Explicação de Jeremias 6

Jeremias 6

Jeremias 6 continua a abordar a rebelião do povo e as advertências de Deus sobre o julgamento iminente. O capítulo descreve os vigias nos muros de Jerusalém alertando sobre o perigo, mas não recebendo atenção. Enfatiza a necessidade do povo se arrepender e retornar aos caminhos de Deus para evitar o desastre. O capítulo fala do fogo refinador de Deus e da teimosia do coração das pessoas. Descreve as consequências dos seus pecados, incluindo a invasão e destruição estrangeira. Jeremias 6 transmite uma mensagem de urgência, apelando ao arrependimento genuíno e destacando as graves consequências da desobediência. Serve como um apelo para que as pessoas voltem para Deus antes que seja tarde demais.

Explicação

6:1–8 Uma trombeta de advertência e um sinal de fogo dizem aos filhos de Benjamim que fujam de... Jerusalém porque os pastores babilônicos e seus rebanhos (líderes militares e soldados) estão se preparando para atacar. Os caldeus são ouvidos discutindo estratégia. Deus ordenou o exílio para a Judéia por causa da opressão, violência e pilhagem do povo. Mesmo nesta hora tardia Ele adverte Seu povo a desistir.

6:9-15 O Senhor dos exércitos adverte que os babilônios vão despojar a terra tão nua quanto um vindimador que recolhe uma videira. Jeremias se sente frustrado por ter que falar com pessoas que não prestam atenção, mas ele não consegue se conter. Jeová o instrui a derramar... a mensagem de destruição iminente por causa de sua cobiça, a falsidade dos profetas e sacerdotes e sua falta de vergonha. É característico dos falsos profetas prometer prosperidade em tempos de declínio espiritual.

6:16–21 O povo rejeita o chamado de Deus para que eles andem... nos velhos caminhos da justiça e se recusam a ser avisados. Portanto, a calamidade virá apesar dos sacrifícios de cheiro suave que eles trazem. O povo tropeçará e perecerá.

6:22–26 A invasão inimiga do país do norte causaria grande medo, luto e lamentação amarga.

6:27–30 O Senhor designa Jeremias como ensaiador e testador de metais. O povo de Judá são os metais, obstinados como o bronze e o ferro, como o chumbo do qual a escória não pode ser removida, a prata rejeitada. Comentários de Yates:
Talvez algum dia possamos ver claramente quão pouco atraentes, quão repugnantes, quão inúteis os homens pecadores são aos olhos de um Deus santo. Como precisamos olhar objetivamente para nós mesmos para ver o vazio miserável que é tão claramente visível para Deus! Não adianta guardar prata de refugo. Não tem valor. Será que Deus já classificou como sem valor muitos que se consideram úteis?
(Yates, Preaching, p. 141.)
Notas Adicionais:

6.1 Tecoa. A 18 km ao sul de Jerusalém. Bete-Haquerérn, “casa do vinhedo”, modernamente Ramet. Rahel, 4 km ao sul de Jerusalém, de frente para o mar Morto, a maior e mais alta colina da Palestina; Jerusalém, de fato, ficava no território de Benjamim, e o vale de Hinom servia de fronteira com Judá.

6.3 Apascentará. Assolará a terra (Mq 5.6). Aqui a figura é de generais, com suas tropas fazendo um cerco. Para os fiéis, há um pastor amoroso (Sl 23; Jo 10.1-18).

6.4 Preparai. Lit. “santificai”, Entrar na guerra era tido como um ato religioso. Era acompanhado por cerimônias de consagração (1 Sm 7.8-10).

6.6 Levantai tranqueiras (vd. 32.24n) lit., lançai ou derramai um monte, um método que consistia em derramar cestos cheios de terra para facilitar o uso dos aríetes ou atingir o alto dos muros para melhor assaltar a cidade. Árvores cortadas eram parte do processo de preenchimento e proteção.

6.8 Aparte. Gn 32.25 “deslocou”. A mesma palavra no hebraico.

6.9 Procura-se algum pequeno remanescente justo entre o povo.

6.13 Líderes que buscavam seu próprio progresso e não a bem-estar do povo.

6.14 Paz, não apenas por ausência de guerra, mas também por condições ideais de prosperidade material e espiritual. Os falsos profetas preferem “consolar” o povo dizendo que tudo vai bem, ao invés de guerrear contra o problema do pecado.

6.16 Veredas... caminho. Se procurassem as veredas antigas encontrariam o caminho do Senhor e o descanso (Dt 32.7). Judá não queria nem procurar nem seguir tal caminho.

6.17 Atalaias. Profetas. Semelhantes a vigias em altas torres (Hc 2.1) que faziam soar alarmas de advertências (Ez 3.16-21; 33.1-9). Não escutaremos. Judá recusava-se a ouvir o alarma que avisara a aproximação do desastre (Ez 33.4).

6.19 Pensamentos. Juízo por causa de maus pensamentos, como em Gn 6.5.

6.20 Sabá. Sudoeste da Arábia, a mais fina resina aromática, o incenso puro, não substituirá a obediência. Êx 30.34 requeria seu uso; também em ofertas de manjares. Lv 2.1, 15. Cana aromática. Calamus odoratus, provavelmente proveniente da Índia, usada no óleo de unção, Êx 30.23.

6.22 Um povo vem da terra do Norte. Sua crueldade sem igual se vê nos monumentos de guerra daquela época.

6.25 Terror por todos os lados. Frase típica de Jeremias para indicar perigo generalizado (49.29; Lm 2.22).

6.26 Cilício. É o pano de saco. Revolve-te na cinza, demonstração de luto e desgraça.

6.27 Acrisolador. Deus diz a Jeremias que Ele é o analista moral que prova a qualidade de Judá, pelo teste do fogo.

6.28 Bronze e ferro. O acrisolador, em sua análise de Judá, não encontrou qualquer valor precioso como acontece quando se testa metal e se encontra ouro.

6.29 Continua. Neste caso, a mesma raiz repetida conforme usada em “depurador”. Lit., “em vão”, o acrisolador purifica. Ao refinar, o ourives mistura o chumbo com a liga contendo o ouro ou a prata numa fornalha, em um vaso de barro ou cinza de osso; uma corrente de ar é projetada contra a massa dissolvida (não sobre o fogo), o chumbo então se oxida e, agindo como um fluxo, leva consigo a liga, deixando o ouro ou a prata puros.