Salmo 19 — Estudo Teológico das Escrituras

Salmo 19

RESUMO: O salmo 19 combina louvor à criação de Deus e à Torá (lei) de uma maneira que a torna uma sabedoria ou ensinamento de salmo. De maneira lírica, o salmista proclama a glória de Deus como revelada na natureza, particularmente no majestoso nascer e pôr do sol a cada dia. Porém, maior ainda é a Torá, a vontade de Deus por meio da lei, com instruções especiais para aqueles com quem o Senhor formou um relacionamento de aliança. O salmo termina com uma oração pela ajuda de Deus para proteger o peticionário de maneiras rebeldes. Oferece as palavras da meditação em um ato de reconsagração. As duas partes distintas deste salmo podem sugerir, como alguns estudiosos conjeturaram, a combinação de dois poemas. Após o tempo de Esdras (cerca de 400 aC), um salmista pode ter assumido e expandido um poema antigo (vv. 1-6, século X aC) para exaltar a lei, que não era vista como um jugo para o povo, mas como uma alegria. A maioria dos comentaristas hoje se concentra na unidade do salmo. Em tema e estilo, está ligado aos Salmos 1 e 119.

Comentário de Salmos 19

19.1-14 Por causa de suas duas partes distintas e dos dois diferentes nomes usados para Deus, alguns estudiosos tentaram argumentar que o Salmo 19 cia, na verdade, duas composições, uma mais antiga e outra mais recente. Todavia, a forma reduzida usada para o nome “Deus” (cf. a forma ampliada em Cn 1.1) fala de seu poder, principalmente o poder exibido como Criador, enquanto “Senhor “ se aplica à êntase relacionai. Consequentemente, Davi descreveu o Senhor Deus como o autor do mundo o da Palavra num único hino.

Deus tem-se revelado à humanidade dessas duas maneiras. A raça humana continua tendo de lhe prestar contas por causa dessas comunicações verbal e não verbal. À luz dessas intenções, o Salmo 19 recapitula de modo eloquente as duas principais maneiras da autorevelação de Deus.

I. A autorrevelação geral de Deus no mundo (19.1-6)
A. A declaração dos céus (19.1 -4b)
B. A proeminência do sol (19.4c-6)

II. A autorrevelação especial de Deus na Palavra (19.7-14)
A. Os atributos da Palavra (19.7-9)
B. O valor da Palavra (19.10-11)
C. A aplicação da Palavra (19.12-14)

19.1-6 O testemunho do universo surge de modo consistente e claro, mas a humanidade pecadora de modo persistente ainda resiste a ele. Por essa razão, a revelação geral não tem a capacidade de converter pecadores, mas os tornam altamente responsáveis diante de Deus (cf. Km 1.18ss.). Em última análise, a salvação vem somente por meio da revelação especial, ou seja, quando a Palavra de Deus é efetivamente aplicada pelo Espírito de Deus.

19.1 céus... firmamento. Ambos são elementos importantes da criação em Gn 1 (cf. vs. 1,8). proclamam... anuncia. Os dois verbos enfatizam a continuidade dessas respectivas revelações, obras das suas mãos. Ilustração antropomórfica do grande poder de Deus, cf. “obra dos teus dedos”, no Sl 8.3)

19.2-3 discursa... Não há linguagem. Não é urna contradição, mas demonstra que a constante comunicação dos céus não acontece por meio de palavras literais.

19.4 A mensagem do mundo criado se estende por toda parte.

19.4c-6 Nem o sol nem os céus são deificados, como ocorria em muitas religiões pagãs. Na Bíblia, Deus é o criador e governante de toda a criação.

19.7-14 Acena muda do mundo de Deus para a Palavra de Deus.

19.7-8 Cada um dos quatro versos paralelos contém uma palavra (um sinônimo) para a Palavra de Deus; cada uma descreve o que sua Palavra é; e cada uma pronuncia o que ela efetivamente cumpre. 19.7 lei. Essa palavra pode ser mais bem traduzida por “seu ensino”, “uma direção”, ou “instrução” (cf. Sl 1.2). testemunho. Esse termo para a Palavra de Deus deriva da raiz “testemunhar”. Ela, por assim dizer, testemunha do seu divino autor.

19.8 preceitos. Esse sinônimo olha para a Palavra de Deus como ordens, estatutos, determinações, etc São vistos como disposições do governo. mandamento. Essa palavra está relacionada ao verbo “mandar” ou “ordenar”. A Palavra é, então, também entendida como ordens divinas.

19.9 temor. Não é, no sentido técnico, um termo para a Palavra, mas reflete a realidade de que a Escritura é o manual para a adoração a Deus. juízos. Esse termo contempla a Palavra de Deus transmitindo suas decisões judiciais.

19.12-13 O salmista trata dos pecados não intencionais e das piores infrações, respectivamente (cf. Lv 4.1ss.; Nm 15.22ss.). As preocupações de Davi refletem a atitude de um discípulo maduro que, pela graça e provisão de Deus, trata de seus pecados e não os nega.

19.14 sejam agradáveis. Usando um termo normalmente associado ao ato de Deus aceitar sacrifícios literais oferecidos da maneira correta, Davi pede graça e capacitação enquanto apresenta os sacrifícios de “lábios de vida” no “aliar” (cf. Js 1.8).