Explicação de Jeremias 32

Jeremias 32

Jeremias 32 descreve um ato simbólico realizado por Jeremias que ilustra a promessa de restauração de Deus. O capítulo começa com Jeremias preso no pátio da guarda durante o cerco de Jerusalém. Deus instrui Jeremias a comprar um campo como sinal do futuro retorno do povo à terra. Este ato demonstra a garantia de Deus de que casas, campos e vinhedos serão novamente possuídos pela terra. O capítulo também inclui a oração de louvor de Jeremias a Deus, reconhecendo Sua soberania e fidelidade. Jeremias 32 transmite uma mensagem da capacidade de Deus de cumprir Suas promessas mesmo em meio a circunstâncias difíceis. Ressalta a certeza da restauração e a importância de confiar nos planos de Deus, mesmo quando parecem contrários às circunstâncias atuais.

Explicação

32:1–5 Os babilônios estavam agora sitiando a cidade. Zedequias aprisionou Jeremias... no tribunal da prisão por prever o sucesso dos babilônios. No versículo 4 está uma das três profecias que foram proferidas a respeito de Zedequias. Aqui diz que ele veria o rei da Babilônia cara a cara. Em Ezequiel 12:13 lemos que ele não veria Babilônia e que morreria na Babilônia. Aqui está como essas profecias aparentemente contraditórias foram cumpridas: Nabucodonosor arrancou os olhos de Zedequias em Ribla, na terra de Hamate (2 Rs 25:7). Então Zedequias foi levado para a Babilônia, mas ele nunca viu a Babilônia (seus olhos foram arrancados) e morreu lá.

32:6–25 Em obediência ao Senhor, o profeta comprou o campo de seu primo Hanamel... em Anatote por dezessete siclos de prata. (Hanamel veio a ele com a oferta.) Isso era uma garantia para o povo de que Deus os traria de volta da Babilônia. Ambas as escrituras foram entregues a Baruch para que as guardasse em um vaso de barro. Enquanto observa os babilônios sitiando Jerusalém, Jeremias se pergunta por que Deus lhe disse para comprar o campo em Anatote.

32:26–44 A resposta do Senhor a Jeremias é clássica: “Eis que eu sou o Senhor, o Deus de toda carne. Existe alguma coisa muito difícil para Mim?”

O Salvador pode resolver todos os problemas,
Os emaranhados da vida podem desfazer.
Não há nada muito difícil para Jesus;
Não há nada que Ele não possa fazer.

– Autor desconhecido

Embora Deus destrua Jerusalém por causa da idolatria do povo, mais tarde Ele reunirá os Seus e os abençoará grandemente. A propriedade será comprada e vendida novamente e, assim, a escritura do campo de Anatote ainda será válida no próximo dia.

Notas Adicionais:

32.1 A narrativa chegou ao ano 588 a.C., o último ano do reino de Judá; já se emprega a data internacional do império da Babilônia.

32.2 Pátio do guarda. Um lugar cercado, guardado para prisioneiros não considerados suficientemente perigosos para serem lançados na cova comum. A razão do aprisionamento (ver 3-5).

32.3 Secretamente, o rei respeitava o profeta (37.3), mas, como Nicodemos, era ameaçado pela máquina política (Jo 3.1; 7.50).

32.8 Hananeel tinha tanta fome pelo dinheiro, que forçou um pobre prisioneiro a cumprir o dever do resgate de um terreno inútil.

32.9 O campo estava então na posse do exército babilônico. Jeremias provou sua fé nas promessas de Jeová, de que Judá seria restaurada, ao comprar um campo ainda sob controle de um exército estrangeiro (15).

32.11 Escritura. Sempre era feita uma cópia de um documento de compra. O documento original continha os termos e as condições da compra, e era selado pelo lado de fora. A cópia, que apresentava o fato da compra, era deixada aberta para servir de prova imediata. Lei... estatutos. Termos legais técnicos: pela Lei, os vendedores cediam a posse da propriedade; pelos estatutos, davam as condições mediante as quais a propriedade fora adquirida pelo comprador.

32.12 Baruque (36.4-8; 45.1-5). Significa “bem-aventurado”. Devotado amigo e “escrivão” de Jeremias. De 51.59 em diante, parece que Seraías; camareiro-mor de Zedequias, era irmão de Baruque. Era neto de Maaseias, “governador da cidade” (2 Cr 34.8).

32.14 Vaso de barro, para guardá-la da umidade. Jarros de barro, contendo tais contratos, têm sido desenterrados pelos arqueólogos.

32.17 Esta oração de adoração é semelhante à de Rm 11.33-36.

32.18 Nos filhos. Expressão omitida na tradução do hebraico cheq, ou no seio, na bainha, no regaço, no peito. As vestes orientais tinham na altura do peito numerosas dobras que serviam de bolso. Isso explica a derramar no seio das vestes como retribuição contra a iniquidade, que assim era levada ou carregada. Senhor dos Exércitos. O mesmo que foi visto por Isaías, e ao qual também chamou de Rei (Is 6.5).

32.19 O fruto. É a doutrina definida em Gl 6.7-8.

32.20 Um nome. É a revelação de Deus na vida humana.

32.21 Grande espanto. O terror que se propagou entre as nações circunvizinhas (Êx 15.14; 23.27; Dt 2.5; Js 5.1).

32.24 Trincheiras. Vd. em 6.6n. Montão de terra ajuntada. Tranqueira que se faz para o assédio contra uma cidade. O cerco da cidade estava praticamente realizado. A cidade estava completamente bloqueada, e o povo passava fome.

32.26-44 A resposta de Jeová à declaração de fé que Jeremias tinha contida nos vv. 1625: Israel podia culpar apenas a si mesmo por seu castigo (26-35); num dia futuro, Israel compraria campos com todas as formalidades legais, conforme Jeremias havia efetuado sua compra.

32.29 Jerusalém se tornara completamente rebelde, e por isso merecia o mesmo castigo das antigas cidades cananitas (Dt 3.6; Js 6.24; 8.28).

32.30 Sua mocidade. O tempo em que Israel esteve no Egito era considerados tempo de sua juventude (2.2; 31.19; Os 11.1).

32.31 Ira... esta cidade. Jerusalém tornou-se a carga da ira de Deus, um objeto que o provocara à ira e o levara a exibi-la. • N. Hom. O cap. 32 encerra uma lição de fé e de obediência: 1) A situação desesperadora, 1-5; 2) Escutando a Palavra de Deus, 6-7; 3) Obedecendo à Palavra de Deus, 8-12; 4) A consolação e inspiração que brotam desta obediência, 13-15; 5) O resultado final: poder para distinguir os tempos do presente (2635), e do futuro (6-44), para ser um verdadeiro profeta de Deus.

32.33 Advertência. Lição, instrução, castigo, reprimenda, moral e ética. A mesma palavra é traduzida no livro de Provérbios por “instrução” (4.1); “ensino” (5.13; 8.10, 33); “disciplina” (5.23;6.23). É uma das palavras-chaves de Provérbios.

32.34 Abominações. No heb, shiqquts, sujeira, falsidade, ídolo. Neste sentido, aparece em Dn 11.31; cf. Mt 24.15. A raiz significa desgosto. Profanarem. Sujar, afetar.

32.35 Abominação. No heb, to'eivah, imundícia, sujeira, abominação. Moloque, (vd. notas 2.23; 7.31; 1,96) Era o deus nacional dos amonitas. Foi expressamente proibido aos israelitas adorá-lo (Lv 18.21; 20.2-5); condenado como clímax da iniquidade (Dt 12.31; 18.10-13). Visto que Salomão permitiu a adoração a Moloque, o reino foi dividido (1 Rs 11.31 -33). Havia um sacerdócio pagão a servi-lo (Jr 49.3; Sf 1.4, 5).

32.36-44 Promessas proféticas feitas à cidade sitiada: 1) Jeová reunirá seus cidadãos das terras para onde os espalhara em sua ira, 37; 2) Jeová fará com que habitem em segurança, sendo Seu povo, 37, 38; 3) Ele lhes dará um coração e um caminho 39. A unidade sempre é representada como uma das características do reino messiânico (Sf 3.9; Zc 14.9); 4) Sua aliança será eterna, 40; 5) Ele continuamente fará o bem por eles, 40; 6) Eles nunca o abandonarão, 40; 7) Serão firmemente fixados na terra prometida, 41; 8) Mais uma vez comprarão campos para cultivá-los, campos que são uma aliança incondicional, na qual Jeová é o agente ativo.

32.38 Descreve-se uma teocracia na qual a vida particular e o governo civil refletem a plenitude da vontade divina revelada.

32.39 A união dos irmãos na fé, vinculados pelo temor de Deus, seguindo uma mesma vocação, é o que produz a verdadeira Igreja.

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