátio e do harém, segundo o costume oriental. Ironicamente, um profeta foi salvo por um escravo estrangeiro de morrer nas mãos dos próprios compatriotas, eles que eram reputados por povo escolhido de Deus. Assentado à Porta. O rei estava assentado ali como juiz supremo do povo, ou observando as defesas da cidade sitiada.

38.12 Axilas. As cordas foram postas onde mais provavelmente cortariam o profeta em resultado do peso de seu corpo.

38.14 Terceira entrada. Provavelmente idêntica à que é chamada de “entrada real” (2 Rs 16.18). Provavelmente uma entrada particular, do palácio para o templo. Perguntar-te. Muitos consultam aos servos de Deus mas poucos querem seguir à risca seus conselhos.

38.15 Não me atenderás. Jeremias estava familiarizado com o caráter fraco do rei, especialmente ao enfrentar a oposição dos príncipes (exemplo o v. 5).

38.16 Secretamente. Vd. 37.17n.

38.19 Receio-me. Era um rei assaltado por temores que o forçavam a ter encontros secretos com o profeta, que o levavam a temer que seus súditos já tivessem rendido. Esses temores imobilizavam-no de tal modo que ele não podia seguir o conselho de Deus.

38.21 Revelou. Dado na forma de uma visão (24.1). O v. 22 é a visão das mulheres zombando do rei, ao deixarem o palácio.

38.22 As mulheres que ficaram. Dez mil pessoas, inclusive sacerdotes, técnicos, é autoridades, foram levadas juntamente com Joaquim, em 597 a.C. 2 Rs 24.10-17. Atolaram. Conforme sucedera há pouco a Jeremias, na cisterna. • N. Hom. O cap. 38 nos mostra quantas vezes o interesse dos grandes quer abafar a plenitude da mensagem de Deus (1-6), enquanto o desinteresse dos humildes pode salvar a situação com simples serviços práticos prestados na hora da necessidade (7-13). A fidelidade à vocação sagrada acaba merecendo o respeito de reis (14-16), mas isto não é motivo para um servo de Deus medir palavras em declarar toda a vontade de Deus aos soberanos (1723).

Índice: Jeremias 1 Jeremias 2 Jeremias 3 Jeremias 4 Jeremias 5 Jeremias 6 Jeremias 7 Jeremias 8 Jeremias 9 Jeremias 10 Jeremias 11 Jeremias 12 Jeremias 13 Jeremias 14 Jeremias 15 Jeremias 16 Jeremias 17 Jeremias 18 Jeremias 19 Jeremias 20 Jeremias 21 Jeremias 22 Jeremias 23 Jeremias 24 Jeremias 25 Jeremias 26 Jeremias 27 Jeremias 28 Jeremias 29 Jeremias 30 Jeremias 31 Jeremias 32 Jeremias 33 Jeremias 34 Jeremias 35 Jeremias 36 Jeremias 37 Jeremias 38 Jeremias 39 Jeremias 40 Jeremias 41 Jeremias 42 Jeremias 43 Jeremias 44 Jeremias 45 Jeremias 46 Jeremias 47 Jeremias 48 Jeremias 49 Jeremias 50 Jeremias 51 Jeremias 52